Capítulo 19

Conto de Gojimmy como (Seguir)

Parte da série Ninguém é Perfeito

Os dias foram passando e eu continuei enrolando o David. Claro que eu por várias vezes tentei me forçar a sentir alguma coisa por ele mas não está rolando. Eu tô tentando ao máximo evitar transar com ele mas acho que a qualquer momento ele vai se irritar disso e vai desandar meu plano de manter ele longe de problemas. O Edu continua sendo super fofo comigo e fingindo que acredita no meu namoro com o David. Cada hora que passa eu me apaixono mais pelo Edu e fica cada vez mais difícil ficar longe dele e sustentar essa mentira com o David.

Robert - você vai ficar aí com essa cara ?

Pedro - eu preciso fazer alguma coisa.

Robert - então faz logo. Eu acho que esse seu negócio com o David já tá durando muito tempo.

Pedro - me ajuda.

Robert - o que você quer que eu faça ?

Pedro - me mata. Assim eu vou ter paz.

Robert - deixa de ser dramático. Você só tem um caminho.

Pedro - qual ?

Robert - a verdade. Ela dói mas é melhor que viver na mentira.

Pedro - você tá certo.

Robert - adimitindo que eu tô certo de novo ? eu não tô acreditando.

Pedro - ah Robert !

Robert - (risos) agora sério. Você só precisa falar a verdade pro David. Ele tem que ser racional pelo menos uma vez na vida.

Pedro - eu vou fazer isso hoje.

Robert - mas assim irmão, vai com cuidado.

Pedro - eu vou ter cuidado e principalmente coragem.

O dia foi seguindo normal e em um certo momento o nosso pai nos chamou na sala dele e nós fomos. Chegando lá nossa mãe e o advogado dele estavam novamente sentados e com muitos papéis em cima da mesa. Cumprimentamos o Dr Robson e depois sentamos.

Mauro - você pode nos dar licença Robson ?

Dr Robson - sim, eu vou esperar no salão.

O advogado do meu pai saiu da sala nos deixando em família.

Mauro - eu já estou planejando isso tem algum tempo e depois que nossa família se uniu eu vi que já era a hora de tomar essa decisão.

Robert - o que aconteceu pai ?

Mauro - eu não ando muito bem de saúde filho.

Flávia - seu pai descobriu uma doença e tem se tratado ultimamente.

Robert - mais uma coisa séria escondida ?

Mauro - eu preferi não causar medo em vocês deixando para contar agora.

Pedro - e o que é ?

Flávia - uma doença rara, com chance de cura muito baixa.

Robert - não importa, a gente vende a casa e busca o melhor tratamento possível nesse mundo. Né Pedro ?

Pedro - sim, no Estados Unidos com certeza tem...

Mauro - ...meninos, meninos. Por favor. A casa é de vocês. E o que eu estou fazendo aqui e para que vocês não tenham problemas caso eu venha a falecer.

Pedro - não fala isso pai.

Mauro - eu preciso de mais tempo para me tratar e não posso ficar no controle do restaurante. Por isso eu chamei o Dr Robson aqui para fazer esses documentos onde eu passo o restaurante para vocês.

Pedro - mas nós dois somos muito novos pra gerir um restaurante assim.

Robert - Pedro tem razão pai.

Flávia - eu vou ajudar seu pai mas sempre que vocês tiverem dúvidas eu vou poder dar uma mão a vocês aqui.

Mauro - vocês conseguem. Eu não faria isso se não confiasse em vocês.

Robert - eu e o Pedro vamos conversar antes.

Mauro - ok, eu vou descer para o salão. Os papéis estão aqui.

Flávia - eu vou com você amor.

Nossos pais saem da sala e o Robert se levanta e fica andando para o lado e para o outro. Eu confesso que também estou muito confuso com tudo isso.

Robert - o que você acha ?

Pedro - acho que vamos ter que trabalhar mais.

Robert - sim.

Pedro - mas também acho que nós conseguimos.

Robert - acho que sim.

Pedro - o problema é essa doença do nosso pai.

Robert - também estou preocupado com isso. Muita coisa ao mesmo tempo.

Pedro - olha, esse é nosso papel. Nosso pai está doente e nós temos que assumir tudo.

Robert - é. Vamos ler e assinar logo esses documentos.

Nós assinamos os papéis e depois chamamos nosso pai. Ele veio com o advogado e deu finalização ao processo. Depois de tudo nós fomos para casa e meu pai estava tão feliz que decidiu pedir pizza e tortas para podermos comemorar.

Eu quase me esqueci do que tinha que fazer hoje, mas o Robert não deixou eu passar mais um dia na mentira e com uma baita desculpa para os nossos pais ele pegou o carro do meu pai e me levou na casa do David.

Assim que cheguei ele me recebeu com um abraço mas quando ia me beijar eu virei o rosto.

David - que foi ?

Pedro - a gente precisa conversar.

David - vamos pro quarto.

Pedro - não. Vamos conversar aqui mesmo.

David - pelo seu tom eu já imagino o que você veio fazer aqui.

Pedro - imagina ?

David - eu não sou burro Pedro. Eu sei que quando namoramos pela primeira vez foi tudo meio rápido e você achava que sentia algo por mim mas... acho que nós dois nos confundimos.

Pedro - por que você nunca me disse nada ?

David - eu não queria aceitar isso. Porque eu sempre quis você. Aí agora eu sei que você voltou comigo só pra eu não fazer nenhuma besteira mas eu não consigo mais parar.

Pedro - você continuou bebendo ?

David - não dá pra parar.

Pedro - mas você é novo David, você não pode deixar isso acontecer.

David - eu não consigo.

