O namorado de minha amiga 17

Parte da série O namorado da minha amiga 01

O apartamento.

“Você me surpreende assim, é tão contido” Isso

ouvi de Marcello enquanto respirava em seu

peito seu cheiro. “Sei que sou pouco dado a

demonstrações públicas, mas isso nem de longe

significa que desgosto de você Cachorrão”. Uma

gargalhada deliciosa inundou aquele elevador e

a alegria se fez presente. Marcello adora que eu

o chame assim. Ao ganharmos o térreo à luz do

dia nos abraçou quando cruzamos ligeiros a faixa

de pedestres.

Acho que temos andado abraçados, na verdade

não sei, pois temos encontrado no outro

extensão de nossos próprios corpos. Comemos

num restaurante onde já somos conhecidos, acho

que os garçons já nos sabem namorados e o

serviço tem sido muito tranqüilo. “Comida

Mexicana? Estamos comemorando algo especial”

perguntei. “Promoção, Aumento de salário e acho

que encontrei o apartamento perfeito para nós

dois” Marcello respondeu.

Por partes, ele me contou do aumento; mais mil

reais para nossa renda doméstica, assim ele já

fala. (não é uma gracinha?). Promoção a um

posto a cima na empresa, quanto ao

apartamento é realmente perfeito, tem um

quarto, sala, cozinha, área de serviço e garagem.

Fica em uma boa localização. Precisa de reforma.

O Edifício não é novo, mas o preço é uma

pechincha, como diria meu pai.

Pink Money.

Os entendimentos com o proprietário se

iniciaram. Ele quer se desfazer do imóvel porque

é viúvo e tenciona viver mais próximo dos filhos

que moram no litoral. Em conversa com os

vizinhos e porteiros, Marcello apurou que a

esposa do atual proprietário suicidou-se no

imóvel e que ele, o dono atual, ficou abalado

por demais como o fato. Mas não creio em

assombrações heheeh tampouco Marcello que é

devoto fervoroso de “San Genaro” hihihi tem

medalhinha e tudo mais, vocês acreditam?

Bom, o almoço foi uma delícia, pois só coisa boa

têm ocorrido. Temos pensado em registrarmos

nossa união em contrato, mas não temos tido

acesso a esse tipo de informação; nos parece

que pode ser feita em qualquer cartório, mas

procuramos um aqui onde os funcionários nem

conheciam o fato que há um documento de

contrato de parceria civil. Isso tem deixado

Marcello aborrecido eu sinto.Ao pedirmos a

conta o garçom deixou escapar um sorriso

cúmplice, “foi um prazer tê-los aqui novamente”

dele ouvimos. Bom, Marcello e eu somos o que

se pode entender por consumidores tradicionais

e conservadores, El passo tem dois clientes fiéis

agora, hehehe.

È tão bom encontrar lugar onde se é bem-

atendido. Ah se os comerciantes entendessem o

tamanho, o volume e a força do pink money,

hihihihi.Depois do almoço, demos um passeio

rápido no shopping e por uma dessas

coincidências inesperadas, Mário também lá

passeava com a família.Ao nos encontrarmos eu

o cumprimentei de foram rápida como convém

aos colegas de trabalho em encontros assim, mas

ele fez questão de parar e se dedicar a

cumprimento mais demorado; apresentou esposa

e filhos.

Rosnar.

Apresentei Marcello ( apresento Marcello

simplesmente dizendo: este é Marcello. Ainda

não perguntaram “o que ele é seu” mas tenho

me preparado para horrorizar na

resposta!”hhihii).Trocamos sorrisos e palavras

cordiais e ligeiras. Recebi um convite da esposa

dele para almoçar num desses domingos em que

colegas de trabalho são recebidos para o almoço

e nos despedimos. “Não gostei desse cara” Disse

Marcello com seu faro que cão perdigueiro. “É só

um colega de trabalho, ele é chefe de um setor

da empresa” emendei rapidamente como

querendo dar explicação para o que por si só se

explicava, afinal, pessoas se cumprimentam, pois

não?

Ouvi um rosnar típico do Marcello Cachorrão que

me enlaçou o pescoço me colando a ele. “Estou

de radar ligado hein?” Disse ele. Sorrimos

depois disso. “Será que há perigo?” Provoquei.

