Fallen 12
Parte da série Angel's City
Ai meu coração. Nossa gente, eu preciso dizer, modéstia à parte, que esse capítulo ficou muito especial. Eu tô sem fôlego. Ai. Sério. Calma aí gente, deixa eu ir me morrer. Já volto.
(...)
OI OI GENTE! Eu queria dizer que esse é o último capítulo da série, já que o Historiador morreu e quem vos escreve é a pobre alma penada dele. Ele lamenta muito pela morte, e gostaria de agradecer aos seus leitores e comentaristas, assim como também aqueles que enviaram mensagens para o email novo. O nude de vocês já está a caminho, se segurem aí.
Bem, em nome da vida humilde do nosso historiador, eu quero lançar um desafio aqui: será que esse capítulo consegue chegar a 10 (mais, se vocês quiserem) comentários? Bem. Vamos ver né. Os emails que forem enviados também valerão como comentário, e se vocês derem conta desse desafio, talvez nosso historiador ressuscite.
Enfim. Obrigado novamente a todos pelo acompanhamento, deixarei vocês informados. Beijos. Até logo.
AAAAAH KKKK JÁ TAVA TERMINANDO DE RESPONDER VOCÊS, MAS LEMBREI DE UMA COISA IMPORTANTE: LEIAM ESSE CAPÍTULO AO SOM DE Scream & Shout, Will.I.Am feat Britney Spears. PRONTO, VOU TERMINAR MEU SERVIÇO.
❇Edu: KKKK esse povo é verdadeiramente uma família. É muito legal escrever sobre eles, e descontrair um pouco a tensão. AIN E EU AQUI SIMPATIZEI MUITO COM VOCÊ SEU LINDO, e não se preocupe, a sua ansiedade acaba aqui nesse capítulo. Um beijo lindo, obrigado pelo seu comentário precioso. Até logo viu? Te espero. (voz sexy).
❇Javo Cast 3: Ain Senhor, Pai eterno e sua luz magnânima... Pare vai, eu me iludo fácil 🙈 não sou todo esse gênio, e hmmmm esse Lucas chegou abalando estruturas né? Quem não gosta de um loiro gato e gostoso como aquele? (eu não) e sim, o Hélio, affffff com centenas e dezenas de "f"s no final. E AI MEU DEUS ESTOU SENDO AMEAÇADO, FILHO PODE VIR, QUER QUE EU DÊ O ENDEREÇO DO MEU DENTISTA AMOR? VOU ESTAR LÁ NA SEXTA-FEIRA!! Você já me tem, lindo, não se preocupe. Melhor escritor do ano de 2016? Mas o ano começou a pouco tempo, e eu já vi séries TAAAAAAAAO maravilhosas. Não acho que eu seja destaque, mas tudo bem. O senhor Instável está longe da normalidade por enquanto, mas logo logo você vai poder matar sua saudade dele. MEU FILHO ELE SALVOU O GAROTO E AINDA TINHA QUE AJUDAR COM OS FERIMENTOS? Digamos que o vulto também está dando um tempo da normalidade kkkkkkkk obrigado pelo seu comentário, viu lindo? Adoro você, e adoro esse momento que nós temos de interação. Um beijão, e até logo hein? P.S.: como assim eu sou seu sonho de consumo? Tô fora do prazo de validade gente, me jogue fora. Beijos meu amor.
❇simon: MIGA SUA LOCA, MIGA SUA RETARDADA, MIGA SUA DOIDA, MIGA SUA DESEQUILIBRADA, MIGA SUA HISTÉRICA eu digo pra Livia que A LUA ME TRAIU, ACREDITEI QUE ERA PRA VALER, A LUA ME TRAIU... Confie mais nesse ser (ou não) e não fique chateado com a Livia, ela não passa de uma idiota apaixonada. Lucas é um amorzao né? Nossa que pessimista você kkkk fica esperando o pior dos meus pobres personagens. Eles são seres de luz. MEU MARIDO É MEU W SÓ, TIRA O OLHO. Obrigado por permanecer comigo SAIMON meu amor. Te adoro, e não fique com ciúme dos outros comentaristas, eu ainda amo você. Beijos na nádega central. Te adoro. Até logo minha vida.
❇Boa Leitura❇
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Hélio e eu nos olhávamos intimamente. Seu sorriso de bom moço era a coisa mais falsa e forçada que eu já tinha visto, e mesmo assim eu me via enfeitiçado, assim como Livia também deveria estar. Os olhos de Hélio brilhavam, mas não era felicidade. Tinha algo escondido nos seus olhos, e eu não sei se queria de fato descobrir o que era.
