Capítulo 1

Conto de historiador como (Seguir)

Parte da série Por Amor

OI OI GENTE! Sentiram saudades? Sim? Sim? Espero que sim, pois agora eu vim pra ficar.

Primeiramente, meus sinceros votos de perdão aos leitores de Entre Dois Corações, a série não terá uma continuação dentro de um futuro previsto, mas eu posso garantir que ela terá sim desfecho.

Voltando o foco para mim, por que hoje o foco é sobre mim, eu apresento pra vocês a MINHA HISTÓRIA DE AMOR, ou seja, não será invenção, serão fatos que aconteceram na minha vida de verdade.

Espero que minha vida seja tão interessantes quanto a minha imaginação, e desde já quero dizer: Sejam bem-vindos à minha mente e ao meu coração!

Boa leitura...

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Capítulo 1 – Meu Passado Me Condena

– Lu, olha, eu sei que não é culpa sua... – Eu olhava paciente para Camila, esperando que aquela conversa desagradável e patética chegasse ao fim. Ambos sabíamos qual seria o desfecho, e eu tinha um relatório de sete paginas para fazer – Mas você é tão frio, tão fechado... Gostaria que você se abrisse comigo, ou pelo menos agisse como se realmente fosse meu namorado.

– Aonde quer chegar com isso? – Pergunto monótono, esperando que isso chegasse ao fim o quanto antes. Não gostava de prolongar conversas que todos já sabem o rumo, não gostava de conversas clichês e sem nexo.

– Eu acho melhor a gente terminar, parar por aqui.

Fiquei quieto. Não era culpa de Camila, era culpa minha. Eu estava consciente da minha dificuldade em expor meus sentimentos, mas esse não era o problema. O problema era que eu não queria mudar esse meu jeito, e não o mudaria por ninguém, não o mudaria por nada.

Camila e eu namorávamos há três meses, e nesse tempo a diferença de personalidades já atrapalhava. Ela era meiga, do tipo que manda cartinhas de amor e fazia declarações no Orkut duas ou três vezes por semana. Eu era frio, implacável, maturo e inexpressivo... Com certeza minha idade era menor do que aparentava.

Meu nome é Luciano, 15 anos. Moro em um bairro pequeno situado na capital do Estado de São Paulo. Minha casa fica em uma rua semideserta, onde os carros não costumam trafegar. Isso era bom, exceto aos fins de semana, quando alguns moradores desagradáveis ligavam o som no ultimo volume e madrugavam escutando funk. Deprimente.

– Você não tem nada a dizer? – Camila chamou a minha atenção. Suas mãos estavam postas uma sobre a outra, o queixo bem formado apoiado nas juntas das mãos e os olhos castanhos me olhando quase friamente. Ela não gostava mais de mim, e aquilo era um bom sinal. Não haveria sofrimento para nenhum dos dois.

– Eu pago. – Falei puxando uma nota de dez reais do bolso e a colocando sobre a mesa – Foi bom namorar com você.

Camila assentiu e eu andei lentamente para a minha casa. Eu olhei para trás algumas vezes, só para observar a típica beleza sulista dela. Longos cabelos negros que desciam até as costas, pele branca, e corpo magro. Teria dado certo se tivéssemos esperado um pouco mais para namorar... Ou não.

Cheguei em casa e fui direto para o ultimo cômodo da casa, o meu quarto. O corredor não era grande, apesar de a casa ser bem extensa.

Peguei a minha mochila no pé da cama e tirei um caderno de dentro dele, seguido por estojo cinza.

Eu era bem estudioso, tirava média sempre acima de 8 na escola. Era focado, decidido.

Fui até a mesinha do computador e tirei do espaço onde deveria ficar a impressora um livro de Língua Portuguesa. Abri o caderno e encontrei as instruções para o relatório. Digitado, no mínimo sete páginas. O tema era livre, mas deveria estar dentro das normas da ABNT. Que bela porcaria.

Liguei o computador e esperei que o sistema nem tão rápido do Windows XP carregasse. Abri o navegador e digitei “Nazismo – Hitler”. Eu gostava da história do nazismo. Apesar de monstruoso, Hitler era um gênio.

(...)

Sorri triunfante ao fazer ao colocar o último ponto do trabalho. Voltei na pagina anterior e sorri orgulho ao olhar a bibliografia. Não tinha Wikipédia.

Cocei o nariz e bocejei, olhando para o relógio no canto da tela. Já se passavam das 22 horas, e amanhã eu teria curso logo pela manhã, assim como toda segunda, quinta e sexta-feira. Três horas de curso, duas de informática e uma de inglês, logo em seguida.

Desliguei o computador sem nem sequer abrir a aba do Orkut para ver as mensagens. Eu estava exausto demais, e sabia que teria indiretas desnecessárias.