Recebi um latido de cão bravo em troca e

sorrimos mais.Ao retornar ao trabalho ele me

deixou no meu andar, trocamos uns beijos no

elevador e combinamos nos encontrar mais

tarde. Ele me apanharia para me levar para

fazer o último exame antes do recesso na

faculdade.

No meio da tarde, nas horas mortas, com diz

minha mãe, Mário voltou à sala onde trabalho.

“Quero que me desculpe pelo que fiz e queria

que não ficasse com má impressão de mim” ele

disse. “Eu é que quero que você não me julgue

mal” respondi e emendei “Mas quero que

entenda que não tenho como corresponder e que

se não fosse sincero poderíamos terminar por

nos agredir”.

Desabafo do chefe.

“Tudo bem. Eu compreendo e agradeço você ter

sido tão honesto comigo, é raro encontrar

alguém assim” Ele devolveu e completou “Eu

tenho essa coisa comigo, sabe e às vezes não dá

pra controlar e quando eu percebi você...” ..

“Diferente!!!” interrompi, “Isso, diferente, eu sei

lá.... acho que agi mal contigo e quero me

desculpar” ele terminou. “Tudo bem, não há

problema, está desculpado, mas não tente

nenhum gracinha ou aperto o botão de

incêndio” eu respondi com essa brincadeira.

Ele relaxou me serviu um café e com essa quinta

estava morta, conversamos por hora e meia. Ele

me confidenciou sobre o fato de não reprimir

seus desejos e que isso o sufocava. Discorreu

sobre seus casos extraconjugais com rapazes, os

quais pedi que de mim guardasse segredo dos

nomes. Indaguei como ele se sentia em relação

a sua mulher e ele me respondeu que a amava

e aos filhos também, mas que não conseguia

dominar seus sentimentos em relação aos seus

desejos para com alguns homens.

“Eu sofro muito porque não consigo parar de

manter casos fora de casa, amo minha mulher e

filhos, mas não sei como mudar” disse ele

visivelmente aliviado por contar a alguém e

triste por reconhecer essa sua peculiaridade.

“Faço conta de como tem sido difícil para você e

bem sei que sofre, não sei o que dizer, mas

saiba que não o condeno. Penso que muitos

homens são como você, entenda que não está

sozinho nisso, mas não sei se poderia ajudá-lo”

eu disse a ele que respondeu que só o fato de

eu ouvir já o aliviava.

Segundo ele, seu casamento se deu quando

muito jovem e a coisa toda se desenrolou sob o

signo da paixão e da pressa, ele nem tinha

muita certeza do que sentia e houve pressão dos

pais de ambos. O lamentável é que essa união

de 10 anos aparentemente é sólida aos olhos da

esposa, mas ele já cogitou a possibilidade de

divórcio. Isso seria um terremoto na vida dos

filhos e de sua mulher que o tem como marido

perfeito. Sei que isso parece uma daquelas

horríveis piadas de humor inglês, ácido e

pungente, mas dele me compadeci. Por um

minuto me pus em seu lugar e imaginei muito

de longe o que é ser assim.

Ainda, segundo ele, manteve relação de três

anos com um rapaz com quem teve que terminar

e isso não foi fácil porque eles tinha até um

apartamento juntos. O rapaz parece que pirou

depois disso e por certo tempo até ameaçou

contar tudo para a esposa dele para eles

voltarem e ele acabou por voltar e por mais um

ano mantiveram essa “união”, mas já não mais

era como antes e as traições mútuas se iniciaram

até que a coisa ficou insustentável.

Em resumo ele despejou anos de frustração

naquelas nossas sete xícaras de café. A vida é

engraçada, cheguei a sentir aversão por esse

rapaz, agora sinto a pena que dedico aos

encarcerados. Santo Cristo, com será estar assim?

Partido em dois, vivendo em dois mundos. O fato

é que dele agora sou confidente sem que ao

menos isso tenha dele desejado ser. "ele

despejou anos de frustração naquelas nossas

sete xícaras de café."... Como pode com simples

palavras nos levar a horizontes tão belos.

Perfeito.

Quando Marcello retornou no final da tarde o

recebi com um abraço tão apertado que tive que

explicar que a agradecia a vida por haver nos

reunido. Por mais que enfrentemos obstáculos, e

sei que os teremos em quantidade, conquanto

estejamos juntos, e formos um para o outro

seremos fortes.

