Meu anjo, meu demônio (parte 1)
Parte da série Meu anjo, meu demônio
"Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos", Albert Einstein.
Esse frase ficou vagando na mente de Cameron desde que saiu da faculdade à alguns minutos atrás, seu professor deve ter repetido isso umas quatro vezes durante a aula. Impossível não refletir nela depois de tanto ser dita, pelo menos para Cameron.
"Essa frase deve ter sido para mim", pensava, mas era óbvio que era para ele. À algumas semanas Cameron estava se saindo mal na faculdade, nos trabalhos que seu professor distribuía, durante as aulas e várias outras coisas. Mas Cameron não era assim. Esse não é o Cameron de antes. O Cameron de antes sempre foi um ótimo aluno, sempre com notas impecáveis, sempre pontual. Ivan , seu professor, percebeu essa mudança e não está nem um pouco contente com isso.
Cameron sempre foi seu aluno predileto. Ivan sentia orgulho de ter um aluno como esse, pois eram pouco que existiam em sua sala de aula, era possível contar em uma única mão a quantidade de alunos que eram como o Cameron. "Porque todos não são como Cameron?", se perguntava, "Cameron é diferente dos demais, não só por dentro mas também por fora". "Cameron, Cameron, Cameron, você mexe com minha cabeça. Por que você me deixa tão excitado a ponto de querer possuir seu corpo com toda minha fúria na frente de todos os alunos e mostrar para eles que você tem um dono, um macho. Mas você nem percebe o que eu sinto por você".
Esses e outros pensamentos se passavam pela cabeça de Ivan, mas Cameron nem sequer desconfiava que seu professor o desejava com tanta luxúria. Mas se soubesse saberia o motivo.
Cameron sempre esteve ciente de sua beleza avassaladora, mas era uma beleza tão sensível, tão frágil, tão pura. Mas ao mesmo tempo sua beleza era sedutora, era um imã para os maus olhares que eram carregados de malícia e diversos pensamentos perversos. A maioria desses olhares eram lançados por homens, não só os homossexuais, mas também os heterossexuais. Até o mais macho que se pudesse encontrar daria sequer uma única olhadinha.
Cameron era dono de um corpo escultural, algo feito por anjos, pois era o que ele parecia, um anjo. Da cabeça aos pés ele era pura perfeição. Seus cabelos eram lisos e sedosos de uma cor castanha bem clara que chegavam até seus ombros , olhos azuis escuros como o oceano que domina o mundo, lábios de um tom avermelhado com o sangue que corre por todo seu corpo. Mais abaixo, o tronco com uma leve e delicado curva em sua cintura. Logo depois sua bunda, não tão grande, mas perfeita, redondinha e lisinha assim como todo deu corpo. Suas coxas grossas na mesma medida que sua bunda.
Cameron sempre foi bem resolvido sobre sua sexualidade e não a escondia de ninguém e não se importava com a opinião dos demais já que seu único membro que realmente era da família o aceitava do jeito que ele é, e o amava.
Falando 'nele', hoje é seu aniversário. Na verdade o de Cameron também é hoje. Cameron completa hoje vinte e um anos de idade, e seu irmão, Dylan, quatorze anos.
"Graças a Deus hoje é sexta-feira e amanhã não vou trabalhar", dizia para si próprio em sua mente. Cameron trabalhava a semana toda em um restaurante cinco estrelas muito famoso em sua cidade, e a cada duas semanas ele fica sábado e domingo em casa. De segunda-feira à sexta-feira ele trabalhava das nove da manhã até as seis da noite, e depois seguia pra a faculdade de arquitetura que era um pouco distante de sua casa assim como o trabalho, mas o salário era ótimo e dava para satisfazer as vontades sua e de seu irmão. E nos fins de semana em que trabalha era das três da tarde até a meia-noite.
Eram quase dez da noite, e Cameron estava no ponto de ônibus, que por algum motivo demorou a chegar, mas para sua alegria ele chegou e finalmente poderia seguir direto para casa. Mas ele tinha uma última coisa que precisava fazer.
Desceu uma parada antes da sua e foi direto para a confeitarias que obviamente estava fechada, mas ele havia marcado com a dona que ele chegaria um pouco tarde, e ela disse que o esperaria até as dez horas. Cameron chegou a tempo, no mesmo instante em que a senhora se preparava para deixar seu estabelecimento.
- Boa noite senhora Olivia! - cumprimentou-a.
- Menino onde você estava? Pensei que tinha desistido do bolo. - respondeu com um sorriso e um abraço.
- Nunca que desistiria de um bolo feito por uma deusa da arte da confeitaria. Me desculpe, o ônibus demorou a aparecer.
Após uma pequena e rápida conversa com a senhora Olivia, Cameron pegou o bolo já embrulhado e seguiu seu caminho à pé pelas ruas escuras e desertas de seu bairro.
A área onde morava com seu irmão era um ambiente muito aconchegante durante o dia, as pessoas eram simpáticas e alegres, gostavam de cuidar dos jardins que tinha em frente às suas casa. Mas ultimamente durante à noite vem acontecendo alguns assaltos, então ele aumentou a velocidade de seus passos e deu graças a Deus por chegar vivo e inteiro dentro de seu lar.
