Fallen 18
Parte da série Angel's City
OI OI GENTE! Gostaram da minha aparição? Eu sei, sei, eu também já não me aguentava de saudade de vocês. QUE? Kkkk não tô mentindo não seus loucos, eu adoro vocês. Não, não quero dinheiro. Só estava com saudades mesmo. Sim, eu sei que vocês estavam com saudade de mim também. Awn seus lindos, para vai.
Parei gente. Vamos direto ao ponto.
Bom gente, muito obrigado a todos vocês. Papai ama vocês. Adoro a reação de vocês ao terminarem de ler a série, adoro quando vocês se revelam aí kkk quando falam o que acham que vai acontecer ou o que não gostaram. Amo vocês. Amo de verdade. Por isso estou aqui para agradecer. Agradecer aos comentários, às reações, aos emails, e até às leituras, que é a parte mais importante né kkk. Enfim. Obrigado, de verdade. Obrigado mesmo.
Esse capítulo tá especial (eu garanto), e foi feito pensando em vocês, como sempre. Vocês são as minhas inspirações para criar cada uma das frases, dos parágrafos... Cada traço cômico (e eu espero que os identifiquem), cada cena romântica, cada cena de ação... Tudo isso é pra vocês e por vocês. Muito obrigado. E não se esqueçam de ouvir a música Demons do Imagine Dragons, e Human, da Christina Perri.
E mais importante ainda: Não se esqueçam de comentar gente, ainda que vocês pensem que não, é muito importante para quem escreve, é inspirador e motivador.
Hum... Acho que é isso. Vamos responder aos comentários então?
❇simon: Apesar de essa ser uma ideia bem cômica, eu tenho alguns planos para o pai do Christopher (com relações heteroafetivas), e eu não posso trair o futuro que eu já reservei para ele. Acho que você vai gostar. Hmmmn você tocou em um ponto delicado. Digamos que um tanto paradoxal. Quais as consequências (boas e ruins) de tal atitude do Thiago? Pense nessa pergunta enquanto lê o capítulo. Todos nós sentimos saudades do Thiago kk awn que fofo 😍❤ muito obrigado, de verdade! É muito bom ter você aqui nos comentários. Um beijo, e não deixe de aparecer aqui. Te adoro. Obs.: continue ouvindo Demons que é super cultural.
❇Rick134: Awn meu Deus, que apego ❤❤❤ fico muito feliz ao saber que você já aprendeu o caminho, e olhe, ainda que você se perca, não se esqueça de seguir as luzes. Elas te trarão a mim, por que eu sou o brilho desse site. Ann, modéstia à parte, sim kkkkk, é bem difícil, mas não há nada que eu não faça por vocês leitores. Thiago está vagando pelo mundo kkkk o Chris é uma grande vítima de toda essa história, e pra piorar é um bundao. Mas se tudo der certo, isso vai mudar. (é que eu mudo o rumo da história a cada novo pensamento. A minha mente quer me destruir). Enfim. Muito obrigado anjo, te espero no fim desse episódio. Beijos.
❇h1411: hisjuas não conheço essa música, mas podemos cantar um hit nacional. É assim: NO DIA QUE EU SAÍ DE CASA MINHA MAE ME DISSE FILHO VEM CÁ 🎶🎵🎤 você ficou assustado foi? Que bundao que você é. Já reparou que você é o do contra aqui? Kkk todo mundo falando do Thiago e você vem com Lucas. Eu amo pessoas do contra e admito fazer parte desse grupo de gente chata. Hmm... Muitíssimo obrigado pelo seu comentário, adorei ver você. Apareça aqui hoje, tô com saudade já. Beijos no core. Até logo.
