Recíproco Parte 1

Parte da série Tudo Pra Ter Você

Terça-Feira

Não havia música, nem a gritaria do pessoal cantando mas o cheiro e o gosto da bebida estavam ali, no meu corpo. Senti o resto da bebida ameaçar a sair pela minha boca mais uma vez e tentei empurrar de volta mas voltava novamente e ficava nesse vai e vem, eu estava de olhos fechados, pois a dor de cabeça não me deixou abrir desde quando "acordei". Percebi logo de cara que eu estava no meu quarto mesmo e senti um alivio, depois da dor de cabeça alivia eu passei a mão no rosto e me sentei na cama abrindo os olhos e vendo que eu estava só de cueca.

- Vou tentar não pensar em quem tirou minha roupa

olho ao redor do meu quarto, que estava extremamente bagunçado como sempre e não achei minha mochila. Me levantei bem devagar e andei descalço pelo quarto e eu estava com um odor insuportável de vômito, aquilo me deixou meio tonto.

Nunca bebi tanto pra me deixar desse jeito, sempre passei por ressacas normais com dores de cabeça apenas mas dessa vez pareceu que eu tinha sido atropelado por um avião e o Beto Carreiro tinha passado por cima de meu corpo com seu cavalo. Supliquei a ajuda de Tony Stark no poster de Homem de Ferro 2 na minha parede.

- O que o Homem de Ferro faria no meu lugar? - pensei um pouco e ri de mim mesmo - ele estaria acordando com duas mulheres na cama e bebendo mais uma garrafa de vinho explicando como ele vai gastar 10 milhões de dólares só hoje - risos

Passo a mão n rosto mais uma vez pra mostrar o quanto estou indgnado com a minha situação naquele momento. Eu tentei lembrar o que eu fiz depois de dançar com aquela doida que eu nem conhecia, era a unica coisa que eu me lembrava antes de eu apagar. Ai eu só lembro de acordar no meu quarto, lembro de rir do Jonas mais bebado que eu, de como o Marc trocava sua bebida pra manerar com o alcool. lembro do william vindo falar comigo, realmente fiquei surpreso, ah e tem como esquecer o que ele disse sobre Marc? nunca nesse brasil gente. e é disso que o leitor gosta, de fofoca, então o Will seria um ótimo vilão de novela mexicana.

Eu devia tomar um banho pois eu estava podre de bebida e possivelmente de vomito. Eu vou até o banheiro do meu quarto me apoiando na parede, parecia um idoso de 90 anos? sim! mas era só o Felipe com ressaca. Meninos, vocês querem ver alguém dramático com ressaca? acompanhem os próximos parágrafos.

Entrei no banheiro e finalmente encontro minha mochila, mas detelhe... ela estava TODA vomitada. de preta ela virou laranja de tanto vômito, eu não resisti a imagem e ao odor e então, vomitei no chão do banheiro. Foi horrível, depois desse vômito a indisposição passou um pouquinho. Com certeza o vômito ecoou pela casa e escutei alguem subindo a escada vindo até meu quarto.

- Lipe! Você tá bem? Precisa de ajuda? - mamãe entra rapidamente no quarto e num piscar de olhos eu fecho a porta do banheiro com uma mão, com a outra eu tampo minha boca pra caso voltei alguma coisa, como não vinha mais nada e estava tudo bem eu vi o estrago no chão do banheiro - Abre a porta Felipe deixa eu ver

- Nem ouse... - fecho os olhos e respiro fundo - mãe, apenas pegue o desisfetante e as coisas pra eu limpar aqui e deixe na porta do banheiro. relaxa que eu to melhor

- Mas filho não vai preisar de ajuda?

- muito obrigado mãe mas eu to de boas - só comsegiua pensar em limpar aquilo tudo e tentar saber o que aconteceu ontem pra minha mochia estar assim. minha mãe saiu do quarto e eu cutuco a mi=ochila com a m=ponta dos meus pés e ela está vazia, graças a Deus.

"eca", eu sussurrei olhando pra o que eu tinha que limpar e ainda tomar banho

***

foram mea hora limpando aquele troço daquele banheiro e sai de lá com uma cara de cú mais escrota que a situação do brasil. vesti uma regata preta e uma bermuda jeans comum, calcei meus chinelos azuis e desci até a cozinha. senti o cheiro do almoço e deduzi ser de manhã ainda graças a Deus.

