2- Colégio
Parte da série Lanterna dos Afogados
Aqui está o segundo capítulo,espero que gostem! E gente, que Gremmy do Romance Gay é esse? Me expliquem kkk
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“Anderson P”: Obrigado, espero que continue gostando.
“BielRock”; Kkk relaxa, o Raphael não é importante, serviu apenas pra dar uma descontraída. Kkkkk odiar animais não é algo tão ruim assim.
“Fran”: Ainda tem muita coisa pra acontecer kkkkkk cara, acho que quem ler até o final vai se surpreender muito!
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Capítulo II - Colégio
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”Não olhe a fera nos olhos, e não faça movimentos bruscos! Não olhe a fera nos olhos e não faça movimentos bruscos! Não faça movimentos bruscos...” eu repetia a frase para mim mesmo, procurando um jeito de sair daquela situação ileso, mas eu não via escapatória.
- O que isso significa? - Perguntei num sussurro, tentando controlar meus batimentos cardíacos e minha respiração.
A fera tinha pelos cinzas e olhos azuis. Parecia inofensiva, e provavelmente era. Então porque eu estava com medo? Por que um ser tão pequeno me causava tanto medo?
- Chay é só um gato! - Rachel disse, mas não parecia verdade - Você adora felinos lem...
- Não! - Gritei.
A fera se assustou e deu um pulo para trás. Prendi o ar e forcei o choro a se manter calado. Que droga.
- Eu odeio animais! - Falei baixo, porém expressando raiva - Odeio tudo o que não raciocina, odeio a natureza, e odeio quem gosta dela. Agora tira esse bicho pulguento e repulsivo de perto de mim.
Rachel me olhou com uma certa decepção.
Ethan pegou o felino no colo e o acariciou. Coloquei a mochila com o material escolar nas costas e fui em direção à porta.
Ninguém disse nada. Todos ali sabiam que eu precisava de um espaço pra mim.
Deixei algumas lágrimas caírem enquanto eu andava em direção ao colégio. Meu primeiro dia de aula em um colégio da região e eu iria aparecer com os olhos inchados e sem humor algum.
O grande portão ainda estava fechado, mas já haviam alguns alunos. Eu me sentei na escada de acesso à entrada e esperei o tempo passar. Enquanto isso eu pensava em como tudo aquilo tinha acontecido. Ethan e Rachel disseram que tinham uma surpresa que eu certamente gostaria, e de repente aparecem com uma fera nos braços, e ainda insistem em colocá-la próxima à mim.
- Desculpa - uma voz feminina chamou minha atenção - Você está sentado no meu lugar.
Olhei para a garota de pé ao meu lado. Seus cabelos eram negros e curtos, na altura do pescoço. Olhos castanhos enfeitavam o rosto de porcelana da garota, e ela usava uma saia rodada branca com a barra azul e uma camisa igual à minha.
- An? - Murmurei.
- É que eu sento aí quando chego cedo. - Ela explicou - É como se fosse um ritual, e você está atrapalhando.
Me levantei e apalpei minha bunda para limpar a sujeira. Essa menina era completamente estranha.
- Obrigada amor. - Ela disse sorrindo, mas não se sentou.
Esperei até que ela sentasse, mas ela nem se moveu.
- Não vai sentar? - Perguntei.
- Não, estou esperando o seu cheiro se dissipar completamente. - Ela disse - Não quero meu rabo cheirando a macho. Meu pai me mata!
Eu gargalhei involuntariamente e a olhei.
- Quer dizer que seu pai cheira a sua bunda pra certificar que você não estava dando? - Perguntei de forma indiscreta.
- Não! - Ela falou como se eu fosse um anormal falando um absurdo - Mas é sempre bom prevenir do que remediar.
- Você tem razão! - Concordei - Vou começar a fazer isso também.
- Porque? - Els perguntou me olhando de cima a baixo - Isso é pra mulheres. Mulheres dão o rabo.
- Gays também. - Falei sorrindo.
- Que merda! - Ela falou chutando o ar - Tava pensando em te seduzir.
Eu explodi em risos altos.
Ela era engraçada, me fazia rir involuntariamente, e mesmo que fizesse de propósito, sabia me fazer rir de verdade.
Olhamos ao mesmo tempo um grupinho de alunos descer as escadas. O portão estava sendo aberto.
- É novo por aqui? - Ela perguntou.
- Sim. Me mudei na noite anterior. - Falei.
- Você tem certeza que não é hetero? - Ela perguntou me olhando - Ou bi, sei lá, to afim de te pegar.
- 100% gay, desculpa - falei rindo - Mas é impossível não ter meninos bonitos aqui.
- Que pena. Até tem, mas os bonitos são os mais chatos. Ou são metidos ou antisociais.
