18- Injustiças

Parte da série Entre Dois Corações

LÁ VEM O LUZAO, DESFILANDO PELOS CORREDORES DO ROMANCE GAY E MANDANDO BEIJOS DE NEON AOS LEITORES DE Entre Dois Corações.

Obrigado gente, nem preciso falar que vocês colocaram o capítulo anterior nos mais lidos né? Mas mesmo assim, só tenho que agradecer a vocês que me acompanham, um beijo e não vou enrolar, hoje vou direto ao ponto.

<RESPOSTAS À COMENTÁRIOS>

*Theu* Não se preocupe com o tamanho do comentário baby, gosto de ver você aqui me acompanhando, e obrigado pelo elogio, espero ver você mais aqui, não desapareça novamente kk OBS.: AI PARA, ME BEIJA VAI!

*BielRock* Amorzinho, obrigado pelo comentário, gosto muito de ver você aqui cometando os meus capítulos, e sim, estupro é algo traumatizante, e rezemos para que Ethan supere isso, não é mesmo? E para de falar mal do Chris kk hum!

*Fagner* Cara, eu fico todo sem graça quando vejo um cometário seu me dando um reconhecimento que eu mesmo não pensava merecer (minha auto estima é alta hein) e tipo, eu sou todo metido quando me elogiam kkkk siiiiiim, o Ethan vai fazer uma vingança digna, e com certeza vai ter uma ajuda especial nela, e em relação às torturas, sim, o nosso protagonista vai sofrer muito por causa delas, mas não que ele se culpe, ele apenas sente o peso que elas provocaram em sua vida. Enfim, não vou prolongar muito porque estou chateado (estava assistindo A Fazenda e fiquei bolado quando o DH venceu saporra kkk) obrigado pelo comentário, e não se preocupe, vou tentar deixar tudo bem esclarecido nos próximos capítulos, já que pretendo finalizar a série. (sim, provavelmente estamos chegando nas retas finais). Um beijo guri, gosto pacas de você, até logo.

*simon* kkk obrigado anjo, e sim, vamos torcer para que o nosso querido Ethan dê a volta por cima! Até logo hein, beijokas...

~~Boa Leitura (comentem)~~

<ENTRE DOIS CORAÇÕES>

Capítulo XVIII: [Injustiças]

Lavei minhas mãos e sequei meus olhos, sentindo uma dor insuportável apertar meu peito e me condenar pelo que eu estava prestes a fazer, mas eu não achei nenhuma outra forma de lidar com o problema. Com que cara eu olharia para Robert e diria "Amor fui estuprado, não consigo fazer sexo sem lembrar daquela noite"? Me amaldiçoei mais uma vez antes de abrir a porta da suíte e encarar Robert com o olhar mais sério que pude.

Ele se levantou do canto onde estava e deu uma risada fraca, secando os seus lindos olhos verdes e brilhantes.

- Temos que conversar. - Falei indo em direção ao corredor e pegando a calça que eu havia deixado lá.

Robert vestiu suas roupas e se sentou na cama, olhando para o chão. Me vesti e sentei ao seu lado com um sorriso choroso no rosto. Nossas mãos se encontraram. Se ele soubesse o quanto aquilo havia me machucado...

- Lembra quando nós terminamos? - Falei com a voz baixa. Nada melhor que explicar o futuro lembrando do passado - Quando eu disse que não deveria ter segredos no nosso relacionamento? Lembra quando eu disse que não tinha segredos com você?

Nossos olhos se encheram de lágrimas ao mesmo tempo, enquanto eu dizia para mim mesmo que eu estava fazendo o que era melhor para ambos.

- Você quer me contar alguma coisa? - Robert perguntou ainda de cabeça baixa, e de repente eu também achei o chão super interessante.

- Quero Robert, eu preciso te contar. - Falei mordendo os lábios, torcendo para que a vacilação na minha voz não passasse de fruto da minha imaginação - Mas eu não posso. Não consigo. E não acho isso justo, não acho justo cobrar de você e não dar um retorno recíproco. Eu não acho justo levar isso adiante, se eu não consigo te contar meus segredos.