- Mãe! a senhora pegou meu celular? parece que alguém enfiou no cu e perdeu por l...

- Olha o palavriado na hora do almoço menino - me aproximo da mesa e ela puxa uma cadeira pra mim - senta aqui, precisamos conversar.

fiquei com um certo medo do que ela ia falar, rolou um clima tenso e a distancia entre eu e a cadeira na mesa parecia mais longe a cada passo. já imaginei as inumeras coisas que ela iria jogar na minha cara sobre o que eu fiz ontem e fiquei até com o maior medo dela me proibir do futebol.

- Felipe eu fiquei sabendo de tudo que acontece ontem na casa daquele menino. - engoli seco pensando no que ela ia falar primeiro - eu fiquei muito chateada com uma situação grave. e me fez arrepender de ter te parido.

- O que você quer dizer com isso? - levantei a sobrancelha esquerda e ela cruzou os braços com uma pose autoritaria

- quis dizer sobre o fato de você NÃO TER PEGO NINGUÉM NESSA FESTA - "é... o que?!" - poxa lipe - ela andava de um lado pro outro - é uma desonra pra familia uma coisa dessas. Ode já se viu , um parente meu se preocupar mais com a bebida do que ficar com alguem.

deu vontade de rir mas se eu risse ela me brigaria de verdade

- estou muito decepcionada com voce

- a senhora não ta muito bem das ideia não né mae -risos

- To brincando com você. mas é meio que verdade - sempre gostei da relação que tinha com a minha mãe, era a melhor coisa na familia toda. tadinha, pensar que foi tão dificil pra chegarmos até aqui.

arrumamos a mesa e nos sentamos pra comer, o almoço hoje era macarrão e salsicha e molho de tomate. AMO. Dona Ana estava sorridente e toda piadista, até brinquei com ela dizendo "transou com quem pra estar feliz desse jeito hein?". é claro que ela quis arremessar a faca em mim mas tudo certo.

- Você tinha que ver sua cara quando chegou aqui porre - ela ria da minha cara como se eu fosse palhaço, e eu ria por estar sendo feito de palhaço - a gente estava disputando pra quem estava mais porre, você de cachaça e eu de sono.

- Com uma mãe dessas, quem precisa de inimigo né - Ironizo

- Ah para de drama, porque quem te ajudou aqui foi eu - ela deu um sorrisinho enquanto enrolava uma porção de macarrão no garfo - eu e seu namorado gatinho

É nessa hora que a população entra em panico com o momento. Não pode ser quem eu o imaginando, seria a maior vergonha ele ter me visto todo acabado, mais acabado que cueca de mendigo. Me engasguei com um macarrão quando ela disse isso e é mais um motivo pra ela rir

- Mãe eu conheci o menino ontem, por favor.

- Felipe teve um mês que tu apareceu com um garoto por dia em casa, não dava pra saber quem é quem

- Preciso de um pouco de respeito nessa casa - ela da uma risada maléfica

- Ora respeito. Mas o menino é muito bonito, tá com sorte heim

- Mãe! Eu mal o conheço, ele foi na escola ontem assistir os jogos e a gente conversou lá e na festa. Nada demais - Bem que eu queria que fosse tudo demais

- Meu filho, na escola que você estuda, eu dou aula - ela e seus ditados

- Bem que a professora de Biologia é igual a senhora - Ri tanto que a minha cabeça voltou a doer - ai preciso de um remédio

- Não muda de assunto!

- Tá bom então - levanto os braços como rendição

- Você tinha que ter visto Lipe, o jeito que ele cuidava de ti. Era um carinho, um cuidado que nem eu tive quando tu nasceu - "Vixe" - e o menino é ecantador, simpatico e carismatico. O genro perfeito. - EU TAVA CAGANDO BORBOLETAS COM ARCO ÍRIS QUANDO ELA DISSE ISSO

- Ah tá. Mãe tá bom.

- Hum, ta mudando de assunto é porque tem coisa aí - Graças ao bom Deus, somos interrompidos daquela conversa pela campainha.

