Capítulo 15 - Jimmy

Conto de Hunter Welch como (Seguir)

Parte da série Black Velvet

Quando Jason voltou naquela noite encontrou Derek deitado na sua cama, com o laptop no colo, de fones de ouvido, e digitando furiosamente.

-O que você tá fazendo? – perguntou, jogando o casaco e a mochila na poltrona em que Derek empilhava roupas, Jason estava ficando muito confortável ali.

-Tuitando, vendo o que a Alisan tá fazendo, ouvindo uma música e baixando minhas series. Tudo ao mesmo tempo! – respondeu Derek, com um sorriso. Os dois se beijaram, Derek fez força pra manter os braços no lugar e não puxar Jason. – A gente tá ficando viciado!

-Sim, você é minha droga!

Derek fez sua cara de indignado usual.

-Você ta me chamando de droga, seu idiota?

-Sim, eu tô! A droga mais viciante e barata, que tem em qualquer esquina. Afasta um pouco, eu quero deitar!

Derek bufou, se arrastando com o computador.

-A gente beija o cara uma vez e ele já começa a dar ordens na sua cama. Se você não fosse tão gostoso eu ia preferir ficar solteiro.

Jason colou seu rosto com o do menor.

-Tem certeza? – sussurrou, fazendo o bom-senso de Derek ir pra longe. – Tem certeza que não me quer?

-Quando você fica sussurrando assim pra mim eu perco a razão.

-Quer que eu pare?

-Não ouse!

Os dois riram… e se beijaram. Derek acomodou o notebook entre os dois, fazendo Jason assistir sua série enquanto os dois conversavam. Porém a única coisa que Jason conhecia de Grey’s Anatomy era a frase que ele usou pra conquistar de vez o coração do mais novo.

-E essa aí? É quem?

-É a irmã do cara que morreu, a gente não gosta dela. – explicou Derek.

-Esse é o cara que morreu?

-Não, o cara que morreu já morreu. Esse é o pai da bebezinha, a gente não gosta dele também.

-A gente gosta de alguém nessa série?

-Sim! Todo mundo que não seja esses dois!

-E o que aconteceu com a garota lá? Daquela frase que eu usei em você?

-A Lexie? Morreu dois episódios depois daquilo!

Jason arregalou os olhos, comicamente.

-Ela morreu e você não me fala nada? Eu não sei viver num mundo que não tenha a Alexa. – disse, dramaticamente.

-Lexie – corrigiu Derek, rindo. – E nem eu sei viver sem ela!

O maior o puxou, prendendo-o entre seus braços. Derek encostou sua cabeça no peito de Jason, sentindo o calor que o mais velho emanava mesmo através das camadas de tecido entre eles.

-Jason? – chamou, depois de alguns minutos de calma. Os dois continuavam abraçados porque nenhum dos dois via necessidade em se separarem. – Como foi com o seu pai?

-Foi bom. – refletiu o mais velho. – Ele disse que não tava nem um pouco chocado que eu não desistisse até conseguir você, porque eu nunca desisto de ir atrás das coisas boas da vida.

-Eu sou uma coisa boa agora? Eu não era droga?

-Você é a melhor coisa! E a melhor droga!

O quarto ficou mergulhado nos sons que saiam do computador de Derek e a respiração dos dois.

-Ele tá namorando. – disse Jason. – Uma médica que trabalha com ele. Eles estão saindo juntos há algum tempo já.

Derek se apoiou na cabeceira, em cima da sua montanha de travesseiros.

-E isso é bom, não é? Você tá… - Derek hesitou. – com alguém, vai pra faculdade ano que vem. Ele precisa de uma companhia.

-É que… ele namorando nunca deu muito certo. Ou elas eram loucas, ou não queriam filhos e…

-Jason, o que foi? – perguntou, preocupado.

-Eu nunca quis muito que ele namorasse! Eu até sabotei alguns namoros dele quando eu era mais novo. Sempre parecia que ele queria substituir minha mãe e eu não podia deixar isso.

Derek deu um beijo na sua bochecha, de forma carinhosa.

-Isso só mostra o tipo de pessoa que você é, um bom filho! Jason, não tem nada de errado com você proteger seu pai e a memória da sua mãe!

-Eu culpava ele! – soltou. Derek percebeu que uma lágrima ameaçava escorrer de seus olhos negros. – Eu culpava muito ele. Minha mãe era boa, gentil e meu irmãozinho era um bebê inocente. O bebê dele! Então eu o culpei, por muito tempo. Eu queria que fosse ele que tivesse morrido, e não eles! Derek, eu quis que meu pai morresse, que ele não fosse feliz. E às vezes eu paro pra pensar o que você disse, que eu sou um monstro, e eu acredito em você.

