U. D. P. : FINAL (01x91)
Parte da série U. D. P.
Parte 91
(...) Lucas retoma a narrativa (...)
O meu Rafael veio me salvar, senti quando ele chegou e ouvi o grito dele, este me deixou apavorado. Mas o desejo de ter meu amado perto era maior que esse medo. Quando senti a segurança relativa de seus braços adormeci profundamente.
Não sei quanto tempo passei dormindo. Sei apenas que acordei na cama do Rafael, vi que era dia e reparei, também, que alguém estava no banheiro. Tentei levantar mais uma forte tontura me fez cair no sono outra vez. Quando voltei à consciência o Rafael estava falando com alguém. Logo percebi que era meu pai. Eles não perceberão que eu estava acordado.
João – o funeral da Madalena foi hoje, amanhã será a da Maria – ele falou com um grande pesar em sua voz.
Rafael – como eu vou falar para ele isso?
João – você terá que dizer assim que possível... Se quiser eu dou a noticia.
Rafael – não, eu faço isso.
João – vou comer alguma coisa e daqui a pouco vou embora – disse saindo do quarto.
Eu – há quanto tempo estou dormindo? – falei com a voz embargada.
Rafael – amor... Três dias – disse se aproximando, mas eu não queria os braços dele, queria minha mãe.
Eu – quem morreu?
Rafael – a sua mãe, a madalena e o Leopoldo – falou desviando seus olhos do meu.
Não pude deixar de conter as lagrimas, elas vieram rápido e intensamente. Ele tentou me abraçar novamente, mas eu estava com raiva. Todo mundo que eu amava estava morrendo. Nesse momento me perguntei se era compensador ficar com o Rafael a custo de todo o resto. Sim, em algum momento outra coisa seria atraída pelo por ele e o meu pai poderia ser a próxima vítima, ou os meus amigos.
Decidi que voltaria para casa, para ver o enterro de minha mãe. Falei para o Rafael não vir, pois o pior já havia passado. No caminho meu pai evitou falar, disse uma coisa ou outra, apenas. Chegando a casa fui tomar um banho, longo e calmante.
Refleti os acontecimentos, minha mãe morta? Minha amiga querida? Por quê? Eu amava o Rafael tanto, mas será que valia realmente a pena?
Os questionamentos bombardeavam minha cabeça e as lágrimas corriam por meu rosto, misturadas a água do chuveiro. Acabei o banho e fui dormir. Acordei antes de o despertador tocar, rolei na cama a noite inteira e apenas consegui dar alguns cochilos. De manhã eu me arrumei para o velório, o dia estava meio nublado, mas não parecia que ia chover.
Durante o enterro o padre falava algumas coisas sobre minha mãe. Enquanto ele “rezava” pensei... Como ela morreu? Puxei o máximo de lembranças até que a imagem da silhueta dela, lançando bombas, vinha à mente. Ela estava com o Rafael, pensando bem o Dr. Leopoldo também estava lá. Voltei meus pensamentos para as lembranças de minha mãe, um ódio subia pelo meu corpo, eu culpava o Rafael, mas eu sabia lá no fundo do meu coração que o culpado era eu.
O enterro acabou, porém resolvi ficar mais um pouco. Meu pai foi embora, afinal nossa casa era dobrando a esquina. Depois de um tempo, um homem de óculos escuros redondos, careca e de chapéu circular, começou a falar comigo. Eu tinha certeza que já o conhecia, não me lembrava de onde.
Desconhecido – sua mãe era uma mulher maravilhosa. Ela te amava, e aquela outra garota também.
Eu – é mesmo – por algum motivo que eu não me preocupei no momento eu estava confiando no cara.
Desconhecido – seria tão bom se as coisas tivessem sido diferentes – falou com um tom de saudosismo.
Pensei no Rafael e em como seria bom nunca ter encontrado com ele, seria ótimo ter continuado em minha cidade ou mesmo estudado em outra escola. Eu queria isso tanto que até chegava a doer. Se eu pudesse escolher, nunca teria cruzado o olhar com o dele, pois agora eu o amava e nada me afastaria dele, pois isso me mataria. Mesmo que todos ao redor morram, eu não posso mais viver sem ele.
Desconhecido – e se eu dissesse que é possível voltar e refazer o passado?
Eu – seria tão bom – falei ainda perdido em meus pensamentos.
Desconhecido – então você deseja nunca ter conhecido o Rafael?
Eu – é... Eu desejo nunca ter conhecido o Rafael – depois de dizer isso eu pensei que não era verdade, eu adorava meu Rafael e o Amor dele é a melhor coisa que já me aconteceu.
Desconhecido – então que assim seja...
Eu vi os olhos dele brilhando em azul atrás dos óculos e percebi tarde de mais que fiz uma besteira. Ele estalou os dedos e tudo rodou... Rodou... Rodou. O mundo perdeu suas tonalidades até não restar cor alguma... Eu estava morto? Perdi-me em um profundo sono, ao qual eu temia nunca acordar.
Fim...?
Bem gente, a história ainda se passa muito alem disso, mas para um conto essa primeira temporada teve começo meio e fim, não precisa de uma segunda.... mas... Se vocês quiserem saber o que vem depois comentem, deixem seus devaneios e aflições a cerca do conto... Até a próxima... Talvez...