Ao fechar a porta depois de entrar percebeu que estava tudo silencioso, "Dylan deve estar no quarto dele".
A casa de Cameron e Dylan não é diferente das demais da vizinhança, contém dois andares. No primeiro era localizado uma sala de estar não muito grande , uma cozinha espaçosa estilo americana, uma lavanderia e um banheiro. No andar de cima ficavam dois quartos, um banheiro e um último cômodo onde eles fizeram como uma biblioteca. Era tudo bem arrumado e bem decorado.
Cameron aproveitou que seu irmão não o escutou e correu para a cozinha preparar um pequena e simples surpresa, só para esse dia não passar em branco. Ascendeu duas velas em formato numérico, representando a idade de cada um.
Logo ouviu passos descendo os degraus e seu irmão fica surpreso ao vê-lo na cozinha com o bolo.
- Feliz aniversário! - disse Cameron com um grande sorriso.
- Nossa, eu pensei que você tinha esquecido! -respondeu todo alegre.
Dylan e Cameron são irmãos por parte de mãe. O pai de Cameron morreu quando ele tinha cinco anos de idade, e sua mãe, Mary Ann, cuidou dele sozinha durante um ano. E então ela conheceu George, que em um mês de relacionamento começou a morar junto à Mary e seu filho.
George era um homem muito bonito e também muito grande, ele era uma muralha de musculo, o perfil perfeito para a sua profissão. Policial. De primeira vista ele parecia o sonho de qualquer mulher. Mas na verdade ele era um pesadelo, ou para Cameron ele era o diabo na terra.
George era um corrupto, alcoólatra, drogado e agressivo que fazia a vida de Cameron e de sua mãe um verdadeiro inferno. Mas todo esse martírio diminuiu quando no aniversário de sete ano de seu enteado, Dylan nasceu. Foi pura felicidade nesse dia.Dylan era uma perfeita mistura de Mary e George. Não tem quem duvidasse que esse garoto não era filme deles.
George virou outra pessoa, era carinho em seu lar, diminuiu as saídas para a gandaia e se tornou mais presente. Só que todo esse mar de calmaria durou apenas alguns anos na vida de Cameron. Depois de cinco anos seu padrasto voltou a ser o carrasco de antes, pelo jeito, se tornou muito pior.
Com doze ano de idade o corpo de Cameron começou a passar por mudanças, e com isso, os olhares de George para ele também começaram a mudar. O jovem garoto percebeu esse mudança de comportamento quando flagrou seu padrasto o observando pela fresta da porta do banheiro quando tomava seu banho. Mas para não ocorrer nenhum discussão preferiu fica quieto. Só que as coisas pioraram .
Em um final de semana, Dylan estava dormindo na casa de um coleguinha, sua mãe estava de plantão no hospital, onde trabalhava como enfermeira, e George estava em algum bar da cidade. Cameron estava sozinho em seu quarto no segundo andar estudando para as provas que seriam na próxima semana.
Estava tudo em pleno silêncio. Mas essa paz acabou quando ele escuta a porta da frente de sua casa sendo fechada com força. "Por que ele não passou a noite toda fora?", se perguntava. Ouviu som de vidro sendo quebrado e decidiu verificar.
Ao atravessar o corredor e descer as escadas foi direto para a cozinha. Quando chegou viu George caído sentado do lado da pia e uma garrafa de cerveja quebrada do seu lado.
- George, você ta bem? - perguntou Cameron ao ajudá-lo a levantar.
- Cadê a sua mãe? - perguntou se levantando e com uma voz de bêbado.
- Ela está de plantão no hospital e só vai voltar amanhã umas dez da manhã.
- E o Dylan? -a cada palavra que saia de sua boca um bafo de álcool horroroso vinha junto.
- Minha mãe pediu para eu levá-lo até a casa do amiguinho dele, ele vai ficar o fim de semana lá. Estamos sozinhos.
Um silêncio se formou entes eles. Cameron percebeu um leve sorriso malicioso nos lábio de George e se arrependeu por ter dito essas palavras assim que viu que os seus olhos, de algum modo, ficaram mais escuro e os mesmos o olharam de cima abaixo. Então o garoto se afastou um pouco.
- E que horas são? - perguntou George.
- Não sei acho que umas dez da noite. - a cada palavra que dizia, Cameron se afastava lentamente de seu padrasto, e o mesmo se aproximava com um leão preparado para o abate.
- Então eu acho que temos bastante tempo para fazer uma brincadeirinha entre padrasto e enteado. - falou em um tom ameaçador no mesmo instante em que agarrou Cameron pelo braço esquerdo. - Prometo que não vou machucar muito essa bundinha.
- Me solta por favor, George. Você ta machucando meu braço. - implorou entre os dentes para conter um gemido de dor.
George puxou o corpo de Cameron em direção ao seu próprio corpo e advertiu. - Fica quietinho. Você não quer chamar a atenção dos vizinhos para eles verem essa cena, não é? Seria muito constrangedora para você. O que acha que eles vão pensar? Por que em quem você acha que eles iriam acreditar, no policial condecorado ou no enteado safado que está na puberdade e quer descobrir coisas novas, como a rola de um macho?