❇guh...: AAAAAAWN QUE SURPRESA O SENHOR POR AQUI, E ACHEI LINDO ESSE HUMILDE PRESENTE! Meu Deus, me abraça e vamos se juntar pra cantar: WHEN YOU FEEL MY HEAT LOOK INTO MY EYES IT'S WHERE MY DEMONS HIDE IT'S WHERE MY DEMONS HIDE... Amo demais essa música. Trate de cantar ela nos comentários porque eu não aceito cantar sozinho. Kkk querido você tá achando demais volte pro mundinho redondo chamado Terra. AI JESUS, NOSSA, sério, você devia ver a minha reação quando eu li esse "volto logo". Ansioso para te ver aqui novamente. Um beijo do tamanho do mundo. Até logo my angel.
❇ Boa Leitura ❇
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Eu queria gritar, mas minha garganta se fechou. Eu encarava o vulto, e ele me encarava de volta, atravessando meu corpo e chegando direto à minha alma com seus olhos vermelhos brilhantes. Olhos que não se contentavam apenas com o pavor das suas vítimas, mas buscavam o sangue. Era claramente os olhos de um assassino, um psicopata que estava solto no mundo, e pela sua agilidade, já obteve experiência em ataques posteriores. Mas eu não podia ceder ao medo. Não iria dar a ele o luxo de vencer sem fazer esforço.
Respirei fundo e fechei os olhos, jogando meu corpo conta a porta de metal do táxi, mas não obtive resultado. O motorista me imitou, e seu fracasso foi uma grande decepção para ambos. Ele gritava e batia na porta, mas não havia nenhum carro passando, nenhuma casa à nossa volta e nenhuma pessoa nos escutando.
Meu braço doía devido ao impacto com a porta, mas eu evitava gritar ou reclamar. O vulto quebrou o vidro da janela com apenas um soco e agarrou meu braço, me fazendo gritar de dor. Ele arranhava com suas garras enormes, cravando-as em meu ombro e descendo até metade do antebraço. Joguei meu corpo para trás. Agora eu estava com uma raiva desumana daquele monstro filho da puta. Chutei a porta com os dois pés, arrancando ela fora e mandando o vulto junto.
— Liga o carro e some daqui! — Falei pro motorista, que não hesitou a abedecer. Ele ligou o carro, mas parecia estar em ponto morto.
— Ele não tá ligando. — O motorista falava desesperado, tentando dar partida no carro. Ele tentou, e tentou, e tentou novamente. — Carro de bosta! — O motorista xingou e bateu no painel. Ele girou a chave mais uma vez e pisou no acelerador com força. O carro ligou.
Olhei para a rua onde a porta havia sido lançada. Ela não estava lá, e o vulto também. Havia desaparecido, e eu não tinha certeza se isso era algo bom. Meu coração ainda batia acelerado, e isso não era um bom sinal. Papai dizia que sempre que o coração acelera ou palpita, é algo ruim que está por vir.
Fechei os olhos, tentado controlar meus batimentos cardíacos. Havia acabado. Estávamos seguros. Eu estava bem, na medida do possível, e estava vivo. Eu veria papai outra vez. Veria Livia.
Mas quando abri os olhos, eles não me diziam isso. Olhei para trás. O vulto corria atrás do carro, e pela sua velocidade, ele chegaria até nós em questão de segundos.
— Acelera essa porcaria! — Falei apavorado. Aquele vulto desgraçado era insistente demais. Porque ele estava nos perseguindo?
— Ele não anda mais que isso! — O motorista gritou.
Me encostei no banco do carro, sabendo que eu estava perdido. Eu já não tinha forças para lutar, e nem condições. Meu braço doía muito, e minha mente e ocupava apenas em tentar diminuir a dor. Eu arranquei a porta do carro, e agora estava desprotegido. Era um alvo fácil.
As lágrimas começaram a cair, mas eu às sequei imediatamente. Não morreria chorando.
O vulto alcançou o carro, e nem parecia cansado. Ele pulou no buraco onde deveria ter uma porta, e o sorriso que ele mostrou era retalhado de presas.
