1X03 Uma Verdade Em Meio a Grandes Mentiras

Conto de Gojimmy como (Seguir)

Parte da série Os Segredos de Mountainville

Depois de alguns dias passado o acontecimento no rio nós ficamos um pouco mais tranquilos pois não havia acontecido nada. Fizemos uma espécie de pacto para não falar mais sobre o assunto mas eu não poderia deixar de tentar saber mais a fundo sobre o tal laboratório. Se eu quiser saber o que tenha acontecido com a minha mãe algo me diz que eu tenho que ir por esse caminho.

Eu desço as escadas da minha casa e meu pai está conversando com o Samuel na cozinha.

Bernardo - bom dia.

Márcio - ...por que você não leva seu irmão ?

Bernardo - o que ?

Samuel - é um jantar na casa da Camila.

Bernardo - jantar na mansão Genom, hm..

Samuel - você iria comigo ?

Bernardo - claro que sim.

Samuel - sério ? sem rancor com a Camila ?

Bernardo - tô nem aí pra ela.

Samuel - ok, você tem algo para vestir ?

Bernardo - como eu devo ir ?

Samuel - quando eu chegar do hospital nós vamos resolver essa parte. Agora vamos para a faculdade.

Chegamos um pouco atrasados e eu tive que andar rápido para não perder o conteúdo da aula no laboratório da faculdade. Na hora em que saí eu desci para encontrar meus amigos mas acabei esbarrando em quem não queria.

Matheo - por acaso você é cego ??

Bernardo - me desculpa.

Matheo - olha por onde anda se não eu vou ter que te ensinar algumas boas maneiras. Pensa que eu esqueci aquele soco ?

Bernardo - olha Matheo você pode tentar intimidar todo mundo como você fazia no colégio mas cara... Nunca deu certo comigo e não é agora que vai dar.

Matheo - você da sorte de estarmos aqui.

Bernardo - enfim, eu vou andando. Não tenho tempo de ficar conversando com você.

Eu deixo ele pra trás e saio andando. Procuro por Samira e João mas eles parecem ter ido embora. Eu vou andando em direção a saída e o Raphael aparece na minha frente.

Raphael - oi.

Bernardo - e aí ?

Raphael - tá indo pra casa ? posso te levar ?

Bernardo - pode.

Raphael - meu carro tá ali, vem.

Nós vamos andando até o estacionamento e conversando.

Raphael - você está bem ?

Bernardo - sim, e você ?

Raphael - tô legal.

Bernardo - que bom.

Raphael - é (risos)

O Raphael parecia ansioso para falar algo mas parecia também ter medo de falar.

Raphael - eu... é... você quer sair hoje a noite ? sabe, tomar um sorvete mesmo com o frio ( risos) ou sei lá... andar por aí e conversar.

Bernardo - não dá... eu vou com meu irmão em um jantar na casa Camila.

Raphael - ah... eu também ia mas eu não queria por isso te chamei pra sair. Então eu vou agora que sei que você vai estar lá.

Bernardo - pelo menos vamos ter com quem conversar.

Raphael - pois é (risos)

Ele me deixou na frente da minha casa. Na hora em que ia sair do carro eu dei um beijo no rosto dele para agradecer o que acabou o deixando muito feliz e com uma espécie daqueles sorrisos bobos. O Raphael é o cara mais fofo que eu conheço e o sorriso dele sempre me encantou. Ficou um clima agradável e eu saí do carro antes que a vontade de o beijar de novo ficasse muito grande.

Raphael - nos vemos mais tarde ?

Bernardo - sim.

Eu entrei em casa e fiquei pensando em como eu ia descobrir algo a mais sobre o laboratório. Eu tenho que arrumar uma forma de entrar no escritório do Augusto.

Assim que o Samuel chegou em casa ele foi ao meu quarto com uma roupa dentro de um saco para ternos.

Bernardo - o que é isso ?

Samuel - sua roupa.

Bernardo - eu tenho mesmo que ir todo engomadinho ?

Samuel - Bernardo é um jantar para pessoas importantes. Vão todos estar bem vestidos. Você não tem um smoking mas esse terno vai ficar bem em você.

Bernardo - obrigado, eu acho.

Samuel - saímos em uma hora.

Bernardo - deixa eu ver se entendi. Você tem um smoking mas vai chegar na festa naquela lixeira ambulante ?

Samuel - vamos de táxi, ok ?

Bernardo - tá, não precisa ficar brabinho.

Samuel - eu vou me arrumar.

Ele sai do meu quarto morrendo de ódio. Eu entro no banheiro e tomo um banho lento, depois eu visto aquela roupa mas dou, digamos, o meu jeito nela. Coloco a gravata e calço meu tênis, balanço o cabelo com as mãos e desço para encontrar meu irmão na sala.

Samuel - eu não acredito.

Bernardo - tô bonito ?

Samuel - você está de tênis !