— Surpreso? — Livia perguntou animada, aparentemente alheia ao seu namorado descarado.
— Você não faz ideia. — Murmurei.
Eu ainda tentava entender aquela situação. Livia estava saindo com o professor. Ok. Mas desde quando eles trocavam mensagens? Desde o começo do ano? Depois? E porque Livia não me contara nada?
— E então, Chris, cadê o seu amigo? — Hélio perguntou, e eu notei sua ironia discreta. E quem dera a ele intimidade para me chamar por um apelido?
— Ele já deve estar chegando. — Falei, mas não tinha plena certeza. Se Thiago não aparecesse, era bom ele me apagar da sua memória, e eu não estava sendo dramático.
Sentei na escadaria da igreja e fiquei em silêncio, meditando. Livia me olhou e sentou do meu lado, cruzando as pernas. Se Hélio repetisse o gesto eu derrubaria ele da escada com um soco só.
— O que foi? — Livia procurava alguma emoção na minha face — Você não está chateado comigo, está?
— Não. — Falei seco, mas era óbvio que eu estava mentindo. Emburrei a cara e fiquei olhando para o movimento dos carros e dos pedestres na rua. Porque Livia havia escondido isso de mim? Não havia nenhum motivo plausível que eu pudesse encontrar. Mesmo que Hélio tivesse pedido isso a ela, como ela podia esconder de mim? Ela sabia que eu guardava todos os segredos dela. Não tinha desculpas para isso.
Pensei se eu não estava fazendo muito drama, mas eu não estava. Eu sempre contei tudo pra ela, todas as coisas importantes, até mesmo as insignificantes. Eu não falei sobre o encontro com Thiago por que não fazia e ainda não faço a mínima idéia de onde nós vamos, e se eu contasse, ia querer levá-la comigo. E parei de falar sobre o vulto para não ter que ouvir novamente que era tudo paranóia da minha cabeça, ou loucura minha. Mas nunca deixei de falar sobre alguém que eu me interessei ou namorei. Livia foi a primeira pessoa a quem eu revelei a minha homossexualidade. Eu me sentia estupidamente idiota, burro e traído.
— Desculpa. — Livia disse e eu assenti. Não queria que ela se sentisse mal, mas queria que ela visse a estupidez que cometeu. — Você sabe que eu estou afim dele desde o começo do ano.
— Tudo bem. — Falei. Eu não recusaria as desculpas de Livia — Talvez ele não venha. — Me levantei sorrindo — Você pode se divertir com o professor. Eu vou pra casa.
— É... — Livia disse olhando para a tela do celular — Ele está atrasado, mas isso não é o fim do mundo. Você pode vir comigo e com o Hélio, a gente faz um programa a três.
— Deixa quieto. — Dei uma olhada para a rua, procurando Thiago ou a moto dele. Não havia nada — Talvez eu vá para o parque com o Lucas, já que ele não pode voltar pra casa depois de mim.
— Você tem certeza? — Livia perguntou erguendo a sobrancelha — Eu não quero que você vá pra casa e fique na bad por causa de um idiota qualquer. Ele é que não sabe o que tá perdendo.
Assenti. Livia andou até o lado de Hélio, e ele a envolveu pela cintura, me fazendo ter náuseas. O meu alívio era saber que Livia desapegava fácil das pessoas e que logo daria um chute na bunda de Hélio.
— Você pode vir com a gente, Chris. — Hélio disse sorrindo, e eu senti raiva dele. Não gostava que ele me chamasse de Chris — Podemos ir a uma sorveteira, ou um parque.
— Imagina. — Falei forçando um sorriso — Pode ficar tranquilo, a Livia é toda sua essa noite.
Hélio não pareceu gostar da ideia, mas sorriu e assentiu.
— Vamos então, querida? — Hélio se virou para Livia e ofereceu o seu braço. Livia entrelaçou seu braço ao de Hélio. — Até mais.
Observei Hélio andar elegante com Livia ao seu lado. Olhei para porta da paróquia, onde tinha uma gravura da Nossa Senhora segurando o menino Jesus no colo.
— Você tinha que ficar de olho gordo né. — Falei para a gravura.
Andei um pouco chateado até o farol. A gente busca a vida inteira por alguém legal, aí quando conhecemos alguém que parece ser legal, de repente esse alguém pega uma situação que tinha tudo pra ser legal e deixa chata, aí a pessoa também não é mais legal, é chata, e depois a gente descobre que nasceu pra ser otario.