Respirei fundo, em um ato simbólico. O motorista gritava loucamente por ajuda, e eu sabia que era um esforço em vão. Ele seria o próximo, e não tinha como escapar. Ou talvez, ele até tivesse uma chance.
Olhei para o vulto, mostrando que eu não estava com medo. Ignorei a dor no meu braço e lancei meu corpo fraco contra o vulto, rolando no chão junto com ele. Eu me debatia sobre ele, e ele me batia, atacando as minhas costas com suas garras afiadas.
Consegui levantar e correr alguns passos antes de cambalear. Caí em cima do meu braço dolorido, e isso me deixou estático, gritando com a dor que me preenchera. Me arrastei pelo chão enquanto o vulto não tinha pressa em se aproximar de mim. Agora eu era o brinquedo dele, e ele estava disposto a se divertir.
Fiquei de pé, ainda cambaleando. Eu já não sentia nada além de dor, e isso era deplorável. Eu queria ter forças para correr, mas eu cairia em seguida. Não chegaria nem ao quinto passo.
As coisas a minha volta começaram a girar. Não. Não. Aquela não era a melhor hora para desmaiar. Mas o que eu podia fazer? Eu estava no auge da exaustão.
O vulto estava perto, muito perto. Fiquei parado, mas isso não era um ato de rendição. Eu estava disposto a lutar até que o chão cedesse, e eu não tivesse mais forças nem para respirar.
Dei um passo para o lado, e outro, e outro, outro... O vulto permanecia em linha reta, mas seus olhos não deixavam os meus. Respirei fundo, fechando os olhos. Os abri novamente, e um skyline preto atingiu em cheio o vulto, o lançando a metros de distância. Eu não sabia de onde o carro havia vindo, mas só pude agradecer.
Os vidros pretos do carro desceram, exibindo um rapaz de jovem. Ele me olhou e ficou em silencio por alguns segundos. Ele tinha olhos tão azuis quando um oceano, e cabelos tão negros quanto a noite, e uma pele quase tão pálida quanto a minha.
— Você vai ficar parado aí? — A voz rouca do rapaz me tirou do transe de sua beleza — Entra nesse carro logo!
Olhei para onde o vulto havia sido lançado, e ele já estava de pé outra vez, se aproximando rapidamente. Ele chegaria em mim antes que eu pudesse dar a volta no carro e chegar à porta.
Corri em direção ao capô do carro e me joguei sobre ele. Ignorei meu braço machucado e passei por cima dele ao girar sobre o carro. Com toda a força que me restou, corri e abri a porta do carro, sentando no banco do carona. O rapaz acelerou e passou por cima do vulto sem o menor pesar. Ele me olhou sério, e parecia confiante ao dirigir sem se dar o trabalho de olhar para a estrada.
— A próxima vez que você pular no capô do meu carro, eu passo com ele por cima de você. Entendido? — Ele disse sério, voltando a olhar a estrada.
Assenti, mas não tive tanta força para prestar atenção em tudo o que ele disse. Meu braço sangrava sem parar, e eu ainda estava tonto, me sentindo fraco.
— Muito obrigado. — Minha voz estava fraca, e eu não sabia se ele me ignorou ou não me ouviu. Meus olhos encheram de lágrimas, e eu não me importei que elas caíssem. Eu estava vivo, eu havia escapado das garras daquele monstro.
Fechei os olhos, mas não consegui abri-los novamente. Tudo bem. Eu era um sobrevivente. Estava feliz por ter chego até ali. De certa forma estava feliz por morrer dentro daquele carro, com um homem que me salvou mesmo sem me conhecer. Era muito melhor do que morrer ao lado daquele vulto. Era muito mais tranquilizante.
Perdi a consciência aos poucos, e a dor foi diminuindo também. Eu já não sentia dor, não sentia meu corpo jogado no banco do carro... Não sentia medo, e isso me bastava.
(...)
