Anahi -Pedacinho Do Céu - Capítulo 16

Conto de Guhh como (Seguir)

Parte da série Anahi - Pedacinho Do Céu

Mesmo que eles tivessem insistido, não tinha conseguido dormir do voo de Montana com conexão a Flórida. Seu coração ainda sangrava pela perda, porém maior que isso era a preocupação com seu irmão. Imaginava o qual difícil deveria está sendo para Angel toda situação.

Aslan tinha pegado uma licença de três dias no trabalho, e Christian avisado a família o ocorrido, e por que se ausentaria.

Ethan temia que seu pai ficasse chateado por sua ida, mas mesmo que Catherine tenha sido a causará de tantos males, ainda era sua mãe.

Por volta de duas horas da tarde chegaram à Flórida, e em vez de irem direto para hotel – por insistência de Ethan – foram para o hospital. Ao entrarem no mesmo seguiu para a recepção, Ethan tomou a frente, enquanto os outros dois esperavam mais atrás.

— Por favor, estou procurando o Dr. Steven.

— Quem procurar? — A mulher indagou, sem nem a menos encará-lo.

— Ethan Griggs!

— Só um momento! — Disse pegando o telefone, e com isso Ethan seguiu até os dois maridos. Christian o abraçou por trás, apoiando a cabeça no ombro.

Esperam por alguns minutos, até que um senhor de pele mulata, beirando aos seus cinquenta anos apareceu.

— Sr Griggs?

— Sim, sou eu! Vim liberar o corpo da minha mãe e padrasto para serem queimados. Sei que é dessa forma que eles queriam. — Ethan disse apertando a mão do médico. — Esse é Christian e Aslan meus... Amigos! — Não tinha vergonha deles, apenas apresentou-os com amigos, pois nem todo mundo aceitava bem relações entre pessoas do mesmo sexo, e temia que isso atrapalhasse em ver seu irmão.

— Claro! O advogado de seu padrasto já cuidou de tudo, mas tenho algo que não puder falar por telefone. Seu irmão também estava presente no carro...

— Não... Ele não... — Ethan disse com medo que tivesse perdido igualmente o irmão. As lágrimas vieram mais uma vez a sua face.

— Calma, Ethan! — Christian disse ao lado dele para dar amparo, tal como Aslan.

— Deixar o médico terminar de falar. — Aslan ditou.

— Ele estava no carro, mas milagrosamente ele saiu apenas com alguns arranhões, mas decidir deixá-lo em observação por precaução. O advogado deve falar com o senhor. Como o Sr Griggs, seu padrasto, não tinha mais nenhum parente vivo, creio que tornara tutor legal de seus dois irmãos.

— Como? Dois? Que saiba só tem Angel! — Ethan disse enxugando as lágrimas, aliviado por Angel está bem, e meio surpreso pelas falas do médico.

— Desculpa! Não sabia que sua mãe teve outro filho? Creio que Olívia tenha uns seis meses...

— Minha mãe teve outro filho? — Aquilo era surreal. — Desculpa doutor. Eu tinha uns problemas com minha mãe, ela não me contou. Ela está bem? O bebê? — Indagou em misto de emoção e surpresa, e certa raiva de sua mãe. Por ela simplesmente ter escondido que tinha isso dele.

— Sim! Não estava no carro. Quando tiver pronto, levarei ao seu irmão.

— Claro! Obrigado. — Aslan agradeceu, e levou Ethan para se sentar. Sentia que a qualquer momento o menor iria desmorona.

— Ethan, tudo bem? — Christian indagou preocupado. O esposo estava pálido e totalmente em choque. Compreendia-o, se fosse consigo não saberia lidar com aquilo. Perde a mãe, e ainda descobrir que a mesma escondeu algo assim dele.

— Ela... Odiava-me tanto? Por quê? Eu sou filho dela, e tudo que recebi foi desprezo e rancor. Escondeu isso de mim! Primeiro me impede de convive com meu pai, depois afastar de meu irmão, agora esconde que tenho uma irmãzinha. — Disse em soluços.

— Não posso responde essas perguntas, por que sua mãe fez isso, porém posso dizer que precisa se forte. Seus dois irmãos irão precisar que seja. — Aslan disse enxugando a face dele.

— Meus irmãos! O que vou fazer, eles só tem a mim agora. Não posso abandoná-los. Mas não posso obrigar vocês carregarem esse fardo. — Disse olhando para os outros dois. Eles tinham muito que conversa.

— Digo por nos dois! Estamos ao seu lado, e nos três vamos enfrentar isso. — Christian disse olhando para Aslan. — Depois conversaremos com mais calma, agora precisa está bem para vê-los.

— Certo! — Afirmou com a cabeça. Respirou ruidosamente, e enxugou as lágrimas. Quando achava mais calmo pediu a enfermeira para encaminhar ao quarto de seu irmão.