Na verdade noventa por cento das coisas que me aconteceram desde que eu cheguei em New York não foram justas, e eu queria dar o melhor retorno possível para Robert. Eu queria poder contar as coisas sem ter medo, mas como você reagiria se seu namorado te dissesse que foi vítima de um abuso sexual? Você sentiria dó dele, teria compaixão... Mas será que você aceitaria isso? Você passaria uma borracha e o trataria normalmente? Talvez você até aceitasse os fatos, mas sua atitude mudaria, seu jeito de falar com ele deixaria de ser amoroso e passaria a ser penoso. Você provavelmente o trataria como uma vítima de abuso sexual, e não como o seu namorado.

- Está terminando comigo? - Robert perguntou, mas eu não respondi - Ethan...

- É como eu disse... - Falei dando uma pausa para poder controlar o choro - Lembra quando eu terminei com você da outra vez?

- Lembra das vezes que eu disse que te amo? - Disse Robert, tirando os olhos do chão e os focando em mim - Lembra das promessas de amor incondicional? Lembra dos planos para o futuro? Lembra da nossa casa na praia? Lembra da Carol, a menina que iríamos adotar?

Cada lembrança era um tiro no meu coração, cada promessa quebrada se tornava um poço de sangue, um corte no meu pescoço.

- Ethan - Robert continou - Você acha que eu me importo com esse segredo que você não quer me contar? Você acha que eu me importo de você morrer com esse segredo pra você? Eu vou ter que repetir quantas vezes que eu te amo para você acreditar em mim?

- Eu acredito em você Robbie...

- Não Ethan! - Ele me interrompeu - Não acredita, por que se acreditasse não estaria fazendo isso comigo!

- Você não entende... - Minha voz já não era mais a mesma, fora alterada pelo medo e pela dor de perder o homem que eu amava.

Robert se levantou aplaudindo e me olhou incrédulo, com um sorriso sarcástico no rosto. Seus olhos verdes se dissolviam em lágrimas e seu rosto angelical se contorcia de dor. Era visível o tamanho do sofrimento dele, mas o que eu podia fazer?

- Isso mesmo Ethan, eu não entendo. Agora qual o próximo argumento cliché? - Robert andava de um lado para o outro - É o melhor a fazer? Vai ser mais doloroso se prolongarmos isso? Você está fazendo isso por mim? Eu vou achar alguém que me faça feliz?

Cobri meu rosto com as mãos e abafei um gemido de dor ao imaginar outra pessoa fazendo Robert feliz. É claro que era egoísmo, mas eu o amava de uma forma tão inexplicável que pensar em Robert com alguém que não fosse eu em seus braços me proporcionava uma dor letal, capaz de me sufocar por dentro, e pior que matar meu corpo, vê-lo com outra pessoa me partiria a alma.

Um silêncio torturante pairou sobre nós, enquanto ambos pensávamos sobre o que estava sendo dito naquele quarto.

Não havia volta. Eu não estava pronto para contar do estupro, e não iria privar Robert dos prazeres carnais.

Me levantei e olhei aquele rosto celestial com um aperto grotesco no coração. Eu queria voltar até ele e tacar-lhe um beijo, mas eu sabia o quanto iria ser doloroso um beijo de despedida.

Eu preferia assim. Preferia que Robert me odiasse friamente e que não me perdoasse por ter sido um idiota e por não confiar nele.

- Ethan... - Robert disse quando eu abri a porta - Se você cruzar essa porta, eu juro que essa será a última vez que você me olha, ou que tem noticias minha.

- Nesse caso, foi um prazer conhecer você. - Falei e cruzei a porta, fechando e deslizando sobre ela até o chão.

Tentei não chorar em voz alta para que Robert não soubesse que eu ainda estava ali. Ouvi Robert chorar do outro lado da porta, e pude ouvir o som suave do corpo de Robert deslizando sobre a porta. Eu podia sentir seu calor tropical e excitante nas minhas costas e a ponta afiada do seu choro rasgando toda a minha essência.

Esse seria o meu destino então... Era assim que eu estava condenado a viver. Chorando sozinho do outro lado da porta.

Me levantei cambaleando e entrei no elevador. Fui para o térreo e de lá direto para casa. Fui andando sozinho, só com a companhia silenciosa do vento e do frio solitário de fim de ano.

