Capítulo 10 - Skinny Love

Conto de Hunter Welch como (Seguir)

Parte da série Black Velvet

Jason foi em direção a sua casa, deixando na calçada um Derek Tyer agora muito branco. O garoto se afundou numa das cadeiras, refletindo que há poucas horas ele e Jason estavam dividindo uma refeição, rindo de alguma piada de Carter. Parecia algo que acontecera em outro milênio.

-Ei, você tá bem? – perguntou o pai.

-Hm… eu-eu… sim, eu tô bem. Acho que… acho que vou me deitar.

Derek se jogou na sua cama, ainda vestido. “É um encontro”. A frase ecoava infinitamente no seu cérebro.

No dia seguinte o garoto mal saiu da cama, não chegando nem a por os pés pra fora do quarto. O mesmo aconteceu no sábado e no domingo, quando finalmente Carter ameaçou levar o garoto a um medico caso ele não saísse pra se alimentar. Depois de um pouco de suco e meio sanduiche Derek voltou para sua cama, sentindo como se tivesse comido toda a comida de Saint Lucy.

É um encontro.

Jason se aproximou, seus lábios tocaram a pele do rosto de Derek.

É um encontro.

Então ele se foi, enquanto Derek olhava com cara de bobo.

É um encon…

Quando o celular começou a tocar no dia seguinte o garoto abriu os olhos com esforço. Seu rosto estava amassado, o cabelo parecia um ninho de ratos. Derek esticou a mão, pegando o aparelho. Não era o despertador, embora já tivesse amanhecido. Ele estava recebendo uma ligação, em um horário nada apropriado para ligações.

-Que foi, caralho? É muito bom essa porra não ser telemarketing. – resmungou, colocando o celular colado na cara.

-Não é! Sou eu, Jason, caso você não tenha reconhecido minha voz. – Derek definitivamente reconheceu a voz.

-O que você quer, cacete?

-Nossa, você é realmente mal humorado de manhã! – o outro ria, se divertindo. – Escuta, seu irmão me chamou pra tomar café ai, tudo bem por você? E se você quiser eu posso te levar pra escola.

-Você toma café aqui praticamente todo dia sem perguntar minha opinião, o que mudou dessa vez? Venha, coma, eu não ligo. – Derek desligou o telefone. – Quem eu to tentando enganar? É claro que eu ligo!

Trinta minutos depois, Derek saiu do quarto.

-E ele está vivo! – comemorou Cody.

O garoto se sentou a mesa, comendo sem ânimo um pedaço de torrada. Cody e Carter se olharam, com a certeza de que Derek não estava bem.

-Sem reclamar, sem xingar… aliens sequestraram meu irmão e colocaram um clone na minha casa!

Os dois não continuaram a conversa, pois logo a campanhia tocou. Cody se levantou, retornando à mesa com Jason.

-Bom dia, Derek – cumprimentou, com um sorriso.

-Bom dia – Derek ficou um pouco abalado com o gesto, sua voz saiu um pouco fraca.

Jason se sentou, do lado de Derek pela primeira vez. Quando todos terminaram de comer Derek foi até o quarto, pegar sua mochila.

-Ei, você se importa de pedir o seu pai pra te levar hoje? –perguntou Jason, se inclinando na direção de Cody.

-Não, por quê?

-Eu disse que ia levar o Derek na escola hoje. Ele desligou o telefone antes de me dar uma resposta completa, mas acho que foi um sim. – falou, sorrindo com esperança.

-Team Deron, cara. Team Deron!

Quando Derek voltou à cozinha pra se despedir Cody já estava conversando com o pai, os dois rindo em cochichos no canto da cozinha.

-Está pronto? – perguntou Jason, assim que seu coração se acelerou com a visão de Derek.

-Ah, você tava falando sério sobre me levar? São poucas quadras até a Adrian. Eu posso muito bem ir andando!

-São poucas quadras que eu vou passar de carro do mesmo jeito. Vem comigo, desse jeito você vai ajudar o meio ambiente.

Derek achou inteligente não apontar que o jeito certo de ajudar o meio ambiente seria Jason ir andando também.