Fui recobrando a consciência aos poucos, mas isso não era de fato a melhor coisa que podia me acontecer naquele momento. Ao recobrar a consciência, a dor que eu sentia tomava proporções absurdas. Meu braço ainda doía muito, e eu sentia o ardor causado pelos arranhões que o vulto me deu.
Abri os olhos, e eu tive certeza de que não estava em um hospital. Me esforcei para sentar, mas isso só me causou mais dor, então fiquei ali mesmo onde eu estava. Parecia um quarto comum. As paredes eram de madeira, e o chão de granito preto, reluzente. Com certeza não era um hospital. Eu estava deitado em uma cama de casal forrada com a mais pura seda, e os travesseiros provavelmente eram de penas. Não seriam tão confortáveis assim se não fossem de penas. Parecia pato ou ganso, mas eu não tinha certeza.
O quarto seria confortável em uma outra situação, mas não nessa. Eu não sabia onde eu estava, não conhecia a pessoa que me trouxe para esse lugar, e meu braço ainda doía. Fora os danos morais, que eu vou tratar de me lembrar sempre. Nunca mais sair de casa sem papai era a primeira lição que eu aprendi. Chutar a porta do carro é mais útil do que bater com o corpo. Nunca se pule de um carro em movimento. E talvez o mais importante: nunca pule no capô de um estranho, e ainda que seja um caso de vida ou morte, não entre no carro dele.
Me esforcei para sentar novamente, e mais uma vez a dor foi maior. É uma droga não poder se mecher nem para sentar.
— Tem alguém aí? — Tentei projetar uma voz alta, mas nem sequer eu mesmo consegui me ouvir. O que saiu foi uma voz rouca que fez com que a minha garganta ardesse. Forcei uma tosse — Alô? Oi? Por favor alguém me responde.
Minha voz ecoou pelo quarto, e segundos depois eu ouço passadas a se aproximar. Parecia estar descendo uma escada. Ou talvez subindo uma. Eu não saberia dizer ao certo.
— O que você pensa que está fazendo? — Uma voz impaciente surgiu, mas isso não significa que me aliviou. Era uma voz masculina — Onde você pensa que está?
O jovem dono do skyline apareceu na entrada do quarto. Ele tinha um olhar sério, com um toque mínimo de preocupação. Ele andava muito devagar, se aproximando cautelosamente da cama, talvez para evitar me assustar. Não estava dando certo.
Reparei bem em suas feições, caso um dia eu precisasse descrevê-lo para um retrato falado. Cabelos negros acima das orelhas, levemente despenteados. Olhos azuis, facilmente comparados às águas de uma nascente cristalina, mas em certos momentos, os olhos pareciam se dilatar e escurecer. Alto. 1,80 metros. Um pouco mais de 70 quilos. O físico não era de quem frequentava a academia, mas ele parecia usar os braços para trabalhar. Com certeza não era ajudante de obras. Ele não teria um skyline se fosse. Carregaria vítimas pesadas facilmente para um carro. Um sequestrador poderia ter um skyline, e travesseiro de pena, e lençóis de seda. Ele tinha uma barba recém crescida. Com certeza atraía garotas ricas com facilidade. Pele branca, sem nenhum risco, cicatriz ou tatuagem. Sequestradores geralmente têm uma, ou até mesmo cinco tatuagens. Ele era inteligente.
Fiz uma careta, e soltei uma risada distraída. Como alguém podia ser tão paranóico? Talvez esse homem bonito só quisesse me ajudar, de verdade. Almas boas ainda existem.
— Onde nós estamos? — Perguntei relaxado. Ele podia ficar chateado se eu demonstrasse medo ou dissesse algo como "vocês pegaram a pessoa errada, eu não sou rico". Eu ficaria chateado — Hum... E quem é você?
— Estamos seguros. E quem eu sou, não é da sua conta. — O rapaz se contentou em dar um sorriso, e isso só o fez parecer mais grosso do que ele realmente foi — Você podia simplesmente agradecer sabe, eu me lembro de ter salvo a sua vida.
