Capítulo 8
Parte da série Uma Aflição Imperial ♚
OI OI GENTE LINDA (falsidade detectada).
BOM, PRIMEIRO QUERO DIZER QUE O CAPÍTULO ATRASOU POR CAUSA DO FINAL DE VERDADES SECRETAS (gente que final foi esse? Que morte mais dolorosa) MAS AQUI ESTOU EU COM UM CAPÍTULO DA NOSSA SÉRIE.
Obrigado a todos vocês, por me acompanharem e tudo mais, eu amo vocês. Muito mesmo.
KKKKKK GENTE EU IA CONTAR UMA COISA MUITO FEIA AQUI KKKKK DEIXA QUIETO!
Enfim. Vamos às repostas:
♚ Niss: ELE ESTÁ PROTEGENDO O MELHOR AMIGO, ACEITA QUE DÓI MENOS? O Cadu é uma pessoa super protetora, e como isso é sua característica mais marcante, ele não vai deixar que o seu melhor amigo entre em perigo por sua causa. Isso é... A dor (tirei isso de um filme infantil). Enfim, aceita aí que as coisas só estão começando. Ainda há muito pela frente. Obrigado por comentar, até logo, caro Niss. Abraços. P.S.: querer não é poder huajdbks vou pensar com carinho no seu pedido. Bye.
♚ Edu: Graças ao poder divino alguém reconhece a necessidade de proteção que o Cadu tem por seu amigo e pelas pessoas que ele ama. O Ricardo é clímax da história, tem muito sobre ele que ninguém sabe. Até a próxima, Edu. Obrigado por comentar, mil e um beijinhos.
♚ Nickkcesar: especifique esse "wowwww" kk foi negativo ou foi positivo? Obrigado por comentar, estou te aguardando. Beijos e abraços.
♚ BielRock: u.u quanta apreciação huehue os dois realmente tem que ficar juntos, mas será que vão? Tenho um final maravilhoso em mente. O Louis é mais carente do que fofo, mas sim, por ter crescido praticamente sem família, ele tem uma necessidade de amor, enquanto o Cadu teve isso desde de pequeno, e ainda tem, o que o torna mais forte e corajoso (ao invés de mimado). Olha, eu vou dar spoiler: o Ricardo não é encubado. O Ricardo tem muitos segredos, em especial em relação à sua escolha de ser nazista, mas vamos deixar isso mais pra frente. Te adoro, bel, aquí está sua continuação. Um beijo. Te adoro. Obrigado por comentar.
Boa leitura.
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[Capítulo 8]
Fiquei na cama, observando Louis abrir com raiva a gaveta que eu desocupara para que ele pudesse colocar suas roupas. Ele pegou uma camisa e uma bermuda qualquer e as vestiu, indo para fora e me deixando sozinho. Eu queria ir atrás dele, pedir desculpas, dizer que eu quero sim ser o namorado dele... Mas eu sabia que nada do que eu fizesse melhoraria a situação. Louis estava com raiva. Seu sorriso infantil não existia mais, e eu temi que ele não voltasse a sorrir daquele jeito para mim.
Engoli em seco e esperei mais alguns minutos, até que eu ouvisse o baque ensurdecedor que indicava que Louis fechara com raiva a porta do quarto de hóspedes. Levantei correndo da cama e fechei o meu quarto, trancando a porta para garantir que Louis não me visse chorando. Eu tinha que me manter firme, sem que ele sequer suspeitasse que havia algo de errado. Eu não deixaria meu melhor amigo envolver-se em tais assuntos, não permitiria que ele sequer chegasse a conhecer Ricardo formalmente.
Deitei na minha cama, sentindo o frio das noites solitárias de Porto Alegre. Minhas lágrimas molhavam a cama como chuva, e eu me esforçava para não soluçar e exprimir minha dor em gritos.
Às vezes eu me arrependia amargamente por ter nascido. Eu teria sido hetero, se essa escolha me fosse dada, mas não houve nada, não houve escolha, ao contrário do que muitos pensam. Essa vida foi imposta a mim, e eu teria que vivê-la. Não porquê eu gostava de viver, mas porque eu não tinha coragem de cessar. Eu ainda tinha tanto a fazer, tinha tantos planos, e tinha os meus pais. Eu os amo tanto. Como eu poderia dar tal desgosto a eles?