— O esperaremos aqui! — Christian disse dando a privacidade que o menor precisava para ver o irmão, e saber que caso precisasse eles estariam perto por ele.

Seus passos eram contados, o nervosismo o tomava. Não sabia como Angel iria recebê-lo. Afinal eles não se viam há três anos. Quando foi expulso de casa mal pode despedisse do irmão. Sua última lembrança era ele na janela do quarto chorando.

—Precisar é só chamar. — A enfermeira disse saindo dando privacidade.

Ethan suspirou profundamente, e virou a maçaneta da porta. Ao entrar e olhar para o leito as lágrimas ameaçou cair novamente, entretanto tentou contê-las.

Seus olhos percorreram o jovem naquela cama de hospital, à medida que aproximava. Angel era um adolescente em torno de seus 16 anos, sua pele era tão alva quanto à de Ethan, mas seus cabelos era um loiro acobreado, que desciam um pouco abaixo dos ombros e nas pontas tinha grandes cachos. Suas feições eram delicadas.

Ethan tocou gentilmente o rosto que detinha algumas escoriações. Viu um dos braços enfaixados, mas perceber a sutil respiração do menor acalmou-lhe um pouco. Sentou na beirada da cama, e pegou a mão sem a faixa e segurou entre as suas. Olhou para o rosto sereno, e seu coração apertou.

Assustou um pouco ao ver as pálpebras tremularem, e logo abriram dando espaço para a íris azul. Era como duas safiras tão preciosas, em toque de inocência e energia. Assim que era Angel, em aparência um anjo com o nome, e uma bola de energia. Tão vivo...

Só rezava para que tal vida não tivesse morrido dele. Quando morava com eles, sempre protegia o menor de sua mãe, mas não estado lá, não sabia quem o protegeria.

— Olá! — Ethan disse com a voz suave.

— Você veio... Você veio como disse que faria... — O loirinho disse com os olhos marejados. A voz rouca de Angel disse. — Mas demorou...

— Eu também perdi você Angel! Perdoa-me não ter aparecido antes ou entrado em contato. Sentir tanto sua falta, e sempre pensava em você. — Ethan disse tocando a face do irmão, com ternura no olhar.

— Eu sei... Ela não ia deixar! — Angel falou tentando se acalmar. — Fugir umas três vezes para ir atrás de você. Não aguentava mais morar com eles... Papai era cada vez mais ausente, e ela mais rancorosa. Acho por que ele queria divorciar. Mas sempre me achavam... E não sabia onde ter procurar. — Declarou.

— Eu sinto tanto! Se tivesse sido forte o suficiente por nós... Era meu dever lhe proteger. — Ethan disse com lágrimas rolando em sua face. O momento realmente era de muita emoção entre os dois irmãos.

Angel ficou por um momento calado, e isso foi aterrorizante para Ethan, o loiro fechou os olhos e quando os abriu encarou o outro.

— Eles estavam discutindo, como sempre! Ele falou que queria o divórcio, e que ficaria com a nossa guarda. Mamãe disse que não o deixaria tomar a mina de ouro dela... Nos via como meros objetos de extorquir mais dinheiro. — Em sua voz era clara a emoção, do quanto aquilo estava sendo traumatizante para ele.

Ethan moveu deitando ao lado do irmão. Tocou sua face e cedeu beijo nela enxugando todas as lágrimas.

— Ela não era uma má pessoa, só acho que não servia para ser mãe... Era amargurada por sua própria vida. Não tenha raiva!

— Eles morreram não foi? O médico não quis me dizer, mas sei que foi isso que aconteceu. — Angel disse aninhando contra o irmão mais velho. — O que será de mim e Liv! Temos uma irmã Ethan, mas ela não deixou contar para você. Ela é linda!

— Fiquei sabendo agora, e estou ansioso para conhecê-la. Agora quanto o destino de vocês. Vou conversar com o advogado, mas creio que serei o tutor de vocês, e irão morar comigo. — Disse. Queria os irmãos perto, mas sabia que a decisão não poderia se somente sua, e tinha medo de não saber cuidar bem deles. Angel era um adolescente, uma fase tão conflitante, e Olivia apenas um bebê pequeno.

— Eu ia gostar! Morar com você... — Murmurou denotado certo sono, talvez efeito do remédio. — Onde morar?

— Montana, perto de meu pai... — Disse dando um beijo na testa de Angel, e vendo que ele tinha apagado. Ficou ali zelando pelo sono dele por mais um tempinho, até que foi obrigado a sair. Precisava cuidar da liberação do corpo de sua mãe e padrasto, e encontrar com o advogado par averigua a guarda de seus irmãos.

Sabia que não tinha mais ninguém que poderia ficar responsável por ele, e de maneira algum os deixaria ir para um orfanato. Daria a eles um lar que ele mesmo nunca teve.