-Chegamos! – anunciou Jason, assim que o carro parou numa vaga vazia no estacionamento. Os dois tinham chegado relativamente cedo.

-É, eu percebi! – Derek levou a mão à boca. – Desculpe, o mal-humorado Derek de sempre.

-Tudo bem, eu não me importo. – Jason sorriu, ele realmente não se importava. Todo mal-humor e sarcasmo só serviam para aumentar o charme de Derek Tyer. Jason estava perdidamente apaixonado, nem mesmo Derek jogando um tijolo em sua direção poderia mudar isso. O amor tinha tomado conta de todas as suas células. – Escuta, eu não te vi o final de semana todo. Você tava doente? O Cody me disse que você não saiu do quarto depois que…

-Depois que você me chamou para um encontro? – interrompeu, sua voz tremia um pouco. – O que mais o Cody te disse? O Cody te disse pra me convidar pra sair? Talvez assim ele tivesse companhia pra quando quisesse um encontro duplo com o Riley.

-O que? Seu irmão e o Smurf? Bizarro! Mas não, ele nem sabe que eu te chamei pra sair. Eu quero sair com você para…

-Mudar o que eu penso de você? – Derek ia lentamente entrando em um estado de “histeria calma”. – Você não vai conseguir isso me tratando como um objeto frágil! Você não precisa me tratar com pena, você não vai se redimir comigo se achar que eu não consigo um encontro com um cara legal. Ou você ta achando que isso é uma série adolescente em que a líder de torcida fica com o nerd, ou que o garoto gay precisa que o bonitão leve ele no baile de formatura por piedade?

-Não é isso. Derek, me escuta…

-Por que você disse com todas as letras que seria um encontro se não por esses motivos?

-Porque eu te amo! – soltou, incapaz de se conter por mais um segundo. – Porque eu sou perdidamente apaixonado por você, porque eu quero que você me veja como um cara legal. Eu te chamei para um encontro porque eu realmente quero um encontro com você, antes que você conheça algum ricaço inteligente que vai te tratar bem e fazer você se apaixonar!

Derek congelou instantaneamente, olhando para Jason sem muita expressão.

-Eu te amo! – repetiu.

O menor parecia surdo, desconectado do seu corpo, alheio às palavras de Jason. Por fim o garoto voltou a si, ainda letárgico.

-Eu tenho que ir! – disse finalmente, abrindo a porta e se lançando em direção ao prédio que nunca tinha parecido ser tão acolhedor.

-E você gostou de passar o feriado com a gente? – perguntou Derek, sentando-se na mesa de sempre, com Riley.

-Sim, foi incrível passar com o meu melhor amigo. – desde que os dois tinham se encontrado na segunda aula Riley tinha usado essa expressão 11 vezes, inclusive quando Derek derrubou a caneta (“Aqui está, melhor amigo!”).

Na verdade, Derek não estava prestando muita atenção na resposta. Sobre o ombro de Riley o moreno tinha uma visão quase perfeita de Jason sentado com seus amigos. Ele sorria de vez em quando, contudo parecia que a luz tinha sido roubada dos seus dentes de tubarão.

-Troca de lugar comigo. – pediu.

-O que?

-Troca de lugar comigo!

-Eu sempre sento aqui! Por que você quer trocar?

-Troca! – rosnou, com os dentes cerrados.

Riley mudou o seu lugar, não sem reclamar um pouco. Bateu a bandeja na mesa, fazendo sua pera rolar alguns centímetros e empurrar o seu suco.

-Lembra o psicopata do corredor? O amigo do seu irmão? – questionou Riley, com uma serenidade claramente anormal.

-Sei – respondeu amargamente. – O que tem ele?

-Não olha agora, mas ele ta vindo pra cá.

Derek não precisou olhar, mas imediatamente soube que não era algo bom. Como se emudecidos pelo controle remoto de uma tv, todos os alunos no refeitório se calaram. Alguns até mesmo ficaram em pé. Na Adrian Memorial não era comum um aluno formando ir na direção da mesa de dois garotos do oitavo ano, ainda mais se o mais velho for um aluno extremamente descolado e os menores forem o aluno brilhante da escola e o demônio encarnado.

