Anahi - Pedacinho Do Céu - Capítulo 1

Conto de Guhh como (Seguir)

Parte da série Anahi - Pedacinho Do Céu

Lá estava ele.

Quanto tempo tinha mesmo? Ah sim, quinze anos que não pisava naquelas terras.

Quando saiu dali tinha apenas cinco anos. Era uma criança medrosa e ingênua. Bem, mesmo sendo um adulto agora ainda tinha tais sentimentos dentro de si.

Os olhos tão raros percorreram todo campo diante de si, sim, por que não encontrava em qualquer esquina alguém que tivesse dois olhos com cores diferentes - azul e verde.

Uma das poucas lembranças de sua vida ali era de seu avô dizendo que era especial, mas sinceramente, não via onde era especial... Uma coisa sabia, não tinha nascido para grandes feitos. Só ser fosse para ser o garoto de espinhas e zombado na escola, aquele que não tinha namorada, ah thá, era um gênio de altíssimo QI. Grande merda.

Puxou o ar com força para seus pulmões e o soltou lentamente. Ele apertou firme a alça de sua mochila parado a dois passos do grande portão, típico para uma fazenda.

Ethan Griggs ainda lembrava-se de como tinha indo embora. A família de seu pai era tradicionalmente de fazendeiros. Uma grande e unida família. Todos viviam perto da reserva de Montana, e seu avô tinha uma bela fazenda.

Sua mãe, uma moça da cidade conheceu seu pai quando esteve na cidade para fazer uma matéria para a editora que trabalhava. Ela se encantou pelo robusto e viril cowboy.

Uma noite no bar, algumas bebidas e uma transar rápida no banheiro, resulto que dois meses depois ela voltou para contar à notícia que encontrava grávida. Era óbvio que eles não se amavam, mas seu avô não iria tolera um neto bastardo, e seu pai não fugiria das responsabilidades.

Uma semana depois eles se casaram. Sua mãe deixou o emprego e veio morar nessa terra quase no fim do mundo. Não que seja feia ou coisa parecia, para quem gostasse de campo era o paraíso, mas para alguém da cidade era como ser deixado no deserto para morrer.

Foi quando a “paz” da família Brynn começou a ser perturbada. Catherine não tornava as coisas fáceis, e somente reclamava, ao invés de tentar se adaptar.

Meses depois que a criança nasceu, era como ser tudo tivesse válido a pena. O mais novo herdeiro da família tornou-se querido e amado por todos... Um jarro vazio pronto para ser preenchido pela herança, experiência e amor dos que o cercava.

Todavia final feliz não é para todos.

As brigas vieram, cada vez mais freqüentes. Mas seu pai tolerava o egoísmo e sandices de sua mãe. Até que... A tragédia veio.

Catherine descobriu que seu marido não gostava unicamente de mulheres, como de homens... Este tinha pedido o divórcio, proposto uma boa quantia de dinheiro como indenização... Justificando que amava outro, entretanto desejava ficar com o filho. Com raiva, ressentida e furiosa ela não quis nada, somente fez sua vingança, levou a criança.

Com cinco anos, não entendia nada, somente chorava pedido pelo pai enquanto era arrastado para longe do Rancho.

Ela retornou para a cidade, de preferência a milhas de distancia de Montana, e garantiu que os Brynn não tivessem nenhum contato com o mais novo deles.

Agora a questão, depois dessa tragédia familiar, por que Ethan encontrava em pé diante de um lugar que nem se lembrava? Que era o lar de pessoas desconhecidas?

Há um mês tinha recebido uma carta, mais uma intimação, nela dizia que seu avô paterno, Raynard Brynn havia falecido em um acidente, e que para sua leitura de testamento era exigido à presença de todos possíveis herdeiros.

Parecia mesquinho de sua parte aparece ali depois de anos, de não ter nenhum contato, justo para a leitura de um testamento... Para a partilha da “possível” fortuna.

Quis recusar, contudo sua origem o chamava... Era diferente, de alguma forma Ethan sabia disso, e somente poderia descobrir sua verdadeira identidade ali...