–oo0oo-

Após se hospedarem em um hotel perto do hospital, eles tomaram um bom banho.

Por Ethan ele iria imediatamente ao advogado, porém Aslan convenceu há dormir um pouco, a depois de muito custo conseguiu.

— Ele vai ficar bem? Está tão abatido. — Christian sussurrou enquanto via o xerife cobrir o menor dos três com um lençol, e dando beijo no topo da cabeça.

— Ethan é forte, e estamos aqui por ele! Por que não perdi algo na recepção para comermos? Vou ligar para o advogado é marcar uma reunião. Já está sendo difícil para ele, podemos ajudar aliviar um pouco a pressão. — Aslan sugeriu dando beijo rápido de Christian, e depois foi pegar seu celular.

— Ok! — Christian rebateu indo fazer o que o moreno tinha falado, e de quebrar ligar para a família avisando que estão todos bem.

Quando os dois terminaram, optaram por cochila um pouco ao lado de Ethan. Todos estavam bem cansados. Algum tempo depois, Christian acordou sobressalto quando Ethan remexeu choramingando. Tratou de niná-lo com uma cantiga que seu pai sempre cantava para ele quando tinha pesadelos, e assim o menor voltou a dormir.

Eles puderam descansar por algumas horas. Quando acordaram, foi justo o tempo exato para o serviço de quarto entrega o pequeno jantar dele. Comeram no quarto vendo televisão, e trocando sutis carícias, nada demais, apenas mimos.

Como iriam acordar cedo para ir ao advogado e depois hospital dormiram cedo. Ethan precisou tomar um calmamente – recomendando pelo médico – assim poder ter mais algumas horas de sono, e acorda ao raiar do dia bem melhor.

Após tomarem um rápido café da manhã eles pegaram um táxi rumando para o escritório do advogado. Um homem elegante e um pouco frio, mas que o recebeu bem.

— Por favor, sente!

— Obrigado! Ah sim, esse é Christian meu marido, e Aslan um amigo. — Ethan apresentou os dois homens. O advogado não precisava saber que era casado com os dois.

— Claro! — O homem olhou meio torto, na certa não encarava bem relação entre pessoas do mesmo sexo, mas não comentou nada mantendo a postura profissional.

Em primeira estância ele leu o testamento do seu padrasto. O homem deixou toda sua fortuna para os três filhos registrados em seu nome. Algo que surpreendeu Ethan, ao saber que Jean Griggs o colocou como herdeiro.

Igualmente havia especificado que se algo acontecesse com ele, tendo ou não sua esposa ainda viva, dava os plenos poderes para que Ethan fosse o tutor legal dos irmãos e da fortuna.

O homem nunca era muito presente na vida dele ou de Angel, porém de alguma forma se preocupava. Era um bom homem, no entanto casado com o trabalho.

— Então, posso levar meus irmãos comigo? — Ethan indagou à medida que assinava todos os documentos.

— Sim! Mas temos que ter seu atual endereço. Para o serviço social. — Falou o advogado e ao ver a preocupação no olhar de Ethan tentou tranquilizar. — E apenas uma questão de procedimento! Não acredito que terá problemas. Além de seu padrasto ter colocado como tutor legal, e maior de idade e tem endereço fixo e uma família estável. Não terá problemas. — Disse olhando para eles. Claro, que o homem era contra casal homossexual criar crianças, porém vestia bem à postura profissional e guardava sua opinião para si mesmo.

— Obrigado!

— Cuidarei da documentação e encaminharei para o senhor quando tiver pronta, assim como o contato do secretário de seu padrasto, creio que ele cuidará das empresas e o repassará todas as informações. — O advogado disse levantado. Apertou a mão dos três homens encaminhada até a porta.

— Tenha um bom dia Sr Smith. — Ethan disse dando as costas para o homem e indo com seus maridos para o elevador.

— Homem nojento! — Christian disse quando eles atravessavam a rua para pegarem um táxi e ir ao hospital.

— Mas é eficiente, Ethan não terá que preocupado com qualquer papelada. — Aslan disse estendendo a mão para que o táxi parecesse, e assim eles entraram.

— Sim! — Ethan murmurou e respirado fundo virou para os dois homens sentados ao seu lado. — Eu sei que não falamos sobre isso! Isso afeta suas vidas. Eu praticamente criarei meus irmãos, e somos casados... Não posso abandoná-los. — Disse temeroso. Não sabia ainda a opinião de Aslan e Christian. Eles tinham ficado ao seu lado, dando força no que precisava, mas aceitar duas crianças era totalmente diferente.

— Estamos casados para todos os momentos. E uma mudança drástica, mas não o forçaremos a escolhe entre nos e seus irmãos. Bem, teremos que nos adaptar a nova realidade, mas é óbvio que eles irão morar conosco. — Aslan disse sendo apoiado por Christian.