O farol ficou vermelho e os carros pararam para os pedestres, que no caso era eu, porque eu era a única pessoa naquela cidade que estava sozinho e abandonado em uma noite de sábado.
Atravessei a rua lentamente, mas parei ao ouvir um som alto. Olhei de relance para a rua. Era só alguns garotos testando uma moto do lado oposto da rua. Voltei a andar, ignorando o barulho estridente. Quando eu já estava próximo à calçada o farol abriu, e eu tive que correr. Olhei a moto que os garotos estavam mechendo e passei, sem saber onde eu estava indo ao certo. Dobrei a esquina de uma loja de sapatos, me interessando na vitrine. Observei por uns breves minutos e voltei a ir em direção à terra do nunca, observando as vitrines. Não tinha farol nessa rua, então eu atravessei na faixa.
Quando eu pisei o pé fora da calçada, uma moto preta veio com toda velocidade para cima de mim. Ela estava rápida demais. Fechei meus olhos e gritei de susto, mas a moto não me atingiu.
Abri os olhos lentamente. O motorista levantou o vidro do capacete, me revelando seus olhos azuis. Senti vontade de derrubar Thiago da moto, mas eu sabia que não teria força, então me contive.
— O que você está fazendo aqui? — Falei irritado — Pensei que era pra estar às 19 horas na porta da paróquia.
— E eu pensei que você fosse sozinho, não que ia levar a favela toda e mais um pouco. — Thiago disse sério.
— Você... Você tava lá e me deixou esperando! — Falei dando um tapa no braço dele — Você é ridículo!
— Vai subir na moto ou vai ficar reclamando? Estou com pressa.
— E para onde nós vamos? — Perguntei curioso, subindo na moto.
— Para a costa da cidade. — Thiago parecia animado — Tá tendo uma festa massa lá. É a inauguração de um parque de diversões.
Fiquei quieto, me sentindo um perfeito ignorante. Agarrei a cintura de Thiago e ele acelerou a moto. Se eu soubesse não teria aceitado. E é claro que Thiago sabia disso, por isso também não me falou. Olha só que coisa mais romântica.
— E o que tem de bom nesse parque? — Perguntei, e eu sabia que era uma pergunta idiota. O que as pessoas iriam fazer em um parque?
— Os brinquedos aquáticos. — Thiago disse alto — É como se fosse a montanha-russa, só que subaquática. São cabines para dois que têm a forma de submarinos, e debaixo da água tem os trilhos.
— Isso me parece um pouco perigoso — Falei apreensivo — é seguro?
Thiago não respondeu. Ele acelerou a moto, ultrapassando os carros que andavam em uma velocidade reduzida. Agarrei ainda mais forte a cintura de Thiago e fechei os olhos, temendo que nós caíssemos. Ele não reclamou da força que eu o apertava, então não movi um nada do meu corpo até que Thiago reduzisse a velocidade.
Ainda estávamos a 1 hora e trinta minutos da costa da cidade, mas o que me importava era estar agarrado com Thiago. Sua pele irradiava um calor inumano. Era como se ele tivesse um sol dentro si. Como se Thiago fosse a sua própria fonte de calor.
(...)
Eu estava um pouco enjoado quando chegamos no parque, então me neguei a ir direto para o brinquedo aquático.
— Então, o que quer fazer primeiro? — Thiago disse andando à minha frente, mas o suficiente para que sua mão tocasse o meu braço para não me perder — Que tal jogarmos alguma coisa? É bom em pontaria ou algo do tipo?
— Sou péssimo. — Falei observando o parque — Porque eu nunca ouvi falar desse parque? Quer dizer, eu conheço essa cidade toda, e nunca ouvi falar nessa construção.
— É porque não foi autorizado pelo governo. Digamos que esse é um parque clandestino.
Não parecia clandestino. O parque era bem estruturado, e as luzes de néon era o que iluminava todo o lugar. Luzes brancas, azuis, amarelas, verdes e vermelhas, pessoas vestidas de todas as cores e de estilos diferentes, todas sorrindo e se divertindo. As atrações eram surreais, com brinquedos que eu nunca havia visto em outros parques. Parecia uma grande utopia. O sonho de qualquer adolescente.
— É maravilhoso. — Falei com os olhos cintilantes, sorrindo e girando no lugar — Nossa isso aqui é demais.