- Eu ouvi um glória a Deus?

- Ainda não se safou dessa conversa mocinho - ela levanta pra abrir a porta. Não consigo ouvir com quem ela conversa então termino de tomar meu café, depois de uns segundos ela se manifesta "LIPEEE"

- Aah o que é?! - Me levanto meio zonzo e vou até a porta. O susto que tomei foi grande pra caralho, era sabe aqueles prestação que vão sempre na porta sua casa te cobrar e você manda dizer que não tá, eu devia ter feito isso. Marc trazia sua beleza e uma sacolinha. Filho da mãe conseguia fica lindo a todo segundo que eu via aquele ser humaninho na minha frente.

- E aí canabrava - ele começa a rir e eu fico vermelho na hora, minha mãe ri junto com ele e diz:

- Vou deixar vocês a sós. - me lança uma piscada e eu reviro os olhos de tão desnecessário que foi aquilo. - Entra Marc, a casa é sua.

- Obrigado dona - ela impede ele de entrar com a mão aberta, eu só observava aquela intimidade dos dois abismado

- Dona você chama pra sua vizinha velha, pode me chamar de Ana ou de tia, vocês jovens chamam assim a mãe dos outros né - Marc entra e ela vai subindo as escadas ainda reclamando dos jovens de hoje em dia.

Eu tava com o corpo trêmulo e frio, como se eu tivesse visto ele pela primeira vez de novo, mas era pior, o cara que eu me apaixonei ontem tava sentado no meu sofá. Eu só podia estar sonhando mesmo.

- Você podia beber menos da próxima vez - ele me entrega a sacolinha com o meu celular dentro

- Aaa obrigado cara! Tu quebrou um galho enorme, como posso te recompensar? - Se eu tinha pensado em malícia nessa hora? claro que não, puf! Sou evangélico, não faço essas coisas... A T A. Mas infelizmente Marc pensou em algo mais simbólico pra mim.

Ele olha ao redor da sala e diz:

- A recompensa podia ser uma partida no seu Super Nintendo - fiquei surpreso admito. Parece que aquele moleque sempre queria me surpreender.

***

Ficamos umas 2 horas jogando e eu não conseguia tirar o olho dele, era inevitável, não acredito que nunca ninguém passou por isso quando ele tava por perto, é impossível não secar este ser.

Se passaram mais uns 20 minutos jogando Prince of Pérsia e ele para pra pensar um pouco e toca no assunto da festa.

- Mano, como que tu conseguiu ficar louco daquele jeito na festa de ontem rapaz? - ele ri enquanto diz e eu coço a nuca meio sem jeito. Pensei uma resposta tão louca quanto eu ontem tipo "Aaa tu que me deixou porre daquele jeito, sabe o que eu devia fazer? te denunciar pro conselho tutelar por ter me embriagado. Ah não, poxa, você é bem mais novo que eu"

Mas o que eu consegui responder foi isso:

- Eu acabei extrapolando hehe - UMA MEERDA

- Ah acontece

- Marc, o que aconteceu ontem depois que eu apaguei? Me dá uma luz

- Você tá preparado pra ouvir essa catástrofe?

- Minha vida é uma catástrofe então... o que vier é fichinha

Ele respira fundo pra contar o que houve. Eu nunca tinha exagerado na bebida alguma vez... certo que não tô contando aquela vez que eu bebi tanto que eu subi a passarela pra urinar nos carros... enfim continuando:

- Bem, eu deixei você sozinho no balcão, pra ajudar a Marcela que estava meio porre também. Quando eu voltei você não estava mais lá, o garoto cabeludo disse que você tinha engravidado e os vômitos tinham começado - reviro os olhos nessa hora - eu fui atrás da Marcela pra me ajudar a procurar você mas foi outra doida que sumiu também, sentei no balcão de novo esperando um de vocês dar um sinal de vida e encontrei a Marcela. Ela disse que você estava dando PT no banheiro, admito eu ri bastante e depois fui lá ver como você tava. Chegando lá você parecia estar numa conversa séria com o seu amigo, Matheus né?

- Sim. Ah e um detalhe que tá faltando...