Bernardo - o que tem ?

Samuel - e você não tem uma escova de cabelo não ?

Bernardo - eu sempre uso meu cabelo assim.

Samuel - pai ?

Márcio - me deixem fora disso.

Samuel - tá ! vamos embora que estamos quase atrasados. E não fica perto de mim

Entramos no táxi e fomos para a mansão da família Genom. Haviam algumas pessoas e toda bem vestidas, ficaram olhando para mim quando eu cheguei. Eu fui com o Samuel cumprimentar os donos da casa.

Augusto - se não é Bernardo Albuquerque. Soubemos que está de volta a cidade.

Bernardo - sim senhor Genom. Eu voltei pra ficar.

Augusto - que bom.

Helena - eu fico feliz de saber que está de volta.

Bernardo - obrigado senhora Genom.

Augusto - fiquem a vontade nós vamos cumprimentar o prefeito Vicente.

Eles se afastam e a Helena não tira o olho de mim. Ela me encarou de cima em baixo assim que me viu chegando. Camila aparece e arrasta o Samuel para longe eu acabo ficando sozinho e me afasto da festa com uma taça de vinho na mão. Eu encosto no parapeito no lado de fora e fico olhando aquelas pessoas sendo falsas umas com as outras.

Danilo - é patético não é ?

Eu tomei um susto enorme com o Danilo sentado no parapeito. Não havia ninguém ali onde eu estava e ele surgiu do nada.

Bernardo - nossa.

Danilo - desculpa, eu te assutei ?

Bernardo - um pouco. Como você subiu até aqui ?

Danilo - eu estava ali em baixo e te vi encostar aqui. Subi escalando.

Bernardo - você por acaso é o homem aranha ?

Danilo - (risos) não eu... não tenho muito o que fazer então eu aprendo algumas coisas. Eu por exemplo sei muito sobre escalada em montanha e essas coisas.

Bernardo - entendi.

Fiquei converdando com eles por alguns minutos e vi que o cara que todos imaginam ser um louco na verdade é um cara muito inteligente e gente boa.

Danilo - eu sempre reparei que na escola você nunca me zoava com os outros garotos.

Bernardo - se você sempre foi na sua, teve motivo.

Danilo - sabe.. eu não fiz nada do que falam.

Bernardo - e por quê falam que você fez ?

Ele parou, pareceu pensar se devia ou não falar a verdade pra mim.

Danilo - minha família não me curte muito. E me colocar num hospício foi a forma que acharam para me calar.

Bernardo - sobre o que ?

Danilo - nada... deixa isso pra lá... eu não posso falar e já falei muito (risos)

Ele sai andando e eu fico imaginando o que seria. Essa família esconde muita coisa pelo visto e eu tenho que descobrir pelo menos a verdade sobre aquele prédio. Eu vou andando disfarçadamente para dentro da casa e ao passar pela festa acabo dando de cara com a Lara, mãe do Raphael. Ela assim como os outros me olha de cima em baixo e da um sorriso falso

Lara - bom o ver de novo Bernardo.

Bernardo - digo o mesmo Dra Lara.

Lara - você viu o Raphael por aí ?

Bernardo - não, acredito que ele ainda não tenha chegado.

Lara - hm..

Eu saí de perto dela e entrei ma mansão. Se eu ainda me lembro como é isso aqui eu sei onde fica o escritório. Eu vou até lá e acerto o lugar, eu olho em volta para ver se tem alguém vindo e depois entro. Eu abro os armário e procuro alguma coisa que alimente mais a minha desconfiança. Eu abri o computador mas, claro, estava com senha. Tentei adivinhar mas nenhum número óbvio me deu acesso. Alguém entra na sala e fecha a porta, eu que estou de costas me levanto coloco as mãos para o alto mas não me viro, eu fico morrendo medo.

Bernardo - eu estava procurando o banheiro...

A pessoa caminha e eu vou ficando mais nervoso pois eu não faço ideia de quem é.

Bernardo - eu...

Ele me agarra por trás e na hora eu reconheço o toque eu me viro.

Raphael - o que o senhor faz aqui ?

Bernardo - nossa Raphael... eu quase morri.

Raphael - está fazendo o que não deve.

Bernardo - eu só me perdi.

Raphael - não vem com essa, você conhece essa casa. Sabe muito bem onde está.

Bernardo - vamos descer.

Raphael - primeiro me fala o que você tá fazendo aqui.

Bernardo - não.

Raphael - fala, ou eu não vou te soltar e se alguém vier aqui vão pensar que estamos ficando.

Bernardo - você não vai querer saber.

Raphael - ah não ? Bernardo me explica porque eu acho que você não está aqui por acaso. Você voltou pra cidade por algum motivo e eu acho que você não quer ficar comigo pelo mesmo motivo.

Ele está me olhando tão profundamente nos olhos que eu fico sem mentiras para inventar.