Senti o sono me.embalar, mas demorou para que eu me deixasse vencer. Eu queria chorar mais, e chorei quase a noite inteira.
(...)
Acordei cedo na manhã seguinte, e passei no quarto de hóspedes para ver se Louis ainda estava lá. Meu melhor amigo descansava, deitado apenas de samba-canção sobre os lençóis beje da cama de solteiro. Imaginei que ela tenha sentido frio durante a noite, ou que ele tenha sentindo falta de dormir comigo, assim como eu.
Fechei a porta com cuidado, mas pude evitar o ranger. Desci para a cozinha e preparei meu café da manhã. Eu não tinha o costume de comer pela manhã, mas a noite anterior havia me deixado em estado de exaustão, provocando uma fome animalesca.
Preparei um bolo de caneca no microondas e uma xícara grande de chá natural. Peguei um saco de pão de forma no armário e uns frios que estavam na geladeira.
Comi devagar, olhando para o grande relógio de parede, que tinha seus números em codificação romana. Foi um presente dos meus pais. Eles compraram em Paris, na nona lua de mel.
Mamãe era gerente de uma concessionária de carros de luxo, aqui mesmo em Porto Alegre, mas tinha suas ramificações em outros estados brasileiros e em outros países, assim como possuía maior parte das ações de uma indústria que produzia alimentos em rede nacional, e também fazia exportações para países do hemisfério norte, onde a climatização e a diversidade ecológica não geravam frutos tropicais como os países do sul. Ela também gerenciava a maior parte dos comércios de papai, que consistiam em uma rede farmacêutica multinacional, uma ramificação de escritórios de advocacia espalhados por todo o Brasil e uma rede de distribuição de aparelhos medicinais.
Mordi os lábios, sentindo uma saudade assassina dos meus pais, e da minha infância. Eu queria tanto poder pedir colo outra vez, e brincar de advogado no escritório de papai, e colocar os óculos de mamãe e fingir ser um executivo famoso e bem-sucedido. Talvez eu pudesse ligar para eles, e matar um pouco da saudade. Mamãe certamente estaria dormindo, mas eu sabia que a essa hora papai já estava de pé, provavelmente preparando o seu café da manhã, seja lá em qual canto do Brasil e do mundo ele esteja agora.
Saí da mesa e retornei ao meu quarto. Meu celular estava perdido no meio dos lençóis, e eu tive que sacudir os lençóis para que eu o encontrasse. Usei a discagem rápida para ligar para papai.
— Oi. — Papai atendeu no segundo toque. Sua voz sorridente logo pela manhã indicava sucesso em algum negócio recém fechado, e isso me deixava feliz por ele.
— Pai...? — Falei sorrindo, alegre por escutar a voz dele — Oi, tudo bem com você?
— Eduardo... — Papai me cumprimentou — Melhor agora que meu filho pródigo lembrou da minha existência insignificante.
— Nós nos falamos no sábado! — O repreendi sorrindo — Mas fico feliz que meu pai exagerado esteja bem. Como vai a mamãe?
— Um velho pode ter seus momentos de solidão, não pode? — Sua mãe continua a mesma rabugenta de sempre. Ela está em Minas Gerais, em um congresso executivo para um prêmio de executivo do ano. Ela está confiante de que vai ganhar.
— Um velho? — Falei rindo, tendo em mente que papai não havia chegado nem aos 45 — E a premiação vai ser aberta? Eu quero ir também!
— Sim, você sabe que sou velho, e não negue. Já passei da melhor idade. — Papai pausou, e eu imaginei que para tomar um gole do seu sagrado café. — Vai ser limitada, para ser mais exato. Os que terão acesso à premiação será a imprensa e os convidados que os concorrentes poderão chamar. Tenho certeza que você vai estar na lista da sua mãe. Sabe que ela é o tipo de mãe coruja. Como vai a faculdade que não é de administração e nem de contabilidade?
— Vai bem! — Gargalhei com a hostilidade de papai — Vou fazer o trabalho de conclusão de curso ainda essa semana, só vou ter que resolver algumas coisas antes. Você vai vir na apresentação final, né?