Tinha medo, literalmente estava quase fazendo xixi nas calças. Receio que fosse chutado para fora a pontas pés, que fosse odiado... Recebeu isso em anos de sua mãe, vários padrastos, nos colégios... Todavia pensar em receber tal tratamento daquele que tinha seu sangue, daquele pai que no seu íntimo sabia que era seu herói doía profundamente.

— Vamos lá! Eis um homem ou um rato? — Perguntou para si mesmo colocando um pé na frente do corpo para guiasse a entrar ali. Olhou para a bela e grande casa, e tão rústica e ao mesmo tempo graciosa, voltou com o pé para trás. — Não!

— Deseja algo? — Uma grossa voz chegou aos seus ouvidos, e como se fosse um portão enferrujado virou. Observou o homem acima de si, claro ele estava montando em um exemplar garanhão.

— Eu preciso falar com Ryan Brynn. — Ficou orgulhoso de si que sua voz sair firme.

— Desculpa, é alguém querendo trabalhar no rancho? Por que não tem jeito para isso, não! — O cara disse com um sorriso sacana, divertindo com a situação.

— Qual o problema? Sou muito capaz. Mas não estou aqui por isso! Vai ajudar ou não?

Agora ficou preocupado por zoar mandão, mas o sujeito estava tirando uma com sua cara, e não queria mostra o medo que realmente o tomava.

O homem tinha o corpo todo robusto, os braços e pernas torneadas, e Ethan podia jurar que o resto seguia a mesma linha. Não eram músculos feitos em academia, mas sim, no duro trabalho de campo. A pele bronzeada de quem lidava com o sol causticante. Os negros cabelos que desciam até seus ombros. Os olhos eram ferozes, do tipo que observava tudo ao redor.

— Uhh! Tem uma língua afiada, cuidado com ela. Siga em frente, vire a casa e entre na porta de tela. Ele está na cozinha possivelmente tomando café. — Disse o “Sr músculo”, como o apelidou, e depois bateu os pés na lateral do cavalo, e como passo de mágica o animal moveu.

— Será que só tem louco aqui? — Ethan indagou para si mesmo vendo o cara sumir na colina. Pegou depois pensando ser tal sujeito poderia ser algum parente seu. Será que tinha irmãos, primo ou tio? Se fosse, e todos fossem tão grandes como ele, agora sim estaria ferrado... Ia ser surrado até a morte. — Você consegue, seja forte! — Tentou animar a si mesmo quando deu os passos que o levaram para dentro da fazenda.

Havia uma frondosa casa que podia abriga uma nação – em sua opinião – além de dois celeiros medianos. Viu igualmente uma garagem construída ao lado da casa, e na frente da mesma uma picape, mas era perceptível deduzi que ali cabia mais carros.

Quando finalmente chegou a frente à casa, sentiu ainda mais assustado. Inclinou a cabeça para o chão, como sempre fazia para ignorar tudo ao seu redor, e girou para seguir para os fundos da casa.

Finalmente parou em frente à porta de tela. Olhou ao redor reparando no bosque que surgia às margens da fazenda. Puxou o ar. Ele era tão fresco e puro, uma diferença enorme com o da cidade.

— Deseja algo?

“Será que esse povo só saber perguntar isso?” Pensou consigo mesmo, mas dessa vez o anfitrião estava justo na porta. Reparou nele. Não podia ser seu pai, era jovem, daria no máximo uns 25 anos para ele.

O jovem tinha belas esmeraldas no lugar dos olhos. Os cabelos eram castanhos escuros e cortados curtos. O corpo era moldado, com músculos estendendo sobre toda estrutura, nada gritante, mas de visão incrível, e a pele era bronzeada.

Os olhos de Ethan desceram reparando no peitoral que sobressaia sobre a blusa de malha branca, no abdômen sem um grama de gordura, os quadris estreitos e as coxas roliças...

— Gostou? — O sujeito indagou com sorriso sacana na face, obviamente pegou os olhos de Ethan o analisando.

