1 - O Dia Mais Esperado

Parte da série Tudo Pra Ter Você

Oi...

Acho que esse "oi" não foi no momento certo né, na verdade nem eu estava no momento certo. Na quadra de esportes da escola não havia ninguém, apenas nós 4, eu via o amor da minha vida, o cara que eu amava deitado no chão do outro lado da quadra. Bem, eu também estava assim ,mas diferente de mim ele estava ensanguentado. É, o dia tinha sido difícil pra ele, mas não tão difícil como pra mim.

O cara que fez um intenso inferno na minha vida nesses últimos meses estava encima de mim. Tentando de qualquer forma penetrar... Não para, não é dessa penetração que estou falando. Ele quer penetrar um punhal não tão grande mas que faria um estrago imenso no meu tórax. Eu tinha destruído a cara dele e não estava tão agradável a vista, ele suava como se fosse o dono do inferno... Pensando bem, ele era mesmo.

Mas também tinha outro garoto, o que eu mais queria descontar toda a minha raiva acumulada. O sentimento de traição fez com que estivéssemos alí. Todos nós juntos, um querendo matar o outro em uma tarde chuvosa com a escola silenciosa como nunca havia estado antes. Só ouvíamos barulhos da chuva no teto da quadra e também gemidos de dor, de desespero e de raiva.

Tá bom chega de enrolação, sei que vocês querem saber o que tá rolando mas o começo dessa história é meio triste. Então irei começar pelo meio dela, contar como foi que aconteceu para que toda essa agressão acontecesse. Bem, de mim, não tem muito o que falar. Vim de uma família comum, nada de luxo mas tudo de personalidade pois eu era muito simpático e extrovertido ao mesmo tempo. Nada me abala a pois eu era firme na base chamada Vida e eu passava por cima de todos os meus problemas. Mas como nem tudo permanece perfeito como é, o Felipinho aqui ganhou uma maldição de aniversário, algumas pessoas podem até chamar de macumba, mas é só uma prenda que a vida me deu... E essa prenda, essa maldição se chama Marc.

Hoje em dia eu estou no meu antigo quarto. Com 18 anos totalmente abalado como sempre estou agora. A vida assim atualmente, tudo resumido em transformar as feridas em cicatrizes e seguir em frente aceitando tudo o que aconteceu. Neste exato momento estou deitado na minha antiga cama, começando a contar minha história para vocês. A história de como eu passei pela prenda chamado Marc.

A dois anos atrás eu estava no segundo ano do ensino médio, com 16 anos. É sou um pouco adiantado mas isso não muda o meu jeito lerdo de ser. Era a semana de jogos internos da escola e eu treinei meses para jogar futebol representando minha sala, então acordei um pouco mais cedo para relaxar. De manhã teria a abertura dos jogos como se fosse na olimpíada mas sem os 225 milhões que gastaram, na escola era bem simples tocava uma banda da própria escola e acontecia umas cerimônias para apresentar as turmas que irão competir, as modalidades e os uniformes.

Me levantei cedo da cama um pouco animado pois é o evento mais esperado do ano na escola então, eu não podia fracassar. Ano passado nosso time perdeu todos os jogos, vencemos apenas 1 e ainda foi por W.O.(que pra quem não sabe significa Walkover que quer dizer vitória por ausência do adversário coisa e tal. Saiba mais em wikipedia.com/felipe_tambem_e_cultura). Eu não podia falhar então o dia ia ser só vitória.

Fui até o banheiro, fiz minha higiene e tomei um ótimo banho. Decidi vestir uma calça jeans e minha camisa verde, já que a manhã estava nublada resolvi levar um casaco preto só por precaução. Ajeitei meu cabelo e desci pra cozinha pra tomar o delicioso café da manhã que minha mãe fazia.

-Bom dia minha linda - eu estava descendo a escada e encontro minha mãe na cozinha colocando uma fatia do bolo no seu prato.

-olha só quem acordou de bom humor hoje - Ana estava linda como em todos os dias. Os cabelos escuros e ondulados junto com seus olhos castanhos caíam perfeitamente na sua pele morena. Ah ela era tão perfeita pra mim.

-Hoje começa uma das melhores semanas. Não tem como desanimar - me juntei a ela na mesa e tirei uma fatia do bolo

-Ah é?! E aí os pesadelos? Pararam mais? - eu andava tendo pesadelos todos os dias. Mas o motivo deles eu conto depois. Pra quem já leu no Wattpad sabe do que eu tô falando

-Não totalmente, ando tendo uns de vez enquando. Nada demais.

-Que bom né. Come bastante campeão, o dia hoje promete.