— Me convença.
— Hmmm. — Murmurei pensativo — Se você vier, talvez eu visite o velho melancólico que sente falta do filho pródigo.
— Talvez? — Foi a vez de papai de gargalhar — Olha aqui garoto, é obrigação sua vir me visitar. Eu ainda sei tirar o cinto.
— Agora eu fiquei com medo de você! — Ironizei rindo — Pai, tenho que desligar. Vou me arrumar para a faculdade. Eu te amo.
— Tá bem, garoto. — Papai disse com um certo tom de tristeza em sua voz — Ah, filho, deixa eu te falar. No feriado de 7 de novembro eu e sua mãe vamos voltar para Porto Alegre. O que você acha de prestar a homenagem comigo e com a sua mãe na faculdade?
Fiquei em silêncio. O feriado de 7 de novembro era uma data muito importante na minha vida, e ainda mais na vida dos meus pais, e de muitos moradores de Porto Alegre.
Há 17 anos, um acidente de proporções gigantescas parou todo o estado do Rio Grande do Sul. Mais de 300 pessoas morreram em um incêndio durante um movimento protestante na sede de uma das empresas de papai. Os trabalhadores de todo o Rio Grande do Sul se instalaram na sede da +Cuidados - esse foi o nome que meu pai escolhera para seu ramo farmacêutico. Esses trabalhadores, empregados da empresa, protestavam por salários maiores, e por um período de trabalhado reduzido. Eles invadiram o edifício sede, e alguns atos de vandalismo resultaram no rompimento de alguns tubos de gás. Os protestantes ignoraram o cheiro e optaram por incendiar a sede, causando a explosão que cessou 318 vidas.
Para evitar um reboliço ainda maior, o presidente da República se colocou à frente do caso e decretou feriado estadual, em memória às pessoas que morreram naquela explosão. Desde então, meus pais prestam uma homenagem anual aos protestantes mortos no incêndio de 7 de novembro.
— Filho...? — Papai chamou do outro lado da linha — Desculpa, eu não quis te deixar mal.
— Não, tudo bem... — Falei voltando à minha realidade — Eu acho uma ótima idéia.
— Eu também achei. — Papai consentiu — Enfim, vá para a sua faculdade, e não esqueça de ligar para sua mãe também, sabe o quanto aquela mulher é rancorosa. Eu te amo.
— Okay, não vou esquecer. Eu te amo. Até mais.
Esperei que papai encerrasse a ligação e corri para o banheiro. Eu ainda tinha tempo, mas decidi sair de casa antes que Louis saísse da cama.
Tomei um banho rápido e vesti o uniforme da faculdade. Passei no quarto de hóspedes para ver se Louis ainda dormia. Ele estava em posição fetal, respirando com leveza. Sorri ao ver a suavidade em seu rosto. Era uma escultuta angelical.
Passei pela sala de estar e peguei a chave do meu carro. Dirigi sem pressa, passando pelas estradas menos movimentadas, cortando as avenidas e entrando em estradas de terra.
Deixei minha mente viajar até o Incêndio de 7 de Novembro. Eu e Louis estávamos brincando juntos no playground do meu antigo apartamento. Lembro do desespero dos meus pais, e da crítica da mídia sobre os dois. Eles foram processados, sendo acusados de assassinato, mas foram absolvidos quando a perícia comprovou o vazamento de gás.
Cheguei na faculdade cedo demais. Minha mente ainda no dia do incêndio, imaginando que muitas crianças ficaram sem família e sem amparo. Pensando que Louis, meu melhor amigo, perdeu seu pai e sua mãe nesse incêndio.
Andei pelos corredores do meu prédio, passando de sala em sala e olhando janela por janela. Não que isso fosse algo interessante, já que a faculdade estava praticamente deserta, exceto pelo zelador, e por alguns professores que chegavam mais cedo para preparar a aula. Bando de desocupados.
Ri com o meu próprio sarcasmo e lembrei que Lucas sempre vinha mais cedo para a faculdade. Não pata preparar a aula, mas, como ele mesmo diz, para usar o WiFi grátis.
Decidi ir falar com ele, e deixar claro que não havia cabimento eu e Ricardo trabalhemos juntos nesse trabalho de conclusão de curso da faculdade. Ele mal entrara em minha vida e já estava causando uma grande bagunça. Eu tinha que concertar isso.