— Ah desculpa! E que... Vocês são todos... E... — parou respirando fundo. — Preciso falar com Ryan Brynn, por favor. — Tinha que se objetivo, já tinha indo tão longe, não podia fugir agora.

— Uhh! Pai! Tem um filhote de gatinho querendo falar com o senhor!

O coração de Ethan disparou. Pai? O seu pai tinha outro filho? Ele tinha um irmão?

Sua mãe nunca o contou isso. Inferno, tudo que Catherine sabia dizer era mal de seu pai homossexual, que preferia comer cu a buceta... De como eles eram um bando de fazendeiro sem educação... Sabia que sua mãe era guiada pelo rancor e raiva, mas nunca considerou que ela fosse esconder tantas coisas de si.

Era idiota por ser iludir. Sabia que para aquela mulher não era mais do que uma decepção, um fruto que manchou o futuro brilhante que ela poderia ter, e a cada dia ela fazia questão de jogar em sua cara tais palavras... Até que quando completou seus 17 anos, e ela literalmente o expulsou de casa dizendo que devia conhecesse o mundo e ser tornar um homem... No fundo sabia que ela apenas ansiava em ser livrar dele.

— Pare de gritar como um animal!

Ethan sentiu algo novo dentro de si quando ouviu aquela voz. Tão grossa e imponente. Quando o homem pareceu na porta, seu coração acelerou e seus olhos arderem.

Ele viu o grande homem. Este encontrava sem camisa, e seu peito definido tal como a tatuagem de uma águia sobressaia sobre os quadrados de seu abdômen. Os cabelos eram negros, e desciam em uma traça perfeita atrás, possivelmente até o meio das costas. Seus olhos eram azuis, tão vivos e viris. O queixo quadrado, a barba que começava a aparecer, e os lábios cheios. Tudo nele exalava sensualidade e masculinidade.

De primeira os olhos do homem arregalaram, mas depois viu neles dor e mágoa.

— Na cidade tem uma hospedaria, fale com Maltide, diga que o mandei, ela lhe arrumara um quarto. Assim que o advogado falar à hora da lida do testamento, informo. Não é bem-vindo aqui!

Ethan abriu a boca para dizer algo, mas nenhuma palavra saiu. Seu coração quebrou em pedaços, e sua alma morreu.

De todas as palavras cruéis que já tinha ouvido, nada o feriu como que essas. Sua mãe o desprezava, não tinha amigos, mas isso nunca o derrubou quando ouvir de seu pai que não era bem-vindo. Por anos fantasio que ao menos ali, seria aceito.

— Pai? Coitado... Pai... — O jovem entrou para a casa chamando pelo homem mais velho, deixando o jovem da cidade sozinho. Sim! Era assim que sempre ficaria, sozinho.

Ethan segurou o choro, e alinhou os ombros. Não ia pedir esmola de atenção. Ergueu sua mão, como se apresentasse.

— Olá, sou Ethan Griggs, seu filho. Prazer pai! — Tinha ensaiado aquelas palavras em todo caminho até aquele fim de mundo, mas elas de nada valiam agora. Abaixou sua mão, girou sobre os pés, e colocou-se a andar. Se não era bem-vindo ali, não iria ficar.

Sem abaixar a cabeça, e com passos duros rumou para a saída do Rancho, e encontrou no meio do caminho o mesmo cowboy que o abordará.

— Não o encontrou? — Indagou

— Sim! Obrigado. — Disse rispidamente, ao que sem olhar para trás sai dali. Se antes queria conhece seu pai, e todo resto da família, agora não queria mais vê-los.

— Ei! Garoto... Ou...

O homem chamou Ethan, mas o menor ignorou completamente. Munido de mágoa - revivendo várias vezes as palavras de seu pai - seguiu a pé para a cidade. Era loucura já que está ficava uns bons quilômetros.

Quando as primeiras gotas de chuva caíram, suas lágrimas também. Ignorou a tempestade que ser formava em cima de sua cabeça, gotas que chegavam a machucar. Somente queria ficar bem longe daquele lugar.

