Capítulo 2
Parte da série Por Amor
Cá está o segundo capítulo da minha história galera!
Depois de mais de quatro horas na frente de um computador, adaptando e tentando relembrar detalhes, aí vai uma segunda parte da minha história de vida. Espero que gostem, adoro vocês, senti falta de entreter e divertir vocês com os meus loucos e imprevistos romances. Um beijo, até o próximo capitulo.
↨Cass→ Haha, aqui está caro leitor. É maravilhoso ouvir (ler) que você se identificou, e melhor ainda saber que gostou e está ansioso por mais! Então, para não tornar a ansiedade em algo maléfico, aí está o segundo capítulo dessa nem tão contagiante, porém definitivamente intrigante história. Um beijo, até logo.
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Capítulo 2 – Atividade em Dupla
Tomei o banho prometido, ficando um pouco mais de 30 minutos com o chuveiro ligado. Era ótimo tomar banho pela manhã.
Desliguei o chuveiro e enrolei a toalha na cintura. O banheiro estava quase inundado e os azulejos estavam embaçados por causa do vapor, assim como o espelho. Saí do chuveiro enrolado na toalha.
Caminhei até o quarto, parando no corredor para olhar um relógio de parede que minha mãe amava. Já se passavam das seis horas, e isso explicava o cheiro de café fresco vindo da cozinha. Minha mãe já havia levantado para ir trabalhar. Ela trabalhava num escritório, no centro da cidade.
Entrei no quarto e coloquei uma bermuda jeans e uma camiseta branca, cobrindo-a com outra camisa xadrez. Coloquei um tênis baixo e voltei ao banheiro para arrumar o cabelo.
Olhei-me criticamente no espelho, analisando as minhas feições. Olhos negros e semipuxados, minha pele é morena, um marrom-claro bem posto sobre mim. Minha boca era interessante, o lábio inferior era cheio, mas o superior era fino. Eu não tinha músculos. Não tinha nem sequer indícios de músculos aparecendo no meu corpo pequeno, e eu até gostava disso, não achava que uma pessoa do meu tamanho (realmente baixa) precise de músculos. Ficaria desproporcional, e perderia Atal “fofura” que tanto dizem que tenho.
Arrumei meu cabelo da forma que podia. Ele era rebelde, irritante. Hoje ele parecia estar de bom-humor, a raiz lisa deixou-se emoldurar facilmente, sendo posta para cima com graciosidade. As pontas que já formavam cachos dobraram-se para trás. Sorri satisfeito com o penteado de sempre e coloquei o peixe no pequeno armário do banheiro.
(...)
O prédio onde eu fazia curso ficava do outro lado do bairro, á 35 minutos da minha casa. Eu podia ir de ônibus se quisesse, mas eu realmente gostava de andar, isso me proporcionava certo prazer, e eu tinha mais tempo para pensar na vida patética que eu levava.
Eu me considerava um robô social. Meus planos para o futuro consistiam em ter uma casa longe da capital, um escritório de arquitetura e um diploma facultativo de letras. Minha grande paixão sempre foi ler e escrever. Ainda seria um grande escritor, isso compensaria todos os meus anos fazendo o que os outros querem para poder ter um futuro.
Meus professores, Jaqueline e Nico, estavam conversando sobre a política no país, e chegaram a comentar que a atividade de hoje seria sobre esse assunto.
– Oi Lu, bom dia. –Jaqueline disse e acenou para mim.
– Bom dia. – Falei sorrindo – Bom dia Nico.
Nico sorriu junto com Jaqueline. Ambos eram loiros, e eu podia jurar que eles eram irmãos, mas eles namoravam. Não publicamente, eles seriam demitidos se soubessem disso, relações pessoais eram proibidas na nossa rede de ensino.
Jaqueline é loira e têm olhos verdes, lábios finos e vermelhos, corpo cheio, não o suficiente para ser chamada de gorda. A pele bronzeada dela era linda e ela usava um vestido florido.
Nico parece um típico surfista. Tem cabelo loiro cacheado e olhos castanho-claros. Seu corpo não é forte, apenas em forma. O que mais chama atenção nele é o sorriso largo, sempre convidativo.
