Capítulo 1 (Noite Cinzenta)
Parte da série Caçadores
OI OI GENTE!
Isso mesmo, o historiador está de volta, e dessa vez com algo que vai revolucionar toda a era do Romance G. Um conto que, espero eu, arrebata corações, chame a atenção, e proporcione a vocês o máximo do êxtase e da ansiedade.
Bem, espero que gostem, e obrigado a todos vocês que sempre me acompanharam. Aos que estão me conhecendo agora, desejo de todo o meu coração boas-vindas a um mundo novo. O mundo do Historiador.
Boa leitura.
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Capítulo 1 (Noite Cinzenta) - Caçadores
A chuva caía com força pelos arredores da cidade de Osasco, no Litoral de São Paulo. As casas que antes costumavam manter as janelas e venezianas abertas agora estavam fechadas. Qualquer tentativa de proteger-se da tempestade era válida.
Olhei para o lado, procurando algum sinal de vida na rua que tinha por iluminação apenas a lua. Eu estava sob o toldo de uma loja de calçados esperando impaciente pelo meu pai, que deveria estar aqui a duas horas atrás, no horário de saída do colégio.
Respirei fundo e me apertei em um abraço, receoso se deveria tirar o celular do bolso e ligar para papai.
Um raio estrondoso me assustou, fazendo com que eu batesse o meu corpo na porta de aço da loja. Meu coração batia em um desespero crescente, e o susto me fez tirar o celular do bolso da calça. Com as mãos tremendo, era quase impossível localizar o número do meu pai nos meus contatos.
Um barulho familiar me chamou a atenção. Minha cabeça virou instintivamente para a esquerda, onde uma luz que vinha do fim da rua se aproximava rapidamente. Era uma moto, mas não era a moto de papai.
A escuridão da noite não me permitiu identificar os rostos, mas era possível ver que haviam duas pessoas na moto. Duas pessoas que não pareciam contentes ao me ver ali.
Dei as costas e comecei a andar para frente, ignorando a chuva forte acima de mim. Como eu era idiota, em uma noite vazia, em que as lojas e as casas se fecharam por causa da tempestade que estava próxima, era uma noite perfeita para saqueamentos.
— Ei garoto, o que faz sozinho aqui? — O homem que pilotava a moto gritou, e havia um sorriso sombrio na sua voz — Onde é que você pensa que vai?
Meus olhos lacrimejaram, mas era impossível distinguir a chuva das lágrimas. Eu estava com medo.
Acelerei os passos gradativamente, até me encontrar correndo na rua quase sem fim. Eu não me sentia bem, estava com medo, eu queria sair dali.
Parei subitamente ao passar por um beco. Eu poderia esconder-me ali. Olhei para trás. Eles estavam muito próximos, a qualquer momento me alcançariam. Eu poderia lutar.
Uma risada ecoou, e eu me assustei ao perceber que eu é quem tinha gargalhado. A morte - eles me matariam? - despertou algo negro em mim, um senso de humor sombrio. Eu? Lutar? Mesmo que fosse apenas um, eu jamais venceria uma luta, uma briga, eu não tenho habilidade para isso, e muito menos um físico. Eu não conseguia parar de rir.
Fui puxado brutalmente para o beco, mas antes que eu pudesse gritar minha boca foi calada. Uma mão me pensava contra a parede enquanto a outra mantinha a minha boca em silêncio. Eu respirava ofegante, com os olhos arregalados.
— Você é louco? — A voz sussurrada era masculina, e parecia um tanto zangada — Preste atenção, eu vou soltar você, mas se você correr ou gritar, eu juro que te desmaio. Entendido?
Assenti com a cabeça. Eu era rápido, ele não me pegaria, não se estivesse a pé.
Forcei minha vista para o rosto a minha frente, mas era impossível distinguir traços. Ele era mais alto que eu, e provavelmente mais forte, mas não era tão assustador quanto os que estavam lá fora, na moto.
A mão misteriosa passou da minha boca ao meu queixo, ainda em dúvida se deveria confiar em mim. Eu não gritei, e isso fez com ele me soltasse totalmente.
— Eles vão vir pra cá. — Falei numa tentativa falha de sussurro — É melhor a gente sair daqui.
Parecia ridículo, mas agora eu via uma chance de vencermos uma briga, se eu não fosse tão inútil e tentasse ao mínimo distrair um, o homem poderia vencer a briga com o outro.
Esperei uma resposta, mas ela não veio. A moto parou na frente do beco, e de repente eu comecei a tremer novamente. Por que eu sentia tanto medo?
— Dois coelhos numa cajadada só. — O piloto disse enquanto se livrava do capacete, já fora da moto. O que estava atrás, também um homem, desceu e virou a moto para nós, iluminado o beco.
Eles se exitaram por um segundo, mas logo andaram confiante para frente do farol. Eles usavam botas e roupa de couro, e ainda que estivessem na luz, era quase impossível caracteriza-los.
— Veja o que temos aqui Caio, um caçador e uma caça. — O que pilotava a moto disse bem humorado. — Ganhamos a noite.
Eles estavam zombando de mim. Eu era a caça.