-Você ainda culpa ele? Ainda quer que ele morra?

-Não, claro que não! É que…

-Pronto! Você não precisa se martirizar por ficar magoado e chateado. E você não é um monstro! Pela primeira vez na vida eu estava errado. – Derek abraçou Jason, enquanto o maior parava de chorar. – Você fica ainda mais lindo chorando, sabia? Mostra que por baixo desses músculos duros existe um coração mole. – o pensamento de Derek viajou por uns instantes, pensando qual músculo “duro” de Jason seria o melhor. As camisinhas que Carter lhe deu estavam gerando ideias muito sujas.

-E eu te amo, sabia?

Derek riu.

-Não fazia a menor ideia, você nunca tinha me dito isso antes!

-Então fique sabendo agora. – Jason beijou Derek, porque tinha uns 5 minutos que os dois estavam com os lábios parados. – Foi bom desabafar com você, eu nunca tinha dito aquilo pra ninguém, nem pro seu irmão.

O menor fechou o laptop, já que ninguém tava assistindo mais porra nenhuma e o colocou na escrivaninha. Seu quarto não tinha abajur e ele não via necessidade em ter uma TV ali então improvisou uma “luz noturna”, acendendo a lâmpada do seu banheiro, mergulhando o quarto em uma semiescuridão aconchegante.

-Eu também preciso te contar uma coisa, que nunca disse pra ninguém. E depois preciso te perguntar uma coisa. Duas coisas. E eu também tenho que te contar duas coisas, na verdade.

-Ok – Jason abriu os braços, acomodando Derek entre eles. A química ali era inegável. – Você vai me pedir pra te ajudar num crime? Por você eu faço!

-Cala a boca, idiota – Derek sentiu Jason rindo. O garoto tomou fôlego e tentou se concentrar antes de falar. – Sabe o que acontece quando um bebê não é amamentado direito? O sistema imunológico não se desenvolve direito, ele fica suscetível a infecções. – Derek explicava, sem muita necessidade já que Jason era filho de um médico. – Eu tinha 2 meses quando minha mãe deixou a gente. Eu era pequeno, fraquinho e eu adoeci.

Jason levou a mão até os cabelos de Derek, o acariciando.

-Eu parei de chorar, só ficava quieto, quase imóvel. Meu pai me levou em três médicos diferentes, que falaram que eu tava só fazendo manha, ou coisa assim. Quando ele me trouxe de volta pra casa o Cody se recusou a sair do meu lado. Por dois dias meu irmão segurou minha mãozinha, ficou sentado do lado do meu berço e dizendo que ia cuidar de mim.

Derek não tinha memória nenhuma daquilo, era somente o que o pai e irmão lhe contavam.

-O Cody foi o primeiro a perceber que eu tava com febre! Meu pai saiu dirigindo desesperado para um hospital e chegou lá com um bebê com pneumonia e uma criança na beira da exaustão. Eu quase morri! O Cody podia ter morrido! Então acionaram o Serviço de Proteção à Criança e ele quase perdeu a guarda dos próprios filhos.

-E o que aconteceu?

-Eu melhorei, porque os médicos da emergência não eram idiotas e perceberam o que eu tinha, então foi só me encher de antibióticos. O Cody dormiu por cerca de 20 horas e meu pai conseguiu explicar o que tava acontecendo. A gente voltou pra casa, sem sequelas, eu e o meu irmão crescemos normais e saudáveis. Eu sei que minha estória não chega nem perto da sua, mas eu entendo de odiar e culpar. – o que Derek não falou é que ele odiava sua mãe, e não seu pai.

Foi como se um peso tivesse sido removido dos ombros magros de Derek. Compartilhar aquelas estórias só serviu pra aumentar o vinculo entre os dois.

-Você tá bem? Quer um pouco de água?

-Sim, tô ótimo.

-E agora? O que mais você tem pra me perguntar e pra me contar? Quais segredos Derek Tyer esconde? – brincou.

-Muitos, mas já que você abriu seu coração pra mim…

-Mais de uma vez.

-Cala a boca. – Derek respondeu dando um soco de leve no braço de Jason. – Você abriu seu coração pra mim, então o justo é te contar meu maior segredo.

Derek não falou mais nada, só ficou calado.