Descemos as escadas juntos e entramos no colégio. Era enorme. No térreo tinha o pátio, os banheiros e a coordenação. O segundo andar era formado por dois banheiros e dez salas de aulas, mais a sala de leitura, o laboratório de informática e química, e o ginásio ficava do lado de fora, juntamente com o vestiário masculino e o feminino.
- Você tá em qual ano? - A garota perguntou - Eu sou do terceiro.
- Eu também. - Falei observando a arquitetura e a engenharia do local.
Os pilares era brancos e as paredes azuis. O logo da escola estava grafitado na parede do pátio. “Colégio Invictus” sobre um escudo com o desenho de uma fênix.
- Lindo né? - A garota falou e eu concordei. - Provavelmente não somos da mesma classe, mas eu vou te mostrar um esquema pra ficar comigo. Tá com o comprovante de matrícula aí?
Tirei o comprovante do bolso da bermuda e entreguei à ela. A garota pegou o papel e tirou uma caneta do bolso.
Ela riscou algo no papel e me entregou.
- Pronto, agora você está no 3°B, que é a minha classe. A propósito, meu nome é Aline. Muito prazer Robertchay.
Estiquei minha mão para cumprimentá-la. Aline apertou ela e sorriu.
- Vamos pra classe? - Aline me agarrou pelo braço e me arrastou até o segundo andar.
Sala 8. Alguns alunos já se preparavam, tirando a caneta e o caderno da mochila. Sentei numa mesa vazia ao lado de Aline e peguei meu material.
- Vou te apresentar as vadias e os gostosos da sala. - Aline falou disfarçada - Todos que sentam na primeira fileira são nerds. Da esquerda para a direita, Samuel, Lucas, Renata, Ulisses e Caren.
Samuel era o mais normal entre os citados. Tinha cabelos negros bem arrumado e usava um colete social sobre o uniforme do colégio. Lucas estava curvado sobre a mesa, fazendo anotações. Ele estava vestido todo de social e tinha cabelo castanho. Renata usava um coque bem feito, calça jeans, sapatilha e camisa de manga longa. Ulisses e Caren pareciam ser irmãos. Ambos loiros e pálidos, usavam apenas o uniforme tradicional.
- Segunda fileira, da esquerda para a direita, são os inteligentes. Thiago, Gabriela a namorada dele, Pietro, Leonardo e Diana.
Thiago era bonitinho, mas nada em especial. Estava rindo e virado em minha direção. Cabelos castanhos e olhos verdes - que clichê - com certeza foi o que fez Gabriela ficar com ele, já que o padrão de beleza dela era acima do que a sociedade exige. Gabriela tem um corpo já formado e bem avantajado, cabelo loiro e olhos castanho claro. O sorriso dela era encantador. Pietro e Leonardo com certeza eram da equipe de esportistas do colégio. Ambos musculosos e sorridentes. Pietro era pardo e tinha olhos castanhos, enquanto Leonardo era loiro e seus olhos era cor-de-mel. Diana era morena, cabelos lisos, parecia uma índia. Linda.
- Na terceira fileira só tem pessoas normais, com exceção à você que é viado.
A olhei ironicamente.
- E você que é puta. - Retruquei.
Aline pareceu não se importar.
- Paula, Karina, Fernando, você e eu. A Paula e a Karina são primas, o Fernando é quase popular.
- Quase?
- É, o Fernando é novo no time de futebol da escola, mas bate o maior bolão. Já é artilheiro no campeonato.
A Paula e a Karina não eram muito bonitas, mas pareciam ser legais. O Fernando era bonito, mas nada que chamasse a atenção da mulherada, e nem da rapaziada. Era moreno de olhos castanhos. Muito comum.
A última fileira era composta basicamente por meninos. Os que presumi ser os populares e os antisociais.
- Última fileira só os gatos, comprometidos, metidos e antisociais. Gustavo, goleiro do time de futebol. O loiro é o Felipe. Não faz nada, mas é um dos mais gatos. Luciano, é um gatinho, mas é fiel à namorada, e por fim, o cara mais assediado de todao colégio. Diego. Ele é perfeito.
Olhei para Diego e procurei os motivos para acharem ele tão lindo. Olhos e cabelos negros, pele pálida, corpo bem definido...
- Deve se achar o tal. - Murmurei ainda o observando.
Nossos olhares se cruzaram e eu fui o primeiro a desviar.
- Pior que não. - Disse Aline - O cara não fala com ninguém, e não namorou ninguém até agora. A aliança no dedo dele diz que ele é comprometido... - Aline adotou um tom triste.
Olhei para Diego novamente. Ele ainda me olhava, mas quando me virei vi um sorriso se formar em seus lábios.