- O que?/

- VOCÊ CONTAR O QUE ACONTECEU "DEPOIS" QUE APAGUEI, NÃO ANTES" - Ele se espanta e ri quando percebe que aumentei a voz fazendo graça.

- Se tu deixar eu contar... enfim, depois que saímos de lá você foi dançar com uma garota que eu nem fazia ideia de quem era, aí você rebolou dançando funk com ela, axé, merengue. Depois de remexerem tanto acabaram vomitando juntos, carregamos vocês pro banheiro e vocês caíram antes de chegar no chuveiro, vomitando mais e mais, tu acabou dormindo e deixamos você lá por um tempo, quando voltamos pra te levar pra casa você tava dormindo encima do vômito e todo mundo morreu de tanto nojo - ele ria demais - estavam eu, Marcela, Matheus e o cabeludo te carregando pra casa, graças ao bom pai tinha um menino amigo da Marcela de carro e te trouxemos nele, quando chegamos você queria vomitar então te levamos pro quarto bem rápido e quando chegou no banheiro vomitou nele todo, na sua roupa e na sua mochila. O cabeludo tava te dando uns tapas pra te acordar, ele parecia se divertir então Matheus trouxe ele pra cá pra baixo e sua mãe tava dando um remédio de vômito pra Marcela que tava porre também. Nossa foi uma loucura só

Eu fiquei chocado, COMO ASSIM que nojento, meu Deus que vergonha - eu já tinha me nomeado: Felipe Vergonha Fernandes - Não quero nunca mais colocar uma gota de alcool na boca.

- MANO COMO ASSIM QU... MEU DEUS, MAS.. MEU DEUS.. NOSS... MEU DEUS. - Passo a mão no rosto que está vermelho demais, eu queria enfar minha cara num buraco e me esconder pra sempre.

- Nossa você fica irreconhecível quando bebe - ele ri de novo esse escroto

- Não sei se eu te bato por estar me lembrando disso ou te agradeço por não me deixar morrer lá

- Mas foi você que me perguntou o que aconteceu!

- Dá no mesmo

Ele tinha ficado sério de repente

- Olha, Felipe, queria te falar uma coi... - A PORRA DA CAMPAINHA INTERROMPENDO COMO SEMPRE!

- O que era?

- Não, vai logo atender, depois te conto o que era. - Minha cara mostrava como eu fiquei puto, fui atender a porta resmungando e reclamando demais

- Como é possível um troço desses vir da puta que pariu só pra deixar a gente curioso na própria casa eu heim - fui até a porta dizendo isso entredentes.

Abri a porta e Marcela aparece balançando os cabelos brilhando no sol se exibindo feito uma modelo de comercial. Desde ontem eu me questiono o porque dessa família ter a genética incrivelmente maravilhosa.

- AAAAA VOCÊ SOBREVIVEEEU!!! - Ela pula no meu colo num abraço

- Sim! Mas se você passar mais 5 segundos encima de mim eu não vou sobreviver de verdade.

- Ah sim - ela desceu do meu colo e foi entrando pra sala, como ela já era de casa então, tudo tranquilo. - Cadê minha tia maravil... - Ela para no meio da sala enquanto eu fecho a porta, com certeza estava chocada com o Marc aqui.

- Oi loira! - Marc foi abraçar ela e enquanto eles se abraçam ela me manda um "COMO ASSIM VOCÊS JÁ ESTÃO NESSE NÍVEL DE INTIMIDADE DE ELE VIR NA SUA CASA PASSAR A MANHÃ, QUERO TER UMA CONVERSA MUITO SÉRIA COM VOCÊ" tudo isso só que em gestos.

- Oi Marc seu lindo, o que vocês estavam fazendo heim? - ela solta um olhar malicioso pra mi me pra ele

- Estavamos só jogando video g...

- Não interessa mesmo - ela interrompe ele - o que interessa é que você precisa se arrumar agora Felipe! Daqui a 2 minutos começa o primeiro jogo de queimado na escola e eu não quero perder isso! Já pensou? Eu perder meus amigos veados jogando?

- Já já eu desço, vou só tomar um banho.

Ela olha sério pro Marc enquanto ele solta um sorriso malicioso, o que esses dois estão tramando?

continua...