Depois que terminamos de comer eu levantei e fui buscar minha carteira no quarto, fui no espelho dar uma checada no visual e vi que já deu a hora de sair

-Mãe! Já estou indo

-Tá bom filho. Aproveita o dia

-Com certeza - segui direto para o ponto de ônibus

Ter que esperar o busão mais fácil de pegar deve ter sido uma benção, já vi muitos casos de ônibus que dão a volta ao mundo só pra chegar ao ponto. Ainda bem que não acontece isso comigo. Não demorou 5 minutos até o ônibus chegar, até que tava meio vazio. Peguei um lugar na janela e já tinha começado a chover, espero que passe toda essa chuva antes de eu descer.

Tá, enquanto passamos quase uma hora no busão até chegar na escola irei contar algumas coisas sobre mim.

Ao longo dos meus 16 anos eu vivi uma vida muito agitada. Bem cedo aos 10 anos de idade eu acabei tendo eeh, digamos que eu tive uma “relação” com meu primo. É, o fogo começou cedo, mas existem outros casos como este então não sou único. Esse foi meu primeiro caso homossexual. Passei os 4 anos seguintes tentando me descobrir por inteiro, tentando saber ao certo o que eu era e apenas com 15 anos eu deduzi depois de muito questionamento: “eu sou gay” mas isso não era mais um problema pra mim, era a minha opção sexual, e eu tinha orgulho disso. Namorei uma vez e foi tudo errado, eu queria apenas aproveitar a adolescência com meus amigos então tô fora desse lance de namoro. As vezes não dá pra evitar algumas pessoas, aí eu fico mesmo. Minha aparência? Bem não sou nenhum galã, mas também não sou o Smeagol. Não sou alto, herdei os olhos castanhos e a pele morena da minha mãe, me orgulho muito disso. Meu corpo é um pouco fortinho porque antigamente eu não fazia nada aí eu já estava meio que sedentário, então eu me exercitava em casa mesmo, corria. Mas não sou Léo Stronda também.

Tá acho que chegamos na escola.

A escola onde eu estudava era um lugar agradável, bonito, tinha uma lanchonete muito bacana e eu tratava a tia da faxina como melhor amiga. O problema da escola é que eles são muito mal organizados, despreparados e podem decepcionar a qualquer momento. Assim como este.

-Lipe!!! - tomei um susto com a Marcela me abraçando de surpresa.

-Oi linda! - eu estranhei o movimento na escola

-Eu tava morrendo de saudades

-Nos vimos em 2 dias

-Tô nem aí sinto saudades mesmo. - Marcela era a loira mais linda e louca que conheço. Somos melhores amigos a mais de 2 anos e essa branquela é como uma irmã pra mim. Eu tinha inveja dos fantásticos olhos verdes dela, mas acho que não cairia bem em mim.

-Que bom né. Ei me responde uma coisa

-O que?

-Não era pra estar rolando uma música e todo mundo comemorando a abertura dos jogos? - e todos estavam arrumados, inclusive a Marcela tava linda demais com uma blusa rosa e uma saia amarela, seus cabelos longos a deixavam mais linda ainda.

-É aconteceu um problema devido a chuva - estávamos andando até a área da cantina - a diretoria não estava preparada para a chuva e só vão realizar a abertura se ela passar. O que eu acho difícil.

E a escola decepcionando como eu falei.

-Sacanagem isso. - ja que não tinha o que fazer lá decidir fazer algo que a gente era acostumado - ei, vamos naquela padaria comer pão de queijo?

-Mas eu já tomei café da manhã

-Vou fingir que não ouvi isso - revirei os olhos

-Mas e se o evento começar? - reviro os olhos e uma voz surge nas caixas de som espalhadas pela escola, era a diretora da escola.

“Bom dia alunos e professores, eu mesma vim comunicar a vocês que a festa de abertura dos jogos internos da escola foram cancelados devido a chuva inesperada, espero que compreendam a situação. Hoje a tarde o cronograma seguirá normalmente, espero que os jogadores de futebol das turmas estejam prontos, pois será a primeira modalidade a competir. Estão todos dispensados. Espero vocês a tarde. Tenham um bom dia”

“Desgraçada” xinguei mentalmente ela. Odeio quando me arrumo tanto pra alguma coisa e é cancelada.

-Agora você não tem mais escolha. - disse rindo da cara de cu dela

-1 a 0 pra você “Felipe” - ela sorriu também e caminhamos juntos até a padaria

Chegamos na padaria depois de 10 minutos. Já tinha virado rotina ir nos fins de tarde comer pão de queijo naquele lugar. Ela sempre pedia suco de laranja e eu de abacate… Tá, abacate é minha fruta preferida, combina com um monte de coisa boa.

-bom dia. Qual vai ser hoje? - nós tínhamos acabado de sentar e Anderson (vulgo Andy), que era o garçom dali já tinha vindo nos atender

-oi Andy, vamos querer o de sempre

-nossa vocês comem muito pão de queijo hein - o garoto oriental sorrio que nem dava pra ver os olhos castanhos dele. Ele tinha o cabelo maneiro, era todo espetado e era fortinho também. Sempre achei ele bem bonito.

