Capítulo 17
Parte da série Ninguém é Perfeito
Eu fiquei por alguns segundos pensando em uma desculpa muito boa para ter saído do apartamento dele correndo mas não ia conseguir mentir para o Edu, afinal ele é meu melhor amigo.
Pedro - eu não vou mentir pra você. Eu fui ma sua casa pra receber um pouco de carinho mas acabei tento a vontade de...
Eduardo - ...de... ?
Pedro - fazer alguma coisa com você.
Eduardo - alguma coisa tipo, sexo ?
Pedro - sim.
Edu começou a rir e eu fiquei muito chateado com ele, não tinha necessidade de debochar de mim daquele jeito. Eu sei que fui um babaca pensando essas coisas.
Pedro - é, pode rir.
Eduardo - eu não estou rindo de você. É que você finalmente tá demostrando que sente alguma coisa por mim. Mesmo que seja somente atração.
Pedro - também senti pelo David e olha no que deu.
Eduardo - o David nunca vai deixar de ser um idiota.
Pedro - vamos parar de falar dele por favor ?
Eduardo - sim, vamos falar de sexo ? o que você acha de fazer aqui e agora ?
Pedro - você tem namorada.
Ele pega o telefone e fica teclando alguma coisa, depois para e olha pra mim.
Eduardo - pronto, não tenho mais.
Pedro - você terminou com a Júlia por mensagem ?
Eduardo - sim. Eu voltei com ela pra agradar os meus pais, não ia durar muito mesmo.
Pedro - você é um idiota.
Eduardo - nós dois somos. E agora eu vou trancar aquela porta e você vai tirar sua roupa. Nós vamos ser parceiros de sexo. Nada de compromissos e nem rótulos.
Pedro - parece uma boa ideia.
Ele levanta e tranca a porta do meu quarto e depois volta na minha direção andando devagar e desabotoando a camisa. Eu não resito e fico rindo daquela cena. Ele sobe na cama e vem em minha direção, ele para com o rosto na frente do meu e ficamos nos olhando.
Pedro - tem certeza que quer fazer isso ?
Eduardo - tô doido pra comer essa sua bundinha.
Pedro - olha como fala... E se eu não deixar você me comer ?
Eduardo - Eu te como, você me come, vai ser divertido.
Pedro - tô doido pra experimentar o gosto dessa sua boca.
Eduardo - ah é ? você quer me beijar Pedro ?
Ele fica passando o nariz no meu rosto pra me provocar, depois ele me dá um selinho.
Pedro - você tá mexendo com fogo.
Eduardo - eu vou me queimar.
Ele me beija. Um beijo maravilhoso, Edu pode até dizer que não tem sentimentos amorosos por mim mas esse beijo disse totalmente o contrário. Foi o beijo mais carinhoso que eu ganhei na vida.
Depois que a gente parou de se beijar ele ficou olhando fixamente nos meus olhos. Meu coração estava estranhamente batendo muito forte, e o Edu estava com uma expressão assustada e ao mesmo tempo fofa, eu podia sentir a respiração dele.
Eduardo - você tá bem ?
Pedro - tá, tô.. É..
Minha mãe bate na porta chamando nós dois. E o clima entre eu e o Edu acaba. Nós descemos e fomos para cozinha.
Mauro - Eduardo, que bom que está aqui.
Robert - vocês dois estão bem ?
Pedro - aham, por quê ?
Robert - nada.
Flávia - vamos jantar gente.
Eduardo - eu vou nessa.
Mauro - claro que não, você senta aí que eu vou pegar um prato pra você.
Eduardo - ok.
Pedro - deve ser a primeira vez em dias que ele come comida de verdade.
Eduardo - ei, eu tô aprendendo a cozinhar.
Flávia - se você quiser eu posso dar umas aulas básicas pra você.
Eduardo - eu quero. Vocês vão ver, vou cozinhar como um profissional.
Mauro - posso fazer uma pergunta ?
Eduardo - pode.
Mauro - o que vocês estavam fazendo lá em cima ?
Pedro - pai !
Flávia - Mauro, isso é pergunta que se faça ?