— Obrigado! De verdade. Sem você não conseguiria. — Disse emocionado. Esses dois últimos dias realmente estavam sendo regados a sentimentalismo.

Eles trocaram beijos. Não importando se o taxista veria ou não. Ao chegar ao hospital Aslan pagou a corrida, e eles de mãos dadas seguiram dentro do lugar.

Ethan foi à recepção assinar a altar de Angel, e pegar com o médico as instruções para com cuidado com o irmão, que foi nada demais, apenas indicação de repouso, alimentação balanceada e remédio para dor, por causa do braço faturado.

Depois dos três seguiram para o quarto, mas antes que Ethan entrasse Christian o puxou pelo braço.

— O que foi?

— Será que seu irmão terá problemas? — Indagou apontando para os três. — Quero dizer somos além de gays somos um casal incomum de três.

— Eu não sei... Espero que ele aceite, por que não estou indo mentir ou esconde algo dele. — Ethan disse tranquilizando os outros, e só então abriu a porta entrando no quarto.

Ao entrar no quarto encontrou Angel arrumando, e sentando na cama. Ele olhava para uma mulher que detinha um pequeno bebê nos braços, e falava alguma coisa com ele.

— Oi!

— Ethan! — Angel exclamou sorridente ao que foi até o irmão lhe dando um forte abraço. — Demorou, achou que não vinha mais! Ah venha, deixar apresentar. Essa é Liv, ou melhor, Olívia Griggs, nossa irmãzinha. Ela não é linda?! Tem meus olhos, mas os seus cabelos... — Falou elétrico.

Ethan encarou o pequeno bebê no colo da assistente social. Olívia era tão pequena e frágil. Tinha suas dúvidas se seria capaz de cuidar de alguém tão pequeno. Claro, cuidou de Angel, mas seu irmão tinha uns três anos quando começou, e sempre tinha alguma babá por perto.

— Ela é linda!

— Quer segurá-la? — A mulher disse estendendo- a para Ethan. Primeiro ele entrou em pânico, mas respirou fundo pegando o bebê nos braços. No começo meio desajeitado, porém depois pegou o jeito.

— Ei! Sou Ethan, seu irmão... Vou cuidar de você, e amá-la muito! — Disse quando a pequena abriu os olhos o encarando. Ela acabou abrindo o sorriso sem dentes e suas mãozinhas tentaram pegar Ethan.

— O advogado me passou os papeis, e está liberado para levá-los. Creio que gostaria de passar na casa que morava para pegar as coisas deles. Aqui estão as chaves. — Disse dando para Christian que estendeu a mão.

— Obrigado por tudo! — Aslan agradeceu e acompanhou a mulher para fora do quarto, e quando voltou Ethan sentou na cama com Olívia nos braços, e Angel ao seu lado.

O loirinho encarava os dois desconhecidos com curiosidade.

— Perguntar! — Ethan disse sabendo que o irmão coçava a língua para falar. Angel era muito falador e curioso, costumava perguntar muito. Até que ainda estava sem comportando, mas isso por que estava diante de estranhos.

— Quem são eles? E seus irmãos lá do seu pai?

Aslan e Christian caíram na gargalhada.

— Esse é Aslan Rourke e outro Christian Brynn. — Ethan os apresentou. — Pessoal! Esses são Angel e Olívia, meus irmãos.

— Você é irmão de Ethan? Por que tem o mesmo sobrenome do pai dele. Saber, o tal Ryan... Ethan sempre falava dele. — Disse avaliando os dois homens.

— Ele não é meio irmão de sangue. Meu pai e casado com o pai dele. — Christian disse, e os três observaram a reação de Angel ao falar sobre um casal de gay’s.

— Angel?

— Depois conversamos, e que... Quero ir embora desse lugar. — Falou. Ethan sabia, tinha alguma coisa ali, só esperava que seu irmão não fosse preconceituoso, pois teria muito problema se ele fosse. Não poderia abrir mão de seus irmãos, porém não queria afastar de seus maridos.

— Claro!

— Vamos indo, temos que ir pegar as coisas de Angel e da princesinha! Compraremos as passagens para depois do almoço, então poderemos comer em um bom restaurante antes de irmos.

Sem mais tocar naquele assunto, eles saíram do hospital. As coisas eram incertas ali. Ethan não sabia se Angel aceitaria o fato dele se gay e casado com dois homens, quem diria morar com eles. Temia pelo que o futuro reservava a eles.

Continua...

Comentários

Há 2 comentários.

Por ru/ruanito em 2014-05-17 04:43:26
Isso vai ser muito triste...
Por Cley em 2014-05-17 02:31:16
Um dos melhores capitulos até aqui. Ancioso pelo próximo!