— Muito obrigado por ter salvo a minha vida, senhor estranho. — Dei o melhor tom de sarcasmo que pude e sorri — Será que o meu salvador tem nome? Ou devo te chamar de Homem-aranha?
— Pra quem está completamente indefeso em cima de uma cama, eu acho que você está bem abusado. — Ele disse sorrindo.
Fiquei em silêncio. Fui pego desprevenido, mas ele tinha razão. Se ele quisesse fazer alguma coisa, eu não teria como me defender, e muito menos chamar ajuda. Ele tinha a vantagem física.
Observei atentamente aquele rosto juvenil, me perguntado onde eu já o vira antes, se é que eu já cruzei com ele em algum lugar. Mas ele me era familiar. Ele me causava algumas reações espontâneas, como ser grosso, por exemplo. Era como se eu tivesse intimidade com ele.
— De onde eu te conheço? — Finalmente perguntei, esperando que ele dissesse ser um amigo de infância, ou um primo distante.
— Porque você acha que me conhece? — O rapaz ainda estava sério, e eu ainda não sabia se realmente o conhecia. Há tantos rostos mundo a fora, e tantos parecidos.
— Não sei. — Dei de ombros, mas meu braço doeu. Murmurei de dor e olhei para o braço todo arranhando. As feridas não cicatrizaram, mas pelo menos não sangravam mais — Eu conheço você? E por que você me trouxe para cá, ao invés de me levar a um hospital?
— Você faz muitas perguntas. — Ele murmurou — Eu não te conheço e você não me conhece. Satisfeito? E eu te trouxe pra cá porque pensei que fosse mais seguro do que um hospital. Se eu quisesse matar um garoto e o deixasse no estado em que você ficou, eu com certeza iria procurá-lo em um hospital. — O rapaz se aproximou da cama — Muito bem, agora vamos dar um jeito nessas feridas.
— Como assim dar um jeito? — Fiz uma careta. Eu queria fazer muitas perguntas mais, mas eu acreditei na história dele. Talvez eu fosse um idiota por acreditar, mas eu não me importava. — E então, vai me falar qual é o seu nome ou não? Você é procurado pela polícia? Se você se comprometer a não me manter em cativeiro e pedir resgate, talvez eu não dê parte na polícia.
— Talvez? — Ele gargalhou, fazendo a minha proposta parecer a coisa mais engraçada do mundo — Acho justo. Meu nome é Guilherme. E o seu, qual é?
— Guilherme? — Mais uma careta. — Já te falaram que você não tem a menor vocação para se chamar Guilherme? Você não tem cara.
— E eu tenho cara de que, então? — Ele ergueu a sobrancelha. Parecia até que estava se divertindo às minhas custas.
— Não faço idéia.
— Tudo bem, eu definitivamente acho que você é louco. — Um sorriso quase imperceptível enfeitou o rosto de Guilherme — Mas enfim, qual é o seu nome mesmo?
— Eu não disse meu nome. — Falei com uma piscadela — Christopher, mas me chame de Chris.
— Muito bem, Chris, preciso da sua licença pra fazer algo. — A voz de Guilherme era gentil, impossível de não consentir.
Observei Guilherme abrir a gaveta do criado-mudo e pegar um pote e um algodão. Ele molhou o algodão no líquido do pote, e sem esperar o meu consentimento, ele pressionou o algodão molhado nas feridas do meu braço. Gritei com o ardor e tentei puxar meu braço, mas isso só fez a dor aumentar.
— Colabora comigo. — Ele disse paciente, pulando para a próxima.
Pouco a pouco, lenta e dolorosamente, ele terminou de limpar o meu braço. Pegou uma faixa médica e a enrolou no meu braço, apertando com força. Cheguei a pensar que ele tinha alguma coisa contra mim e só estava fazendo aquela força toda para que eu sentisse dor.