Há alguns minutos atrás minha mãe havia ido ao meu quarto para me chamar para jantar. Eu deveria ter ido, pois além de exausto, eu estava faminto.

Peguei meu celular e olhei as mensagens que tinham nele. Uma era de Talia, minha melhor amiga, outra era de Camila.

Ignorei a mensagem de Camila e abri a de Talia.

“NÃO FALTA AMANHÃ, TENHO UMA SURPRESA PRA VOCÊ. ;)”

“VOU PENSAR NO SEU CASO. ATÉ AMANHÃ PRINCESA.” Respondi e deixei o celular em cima da mesa do computador.

Fui até a cozinha e preparei um prato simples para jantar. Mesmo com fome, eu não era de comer muito, acho que devido a um trauma de infância. Eu era roliço, realmente gordo. A puberdade afinal tinha seu lado bom, eu perdi muito peso, cresci... É claro que não há mais tanta beleza em mim quanto havia antes. Na verdade, eu duvido muito que ainda haja alguma beleza em mim.

Depois de jantar tomei um banho rápido, apressado pela hora de ir dormir. Jurei a mim mesmo e à minha higiene que amanhã tomaria um banho mais específico.

Eu levantaria às 5h30min da manhã só para poder tomar banho antes de ir para o curso. “Quanta coragem hein.” Zombei de mim mesmo, tirando a calça jeans escura que eu vestira para encontrar Camila. Vesti a minha habitual bermuda de seda azul e tirei a camisa.

Eu tenho um péssimo hábito de dormir sem camisa. Não que dormir sem camisa seja ruim, mas se torna algo constrangedor quando sua mãe te acorda todo dia só para te lembrar das obrigações dentro de casa.

Enrolei-me no edredom e encolhi as pernas, mantendo o meu corpo protegido do frio.

Pensei sobre o término com Camila e me perguntei por que eu não me importava. Porque eu não sentia, e porque eu não era como os outros garotos normais da minha idade que gostavam de beijar e jogar futebol. Eu gostava de futebol, era o goleiro do time da minha sala. Mas em relação às garotas, por que elas não me despertavam esse desejo de namorar e de beijar? Porque ninguém despertava esse desejo em mim?

Eu queria me apaixonar, achar alguém que me despertasse desejo, que me levasse à loucura. Afinal, isso é o amor não é? Eu creio que sim. Creio que o amor é o estágio mais perigoso da loucura.

Bocejei e deixei meus olhos pesarem. Hoje o dia não foi cansativo, não foi longo. Foi apenas mais um dia da minha vida, um dos 356 dias do ano. O término do namoro não mudou nada, foi como se eu tivesse terminado de fazer a lição de casa. Eu cheguei a me sentir aliviado.

Talvez eu fosse um monstro sem sentimentos. Com certeza eu era. Não via um motivo para amar, para gostar de alguém. As pessoas geralmente são baixas, rasteiras, venenosas... Eu não me encaixava nessa sociedade. É claro que eu podia ser baixo, podia ser baixo como ninguém, mas eu gostava de ser sincero, eu gostava porque todos odiavam a minha sinceridade. A verdade dói afinal, não é mesmo?

Sim, ela dói, e eu amava ver as pessoas se doendo, amava ver as pessoas incomodadas com a verdade, elas faziam caretas e fingiam estar bem, mas eu sabia que não estavas. Desde pequeno eu tenho uma percepção aguçada. Eu sei o que uma pessoa está pensando só de olhar para ela. Eu sei reconhecer uma mentira, mas espero até que a mentira seja prejudicial para poder revelar.

Levando todas essas considerações, eu cheguei à conclusão de que definitivamente eu era um monstro sem sentimentos. Ou talvez eu sentisse demais. Meu passado me condena.

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E esse é o primeiro capítulo gente, espero que tenham gostado, de verdade. Essa história é a história da minha vida (provavelmente vai ser dividida em três temporadas ou mais, dependendo de como vou seguir daqui pra frente).

É bem interessante – eu acho – e vai ser legal, pois já que é uma história real, não vou ter problemas com bloqueios de criatividades. Talvez eu tenha problemas com apagões, mas vou fazer o possível para lembrar e dar detalhes bem legais.

Beijos no coração de vocês, um abraço do Historiador.

Comentários

Há 2 comentários.

Por leopinheiro em 2015-04-28 03:07:11
Gostei demais!! Gostei desse lado introspectivo do personagem principal. Aguardo ansioso a continuação, tenho certeza que você irá desenvolver uma interessantíssima história.
Por Cass em 2015-04-25 11:03:06
" Eu queria me apaixonar, achar alguém que me despertasse desejo, que me levasse à loucura. Afinal, isso é o amor não é? Eu creio que sim. Creio que o amor é o estágio mais perigoso da loucura." Me identifiquei nessa parte! Amei esse episódio, aguardo ansioso pelo proximo!