Andei até a minha cabine e notei que havia duas cadeiras nela, dois computadores... Analisei bem e olhei para as cabines ao lado, que também continham tudo em dobro.
Olhei para os meus professores com cara de desconforto.
– O professor Felipe sofreu um acidente de carro, a turma dele vai ter que ficar com a nossa essa semana, até ele voltar de licença. – Jaqueline disse e olhou para uma folha em sua mesa, que eu presumi ser a lista de presença – Eles são bem legais Lu.
– E sem falar que trabalhar em dupla vai ser uma experiência bem divertida. Se o desempenho dos alunos melhorar, acho que vamos adotar esse método na nossa classe. – Nico acrescentou, chamando a atenção dos poucos alunos que estavam na sala.
Eu não falava com eles. Não falava com metade da classe. Eu focava bem nas atividades, e eram bem poucos os que eu realmente chamaria de amigo na classe. Bem pouco.
Aos poucos os alunos começaram a amontoar a classe, tomando lugares que eles nem sabiam se podiam tomar. Sentei-me na minha cabine, indicando que aquela estava ocupada. As cabines ao lado foram ocupadas com rapidez. Alguns alunos se misturavam com os nossos, outros mantinham a panelinha de sempre, sentando-se com quem sempre sentou e tem amizade.
– Oi... – Uma voz tímida chamou a minha atenção, me fazendo esquecer os alunos à minha volta – Posso ficar com você? Ocuparam a minha antiga cadeira.
A garota à minha frente se chamava Bianca. Ela estava na classe há pouco tempo, entrou no meio do semestre.
Bianca tem cabelos negros curtos, olhos redondos e rosto de criança. Ela usava uma regata branca e uma calça jeans escura.
Eu estava prestes a assentir quando Bianca foi puxada agressivamente para o lado por uma amiga. Ela me olhou com divertimento, em um sorriso simples de desculpas. Sorri de volta e dei de ombros.
Bianca sentou-se em uma cabine no outro lado da sala com a menina que a puxou, que presumir ser de outra classe. Ela ria tímida enquanto ouvia a amiga falar.
– E aí? – Uma voz masculina disse me fazendo tirar os olhos de Bianca e de sua amiga – Posso sentar aqui do seu lado? Definitivamente não tem lugares livres na classe, a não ser lá do outro lado, junto com o garoto de cinza. – Ele riu sem graça – Tudo bem se eu ficar aqui?
Olhei para o tal garoto de cinza. Era o Bruno. Olhei para o rapaz ao meu lado, analisando os traços dele e a forma como ele falou comigo. Parecia ser legal, e não ia me incomodar.
– Tudo bem. – Falei e indiquei a cadeira ao meu lado.
O nome daquele rapaz era Odilon, mas ele detestava ser chamado assim. Ele tem olhos grandes e castanhos, pele morena e cabelos claros. Os lábios dele eram cheios e vermelhos, tentadores. Ele estava usando um boné de aba reta, bermuda jeans e uma camisa preta. Bem vestido, para um funkeiro.
Odilon sentou-se na cadeira em silêncio.
Jaqueline se levantou com a lista de presença e fez a chamada, certificando-se de que a turma estava completa.
Como eles haviam dito, a atividade do dia seria relacionada à política. Teríamos que criar uma manchete em slides no PowerPoint, seguindo as regras de formatação descritas na lousa.
– Eu vou pegar uma manchete na internet. – Odilon disse – Seria legal se a gente falasse sobre a situação do país.
– De que situação você está falando? – Perguntei erguendo a sobrancelha.
– Não me olhe assim, sabe que o Governo Lula tá destruindo o país. – Odilon disse raivoso – Os jornais, telejornais, rádios... Todos dizem o mesmo. Nosso país está na merda, e a culpa é sim do Governo Lula.
– Eles não se elegeram sozinhos não é mesmo? – Falei – Ou você acredita que haja fraude nas urnas eletrônicas? Eu não acredito.
– Mas não é culpa nossa deles serem corruptos. – Odilon disse na defensiva – Achávamos que eles seriam diferentes.