Guilherme se afastou e analisou a obra. Não tinha ficado ruim. É claro que não se comparava ao trabalho de um profissional.
— Como você está? — Guilherme perguntou, voltando a se aproximar da cama.
— Igual eu estava a uns vinte minutos atrás. Só que com o braço todo enfaixado. — Falei revirando os olhos — Obrigado.
— Às vezes a vontade que eu tenho é de te jogar de um prédio. Nunca vi alguém tão mal agradecido.
— Você deveria enfaixar mais braços então. — Falei — Agora me ajuda a sentar. Não suporto ficar deitado por muito tempo.
— Eu não pago impostos pra ser ter que ouvir isso. — Meu médico de mentirinha ergueu os braços — Eu vou ligar pra alguém me salvar, por que mais um minuto perto de você é uma tortura. Você tem pai?
— Não! — Falei imediatamente. Papai surtaria se me visse assim, com certeza diria que eu deveria tê-lo acordado. — Quer dizer, sim, tenho, e ele trabalha. Não pode vir agora. Liga pro irmão da minha amiga. Sem dúvidas ele vem me buscar.
— Hmmm... Irmão da sua amiga, é? — O tom dele era sinuoso. Ele deu uma leve arqueada na sobrancelha, e eu não gostava daquele jeito de sabichão que Guilherme adotara. Ele puxou um iPhone do bolso e me olhou — Sabe o número dele de cor?
— Eu acho que tem no meu celular. — Falei, enfiando a mão no bolso e vasculhando. Era um bolso grande, e aparentemente vazio — Você tá com o meu celular? — Perguntei um pouco desesperado. Meu pai me mataria se eu perdesse.
— Ah sim. — Guilherme abriu a gaveta do criado-mudo. Ele puxou uma carcaça de celular, que parecia o ser meu — Imagino que você tenha a sua lista de contatos memorizada, por que acho bem improvável que você consiga fazer ele ligar.
— Obrigado por me dizer o óbvio. — Falei respirando fundo. Os únicos números que eu havia decorado era o de papai e o de Livia, mas seria quase impossível ela atender o celular em horário de aula. Ainda mais um número desconhecido. Mas eu precisava tentar. — Okay, tem uma amiga minha. Se ela atender o telefone, passa pra mim.
Guilherme assentiu. Falei para ele os nove dígitos do telefone de Livia e o nome dela também. Eu só esperava que ela atendesse.
— Está chamando. — Guilherme avisou — Oi, por favor a Lívia. Ah, tudo certo então. O Christopher quer falar com você. Só um momento.
Guilherme estendeu o celular e eu o peguei com a mão que podia se mecher sem provocar dor.
— Livia? — Falei assim que aproximei o celular do ouvido.
— Oi Chris. — Ela parecia confusa — Onde você está? Número novo? E o boy? Também é novo?
— Longa história. — Eu conversaria com ela sobre isso. Ao fundo, ouvi Livia dizer "é o Christopher" — Onde você está?
— Estou na casa do Hélio. — Ela sussurrou e sorriu.
— Você não foi pra escola? — Falei um pouco alto. Eu estava com um pouco, talvez muita raiva de Livia. — E não mandou mensagem?
— Me desculpa! — Ela não parecia arrependida — É que eu dormi aqui na casa dele, e ele pediu pra mim não ir hoje, porque ele queria tirar o dia pra ficar comigo.
— Você transou com ele? — Esse foi um grito desesperado. Eu queria morrer, mas queria matar Lívia antes.
Guilherme fez uma cara assustada, ou pelo menos confusa. Que belo momento pra falar sobre isso com a minha amiga.
— Eu não acredito que você fez isso! — Sussurrei olhando para o meu médico falso — Vocês nem se conhecem direito.
— Quase um ano. Ele é nosso professor, lembra?
— Não estamos em um bom momento para piadas, Livia. — Falei com os dentes cerrados.
— Quanto estresse. — Ela adotou um tom sério — O que houve? Onde você está?
