1X08 Ciúmes
Parte da série Os Segredos de Mountainville
O Matheo não para de olhar o Raphael de cima em baixo e eu fico um pouco incomodado. Eu chamo atenção dele estralando os dedos.
Bernardo - eu tô aqui Matheo.
Matheo - desculpa, desculpa.
Raphael - o que esse cara tá fazendo aqui meu amor ?
Bernardo - eu ofereci ajuda para o Matheo. Ele esta confuso e precisa se encontrar.
Raphael - hm.. você é bem generoso né ? Mesmo depois dele ter infernizado nossa vida.
Bernardo - amor, deixa eu tentar ajudar ele por favor.
Ele me olha e parece pensar.
Raphael - ok, eu vou pra piscina.
Raphael sai da sala e o Matheo vai acompanhando ele com os olhos. Eu fico olhando para cara dele sério.
Matheo - desculpa.
Bernardo - se assumir você não quer mas ficar olhando o namorado dos outros você gosta né ?
Matheo - desculpa. Eu sempre achei o Raphael muito atraente.
Bernardo - isso porquê você é gay. Agora fala isso com todas as letras.
Matheo - eu.. sou... gay ?
Bernardo - exatamente.
Matheo - eu sou gay.
Bernardo - você sente atração por meninas também ?
Matheo - não, eu nunca senti.
Bernardo - então é isso, você é gay.
Matheo - eu sou gay, ok.
Bernardo - tá se sentindo melhor ?
Matheo - um pouco. Mais leve.
Bernardo - isso é bom. Viu, nem doeu.
Matheo - obrigado.
Bernardo - você podia sair de noite, conhecer gente em algum lugar legal.
Matheo - eu não tenho coragem.
Bernardo - deixa de ser frouxo !
Matheo - e se meu pai souber ?
Bernardo - Matheo você nunca ficou com ninguém ?
Matheo - não.
Bernardo - nunca beijou na boca ?
Matheo - não Bernardo.
Bernardo - seu caso é sério. Eu e o Raphael vamos com você.
Matheo - assim tudo bem.
Eu combinei com ele e depois ele foi embora. Eu fui para a piscina onde o Rapha está para falar com ele sobre a saída hoje a noite. Eu fiquei na beira da piscina e ele veio até mim.
Raphael - ele já foi ? você viu como ele me olhou né ?
Bernardo - eu vi mas eu já vou resolver isso.
Raphael - você tem certeza que é bom ajudar ele ?
Bernardo - eu vou arrumar alguém pra ele pegar e ele vai te esquecer. É claro que é bom.
Raphael - (risos) meu ciumentinho.
Bernardo - eu não sou ciumento.
Raphael - ah não.. eu achei que você ia matar ele quando eu apareci.
Bernardo - você me aparece na sala de sunga e quer que eu fique de boa com outro cara te olhando ?
Raphael - mas olhar não tira pedaço.
Bernardo - olha leva a fantasiar.
Raphael - você fantasiou comigo antes de a gente ficar ?
Bernardo - um milhão de vezes. Você é muito gostoso.
Raphael - (risos) então eu fiz bem em trocar a roupa na sua frente aquele dia na escola ?
Bernardo - sim ! toda vez que você tirava a roupa na minha frente eu suava frio.
Raphael - (risos) bobo. Entra aqui ?
Bernardo - não, eu tenho que fazer uma reserva num barzinho pra gente levar o Matheo.
Raphael - a gente ?
Bernardo - vai me deixar ir sozinho com ele ?
Raphael - não.
Bernardo - foi o que eu achei (risos)
Eu fiz as reservas e quando chegou a hora marcada eu me arrumei e fiquei no quarto esperando o Raphael terminar de se arrumar. Danilo bate na porta e eu abro pra ele.
Danilo - vocês vão sair ?
Bernardo - sim mas a ida ao laboratório ainda está de pé. A gente encontra no caminho.
Danilo - ta ok então, eu vou avisar o Samuel.