-Não queira nos sustentar em casa. - Marcela era caixinha por ele e era cada sorriso bobo que ela dava - e como você tá Andy?

-ah tô levando né. A clientela tá boa ultimamente e vocês andam consumindo bastante. Por isso sou amigo de vocês - estávamos se divertindo

-Obrigado cara, gostamos de você também

-Tá deixa eu pegar o pedido de vocês. Com licença meus senhores.

-Tá tá

Ficamos conversando sobre algumas coisas enquanto o Andy trazia o pedido. Não demorou muito até ele chegar

-Está aqui. Duas porções grandes de pão de queijo, seu suco de laranja Marcela - ele entregava tudo direitinho - e seu suco de abacate Felipe. Come bem mano, o dia hoje promete. Fiquei sabendo do jogo de hoje. Boa sorte.

-Valeu Andy. Mesmo.

-Obrigado Andy - e mais um sorriso bobo da Marcela. Shippo muito eles dois

-Que nada. Ah e Felipe, abacate é a pior fruta - ele sai rapidamente

-Eu vou te jogar meu sapato filho da mãe!!

-Ah ele é um fofo né - fiquei paralisado vendo a cara dela de apaixonada.

-Ele é um fofo e você está caidinha por ele - comecei a rir e ela ficou vermelha

-Até parece. Seu besta. - coloquei um pão de queijo pequeno na boca e dei um gole no suco - Enfim, nem sabe quem vai vir assistir os jogos?

-Osama Bin Laden? - ela ri desesperadamente - seria uma boa pra ele tacar umas bombas na escola só por causa do furo de hoje.

-Não bocó. Meu primo vai assistir os jogos internos lá da escola.

-Ah tadinho dele. Contou pra ele como é a escola? Tem preparar ele pro baque - bebo vários goles de suco quase esvaziando o copo

-Para besta - ela riu e comeu mais pães - ele mora perto, já deve saber como são as coisas lá.

-E Marcela que história é essa de você ficar levando outros machos pra escola hein? Te dei autorização? Não tô lembrado - digo brincando e ela começa a rir de novo

-Para é meu primo

-Conheço muito bem essa história de primo - o celular dela começa a tocar e ela atende

-Alô. Oi. Não, cancelaram a abertura por causa da chuva. Estou na padaria lanchando com o Lipe

-Quem é? - pergunto bem baixinho

-Mamãe - ela responde mais baixo ainda

-Oi tia Bárbara - falo bem alto pra ela ouvir

-Ela disse oi. - bebo o último gole de suco - Sim sim. Ih esqueci de perguntar pra ele. Me dá um minuto mãe. - eu amava a relação que eu tinha com a mãe dela. Era como se eu fosse filho também. - Lipe ela mandou perguntar se você vai pro aniversário da tia Martha.

-Quando, onde e que horas? - terminei meu pão de queijo e limpei a mão no lencinho de papel

-Sábado na minha casa às 8 horas da noite.

-Tá eu vou. Mas só se a tia Bárbara fizer coxinhas. Amo as coxinhas que ela faz.

-Mãe? - ela voltou pro telefone - ele disse que só vai se você fizer coxinhas. Ela disse que tu vai Lipe porque vai ter coxinhas sim haha. Tá já tô indo pra casa. Beijo te amo. - ela desligou e comeu o último pão de queijo

-Eae?

-É pra eu ir logo pra casa Marc está lá já. Vamos almoçar juntos e ela quer minha ajuda. - nos levantamos da mesa

-Eu até ajudaria também mas vou pra casa mesmo. Tenho jogo mais tarde

-Espero que jogue bem pela sala, e também pra superar o fracasso do ano passado - olhamos pro Andy que dá tchau do outro lado da padaria. Retribuímos e fomos até o ponto de ônibus.

Não demorou muito até meu busão chegar, nós conversamos sobre a festa da tia dela e sobre os jogos.

-Vou mais cedo na escola hoje. - falei depois de abraçar ela

-Tá bom. Se prepara campeão. Porque o dia hoje promete. - subi no ônibus e apareço na janela.

-É já me falaram muito isso hoje.

Eu estava indo pra casa, me preparar, pois como disseram bastante: o dia hoje promete.

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Faaala bocós. Então, como notaram a história é nova e é uma história verídica de um momento importante da minha vida... Então não se assustem com algumas coisas que acontecerão daqui pra frente kkkk. Quero agradecer pra quem leu e peço que comentem o que acharam, pois é muito importante pra mim. Estou nesse site à 3 anos e participei de uma geração incrível do Romance Gay. Li muitas histórias incrível e algumas novatas também são fantásticas. Então já tava na hora de eu escrever a minha. Espero que gostem. Segundo capítulo sai essa semana ainda e... O Marc tá vindo hehe. Muito obrigado e até breve.