Dramas Adolescentes - Estranho e Perfeito - Parte 2
Estranho e Perfeito - Parte 2
Estávamos atrás da quadra, ainda não havíamos entrado em nossas turmas, por sorte meus amigos haviam ficado na mesma turma que eu de acordo com o informativo no corredor do segundo andar.
Desde o jardim que nós estudamos juntos, os professores achavam que se nos separasse poderíamos até entrar em algum tipo de surto psicótico contra a escola.
- Viram a nova aluna? – perguntou André. – Ela é um estouro. Com certeza você vai gostar dela Gabriel.
Percebi que ele falava comigo.
- É, pode ser.
Amanda me olhou e começou a rir. Lancei a ela um olhar de fica-quieta-antes-que-alguém-pergunte. Depois ela parou.
- Então Gabriel... – começou Mia. – Ouvi falar que o novo aluno é perfeito.
- É parece que ele veio de Londres alguma coisa assim...
- E porque Gabriel iria querer saber desse novo aluno? – perguntou André.
Olhei feio para Amanda. Ela havia mesmo contado para Mia que eu era gay?
Vi ela mexer os lábios dizendo “foi mal”. Abaixei a cabeça. A inspetora Judith já estava apitando em nossos ouvidos com aquele apito infernal.
- Todos vocês para dentro agora! Esse ano não vai ter mais discurso da diretora no inicio das aulas.
- Menos mal – ouvi o André sussurrar.
No caminho trombamos com alguns idiotas que deram em cima da Amanda, e ela claro sendo a “ingênua” garota que é, parou para lhes entregar o seu número.
- Você continua a mesma vadia – murmurei quando ela se escorou em meus ombros.
- E você o mesmo moralista, qual é aproveite a vida – rebateu ela.
- A vida, não os garotos – disse em seu ouvido a fazendo soltar uma risada alta até demais.
Quando todos nossos amigos se afastaram já entrando na escola, perguntei:
- Porque você contou para Mia?
- Eu pensei que se Julie sabia, eu poderia dividir esse seu segredo com alguém.
Me arrepiei ao ouvir o nome da Julie.
- Tem razão... – sussurrei.
Afinal de contas, Mia era muito legal e não se atirava em qualquer um, igual a Amanda.
Era loira e tinha os olhos verdes, lábios rosados e uma pele que faria qualquer um ter inveja dela, ela era linda.
Brunna por outro lado, tinha a pele tipo a de Kat Graham (a Bonnie de The Vampire Diaries) e uma risada que faz quem está do seu lado rir também.
André era magro, um corpo até definido, olhos castanhos e o cabelo preto despenteado, o dia em que durmo em sua casa ele acorda com um moicano, isso acaba sendo motivo de graça para o restante do dia.
E eu... bom, tenho altura mediana, cabelo quase do mesmo tipo do de André, a pele branca e os olhos mel.
Alguns costumam nos confundir achando que somos irmãos, André fica “p” da vida, porque ele acha que os outros notam mais em mim do que nele, o que é totalmente mentira. Ele é lindo, e até um ano atrás eu tinha uma queda por ele.
Mas sempre fomos amigos e quase irmãos.
Entrei na minha nova turma, meus amigos estavam sentados em uma fila só para eles, e uma cadeira no ultimo lugar para mim.
“Ótimo” pensei comigo mesmo “era isso o que eu queria”.
Eu amava sentar atrás para poder fazer um pouco de bagunça e colar na prova usando a internet do meu celular.
Todas as provas para nós são comédias, eu pesquiso e passo as respostas para eles.
André estava sentado na minha frente, e havia uma cadeira ao lado vazia. Por coincidência a ultima.
Ouço Amanda arfar de emoção quando um novo aluno chega. Sem dizer nada ele senta na cadeira vaga ao lado.
Percebi como os traços de seus músculos eram perfeitos sob a malha da camisa, como o seu cabelo extremamente preto é perfeitamente liso e jogado para frente arrepiado, parecia ser um tipo de nerd e popular, além de ser muito bonito.
- Pessoal temos um novo aluno, este é Matt Andrew. Espero que faça ele se sentir em casa.
Todos riram, na verdade no final da aula iriam passar pasta nele e jogar papel higiênico quebrando vários ovos nele.
Era tradição escolar.
Fizemos nossas apresentações, e depois dever, muito dever na verdade.
A primeira e a segunda aula passaram, depois seria o café da manhã. Temos três refeições por dia, pois ficamos até 16h15min na escola.
Saímos da nossa sala quando o sinal para o café tocou.
Era obrigado todos comerem, mas vez ou outra eu não comia.
Sentei encostado na parede da escola, havia muitas árvores e ali era o estacionamento.
Tentei ler o livro em mãos, mas a imagem daquele garoto não saía da minha cabeça. Lindo, novo, 17 anos, pele pálida... e olhos azuis.
Parecia ser simpático e eu não podia ter esperanças.
Quando o vejo se aproximar.
- Oi, você é o Gabriel não é? – perguntou ele.
- Sim e você é o Matt, nome lega, apesar de ser diferente – disse o fazendo rir.
- É isso que acontece quando sua mãe é inglesa e o seu pai não.
Sorri.
- Eu posso me sentar aqui? – perguntou ele.
- C-claro – gaguejei.
Ele me encarou, e eu fiquei meio que surpreso.
- Está lendo o que? – perguntou Matt.
- Ah, é Caçada da série House Of Night de P.C Cast – ele me encarou.
- Gosta de vampiros? – perguntou.
- Amo, também amo romances góticos tipo a saga Fallen de Lauren Kate.
- Legal – disse ele. – E sobre o que fala essa série House Of Night?
Sorri com inglês perfeito dele.
- Um mundo onde os humanos sabem que vampiros existem, eles são marcados e vão para a morada da noite onde terminam a transformação ou se o corpo rejeitar, eles morrer. É muito bom.
Ele sorriu e eu percebi o quanto eu parecia patético.
- E como eles são marcados? – perguntou.
- Rastreadores, eles marcam e a pessoa fica com uma lua crescente cor de safira na testa.
Conversamos até o sinal tocar, eu já sabia tudo sobre ele. E ele só sabia que eu amava ler e assistir os episódios de The Vampire Diaries.
Foi então que eu soube que ele seria um amigo.
Conversamos dentro da sala, rimos e contamos piadas, as professores nos chamaram a atenção várias vezes.
Mas nada que demonstrasse dele ser gay.
Saindo da escola fui direto em direção ao cemitério da cidade.
Encontrei um pequeno tumulo com o nome da Julie, seu pai fez isso depois de ficar claro que não encontrariam o corpo da filha.
As folhas secas cercavam todo o lugar, se não fosse um cemitério eu poderia até chamar de bonito.
Sentei na grama encostado em seu tumulo.
- Oi Julie, fui a escola hoje, me perguntaram centenas de vezes se eu estava mesmo bem, e eu disse claro. Conheci um novo amigo, o nome dele é Matt.
Senti as bochechas arderem.
- Na verdade, quando as pessoas te perguntam se você está bem, não querem saber a resposta. Por que acham que o sol vai nascer e tudo vai ser como antes.