— Cidade dos Anjos. — Thiago disse sorrindo, com a mesma agitação que a minha, só que ainda transparecendo um pouco da sua amiga e companheira indiferença.
Eu estava totalmente vislumbrado. Jamais tinha visto tanta glória em um único lugar. A montanha-russa era gigantesca, e tinha também a roda gigante, toda iluminada.
— E então... — Thiago disse sorrindo — Quer comer alguma coisa? Ou prefere deixar pra depois do susto?
— Vamos comer! — Falei andando, mas Thiago segurou meu braço e passou na minha frente. Ele era alto demais, e eu não gostava que ele ficasse na minha frente.
— Vamos na praça de alimentação. — Thiago disse, mas uma música alta cobriu sua voz. Parecia Will.I.Am, mas eu não tinha certeza. Eu só sabia que queria dançar. Era uma música dançante. “I wanna scream and shout, and let it all out, and scream and shout, and let it out” era uma música contagiante, e a letra era fácil. Eu não me culpava por me empolgar e cantar junto. — Para de passar vergonha. — Thiago disse rindo e me olhou — Nem imagino como deve ser você bêbado.
— Não imagine mesmo. — Falei alto, para que minha voz fosse ouvida acima da música.
Na praça de alimentação a música estava um pouco mais baixa, mas ainda era contagiante. Thiago me levou até a fila do McDonald's e me envolveu em seus braços, os passando pelo meu pescoço.
— Está gostando? — Ele perguntou.
— Não imagino lugar melhor para um primeiro encontro. — Falei e me arrependi. Mordi os lábios e pensei em uma resposta rápida — Você me entendeu. Enfim. Tô adorando.
— Primeiro encontro? — Thiago disse provocante.
— Não enche! — Falei — Presta atenção na fila.
Thiago ficou em silêncio, mas a expressão divertida não deixou o seu rosto. Ele era tão lindo. Os olhos azuis ficavam perfeitos à luz branca do luar, ganhando um brilho místico. Seu meio sorriso era sedutor e cafajeste, e mesmo sabendo disso, era capaz de fazer a pessoa mais devota do mundo cair em seu feitiço. E que lábios convidativos. Seus lábios eram carnudos, mas não em excesso, e ele os umedecida com uma frequência desconcertante. Era extremamente comum imaginar a minha língua correndo por aqueles lábios. E o corpo. Seu corpo era o de um deus, e Deus era lindo. Os braços ganhavam forma sob a sua camisa polo preta, e o peitoral era visível. A calça jeans era um pouco folgada, mas não me impedia de imaginar pernas grossas e peludas debaixo do pano. A calça não me impedia de imaginar muitas coisas que ela sutilmente cobria.
— No que você está pensando? — Thiago perguntou no meu ouvido, e eu senti meu rosto corar e meu pescoço aquecer.
— Tente adivinhar. — Falei ainda envergonhado. Minhas mãos suavam, e eu as sequei na calça.
“Eu não leio pensamentos.” A voz de Thiago ganhou espaço na minha cabeça. O olhei sério, mas eu não estava assustado. Pelo menos não agora. De certa forma a voz de Thiago era bem-vinda na minha mente e na minha cabeça. Eu só gostaria de saber como ele fazia isso. E se ele podia falar na minha mente, que outras coisas podia fazer? Eu me sentia inseguro, porque quando eu estava com Thiago nada podia me ferir, a não ser ele mesmo. Era uma contradição irritante, mas que na minha mente fazia sentido.
— Não se pode ter tudo. — Falei, sentindo meu estômago revirar, e eu sabia que não era o enjôo da viagem.
— Eu posso. — Ele falou com um fogo nos olhos e um sorriso que me sugeria cumplicidade — E eu gosto de ter tudo.
— Não comigo. — Falei provocando — Você tem tudo o que os outros te dão, e os outros te dão tudo o que você quer. Mas eu não.
— Eu só quero uma coisa de você. — Thiago sussurrou no meu ouvido e o mordeu, arrastando a sua boca para a minha bochecha, dando um leve sorriso e a levando novamente à minha orelha — E eu sei que vou conseguir o que eu quero. Você vai me entregar de bom grado.
— Então pede. — Falei fechando os olhos e suspirando — Vamos ver a sua capacidade em conseguir as coisas.
— Agora não, bebê. — Thiago inclinou-se para arranhar o meu pescoço com o seu dente — Na hora certa.
— Boa noite. — A voz da atendente me fez voltar à realidade, mas não Thiago. Ele ainda brincava com o meu pescoço, e alternava sua boca entre a minha orelha e o pescoço, mordiscando e arranhando — Bem-vindos à Cidade dos Anjos. Qual o pedido de vocês?