Bernardo - vamos sair daqui e eu te conto tudo.

Ele me soltou e nós voltamos para parte de baixo onde estava rolando a festa. Voltamos para onde eu estava, eu fiquei encostado na mureta olhando para o lado de fora e ele para o lado de dentro.

Bernardo - você lembra que minha mãe estava doente há uns anos, antes de eu ir embora ?

Raphael - sim.

Bernardo - ela estava internada no hospital Genom.

Raphael - sim, eu lembro. Ela sumiu e acabaram a dando como morta.

Bernardo - isso nunca saiu da minha cabeça e eu acho que eles tem alguma coisa a ver com isso.

Raphael - isso é uma grande loucura.

Bernardo - não depois do que nós vimos naquele rio.

Raphael - aquele lugar é realmente o que nós imaginávamos. É um laboratório e pertence a família Genom.

Bernardo - eu preciso descobrir a verdade Raphael.

Raphael - eu vou te ajudar.

Bernardo - obrigado.

Ele estendeu o abraço e eu me virei para o abraçar. Nós nos afastamos assim que a mãe dele se aproximou.

Lara - então vocês estão juntos ?

Raphael - não mãe, nós somos amigos.

Lara - amigos ? por favor Raphael...

Bernardo - nós não temos motivos para mentir.

Lara - mas tem ousadia suficiente para ficar de agarramento bem aqui, na casa da ex do meu filho.

Bernardo - mas nós só estávamos nos abraçando.

Lara - não pensem que vão me enganar.

Ela sai de perto e eu fico perdido sem entender nada.

Raphael - não liga pra ela. Aquela situação toda causou digamos que um pouco de decepção na minha mãe. O casamento com a Camila era tudo que ela queria.

Bernardo - ela deve morrer de ódio de mim.

Raphael - não vou mentir, ela deseja sua morte (risos)

Em um certo momento da noite eu fiquei por uns instantes sozinho e a Camila veio até mim.

Camila - é, acho que você conseguiu né ?

Bernardo - o que ?

Camila - tirou o Raphael de mim e agora fica se exibindo com ele.

Bernardo - o que ? tá ficando maluca ?

Camila - escuta aqui, eu não vou ficar aqui parada vendo você por aí com ele.

Bernardo - primeiro, eu e o Raphael não estamos juntos. Segundo, eu acho bom você ficar na sua e sossegar com o Samuel senão eu conto pra ele que você não se conforma de estar longe do Raphael.

Ela ficou me olhando com raiva e eu saí de perto. Eu encontrei com o Raphael e fui embora com ele. Raphael me deixou na frente da minha casa como de costume.

Raphael - eu estava pensando em uma coisa.

Bernardo - me fala.

Raphael - se aquele laboratório tem alguma coisa a ver com o sumiço da sua mãe e a morte daquela pessoa, minha mãe deve saber de alguma coisa.

Bernardo - é bem provável.

Raphael - por mais que seja difícil admitir que minha mãe talvez esteja nesse rolo eu preciso fazer o certo. Nesse fim de semana ela vai viajar e nós vamos entrar no escritório dela.

Bernardo - eu preciso saber uma coisa antes. Você está fazendo isso por quê ?

Raphael - porque eu amo você.

Meu coração bateu muito forte. Eu não pensei e o beijei. Eu fiquei todo arrepiado pois agora eu estou o beijando por minha livre vontade sem interferência de bebida.

Raphael - não para não.

Bernardo - tô só agradecendo antecipadamente.

Raphael - acho que vou fazer mais coisas por você (risos)

Eu fiquei rindo e depois de dar um selinho nele eu saí do carro e entrei em casa.

Passei o resto da semana muito bem com o Raphael mas ainda não deixando externar muito pois eu ainda não quero arriscar tudo. No fim de semana eu fui até a casa dele no meio da tarde de sábado, assim que a mãe dele saiu. Raphael me recebeu na sala com um abraço.

Raphael - o escritório vive trancado e eu não tenho permissão de entrar mas... quem não deve não teme né ?

Ele pega um pé de cabra e arrebenta o cadeado do escritório e nós entramos. Ele se senta no computador enquanto eu procuro algum documento. Raphael consegue entrar no computador e começa a vasculhar tudo. Ele me chama com uma expressão assutada no rosto.

Raphael - esse não é o cara que nós vimos morto no rio ?

Bernardo - sim.

Tinham fotos e arquivos de testes de medicamentos em pessoas doentes. Todos haviam morrido.

Bernardo - eles estão testando remédios em pessoas de fora da cidade. Claro, ninguém pode desconfiar.

Raphael - eu não acredito nisso. Minha mãe envolvida com isso.

Ele abre uma pasta que mostra a primeira cobaia do laboratório Genom. Eu fico gelado, descubro porque eles só usam pessoas de fora. A primeira vítima deles foi a minha mãe !

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