Abri o grande portão prateado e segui a trilha ladrilhada de flores brancas, que combinavam com a fina camada de neve que cobria o chão. Tudo parecia tão monótono, tão frio. As flores perdiam a beleza no inverno, a neve era exaustiva e me deixava ainda mais deprimido, e o céu cinza tornava cada molécula de oxigênio difícil de ser expirada.

Abri a porta de madeira desenhada e fiquei até feliz por não ninguém na sala. Pelo barulho que ouvi, Gabrielly e Christopher estavam no quarto, e Hélio provavelmente tinha ido à empresa, se é que realmente existe uma empresa. Eu não sabia mais o que era real e o que era fingimento, e pouco me importava para isso. A dor que eu sentia era real e me enforcava com suavidade, tirando pouco a pouco todo o ar dos meus pulmões.

Gabrielly apareceu no topo da escada, me olhou e sorriu. Estava tão ocupada com Christopher que nem percebeu que eu precisava de um ombro amigo. Aparentemente tudo estava se resolvendo para todos.

Ouvi passos descendo a escada e olhei de relance para trás, observando Christopher se aproximar lentamente. Ele estava sem camisa e exibia suas tatuagens, que cá entre nós davam um charme maior ao seu corpo definido. Um par de asas cobria toda a sua costa, e no abdômen um eclipse lunar (quando a Lua cobre o Sol).

- Significa superioridade. - Christopher disse sem me olhar - Se manter sempre na frente dos outros.

Demorei alguns segundos para entender que ele estava se referindo à sua tatuagem. Fiz um som qualquer com a boca, dizendo que já havia compreendido.

Ele voltou da cozinha com duas latinhas de Coca-Cola e ofereceu uma para mim. Neguei e fiquei olhando para a tv desligada.

- Ethan... - Christopher respirou fundo - Eu ainda não tive a oportunidade de me desculpar por...

- Não precisa se desculpar. - O interrompi já ficando irritado com ele.

Eu tentava esquecer aquele maldito sequestro, mas alguém tinha que me lembrar, como se fosse impossível levar a vida em frente.

- Precisa sim Ethan! - Robert insistiu - Eu me culpo muito por isso...

- Seria muita cara de pau não se culpar. - Falei com um sorriso sarcástico no rosto - Afinal, foi você quem me entregou.

- Eu sei disso... E acredite, eu não vou deixar isso passar em branco. - Robert demorou para responder - James vai pagar com a própria vida tudo o que fez com você. Eu juro.

- Se vingar por mim não vai redimir e nem amenizar tudo isso. - Falei - Eu confiei em você, eu te aceitei como um irmão... Eu me apaixonei por você.

A revelação causou um silêncio que eu já estava acostumado a aturar. Eu não me importava mais com nada, e decidi que o que devia ser dito seria dito.

- Eu... Eu... - Ele gaguejou e deixou a frase no ar.

- Você não se apaixonou por mim. - Falei - Eu sei, sei que você é hetero.

Mais um minuto de silêncio antes de nossos olhares se cruzarem, e novamente, assim como todas as outras vezes eu perdi a noção do tempo. Os olhos de Christopher eram como dois buracos negros, que absorviam toda a luz e todo o foco para si.

Tentei imaginar como ele via o meu olhar, se ele o via como a profundidade do oceano, ou como a infinidade dos céus. Talvez ele nem se importasse com a forma que eu o olhava.

Meus olhos marejaram e eu sequei as lágrimas que se formavam em seus cantos.

Robert passou a mão no meu rosto para secar uma lágrima que escapou.

- Eu me apaixonei por você também. Mas quando percebi isso já era tarde de mais.

Eu não sei se iríamos nos beijar, mas seu rosto se aproximava do meu lentamente, me fazendo ficar ofegante e com medo.

Alguns passos rápidos chamaram nossa atenção, e ambos notamos a presença de Gabrielly, que saía da casa com pressa.

***

Enfim, sei que o capítulo foi um tantinho tediante e um tantao curto, mas espero que tenha agradado. Não deixem de comentar gente, falem, gritem, cantem, paquerem, desabafem e deixem o nome do seu animal de estimação aí, um beijo!

Até o próximo capítulo queridos.

Contato: [luccipriano@gmail.com]