Os passos de Jason ecoaram enquanto ele andava sem timidez, até pousar seu almoço na mesa e se sentar, como se aquele fosse o seu lugar usual.

-Smurf. – cumprimentou.

-Psycho! – os dois trocaram sorrisos não muito amigáveis.

-Derek. – o menor não respondeu. – Será que você pode olhar pra mim pelo menos, ou vou ter que repetir em voz alta tudo que a gente conversou lá no carro?

-O que você quer? – sussurrou desesperado, Derek odiava ser o centro das atenções. Jason sentando ali fez dele uma pessoa que entra numa igreja nua, usando no pescoço uma melancia envolta em um pisca-pisca.

-Sentar aqui, almoçar. Eu não to te constrangendo, estou? – Jason sorriu, sem crueldade. Ele também estava nervoso, por dentro. Aquele era o seu match point, seu xeque-mate. Era ganhar ou perder! –Claro que você pode levantar e ir embora, mas aí eu não vou ter escolha a não ser gritar em grande tristeza tudo que eu tenho guardado no meu coração sofredor.

Derek mordeu o lábio, segurando qualquer ofensa indecorosa que pudesse soltar, sem saber que só estava atiçando os desejos mais ocultos de Jason.

-Olha, eu não quero conversar sobre isso! – Derek reparou que todos ainda olhavam calados para os três. –MAIS ALGUEM QUER SENTAR NA MINHA MESA? NÃO? ENTÃO SE NÃO PERDERAM NADA AQUI VÃO COMER O ALMOÇO DE VOCÊS E RECLAMAR DE ALGUM PROFESSOR!

As conversas recomeçaram, metade delas maldizendo Derek Tyer. Riley tomou um gole do seu suco, se sentindo a pessoa mais sortuda naquele refeitório.

-Nós podemos gritar agora? Porque eu estou preparado pra gritar pra essa escola toda o que eu sinto por você. – sibilou, agora ele não queria mesmo que Riley ouvisse. – Derek, eu só tô pedindo uma chance de te explicar. Você me prometeu que iria!

-O que? – protestou com a voz aguda. – Você me chamou pra sair e do nada joga aquela bomba no meu peito, e depois outra. Sinceramente, você devia estar num grupo terrorista. E será que tem como afastar esse seu cabeção? Eu tô tentando comer e esse seu gel me dá vontade de vomitar.

Jason segurou seu braço, fazendo o garoto olhar fundo em seus olhos. Até aquele momento nenhum dos dois tinham percebido que tinham a íris no mesmo tom. Para Jason, os olhos de Derek lembravam petróleo: raro e precioso, que brilhava sob a menor luz. Já Derek via os orbes de Jason como o céu noturno: infinito em possibilidades, misterioso. Não eram só os olhos, eles se viam assim!

-Derek, por favor, eu preciso que você me entenda! – implorou. Jason soube naquele momento que não seria capaz de deixar o menor. Aquele era o amor da sua vida, passando fugaz diante de seus olhos. Ele não perderia tempo piscando!

-Eu to tentando, porra. Mas eu preciso de espaço, e de tempo ok! E de mais alguma coisa que a física puder nomear. – Derek não queria espaço, nem mesmo tempo.

Ele queria Jason.

Comentários

Há 3 comentários.

Por edward em 2017-04-17 12:10:25
Oh gente ! Eu acho que tá tudo indo rápido demais ! Mas confesso que Jason já subiu no meu conceito , só espero que ele não me decepcione kkkk bjs anjo 😘😘😘😘
Por Tyler Langdon em 2017-04-17 09:49:23
Li o conto ontem e achei interessante, e concordo com os comentários do guerra21... Jason preciss de muito pra subir um degrau no meu conceito. E obviamente Riley é a melhor pessoa kkkkkk
Por Guerra21 em 2017-04-17 04:29:51
Muito rápido, eu prezo pela integridade mental do Derek, kkkkk, imagine a cara do Derek se o Jason tentar beijar ele logo após essa breve troca de ideias kkkkk, pois é, Jason ainda não subiu no meu quesito.