Mauro - eu só queria saber. O Pedro tem namorado.
Pedro - não tenho mais.
Mauro - mas vocês começam e terminam assim tão rápido hoje em dia.
Flávia - o que aconteceu filho ?
Pedro - César vai morar na França e a gente teve que terminar.
Flávia - se você achou melhor assim filho.
Pedro - é melhor sim.
Mauro - mas vocês dois estão tento algo ?
Pedro - como assim ?
Mauro - vocês estão namorando ?
Flávia - é ficando que fala.
Eduardo - sim.
Pedro - não !
Eduardo - não então.
Mauro - sim ou não Pedro ?
Pedro - não pai.
Flávia - se estiverem eu não vejo problema.
Mauro - eu também não filho.
Pedro - mas não estamos, podem ficar tranquilos.
Eu acho que só minha mãe acreditou. Robert e meu pai ficaram me olhando com uma cara desconfiada e o Edu ficou sorrindo.
Depois do jantar eu e o Edu fomos dar uma volta na praia.
Eduardo - posso falar uma coisa ?
Pedro - fala.
Eduardo - aquele beijo mexeu comigo.
Pedro - mexeu como ?
Eduardo - mexeu com meus sentimentos por você.
Pedro - você tá me zoando ?
Eduardo - não Pedro !
Pedro - então ?
Eduardo - eu tô falando sério.
Pedro - você tá dizendo que está se sentindo atraído sexualmente por mim ?
Eduardo - não sexualmente. O beijo só confirmou um sentimento que eu já estava desenvolvendo.
Pedro - nossa cara.
Eduardo - por favor, diz pra mim que você tá sentindo o mesmo ?
Nós já tínhamos andando bastante e estávamos em uma parte mais vazia da praia e o Edu parou e colocou uma das mãos no meu braço. Ele estava estranho, com um tom de voz doce e demostrando um carinho excessivo. E depois daquele beijo todos os toques e reações nossas deixavam um clima estranho.
Pedro - Edu, você nunca falou com esse tom de voz comigo.
Eduardo - eu quero que você entenda o que eu estou sentindo.
Pedro - eu tô tentando.
Eduardo - olha isso.
Ele pegou minha mão e colocou no peito dele. Edu estava com os batimentos aceleredos.
Eduardo - desde nosso beijo meu coração não parou de bater rápido assim.
Pedro - eu achei que íamos ficar só fazendo sexo.
Eduardo - depois daquele beijo não tem como ser só isso.
Pedro - olha Edu, eu tô confuso e é melhor a gente ir cada um pra sua casa.
Eu fico agitado e quando viro ele segura minha mão. Eu fico nervoso e meu coração começa a bater forte assim como o dele. Eu me aproximo mais e ele passa os braços em volta do meu corpo me agarrando. Apoiamos nossas cabeças um no ombro do outro. Ficamos uns minutos em silêncio nos abraçando e depois ele beijou meu pescoço e quando nos olhamos nos beijamos novamente. Um beijo calmo, como se tivéssemos todo tempo do mundo. Edu fazia carinho no meu rosto e eu na sua nuca.
Eduardo - queria te falar uma coisa. Vamos esquecer essa história de fazer sexo por diversão e mesmo que você não esteja sentindo por mim o que eu sinto por você eu prometo que vou conquistar seu amor.
Pedro - eu nem sei o que dizer.
Eduardo - diz que sim.
Pedro - mas Edu, você é meu melhor amigo e...
Eduardo - ... e você tem medo de se enganar como foi com o David, acertei ?
Pedro - sim.
Eduardo - não precisa ter medo de nada.
Pedro - Edu...
Eduardo - não faz isso comigo.
Pedro - como tudo mudou assim ?
Eduardo - confesso que foi rápido, mas a paixão é assim, quando bate é rapido (risos)
Eu estou surpreso e ao mesmo tempo com medo de me enganar com o que estou sentindo. Claro que eu não vou dizer a ele que estou com os mesmos sentimentos desde que nos beijamos pela primeira vez, eu vou esperar e ver no que isso vai dar.
Voltei pra casa e tive que lidar com os olhares do meu pai e depois que fui para o quarto tive que encarar as perguntas do Robert.