– E eles não são? São tão diferentes que foram reeleitos. – Falei – Não acredito que a população tenha cometido o mesmo erro duas vezes.
– Nem eu, queria poder mudar isso.
– Acha que você seria diferente? Acha que não seria corrupto? Que não roubaria também? – Eu o ataquei com ferocidade – Me diz Odilon, se você pudesse roubar milhões sem ninguém perceber, se você pudesse roubar milhões sem ninguém notar a ausência daqueles milhões... Você não os pegaria?
Ouve um minuto constrangedor de silêncio, no qual a resposta de Odilon foi anunciada com tanta clareza quanto se ele a dissesse em voz alta.
– Não tem nada a dizer? – Perguntei orgulhoso por ter vencido a discussão. Modéstia à parte, eu sempre vencia.
– Não me chame de Odilon, por favor. – Ele disse em tom normal, sem se mostrar vencido – Pode me chamar de Odih.
Sorri e assenti.
– Vai ser jornalista não é mesmo? – Odih disse – Você tem cara de jornalista. Se acrescentar um óculos a esse seu jeito arrogante e superior, você vira um jornalista, ou um advogado.
– Vou ser arquiteto. – Falei rindo – e acredite, eu sou bem melhor em acusar do que defender, Odih.
Ele deu um sorriso largo e sinuoso, mas eu preferi ignorar.
– Vai fazer algo pela tarde? – Odilon perguntou descaradamente – Depois que sair daqui, por que eu vou para a escola. Tem uma sorveteria aqui perto.
– Não posso, tenho que arrumar a casa. – Falei – Quem sabe outro dia?
– Está me dando um fora?
– Calma... – O olhei nos olhos – Você estava dando em cima de mim?
– Além de arrogante é convencido.
– Não sou convencido.
– Não se defendeu do arrogante.
– Talvez eu seja arrogante.
– Talvez?
– Ainda não decidi ao certo. Você será o primeiro a saber quando eu tiver o resultado em mãos.
– Você tem sempre uma resposta na ponta da língua?
– Você tem mesmo que perguntar?
– Gostei de você. – Odilon disse sorrindo – Não vou descansar até você sair para tomar um sorvete comigo.
– Num dia que você não tenha aula, talvez.
– Hoje.
– Você disse que tinha aula hoje.
– Eu falto.
– Eu tenho aula hoje.
– Você falta.
– Não posso. Não posso faltar na escola sem o consentimento da minha mãe, e ela tem uma mania irritante de não atender ao telefone no horário de trabalho. – Menti.
Na verdade ela trabalhava justamente fazendo e recebendo ligações, mas eu não queria que esse detalhe fosse revelado. Eu poderia dizer a Odilon que não quero sair com ele, mas isso implicaria em dar razões e motivos razoáveis. E sinceramente, não havia bons motivos. Ele era legal, eu só não queria sair com ele.
– Então você mata aula. – Odih disse como se fosse óbvio, e então eu percebi que ele fazia esse tipo de coisa com frequência. Um mau exemplo, mas eu não tinha o costume de ser influenciado.
– Tenho um relatório que vale 40% da minha nota final. Por que você acha que eu arriscaria a minha nota por sua causa?
– Amanhã. – Ele disse ignorando parte do que eu havia dito – Vou passar na sua casa pra gente ir tomar um sorvete e dar umas voltas.
– Vai passar na minha casa? – Perguntei rindo – Vai perguntar o endereço para alguma cigana?
– Vou te levar pra ela hoje.
Dei um sorriso divertido e mordi os lábios. Abri o PowerPoint e comecei a fazer o designer da manchete enquanto Odih procurava algum artigo na internet. Ele me olhou algumas vezes com um sorriso misterioso no rosto, mas preferi não me importar. Eu não sabia qual era o interesse de Odilon em mim, mas quando ele me conhecesse, logo perderia.
Poucas pessoas ignoram a minha arrogância. Essas poucas pessoas, geralmente são as que eu chamo de amigos.
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É ISSO! Espero que tenham gostado gente, não deixem de comentar, por favor, até logo.
Um beijo de um grande fã de vocês, o historiador.