Sorri como resposta.
Um professor entrou na sala. Ele me fitou e percebeu que eu não custumava aparecer naquela classe.
- Aluno novo? - Ele perguntou com um sorriso sarcástico no rosto.
Assenti e peguei meu comprovante de matrícula. O professor pegou o comprovante e leu. Logo em seguida Aline e ele trocaram olhares e riram.
- Eu falo com ela. - Aline falou confiante.
- Você sempre fala. - O professor se dirigiu ao quadro negro e bateu com o apagador na lousa, chamando a atenção dos alunos. - Bem classe, temos um novo companheiro. O nome dele é Robertchay. Eu sou Gabriel, o professor de português.
Corei quando todos olharam para mim. Um típico rapaz de olhos azuis, cabelos longos negros e pele pálida. Modéstia à parte, um pedaço de carne suculento para as meninas. E para os meninos.
Gabriel pulou as apresentações e pediu para que abrissemos o livro de português no Capítulo 19. Eles estavam um pouco atrasados na matéria, falando sobre o romantismo no Brasil, enquanto na antiga escola, já estávamos falando sobre Modernismo e os artistas contemporâneos.
Aproveitei que já sabia sobre a matéria e me debrucei sobre a mesa, virando meu rosto em direção a Diego. Ele parecia concentrado, mas eu podia ver seus olhos se erguerem às vezes, alternando sua direção entre o livro e o professor.
O alarme tocou algum tempo depois, anunciando a troca de aula.
As matérias estavam basicamente atrasadas em relação à minha outra escola. Eu passei o dia inteiro com Aline, que fez a questão de espantar todas as “periguetes” que vinham me dar boas-vindas.
- Essas vadias acham que só porque tem gente nova e bonita e gostosa na escola tem que vir marcar em cima. - Aline resmungava - Saiba que se por algum acaso você começar a pegar mulheres, eu já sou sua namorada.
Eu gargalhei.
- Sem chances disso ocorrer.
- Tudo bem, mas o dia de amanhã nunca se sabe. Sobre o trabalho em grupo, eu não falei nada porque já te incluí no meu grupo.
- Que grupo? - Perguntei rindo - Duas pessoas formam uma dupla.
- É um grupo de dois. Não sei se você ja percebeu, mas eu sou bem excêntrica , geralmente espanto as pessoas.
- Excêntrica é a palavra certa. - Falei - O que acha de chamarmos o Diego? Ele ficou sem grupo.
- Ficou por que quis. - Aline deu de ombros - Todo mundo chamou ele.
- Todo mundo menos nós.
- Boa sorte então - Aline deitou no meu ombro - Mas vá preparado para ouvir um não.
Sorri e olhei para Diego. Não trocávamos olhares desde a primeira aula, e ele parecia nem querer me olhar mais. Decidi não ir. Eu e Diego parecíamos não ser compatíveis. Ele era um clichê que todas as meninas se interessavam. Argh!
- Não vai ir? - Aline sorria.
- Não. Como você mesmo disse, todo mundo já chamou ele. Por que ele participaria justo do nosso grupo?
- É uma boa pergunta. - Aline se virou para Diego e gritou: - Hey Diego, quer fazer parte do nosso grupo? É que na verdade é uma dupla... E precisávamos completar a equipe.
Deitei sobre a mesa completamente envergonhado.
- Eu vou matar você! - Sussurrei entredentes.
- Tudo bem. Por que não? - Diego respondeu.
A voz dele era grave num tom perfeito. Deixei todo o ar que tinha nos meus pulmões saírem, e Aline fez a mesma coisa.
- Yes! - Aline sussurrou vitoriosa - Podemos nos encontrar hoje então?
- Depois da aula tá bom? - Disse Diego, indiferente.
- Depois da aula na minha casa? - Aline perguntou para mim.
- Sua casa? - Indaguei.
- Tem que pintar o clima. - Ela disse num tom malicioso.
- Então é melhor eu não ir.
- Aí fica muito óbvio. - Ela incrementou com um “dã” - Eu dou um jeito de sumir com você.
- Idiota! - Falei rindo. - Pode ser na minha casa, aí é mais fácil pra mim sair de perto.
- Depois da aula na casa do Chay! - Diana gritou.
Daniel assentiu e voltou a se concentrar no que estava fazendo antes de Aline o interromper.
- É como eu sempre digo, não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje. - Disse Aline.
- Não me lembro de você usando essa frase.
- Deveria.
Rimos juntos.
(...)
O dia não demorou para passar. Acho que tanto Aline quanto eu estávamos ansiosos para nos aproximar de Diego, mas eu achei melhor não interferir. Ele provavelmente nem era gay.
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Contato: luccipriano@gmail.com
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