— Não sei direito. Preciso que você me passe o número do Lucas pra ele vir me buscar.
— O Hélio disse pra você passar o endereço que a gente vai.
— Manda o Hélio pro raio que o parta, pro quinto dos infernos, manda ele pra puta que o pariu. — Estourei de raiva. Se eu já não era próximo a ele antes, imagine agora que ele transou com a minha amiga menor de idade — Me passa a bosta do número do Lucas. Se eu olhar para a cara do Hélio hoje eu vou deixar ela parecendo uma batata.
— Caralho, para de implicar com ele! — Livia ficou brava também — Se for possível, eu gostaria que você ficasse feliz por mim. Que porra! Se quiser, volta pra casa de ônibus ou de táxi. Tchau.
E antes que eu pudesse xingar mais, ela desligou. Ameacei jogar tudo o que tinha na minha mão na parede, mas como tudo o que tinha era de Guilherme, ele pegou seu celular antes que eu lançasse.
— Vamos com calma. — Ele disse guardando o celular — Pelo visto se desentenderam. Olha, se você quiser, eu te levo pra casa.
— Eu não posso ir pra bosta da minha casa! — Gritei, e mesmo que eu soubesse que não era culpa de Guilherme, e que me sentisse mal por ter gritado com ele, eu continuei — Meu pai vai ficar furioso se me ver nessa situação. — E de repente eu estava chorando. Eu não queria me desmanchar em lágrimas na frente de um cara que eu conheci agora, mas eu não tinha outra opção. Eu não podia socar nada para aliviar a raiva e o medo que eu estava sentindo — Ele nunca mais vai deixar eu sair de casa sozinho, vai se culpar por não estar comigo quando era a obrigação dele estar... Eu não posso deixar ele fazer isso.
— Ei... — Guilherme estava sem jeito por me ver chorar, e eu me sentia da mesma forma — Não precisa chorar. Tá tudo bem. Você pode ficar aqui até amanhã, não tem problema. Você liga pro seu pai e inventa a primeira desculpa que vier na sua cabeça. Amanhã você vai estar em ótimo estado, e aí vai poder ir pra casa.
Guilherme sentou ainda sem jeito ao meu lado e deitou minha cabeça em seu peito, acariciando meus cabelos. Eu teria recusado, mas tudo o que eu realmente queria ouvir ele me disse.
O toque quente de Guilherme penetrava minha pele lentamente e me aquecia de dentro pra fora. Sua respiração controlada fazia seu peito pulsar, enchendo e esvaziando.
Guilherme me olhou e ergueu minha cabeça, me fazendo olhá-lo. Meu coração batia descompassado, imaginando a situação deplorável do rosto que Guilherme admirava compadecidamente. Lentamente seus dedos secaram as minhas lágrimas, e em uma inclinada graciosa sua boca tocou a minha gentilmente.
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UHUUUU
Gente, só caso alguém não tenha notado: O Guilherme é o Thiago, ele só usou esse nome pra não despertar lembranças no Chris.
AGORA VAMOS PULAR, VAMOS PULAR, VAMOS PULAR. Quero saber algumas coisas, que é pra vocês responderem nos comentários, ou no email:
❇ O que você mais gosta na série?
❇ O que você achou desse capítulo?
❇ O que você acha que vai acontecer futuramente?
❇ Qual é o seu personagem favorito da série?
❇ Me diga um dos personagens coadjuvantes e qual é o final que ele pode ter (na sua opinião).
Bom gente, essas perguntas foram uma pequena interação, e eu vou tentar fazer perguntas em todo capítulo agora. Fora as perguntas, eu quero a sua opinião pessoal. Adoro vocês gente. Um grande beijo, e não esqueçam de comentar.
Meu email caso você não tenha conta é:
contatohistoriador@gmail.com
Você pode falar o que quiser lá. E aqui também. É que lá é bem mais íntimo né?
Comentem gente.
Beijos.
Fui.