Observei com esse rapaz que minha forma de

pensar é a melhor para mim e que vale a pena

ser fiel, e que por mais que o prazer se

manifeste nos encontros fortuitos e nas relações

fugazes, vale a pena dedicar-se a alguém. Acho

eu disse tudo isso porque com o doer de todas

as penas senti que esse moço confuso terminará

por dar temo a seu casamento. Uniões que se

encerram me doem. Estive triste por essa alma e

quis mais uma vez desabafar, Acho que não foi

por conta desse espírito masculino que nos une,

mas pela pena que só um homem pode

realmente senti pelo outro, com é difícil ser

homem.

O que essa cultura latina fez de nós? Sei que

muitos se casam mais por desejarem a aceitação

social e se condenam ao martírio das almas do

purgatório. Filhos são gerados, estruturas

familiares são erigidas e tudo isso sobre o

alicerce de barro da vida dupla, dos desejos

saciados nas sombras. Sinto dor por isso. Sou

homem e bem sei o quanto ser homem é difícil.

Ao deitar-me disse uma prece por ele, que Deus

o guarde.

Humildade

Mudando de um pólo a outro, fiquei surpreso ao

saber que fui reconhecido na rua pelo Érick.

Amigo, não precisava ter ficado só espiando. Se

houvesse se aproximado, mesmo sem o conhecê-

lo pessoalmente eu o cumprimentaria sem

maiores problemas. Não sou uma estrela pop.

Sou apenas eu mesmo e assim desejo continuar

a ser nem mais, tampouco menos do que sempre

fui. Não seria desgosto encontrar um amigo, sim,

amigo. Com quem desabafei quando em uma só

dor meu peito era? Desculpo-me pela demora

em voltar, mas penso que me compreendem,

bem sei disso.

Desculpo-me por minha conexão haver caído

outro dia no MSN quando me despedia, fiquei

imaginando que os amigos com quem falava

poderiam haver imaginado que saí tão

simplesmente e não foi isso; ocorreu uma falha

no sistema do Windows tão somente. Deixo um

abraço especial a cada um e o desejo que este

final de semana seja estupendo de uma forma

especial para vocês, vou passar o final de

semana na chapada e volto no domingo à noite.

Desabafo

"Acho que não foi por conta desse espírito

masculino que nos une, mas pela pena que só

um homem pode realmente senti pelo outro,

com é difícil ser homem. O que essa cultura

latina fez de nós? Sei que muitos se casam mais

por desejarem a aceitação social e se condenam

ao martírio das almas do purgatório. Filhos são

gerados, estruturas familiares são erigidas e

tudo isso sobre o alicerce de barro da vida

dupla, dos desejos saciados nas sombras. Sinto

dor por isso. Sou homem e bem sei o quanto ser

homem é difícil. Ao deitar-me disse uma prece

por ele, que Deus o guarde."

Choro quando lembro da cena em que se

algemam na escada ainda submersos.Quantos de

nós teremos que morrer para alimentar essa

tradição machista ignorante? Amor é amor seja

da forma que se manifeste. Meu Deus, sinto ódio

por essa herança maldita que a cultura judaico-

cristã legou ao mundo do hemisfério de cá, para

mim de ódio tão somente se trata. Porque tanta

adversidade contra os iguais que se amam?

Onde está escrito que o amor dever ser assim ou

assado?

Naquele livro que o Imperador Constantino

encomendou para servir aos seus interesses

próprios chamado de bíblia quando ele juntou o

romanismo à seita cristã que tomava conta do

império e fundou a toda poderosa igreja católica

apostólica romana para servir aos seus interesses

e tão somente se proteger por meio desse ardil

torpe? Está na Torá que tem por objetivo fazer

com que judeus se dediquem à tarefa de se

multiplicarem? Isso faz sentido! Eles são odiados

pelo mundo inteiro por obra deles mesmos,

precisam de descendentes.

Desabafo II

O impressionante é que essa tribo de pastores

influenciou o mundo com seu ódio aos iguais

que se amam. Perdoem-me, não sou anti-semita,

mas não ignoro que são responsáveis em boa

medida pelos absurdos que no ocidente nos

impinge por sermos diferentes. Os religiosos são

cegos diante do fato que a natureza é sabia e

não estamos aqui apenas para sermos alvos

desse intolerência cega e ignóbil. Hoje fui

tomado por uma assombrosa descrença nas

religiões propostas. Foram todas criadas por

homens e só esse fato por si só as tornam

imperfeitas. Por quanto tempo ainda temos que

agüentar isso? A dor por essa e outras história

semelhantes me dói a carne, meu peito está

partido.