Andei decidido até a biblioteca, onde suspeitei que Lucas estria, já que é onde o WiFi pega melhor. A porta de madeira tinha um aviso pedindo silêncio, e os gritos que vieram de dentro daquela sala me assustaram.
— Você é burro! — Uma voz grossa transbordou a sala. — Caralho, falar com você e com uma porta é a mesma coisa.
Aquela era a voz de Lucas. Permaneci em silêncio, ouvindo Lucas xingar a outra pessoa de tudo quanto é nome. Houve um som alto, e eu abri a porta da sala, temendo que pudesse ser algo sério.
Paralisei no mesmo instante em que reconheci a pessoa presente na sala, junto com Lucas. No chão, alguns livros grossos indicam sua queda, e provavelmente a causa do barulho que eu ouvi.
Meus olhos correram dos livros para Ricardo, que me olhava com espanto, surpreso por me ver ali.
— Desculpa! — Falei dando passo para trás — Eu... É... Pensei que estaria só o professor. Me desculpem. Eu volto em outra hora.
— Tudo bem. — Lucas olhou para Ricardo — Nós já terminamos a nossa conversa. Pode ir Ricardo. E tente concertar aquilo.
Ricardo assentiu e saiu da sala de cabeça baixa, sem sequer olhar nos meus olhos. Me perguntei onde estaria o líder neonazista que expulsava os outros do colégio à base de força bruta.
Ricardo fechou a porta ao sair. Lucas respirou fundo e recolheu os livros do chão. Ele os enfileirou sobre a mesa e sentou-se em uma das cadeiras giratórias.
— Muito bem, Carlos Eduardo, o que te trás aqui tão cedo? — Seu tom de voz era relaxado, como se nada tivesse acontecido.
— Eu quero falar sobre o tcc. — Falei desconfiado, sentando perto de Lucas.
— Muito bem. O que houve?
— Eu quero trocar de dupla. — Fui direto, o que fez Lucas erguer as sobrancelhas — Não posso continuar com Ricardo. Ele não é uma boa escolha para mim.
— Entendo... — Lucas disse pensativo, olhando para os livros que ele colocara sobre a mesa — Olha, Carlos Eduardo, infelizmente eu não tenho o que fazer por você. Eu adoraria ajudar, mas eu não te coloquei com Ricardo a toa. Eu tenho bons motivos.
— Tem? — Me senti incomodado. Me ajeitei na cadeira, olhando o meu professor com cautela — Quais?
— Você é um aluno excepcional. — Lucas disse naturalmente — E justamente por isso te coloquei com Ricardo. Suas notas são um bom exemplo de como você é o parceiro ideal para Ricardo. Ele é um aluno um pouco mais relaxado, e tem dificuldade em algumas matérias.
— Sim, mas tem outros alunos com notas melhores. — Interrompi Lucas — Não é possível fazer uma alteração?
— Infelizmente não. — Lucas disse — Eu levei uma semana inteira para fazer a relação de alunos e criar grupos harmônicos. Olha, eu sei que você vai se sair bem. Melhor que eu, até. Essa "discussão" que você acabou de presenciar — Ele fez aspas com os dedos ao dizer a palavra 'discussão' — foi uma das minhas várias tentativas de dar aulas particulares para Ricardo. Ele precisa aprender, e eu acredito na sua capacidade de ensinar.
— Mas...
— Foi muito bom conversar com você, Eduardo. — Lucas encerrou o assunto — Creio que seja hora de ir para a sua classe.
Lucas acenou e saiu da biblioteca, me deixando sozinho. Mordi os lábios e respirei fundo. Aparentemente eu estava preso a Ricardo, e meu futuro estava jogado ao vento, sem um final certo. Imaginei quando Ricardo me atacaria. Antes do tcc, provavelmente, assim eu não me formaria. Ou não. Talvez Ricardo precisasse mesmo de mim para ganhar seu diploma.
De qualquer forma, eu estava nas mãos de Ricardo, e esse era um fato perturbador.
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ACABOOOOOOOOOOOOOOOOOOU
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Um abraço, até logo.
xHistoriador