Esperei Thiago responder, mas ele parecia entretido na minha pele. O cutuquei e ele olhou para a atendente, agora usando as mãos, que se deslocavam na minha cintura e apertavam. Era inebriante.
— Dois McFlurrys — Thiago pediu — Eu quero Kopenhagen e outro de M&M's.
— Só um minuto, por gentileza. — A atendente parecia interessada em Thiago, mesmo depois de ter presenciado a cena dele estuprando o meu pescoço.
Alguns minutos depois a atendente carregava os potes de sorvete na mão, sorrindo simpática. Ela os colocou no balcão, sem tirar os seus olhos castanhos de Thiago.
Thiago me libertou para pegar o dinheiro no bolso, mas a atendente o olhou, como se estivesse ofendida.
— Não precisa! — Ela disse rapidamente, antes que Thiago retirasse a mão do bolso da calça — Esses são por conta da casa.
Não demorou dois minutos para Thiago retirar a mão dos bolsos e ir pegar o sorvete. Peguei o meu um pouco indeciso se deveria. Aquilo com certeza seria descontado do salário dela.
Thiago agradeceu e sorriu. Eu o olhei, parado na fila, e ele voltou a me envolver em seus braços, desta vez me pegando pela cintura. Eu não estava surpreso com o fato de não precisarmos pagar o sorvete, sim pelo fato de Thiago realmente pensar em sair sem pagar.
Enfiei a mão no bolso de Thiago e puxei uma nota de cinquenta reais, a analisando para garantir que era verdadeira. Ele me olhou pasmo, e eu vi em seu rosto a vontade de pegar o dinheiro da minha mão.
— Fica com o troco de presente. — Falei para a atendente, colocando a nota sobre o balcão. Ela sorriu maravilhada e agradeceu.
Me voltei para Thiago e coloquei suas mãos de volta na minha cintura para me aquecer. Ele ainda me olhava pasmo, perplexo.
— Você está ficando abusado. — Thiago disse sorrindo, parecendo se divertir com os cinquenta reais perdidos — Eu gosto disso meu amor, mas você vai ter que pagar esse dinheiro.
— Não tenho dinheiro. — Falei sorrindo — E mesmo se tivesse, não iria pagar a sua desonestidade.
— Foi ela quem ofereceu o sorvete de graça. — Thiago disse, mas não parecia dar tanta importância ao dinheiro assim — E eu não quero um monte de moedinhas. Na verdade, não quero seu dinheiro. Quero que você pague de alguma forma mais divertida.
— Como, por exemplo? — Perguntei com a respiração falha. Como eu poderia imaginar algo decente vindo de Thiago?
— Ainda não sei bem...— Thiago disse — Mas você vai pagar, mesmo que eu tenha que te coagir a isso.
Ignorei Thiago e tomei meu sorvete. Ele apenas segurava o seu pote na mão, mas o entregou para um garoto que passou por nós, e ficou todo feliz ao ganhar o sorvete.
Mergulhei a colher no pote e a transbordei de sorvete. Ofereci para o homem bondoso que havia entregue o seu à criança e ele não negou a oferta. Abocanhou a minha colher, limpando ela.
— O seu você não quis né? — Falei, mas não estava bravo. Vê-lo dar o sorvete para uma criança deixou a minha noite ainda mais iluminada e alegre.
— Vamos para o parque aquático. — Thiago disse animado — Espero que esteja pronto.
— Pra que? — Falei desafiador — Eu não tenho medo de nada.
— Não tem, é? — Thiago sorriu — Então vamos fazer uma aposta bem inocente aqui.
— Você é quem manda. — Falei, mas não confiava em Thiago. Ele não parecia o tipo de gente que fazia apostas convencionais.
— Se você gritar, você me dá qualquer coisa que eu pedir. — Ele disse, e seus olhos azuis brilharam — Mas se você não gritar, eu te dou tudo o que você pedir.
— Acordo fechado. — Falei e estendi minha mão para Thiago. Eu tinha um elemento surpresa que Thiago não esperava: eu ia ao PlayCenter todo ano antes de fechar, e depois passei a ir no Hopi Hari. Eu estava acostumado com brinquedos assim.
Thiago pegou minha mão e a beijou, entrelaçando nossos dedos. Um lado estúpido de mim queria perder essa aposta desesperadamente, e ficar totalmente à mercê de Thiago, enquanto o outro queria provar a ele que da minha parte ele não teria tudo o que quisesse. Eu só não sabia qual lado estava falando mais alto.