Bernardo - valeu.
Assim que o Rapha se aprontou nós saímos e pegamos o Matheo no caminho. Ele estava super nervoso e ficou o tempo todo olhando para os lados quando chegamos.
Bernardo - calma cara.
Matheo - eu nunca fiz isso.
Raphael - parece que está cometendo um crime
Matheo - é fácil para vocês falarem. São decididos e se amam.
Bernardo - você também pode ser assim. Mas precisa desbloquear esse nível bv antes.
Raphael - (risos) bv ?
Matheo - quer parar de rir ?
Bernardo - deixa ele amor. Olha ali, aquele garoto não tira os olhos de você.
Matheo - onde ?
Bernardo - ali.
Matheo - ele é muito forte.
Bernardo - (risos) ele é bonitão cara.
Matheo - mas ele me esmaga com um abraço.
Bernardo - tá desbloqueando, já tá pensando nos amassos.
Matheo - eu não falei amasso.
Bernardo - vai lá falar com ele cara.
Matheo - sobre o que ?
Bernardo - chega no bar e pede alguma coisa. Ele vai puxar assunto.
Matheo - se acontecer alguma coisa comigo eu te mato.
Raphael - o máximo que vai acontecer é você ficar sem andar amanhã (risos)
Bernardo - para Rapha, vai lá Matheo.
Ele se levantou e foi até o bar. Assim que ele terminou de pedir o cara puxou assunto com ele e eles ficaram conversando. Eu acho que o cara tem um papo bom pois depois de uns quinze minutos eles já estavam se beijando.
Bernardo - viu ? conseguimos.
Raphael - eita, acho que alguém não vai dormir em casa hoje.
Ele sumiu e voltou depois de uma hora falando que ia dar um volta com o cara. Eu e Raphael entramos no meu carro e fomos embora em direção ao laboratório. Chegando no fim da estrada de terra no meio da floresta encontramos o Danilo e o Samuel. Fomos andando até o laboratório e quando chegamos lá perto nós escondemos nas árvores e ficamos observando.
Bernardo - pra que tanta segurança num prédio vazio ?
Danilo - é óbvio que ele tá aí.
Samuel - não pode ser só pra proteger o prédio.
Bernardo - de que ? quase ninguém sabe que isso aqui existe. Mesmo eu tendo liberado os arquivos aqui não tem endereço.
Danilo - o que vamos fazer agora ?
Bernardo - vamos embora e pensar no que fazer.
Chegamos em casa e ficamos confabulando na sala.
Bernardo - a gente devia pensar em alguma coisa logo senão ele pode tentar fugir e aí ninguém mais vai o pegar.
Danilo - mesmo se a gente levar a polícia lá ele pode mandar aqueles caras cobrirem todo mundo de tiro.
Bernardo - acha que ele é capaz disso ?
Danilo - meu pai é mais perverso que você imagina.
Bernardo - eu sei... Só pelo que ele fez com aquelas pessoas dá pra imaginar mas eu estou querendo dizer agir assim tão diretamente.
Danilo - ele faria sim
Samuel - eu tenho a impressão que ele está fazendo alguma coisa além de só se esconder.
Danilo - do que você tá falando ?
Samuel respira fundo e olha pra mim.
Samuel - Augusto tem um projeto mais secreto que o que você pegou dele Ben.
Bernardo - como assim Samuel ?
Samuel - ele me queria para esse projeto. Eu possivelmente sou o único que sabe disso.
Raphael - eu tô começando a ficar preocupado com essa conversa.
Bernardo - por que você escondeu isso da gente ?
Samuel - eu achei que não seria possível.
Bernardo - e do que se trata esse projeto ?
Samuel - ele chamava de evolução humana.
Danilo - o que ?
Samuel - parece que ele quer que os humanos sejam mais resistentes eu não sei direito.
Danilo - quando eu tinha uns quinze anos eu ouvi meu pai conversando com alguém sobre uma coisa parecida. Foi aí que eu comecei a desconfiar das coisas que ele fazia, mas eu nunca mais ouvi falar nada sobre isso então imaginei que ele tinha desistido.
