Capt.18

Parte da série "Aquele garoto com os fones de ouvido"

Abri a porta em silêncio e devagar e já coloquei as mãos pra cima, logo em seguida as duas pessoas começaram a rir

- gente eu nunca vi a besha tão amarela – um deles falou

- kkkkkkkkkk é muito besta mesmo, nem me viu de pijama – Bia disse tirando o capuz

- por que a senhora não atende o celular? - Matheus perguntou tirando o capuz também

- seu gay mal comido! - eu disse dando um tapa na cara dele – quase morri!

- vish ficou nervosa – Beatriz disse atirando água em mim com a arma

- e a senhora? Tá achando lindo né? Vai lavar esse rosto – eu disse enquanto ela entrava pro apartamento

- entra nojento – disse puxando Matheus pra dentro – tá aqui desde que horas?

- o bastante pra ouvir a voz de outro macho aqui dentro, cadê? - ele disse esticando o pescoço na direção dos quartos

- Matheus se feche! - Bia disse voltando pra sala

- gente cadê o homem? - ele disse se levantando pra procurar e dando de frente com o Sérgio saindo do quarto e soltando um gritinho

- Vocês 3! Olhem pra mim! - Bia disse séria – se algum de vocês inventarem de fazer suruba ou qualquer viadagem a 3 eu recarrego aquela arma de brinquedo com urina e acabo com a festa!

- Você é louca? - Sérgio olhou pra ela assustado – não jogo nesse time

- Joga sim! Vi a mona que existe ai dentro da sua pupila quando você me olhou! - Matheus disse rindo

- e eu te conheço? - Sérgio perguntou sério afastando ele

- não e nem precisa – eu disse ligando a TV

- não precisa mesmo, gosto quando tem mistério! - Matheus disse mordendo os lábios

- menino tu não tem vergonha não? Te orienta! Tenta agir como macho – Bia disse dando um tapa na cabeça do Matheus

- Isso tá parecendo uma feira! Sérgio, fica pronto pra daqui 1 hora... a gente vai almoçar fora – eu disse indo pro quarto

- Que abusada – Matheus gritou – me excluindo na cara dura, e a Bia também! Bia você viu isso? - ele disse chamando atenção

- Vi, mas não vi minha nutella.. eu já peguei ela hoje... alguém viu? Sérgio levanta.. você deve tá sentando em cima! - ela disse fazendo pouco caso e andando de um lado pro outro com um pão na mão

Sim, essa era basicamente a rotina diária, no começo eu me irritava com as palhaçadas do Matheus mas logo me acostumei, também porque a Bia sempre dava um jeito de fazer ele calar a boca (chegando a pendurar ele pela metade do corpo pra fora da janela do apartamento), o coitado do Sérgio olhava sério e assustado pros dois e como ele não tava acostumado com aquilo, dei um jeito de tirar ele de lá, uma hora depois ele me ligou, avisou que não poderia ir almoçar porque os pais dele resolveram visitar ele, então me arrumei e desci pro restaurante sozinho, escolhi uma mesa e me sentei esperando o garçom

- Dan.. - Felipe disse colocando o cardápio na minha frente

- sua voz tira o apetite dos clientes, especialmente quando você os chama pelo nome – eu disse sem olhar na cara dele

- poxa cara, que besteir...

- nossa que restaurante interativo, os funcionários se consideram intimos dos clientes – eu disse olhando pro cardápio

- prova disso é a sua amizade com a Ju – ele respondeu debochando

Fechei o cardápio com toda a delicadeza, me acomodei melhor na cadeira, cruzei as pernas e me apoiei com o cotovelo em uma delas olhando pra ele com um sorriso na cara

- Felipe meu amor, o que eu disse que queria ontem? - eu perguntei em tom suave

- Meu corpo – ele disse sorrindo de canto

- Morto? Verdade... queria você enterrado, mas matar ainda é crime... - eu disse ainda sorrindo

- deve tá louco pra que eu te pegue como ontem – ele disse se sentando na cadeira ao lado da minha

- claro, tudo bem se eu fizer uma ligação antes? - eu perguntei com seriedade discando o número de um amigo no celular e ligando o viva voz

- imagina, claro que sim – ele disse enchendo o peito

- Otávio? - disse atendendo – oi lindo, lembra daquele favor que te pedi?

- Claro – ele respondeu

- pois é... nosso pacote tá aqui sorrindo igual uma lacraia nojenta na minha frente – disse sorrindo – ele ama um passeio depois do expediente, você leva ele pra passear... não leva?

- opah, só dizer pra onde – Otávio riu do outro lado da linha

- leva ele pra “navegar”, São Paulo não é o lugar dele – eu dizia enquanto olhava pra cara de pavor do Felipe

- na hora certa Dan, tava louco pra ir pro Guarujá!

- não esquece de passar la em casa pra pegar a chave da minha casa, não quero você se hospedando em Hotel, beijos – eu disse desligando

- uma casa no Guarujá... você tá podendo né... - Felipe disse meio engasgado

- sim meu querido, eu estou, afinal... todos a sua volta estão, menos você meu fofo, que continua um perdedor! - eu disse me levantando, dando um beijo na bochecha dele e saindo

Sai do restaurante e fingi entrar no prédio, mas logo em seguida me sentei em uma mesa escondida de um café no outro lado da rua que tinha vista pro restaurante, Felipe ficou uns 10 minutos, sentado no mesmo lugar e acabou levantando quando alguém deu uma bronca nele, fiquei la sentando esperando pra ver o show, o expediente dele acabava as 15 hrs e por volta das 14:20 vi o carro do Otávio estacionar próximo do restaurante, quando deram 14:30 vi Felipe sair todo apressado olhando pros lados pelos fundos do restaurante

- Otávio?

- Oi – ele atendeu

- ele tá saindo pelos fundos

- estava, não tá mais... - Otávio disse desligando e logo em seguida arrancando o carro em direção aos fundos do restaurante, Felipe percebeu a aproximação e começou a correr, quando ia começar a gritar, um outro rapaz envolveu a cabeça dele com um capuz e outros dois arrastaram ele pro fundo do jipe.

E eu?.... eu estava tomando meu chá inglês de damasco, enquanto observava tudo com meus fiéis fones de ouvido tocando Donatella – Lady Gaga