Pegamos a fila para a montanha-russa subaquática. A fila não era tão grande, e eu imaginava o que se passava na cabeça das pessoas. Era bem melhor estar lá em cima curtindo a música e as luzes do que dar uma volta embaixo da água.
— Os headphones servem para você ouvir a música que está tocando lá em cima. — O instrutor falou — Quando vocês entrarem na cabine, abaixem a barra de ferro e a segurem com força. O carrinho vai parar em alguns momentos, mas voltará a andar, então de forma alguma a barra deve ser solta. E cuidado com os vidros. Boa viagem.
Ele liberou a catraca, induzindo as duplas a entrarem devagar. Thiago escolheu a primeira cabine, provavelmente para me deixar um pouco mais assustado e incentivar o meu grito.
— Que vença o melhor. — Thiago disse abaixando a barra de ferro — E esse sou eu.
Reproduzi o gesto de Thiago e ignorei seu comentário. Relaxei meus ombros e respirei fundo, colocando o headphone. O carro começou a andar e a música começou a tocar. Rock. Rock era ótimo. Eu ouvia a batida da música atentamente, ignorando as turbulências. Os vidros exibiam um mar escuro, mas havia uma luz fraca na cabine. Thiago se divertia com os balanços da cabine, soltando uma mão da barra, e depois a outra.
— Isso é o melhor que você sabe fazer? — Perguntei rindo. A cabine parou, e eu aproveitei para erguer as duas mãos, mas logo voltamos a andar.
O carro ficou de ponta cabeça, me tirando do meu assento. Tentei me segurar na barra de ferro, mas não houve tempo para isso. Thiago se debatia na barra de ferro, esticando os braços para que eu pegasse a sua mão, mas sempre que eu tentava o carro me jogava para o outro lado.
Bati o ombro no vidro e ele fez um barulho agudo, mas agradeci por não ter quebrado. Eu já estava ficando desesperado, sendo lançado de um lado para o outro. O carro balançou e eu bati a cabeça no vidro com força, e o headphone fez ele rachar, fazendo que com a água se esgueirasse pela rachadura e entrasse aos poucos na cabine.
Thiago conseguiu erguer sua barra de proteção, e no mesmo instante o carro balançou, lançando ambos para o vidro rachado, que havia se partido com o impacto.
O buraco não era grande o suficiente para que um de nós saíssemos da cabine, mas era o suficiente para que a água entrasse rápido, nos deixando com cada vez menos espaço.
— Thiago. — Gritei ao sentir minha perna presa parcialmente no vidro quebrado, e a água subindo de nível. Thiago estava agarrado à barra de ferro, ainda longe da água, enquanto meu tronco todo já havia sido coberto. Tentei quebrar o vidro, mas fiquei com medo de cair pra fora se fizesse um buraco muito grande. A água cobriu meu pescoço e já estava próxima ao meu queixo. — Socorro! — Gritei, e senti a água me afogar, entrando na minha boca e no meu nariz.
Fechei os olhos e a boca, completamente desesperado.
— Muito bem, vamos sair um por vez. — A voz do instrutor invadiu a cabine, me fazendo abrir os olhos. Estava intacta. Os vidros inteiros e no lugar, e eu no meu assento, com as mãos firmes na barra de ferro.
— Você perdeu a aposta. — Thiago disse com um sorriso vitorioso, e ergueu a sua barra de segurança.
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SEGURA ESSA MARIMBA!
Mano, sério, escrever esse capítulo foi maravilhoso pra mim, eu me diverti muito, me emocionei DEMAIS e espero que tenha sido assim com vocês também.
Se você gostou desse capítulo (e eu espero que a resposta seja sim) deixe seu comentário aqui. Eu vou printar e guardar ele pra sempre, e nunca vou esquecer você, porque aí ao menos vou saber qual é o seu nick. Comenta aí amor, fala tudo o que você quiser. Desabafa comigo, eu sei que não tá fácil, então fala comigo aqui nos comentários, e se você quiser algo mais íntimo e partícular, é só me mandar um email no endereço abaixo ⬇
contatohistoriador@gmail.com
Esse de cima aqui ⬆
Pode falar comigo. Estou aberto a novas amizades.
Enfim gente, esse foi mais um capítulo. Obrigado a todos vocês. Um grande beijo no coração de todos vocês.
Amo vocês.
Fui!