-O que é? – perguntou Jason, morrendo de ansiedade. – Você não pode me deixar nesse suspense não.

-Você devia ver sua cara, tá hilária. Tá bom, eu vou te contar. – Derek beijou Jason, só por beijar mesmo. Já que ele podia beijar Jason Litton ele beijaria até morrer. – Você não sabe porque meu apelido é Jimmy, certo?

-Não, e eu fico louco pra saber, porque o Cody nunca me contou.

Derek não conseguiu segurar um riso de antecipação

-Meu avô, o pai da minha mãe, chamava-se James. Jimmy! E meu pai sempre disse que eu parecia com ele.

-Seu apelido é Jimmy por que você parece com seu avô? – o maior pareceu desapontado.

-Não, idiota! Meu apelido é Jimmy porque meu nome também é James. – Jason arregalou os olhos, completamente assustado. – James Derek Tyer, esse é meu nome!

-Meu Deus, como assim? – protestou, exaltado. – Eu estou na cama com um falso, com um omisso.

-Para de ser dramático! – pediu Derek. – Eu não gosto de usar esse nome por causa de… bem, o segundo me serviu muito bem até hoje!

Jason se virou, deixando Derek deitado na cama e ficando em cima dele. Deu uma mordidinha leve no pescoço do menor.

-Você escondeu algo muito grave de mim, você merece ser punido!

-E como você vai me punir? – sussurrou Derek, já sentindo o corpo esquentar.

-Eu vou te beijar todinho. E te morder também!

O maior brincava com Derek, sentindo seu sangue ferver. Jason mordia e beijava a pele do garoto, testando os limites dos dois, porque ele mesmo estava enlouquecido, com todos os pelos do corpo eriçados. Subitamente ele lembrou que Derek tinha esquecido algo, o que foi bom: ele precisava de um motivo excelente pra parar.

-Você disse que tinha que me perguntar uma coisa. Duas coisas. O que é?

Derek bufou, frustrado, pois estava adorando aquela putaria toda.

-Quer ir comigo no Baile de Natal da escola do Cody? Ele quer chamar o Riley, e se a gente tiver lá a coisa perde o clima de “encontro”, porque fica parecendo uma “saída de amigos”.

-Mas com o Brewer? – protestou. –Eu não gosto daquele carinha!

-Eu gosto do seu amigo!

-Meu amigo é seu irmão mais velho!

-Viu só? Quer um sinal maior que esse que eu gosto dele? – os dois riram. – Vai ser legal!

Jason pensou por um segundo ou dois.

-Ok, eu vou com você. Mas só pra ajudar o Cody. E porque eu quero ver você com roupa formal! – Jason sorriu, ele iria de qualquer jeito, só queria ver os argumentos de Derek. – E a outra pergunta?

Derek se sentou, com Jason do seu lado. Os dois perderam o tom de brincadeira que antes estava estampado em seus rostos.

-Eu queria…han…eu… - Derek ficou incapaz de formar frases completas. – Jason, o que nós somos? A gente bateu de frente, se declarou. Beijamos na neve! – o maior riu. – Mas hora nenhuma nós definimos esse relacionamento. Eu não sei o que você é meu! E a gente não pode usar a nossa relação com o Cody ou a localização das nossas casas pra definir o que tá acontecendo.

Jason não respondeu, sorriu amenamente e tirou uma mecha de cabelo de Derek de lugar.

-Eu quero ser tudo. Nós vamos ser tudo! E eu não queria ficar apressado, te jogar na frente do ônibus ou coisa assim. Eu quero um dia me ajoelhar na sua frente, com uma caixinha com um anel na mão. Ou estar com você numa cafeteria, até você começar a cantar e todo mundo começar a dançar. Eu quero tudo, com você!

O menor riu aliviado.

-Jason Litton, quer namorar comigo? – propôs.

-Sim, mil vezes sim! – respondeu, com o maior sorriso do mundo.

Comentários

Há 3 comentários.

Por Hunter Welch em 2017-05-24 03:28:12
Eu planejei bastante merda pros dois, mas só na segunda temporada
Por edward em 2017-05-23 13:48:32
Lindos
Por Rafinhah em 2017-05-23 03:26:11
Existe casal mais lindo que eles dois??? Non non! Mas quer saber!? Sinceramente acho que isso ainda vai dar em merda. O Jason ta mt fofo/legal com o James Derek Jimmy, mas ainda n subiu em meu conceito, louco pelo próximo ep!