Pedro - eu queria poder te ajudar.

David - continua sendo meu amigo.

Pedro - eu sou seu amigo sim. Vem cá.

Eu o abraço e ele começa a chorar mas não como ele costumava fazer, era um choro sincero.

David - agora você pode ficar com aquele seu amigo.

Pedro - César ? não, eu não gosto dele.

David - então com quem vai ficar ?

Pedro - com quem eu deveria ter ficado desde o início.

Me despedi do David e entrei de volta no carro. Falei para o Robert ir rápido para o prédio onde o Edu mora mas quando chegamos lá ele não estava e também não antendia o telefone. Fomos para nossa casa.

Robert - ele deve estar dormindo.

Pedro - mas eu preciso falar com o Edu agora.

Robert - fica calmo e espera até amanhã.

Pedro - eu vou esperar.

No outro dia fomos trabalhar e eu passei quase toda manhã ligando para o Edu mas ele ainda não me atendia. Mesmo nervoso fui ajudar o Robert a organizar as contas do restaurante.

Nós entramos em uma saleta onde ficava os papeis da contabilidade e ficamos organizando tudo.

Robert - tinha uma moça que trabalhava aqui. Mas ela se demitiu um pouco antes de você vir trabalhar aqui.

Pedro - ela fugiu desses papéis, isso sim.

Robert - (risos) pode ser também.

Pedro - Robert olha isso aqui.

Robert - que ?

Eram boletos de cobrança de fornecedores do restaurante que não estavam pagos.

Robert - mas isso aqui era para estar pago.

Pedro - mas se não está onde está o dinheiro ?

Eu entrei no sistema do restaurante e procurei por alguma pista de onde poderia ter ido o dinheiro.

Robert - será que meu pai sabe disso ?

Pedro - ele afundaria o restaurante de propósito ?

Robert - ele podia ter pago isso com o dinheiro que comprou aquela casa.

Pedro - não podia porque ele não sabia disso

Robert - como assim ?

Pedro - olha, foram feitos vários depósitos pra conta dessa pessoa.

Robert - mas é a garota que trabalhava aqui !

Pedro - ela roubou nosso pai na cara de pau.

Robert - eu não acredito ! Agora eu sei porque desses caras cortaram o fornecimento. Eles falam que estamos devendo mas nunca me preocupei de ver esses papéis.

Pedro - isso é muito sério. De quanto é a dívida ?

Robert - juntando passa de oitocentos mil reais.

Pedro - nossa, nós não temos essa grana em caixa.

Robert - meu pai comprando casa e gastando dinheiro sem saber que estava devendo um monte de gente. Isso vai falir o restaurante, eu vou ligar pra ele.

Pedro - não ! ele não pode se preocupar com isso.

Robert - e o que a gente vai fazer ?

Pedro - vamos ligar, negociar e ver o que a gente pode fazer sem levantar suspeita.

Nós até tentamos, mas os fornecedores estavam irredutíveis e prontos para mover ações na justiça contra o restaurante. Nós tínhamos que arrumar um jeito de pagar todos eles pra ontem.

Robert - o que você acha de pegarmos um empréstimo com algum banco ?

Pedro - com esse monte de dívidas acho que nenhum banco vai querer emprestar grana pra gente.

Robert - tem razão. A gente vai ter que vender a casa.

Pedro - o sonho do nosso pai ? pra fazer isso teríamos que contar pra ele e isso esta fora de cogitação.

Robert - não sobraram muitas opções.

Eu andei até a janela da sala, olhei pra fora e fiquei pensando. Colocando as mãos sobre a parede eu tive uma idéia incrível.

Pedro - ROBERT !

Robert - o que foi ??? tá maluco ? você me assutou !

Pedro - esse prédio é alugado ?

Robert - claro que não. Meu pai comprou isso aqui quando esse pedaço do bairro era quase deserto.

Pedro - e agora está super valorizado. Eu aposto de tem um monte de gente de olho nesse prédio.

Robert - sim, a gente já recebeu umas propostas mas....

Pedro - mas... ?

Robert - Pedro você é um gênio !!

Pedro - eu sei.

Robert - a gente vende o prédio, paga os fornecedores e evita esse processo.

Pedro - e... pra não fechar o resturante e ter que demitir todo mundo nós podemos criar uma versão melhor.

Robert - claro ! a gente pode reabrir em um shopping daqueles que tem perto da nossa casa.

Pedro - exatamente !

Robert - isso é genial !

Pedro - depois você me agradece. Agora vamos ligar pros corretores.

Preparamos tudo, ligamos pra corretores, pessoas interessadas em comprar o prédio e para direção do shopping. Havia um lugar ideal para o nosso restaurante se instalar. Como já estava tudo pronto decidimos contar tudo para nosso pai.

Pedro - ...e aqui vai ser a área pra quem quer comer rápido, no balcão mesmo.

Flávia - é maravilhoso !

Mauro - eu não fazia ideia que a Marina andava me roubando. Mas vocês resolveram tudo muito rápido. Cabeça jovem é uma maravilha.

Robert - vai dar tudo certo pai.

Pedro - já está dando.

Nos abraçamos todos e por um momento eu até havia me esquecido do Edu. Porém meu telefone tocou e era ele querendo falar comigo. Eu o encontrei em um shopping.

Pedro - eu estava com saudades de você.

Eduardo - eu também estava.

Pedro - preciso te falar uma coisa.

Eduardo - eu também preciso.

Pedro - fala você primeiro.

Eduardo - ok. Pra mim é difícil dizer isso mas eu...

Edu mudou de expressão e ficou triste.

Eduardo - ....eu vou embora do Rio.

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