Samuel - Eu só juntei tudo agora. Talvez as pessoas que morreram não foram somente por testes de remédios. Isso talvez seria para disfarçar caso ele fosse descoberto.
Bernardo - eu não acredito que você escondeu isso da gente.
Samuel - eu fiquei com medo. Mas agora eu acho que ele pode estar terminando isso.
Bernardo - não tinha nada sobre isso no laboratório.
Samuel - tem um outro laboratório no subsolo da mansão. Tudo que ele precisava estava lá. Ele deve ter fugido com tudo.
Bernardo - então nós vamos lá ver.
Danilo - acontecendo tudo de baixo do meu nariz.
Bernardo - não fiquem assim vocês dois. Vamos descansar e depois a gente decide o que fazer.
Danilo - eu não consigo descasar. Você sabe onde entra no laboratório ?
Samuel - sei.
Danilo - então vamos lá.
Bernardo - ninguém vai sair daqui !
Raphael - vocês estão ficando loucos ?
Bernardo - amanhã a gente vê isso gente, se acalmem. Até porque o Danilo é dono da casa e nós podemos entrar lá a hora que nós quisermos.
Raphael - vamos descansar gente.
Fomos para o nosso quarto e antes de dormir eu recebi uma mensagem do Matheo que dizia que ele foi finalizado pelo cara. Eu fiquei rindo, contei para o Raphael e depois nós dormimos.
No outro dia eu acordei e o Raphael não estava no quarto. Eu saí e fui até os quartos dos meninos e eles não estavam então eu desci e ele também não estavam na sala de jantar Eu fui ao quintal, na sala de tv e na academia e não tinha ninguém. Andei pela casa toda e já estava ficando nervoso. Liguei para o telefone deles mas ninguém me atendeu. Eles só podem ter ido em um lugar. Foi até a garagem e os carros estavam lá mas mesmo assim eu entrei no meu e saí, fui até a mansão Genom e quando eu saí do carro eu fiquei gelado vendo ela toda queimada e destruída. Eu corri pra mais perto e gritei os nomes deles. Não tinha muito fogo porém ainda estava muito quente então eu não entrei. Eu ouvi a sirene dos bombeiros e então eu saí para não ser acusado. Voltei para minha nervoso e liguei para o meu pai. Ele já estava sabendo do incêndio mas não sabia nada sobre os meninos. Assim que ele chegou em casa eu comecei a chorar. De repente meu telefone toca e eu corro para antender.
(Augusto - " eu peguei um dos seus amigos, vamos brincar, tente adivinhar quem foi " )
Ele desligou
Bernardo - DESGRAÇADO !
Márcio - calma meu filho. O que foi ?
Bernardo - ele sequestrou um dos meninos !
Márcio - o que ??? ele quem ?
Bernardo - o Augusto.
Márcio - esse cara ja foi longe de mais. Eu vou chamar a polícia.
Bernardo - o pior de tudo é que eles sumiram e não tem como saber qual deles foi.
Danilo entra pela porta principal todo arrebentando e eu corro até ele.
Bernardo - Danilo ? o que aconteceu ?
Danilo - eu não sei direito.
Bernardo - onde estão os meninos ?
Danilo - a gente saiu juntos de manhã mas.. Uns caras e carros.
Bernardo - ele pegou você ?
Danilo - fomos separados eu não sei pra onde levaram os meninos.
Bernardo - seu pai me ligou dizendo que pegou um de vocês, você está então... Eu vou procurar eles.
Márcio - filho !
Eu saio correndo e eles vem atrás de mim. Nós três entramos no meu carro e saímos pela cidade procurando.
Márcio - olha o Samuel !
Meu irmão estava andando sem rumo pela rua no mesmo estado do Danilo. Eu estava aliviado porém já sabia com qual deles o Augusto estava.
Bernardo - ele pegou o Raphael !