— Deixem o garoto em paz. — O homem do beco disse, virando e olhando para mim. Ele não parecia contente — E... Bem, vocês só podem ser retardados, por que eu não sou um caçador.
— Agora que você pediu, a minha vontade de pegar esse garoto se multiplicou por mil. — O piloto disse — Adoro desafios.
— Hmmmm. — Caio gemeu, respirando fundo e fixando os seus olhos em mim. Olhos vermelhos. Ele estava drogado.
Encostei na parede e esbarrei em uma barra de metal. Agarrei ela com força, sabendo que seria útil.
Com uma velocidade absurda, Caio avançou na minha direção.
Fechei os olhos e prendi o ar nos meus pulmões, mas eu não pude sentir nada me atingir. Abri os olhos e vi Caio caído no chão, com as costas arqueadas. O homem do beco segurava o braço de Caio e mantinha os pés na cabeça do motoqueiro.
Agarrei a barra de metal com mais força e olhei para o motorista da moto, que parecia espantado. Qualquer um ficaria. Com tanta velocidade quanto Caio, o piloto avançou, mas desta vez, para o homem do beco.
— Gustavo, a barra! — O homem do beco gritou, alertando o meu sexto sentido. Ergui a barra de metal e lancei para o homem do beco, que a agarrou no ar com apenas uma mão. Ele desviou do piloto, e com rapidez perfurou as costas dele com a barra. Um berro ensurdecedor saiu do piloto, que agora estava estirado no chão, completamente imóvel.
Eu tremia, mas consegui, correr até o homem do beco.
— Você matou ele! — Eu gritei enquanto olhava para o corpo sem vida do piloto.
— Quem dera se esse tipo de praga morresse. — Ele murmurou e me olhou, fixando-me em seus olhos cinzentos.
Ele me puxou para trás dele, e eu não entendi até ver Caio de pé, com os olhos vermelhos flamejantes de raiva.
Sem pensar duas vezes, Caio avançou, e na mesma velocidade da investida, ele voltou para trás, derrubando a moto que iluminava o beco estreito. A respiração entrecortada do Olhos Cinzas chamou a minha atenção. Ele estava cansado de que? Ele nem fez esforço.
É claro que eu estava sendo insensível, eu me sentia exausto, sem ter feito nada.
— Sai daqui. — O homem de olhos cinzas disse me empurrando e me tirando no beco. Eu definitivamente não queria discutir com uma ordem dessas, mas minhas pernas estavam paralizadas, e toda a minha atenção nos olhos vermelhos de Caio, que já estava de pé novamente.
Forcei minhas pernas a andarem e saí do beco sem olhar para trás, sabendo que o homem de olhos cinzas venceria a briga. Corri para a rua em que eu estava antes, e assim que dobrei a esquina fui surpreendido pelos braços fortes de papai, que me apertavam com força contra o seu peito.
— Eu fiquei com tanto medo. — Papai me apertava e me beijava o rosto. — Me perdoe, me perdoe...
Então, com esses pedidos de desculpa, eu percebi que estava em prantos. Minhas lágrimas molhavam a camisa já encharcada de papai. Eu soluçava com desespero enquanto abraçava com força o meu pai.
— Nós temos que chamar a polícia e a ambulância, tem um cara morto no beco e outros dois que estão brigando. — Eu falei entre soluços e apontei meus braços trêmulos para o beco.
Papai me soltou e olhou para o beco, tentando enxergar algo à distância. Ele andava lentamente em direção ao beco, e eu o acompanhava.
— Gustavo... — Papai disse preocupado — Não tem nada aqui.
Olhei para o beco, quase desesperado. Não havia corpo, sangue, barra de metal e nem sequer a moto.
(...)
Abri os olhos abruptamente, chorando. Um raio me assustou, me fazendo pular na cama e me encolher com os cobertores. A chuva e os ventos fortes chacoalhavam as árvores, que batiam na minha janela de vidro.
— Gustavo? — Papai abriu a porta do meu quarto e olhou para os lados, procurando por alguém — Tudo bem? Hey, por que é que você está chorando? Foi um pesadelo?
Papai entrou no meu quarto e se sentou na minha cama. Logo eu estava em seus braços, chorando sem motivos.
— Tudo bem, foi só um pesadelo, eu estou aqui... — Papai dizia com calma, dando beijos na minha testa.
Deitei no ombro de papai e chorei ainda mais. Tudo parecia muito real para mim, eu ainda podia sentir o desespero no meu corpo ao ver o motoqueiro com a barra de metal atravessando sua costela, o medo ao fixar meu olhar no olhar vermelho escarlate de Caio...
Olhei para a janela do meu quarto e olhei para a noite que pendia interminável lá fora. A noite destacava-se em um cinza fosco, me lembrando a coisa mais marcante do meu sonho. Aqueles olhos.
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E aí gente? Gostaram? Não gostaram? Me diz a sua opinião, ela é importante pra mim. Vale de tudo, desde elogios e críticas até um ou outro ritual satânico (mentira, nada de rituais satânicos, morro de medo disso).
Então, é isso, espero que tenham gostado. Um grande abraço do seu eterno Historiador.
⇨CONTATO⇦
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