"Esse desgraçado tem razão. O que é que vão pensar de mim? Vão achar que eu sou uma vagabunda que rouba o marido da própria mãe". Era a única coisa que se passava na cabeça de Cameron. Mas mesmo com esse pensamento ele reuniu coragem, e chutou com força a panturrilha de George que automaticamente soltou o braço de Cameron o deixando fugir escada acima.
- Volta aqui seu viado! - rosnou correndo atrás de seu fugitivo.
Cameron começou a subir as escadas mas seu agressor agarrou seu pé o fazendo cair. Em seguida, Cameron chutou seu rosto com força e voltou a correr, mas George continuou o seguindo. Ao chegar no seu quarto, o garoto tentou fechar a porta, mas seu padrasto a forçou na direção oposta fazendo Cameron cair ao chão com força.
- Fim da linha. - disse George com um olhar diabólico. -Essa noite vai ser muito longa.
-Para, por favor, para, George - implorou já se derramando em lágrimas, mas foi em vão.
Cameron afastou essas lembranças de sua mente e voltou ao presente, que era o mais lhe importava.
- Dylan, faz um pedido e apaga a vela. Mas só a sua, senão eu arranco sua língua. - disse Cameron brincando.
Dylan soprou a vela e olhou pensativo para seu irmão. -Queria que a mamãe estivesse com a gente. Queria que ela não estivesse na cadeia. - seus olhos começaram a encher de lágrimas.
- Não chora. - falou em um tom carinhoso. Colocou o bolo no balcão e abraçou seu irmão. - Ela vai sair de lá. E vai vir morar com nois dois.
Mary Ann foi presa quando Dylan tinha onze anos de idade, após matar o marido quando descobriu o que ele fazia com seu filho mais velho durante todos esses anos. E para poupar seu filho de todo o constrangimento que ele passaria se ela contasse o motivo do assassinato, ela preferiu dizer estava cansada ter ter um marido alcoólatra e drogado, e então o matou. A pena dela não seria tão grande se ela não tivesse esfaqueado o marido trinta e oito vezes.
- Vamos partir o bolo, estou morrendo de fome. - brincos Dylan.
Dylan é quinze centímetros menos q Cameron. Tem olhos azuis claros, cabelos curtos e ondulados loiros iguais aos do seu pai. Seu corpo era diferente de seu irmão, tinha um aspecto mais masculino, que atraíam as jovens de sua idade. Pele clara assim como a de Cameron. E ambos possuíam um sorriso encantador.
Cameron pegou as louças para comer o bolo enquanto Dylan pegava o refrigerante na geladeira.
- A senhora Olivia disse que não pode vir porque a neta dela está doente. - comentou Cameron
- Bem que eu queria cuidar da neta dela. - respondeu malicioso.
- Garoto, vai cuidar dos seus estudos e esquece essa neta da olivia. Aliás, ela é muitas areia para o seu caminhão.
- Mas eu faço várias viagens.
- Vou fingir que acredito. Antes que eu me esqueça, amanhã vamos ao shopping comprar nossos presente. Meu notebook quebrou, mas graças a deus meus trabalhos da faculdades eestão salvos no meu e-mail.
No final da noite cada uma foi para seu quarto. Cameron finalmente poderia dormir em paz sem se preocupar em acordar cedo para ir a faculdade ou para o trabalho.
Seu quarto era bem decorado, com um papel de parede listrado em azul royal e turquesa. O cômodo possuía uma cama de casa, que estava bagunçada, na parede oposta havia uma mesa com um computador e ao lado dele uma pequena estante com alguns livro e um vaso de flores artificiais. Ao lado da porta ficava o guarda-roupa, na parede a frente ficava às duas janelas que eram posicionadas em direção a rua, que neste momento ainda permanecia escura e vazia.
Começou a tirar a jaqueta preta de seu corpo e depois sua camisa. Caminhou em direção ao seu guarda-roupa, que tinha portas espelhadas, e ficou se olhando.
- Vinte e um anos de idade. Parabéns, Cameron. Você conseguiu. - dizia para si próprio.
Terminou de tirar o restante de sua roupa e se enrolou em um roupão. Saiu do quarto atravessando o corredor, que era pintado de bege com algumas pinturas que Dylan gostava de fazer penduradas nas paredes, até chegar ao banheiro. Todo a base de azulejos brancos e pretos, uma pia branca com um armário espelhado mais acima, um vaso sanitário preto e uma banheira da mesma cor.
Cameron começou a enche-lá com água morna, e enquanto ela enchia ele foi em direção a janela, que ficava apontada para o quintal dos fundos da casa, e ficou refletindo as palavras de seu professor. "Temos o destino que merecemos. O nosso destino está de acordo com os nossos méritos".
- O que eu mereço? - perguntou em voz baixa. - Quais são meus méritos?
Depois do banho, Cameron colocou seu pijama e correu para debaixo das cobertas, antes de dormir viu em seu celular que já era quase uma da manhã. "Boa noite Cameron". E não demorou até cair no sono. 8=======================================D