Ouviu uma buzina, mas mergulhado em sua amargura não deu atenção, até que a caminhonete parou ao seu lado.

— Ei! Vai ficar doente amigo. Vai para a cidade? Entrar ai. — A voz feminina se fez presente.

— Não preciso! — Disse amargo andando novamente.

— Ou... Não vou machucá-lo. Larga de ser bobo. Vai chegar somente amanhã andando. Que ser comido pelos lobos? Vem! — A jovem disse.

Ethan olhou para ela, reparando nos cabelos ruivos e olhos azuis, que junto com a alva pele tinha contraste incrível.

Sem dizer nada deu a voltar, e entrou pelo lado do passageiro. Resignou abaixar a cabeça.

— Vai para onde? — A ruiva perguntou.

— Pode ser qualquer lugar da cidade, eu me acho! — Resmungou.

— Não seja teimoso. — Ela disse fazendo beicinho com os lábios.

— Alguma pousada?

— Ah, seu dia de sorte, estou indo para lá. Minha mãe tem uma. — A jovem disse alegre. — Me chamo Abby, e você?

— Ethan! — Falou virando a face para a janela, vendo como as gotas batiam fortes contra o vidro.

Por que nada podia dar certo em sua vida? Estava cansado de ser tão sozinho... Nunca ser amado. Talvez sua mãe tinha razão, seu pai nunca o quis, era apenas um erro de uma noite de bebedeira e sexo sem compromisso.

De carro não demoraram chegar à cidade, mas Ethan não foi capaz de reparar nela... Somente deu conta do que acontecia ao redor, quando o carro parou.

— Chegamos! Já estou até vendo. Mami vai querer adotá-lo. Meninos fofos e com carinha de cãezinhos abandonados, são os preferidos dela. — Abby disse saindo do carro, sendo acompanhada pelo garoto. Eles correram fugindo da chuva, e entraram no que parecia ser a recepção da hospedaria. — Mãe!

Ethan reparou em como o lugar mesmo sendo modesto era bem organizado. O chão de madeira lustrado, as paredes brancas. Era uma casa de dois andares, e na certa teria apenas poucos quartos, mas do tipo que tinha gostinho de está em casa.

Viu quando uma senhora de seus quarenta anos surgiu. Ela vestia um vestido com pequenas florzinhas, e tinha os cabelos castanhos meio ruivos presos.

— Olá! Abby, não ia à fazenda os Brynn’s? Pensei que ia para alguma festa Chris. — A mulher disse em repressão, mas Ethan pode ver o amo em seus olhos para com a filha, e sentiu certa inveja.

— Ia! Mas o pai dele o colocou para trabalhar, e não tem hora para acabar! — Falou fazendo beichinho. — Ah, deixa apresentar. Essa Maldite Sanches, minha mãe, e pode chamá-la assim também. E a mãezona de todos. Ele precisa de um quarto! — Ela disse dando beijo na bochecha da mulher e depois desapareceu por uma porta.

— Oi! — Ethan disse tímido.

— Dia ruim? — Ela indagou, e o jovem afirmou com a cabeça. — Só tenho que fazer uma ficha. Qual seu nome?

— Ethan... Não devo ficar muito, no máximo dois dias.

A mulher pareceu surpresa, mas depois tomou postura.

— O caçula dos Brynn. Quarto cinco, ficar no final do corredor direito, no segundo piso.

— Obrigado!

Saiu sem dar conversar. Queria apagar aquele episódio de sua mente. O mais rápido que pudesse dar o fora daquela cidade, ficaria feliz. Sua mãe não o queria, seu pai não o queria... Tudo não passou de uma doce ilusão... Um sonho que jamais seria realizado... De ter uma família. Isso não foi feito para Ethan Griggs.

Continua...

Comentários

Há 1 comentários.

Por Bruno Rocker em 2014-04-17 13:12:31
Não entendi, não era pra ser o sétimo? esse é o primeiro capitulo, continua da onde parou anjo!