Quantos de nós, pessoas de boa índole, filhos

dedicados, amigos abnegados, irmãos presentes,

tios, sobrinhos, profissionais competentes, chefes

e chefiados de valor ainda teremos que viver nas

sombras por conta de um preconceito ridículo

que tem como base tão simplesmente o ódio

calçado na crença que há um Deus perfeito que

condena amor que são puros? Isso é um contra-

senso. Não tenho mais vontade de pisar em

qualquer solo “religioso” que seja; são todos

indignos diante de mim. Acho que a crença que

mais me toca o espírito é o budismo e bem

penso que ainda me converto a ele.

De repente os gritos de milhares de pessoas

como nós que foram queimadas nas fogueiras da

inquisição, que perderam seus empregos, que

foram abandonadas pela família, que sofrem

humilhações ou que são assassinadas

simplesmente por serem diferentes me

ensurdeceram e não consigo neste instante ser

maior do que a dor que sinto por muitos que

não conseguiram encontrar alguém que o ame

que o faça forte como Marcello me faz.

Video

Sinto culpa por ser feliz, sinto dor por saber que

meus irmãos sofrem perto de mim, eu me sinto

assim. Acho que tenho realmente sorte de haver

conhecido Marcello, e tudo que fizer será pouco

para me tornar merecedor desse meu

anjo. ...Perdoem-me por desabafo tão amargo,

mas hoje me permitir comer no prato da IRA.

Desculpe-me, mas por mais que esse vídeo seja

uma possível história de ficção estou seguro que

a todo o momento deve se repetir.

...Perdoem-me, mas hoje não pude ser maior que

a indignação, tampouco me preocupei se o que

digo fere a quem quer que seja e me comportei

como um bruto pondo de forma tão rude

descontentamento que de hora em hora nossa

sociedade me rememora. Não sou mais que um

homem que mesmo feliz por haver encontrado o

amor sou atingido quando me recordo da

injustiça sob a qual meus semelhantes são

mantidos. ...Desculpem-me, acho que hoje

decepcionei muitos de vocês, mas tenho que ser

honesto, o fato de Marcello está ao meu lado não

me faz esquecer que muitos não tiveram o

mesmo destino ainda, muitos sofrem, muitos

choram e não posso ficar indiferente a isso, hoje

sou meio feliz dessa forma.

...Rick, esse vídeo é lindo e triste e acho que só

algo tão delicado me faria metralhar palavras

contra esse teclado que mais uma vez recebe

meus desabafos e minhas lágrimas. Esse vídeo

só me dá mais força para crer que eu quero que

o mundo exploda, e que é dever de cada um de

nós buscar a felicidade dentro do que sua

dignidade baliza.

O link do video...http://www.youtube.com/

watch?v=lweARHj37lg&feature=related&aia=true

É de arrepiar o coração

Desculpas.

Desculpe-me, mas eu me recordei de todos os

insultos que ouço contra os que são como nós,

lembrei dos programas humorísticos toscos que

nos achincalham. Recordei das palavras do meu

pai quando eu tinha sete anos e me parece que

pressionaram um botam dentro de mim que me

fez sentir uma dor lancinante por todos nós.

Meu Deus só queremos ser felizes nada mais.

Perdoe-me, mas sou somente um homem não

sou perfeito, também sinto indignação e não é o

fato de eu estar bem que me faz esquecer que

muitos não estão, não é porque tenho o calor do

abraço do meu Marcello que esqueço que o frio

da noite ainda envolve a muitos que choram

injustiçados.Perdoem-me, mas sou apenas um

homem e nada mais que isso pretendo ser.

Meu coração está negro neste momento de

tristeza e me sinto péssimo porque lembrei que

o mundo nos é injusto. Desculpem, esse também

sou eu, um outro Cláudio que tem vontade de

socar a cara de quem conta piadianha de gay e

acha que isso tem graça. Um Cláudio divorciado

que qualquer resquício de pudor ao falar do

quanto me incomoda a forma como somos

tratados Deus, me perdoem por esse desabafo

eivado de amargura. Como já disse sou apenas

um homem e algumas coisas me descem pelas

gargantas tão suaves como engolir um gato.

Perdoem minha Ira e desculpem por haverl

decepcionado, mas este também sou eu. Mais

uma vez, me perdoem.

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