Robert - fala logo.
Pedro - o que ?
Robert - tá rolando alguma coisa entre vocês ?
Pedro - não sei.
Robert - vai ficar mesmo escondendo as coisas de mim ?
Pedro - não tô escondendo nada.
Robert - então deixa de ser palhaço e fala logo.
Pedro - tá. Eu não sei lidar com o que aconteceu.
Robert - vocês ficaram ?
Pedro - sim. Mas não foi normal Robert.
Robert - como assim ? vocês se beijaram de cabeça pra baixo ? (risos)
Pedro - deixa de ser idiota. Eu tô falando que quando a gente se beijou foi diferente. Diferente do David, do César e do Hugo.
Robert - mas por quê ?
Pedro - meus sentimentos por ele ficaram escondidos até hoje, até esse beijo. É estranho, eu fico nervoso e meu coração parece que vai sair pela boca.
Robert - te informo que você está apaixonado.
Pedro - mas eu não falei pra ele.
Robert - por que ?
Pedro - ele começou a falar dos sentimentos dele e começou a ser muito carinhoso e muito diferente do Edu que eu estou acostumado. O Edu que só pensava em sexo agora só fala de amor.
Robert - ele não pode ter mudado ?
Pedro - sim, eu notei uma mudança grande nele mas mesmo assim eu me assutei.
Robert - a única coisa que eu posso te dizer é pra você ir com cuidado. E confia no seu coração.
Pedro - valeu irmão.
Robert - qualquer coisa eu estou aqui.
Pedro - eu sei.
Robert saiu do meu quarto me deixando com meus pensamentos. No outro dia eu fui trabalhar com ele e passei o dia conversando por mensagem com o Edu. Ele está muito feliz e demostra isso o tempo todo. Combinei com ele de eu ir no apartamento dele depois do trabalho. Assim que terminei de fazer meu trabalho eu me despedi dos meus pais e do Robert que quis ficar mais no restaurante. Eu saí pela porta do salão e dei de cara com a última pessoa que esperava ver hoje. Ele parecia perturbado.
David - oi.
Pedro - oi David, você tá bem ?
David - tô sim, estava esperando você sair.
Pedro - você quer falar comigo ?
David - quero sim.
Pedro - pode falar.
David - vamos pra outro lugar ?
Pedro - aqui está bom David.
David - você tá com medo de mim ?
Pedro - eu não tenho medo de ninguém.
David - eu não vou fazer nada com você.
Pedro - David, você não parece estar bem. Vamos sentar na dentro, eu vou pegar água pra você.
David - EU NÃO QUERO !
Pedro - Ei ! abaixa o tom.
David - desculpa meu amor.
Pedro - eu não sou seu amor. Vai pra casa e outro dia a gente conversa.
David - não Pedro... eu vim pedir pra voltar com você.
Pedro - eu achei que a gente tinha se entendido naquele dia.
David - não, eu não posso aceitar que você me deixe assim.
Pedro - caramba David. Se eu soubesse que ia ser dessa forma eu nunca teria aceitado namorar você.
David - não fala isso.
Pedro - eu preciso falar. Porque foi um erro, eu achei que estava apaixonado por você mas não estava ! Eu me culpo porque estraguei nossa amizade com isso.
David - não Pedro...
Ele começa a chorar como uma criança. Eu já sei qual o jogo dele com essa cena e estou cansado disso.
Pedro - nossa David, para com isso !!! você não é mais criança cara ! eu cansei disso, eu não quero mais você ! chega !!!
Robert - o que tá acontecendo aqui Pedro ?
Robert sai do restaurante e na mesma hora o David cai no chão. Robert me ajuda a pegar ele e eu tento o acordar mas ele não reage então chamamos meu pai e levamos ele no hospital. Assim que chegamos a tia Elizabeth nos recebeu com calma, parecia já saber o que estava havendo. Os enfermeiros levaram o David e depois de alguns minutos tia Beth veio falar com a gente.
Pedro - ele está bem tia ?
Elizabeth - tá sim querido. O David teve uma overdose. Ele vem ingerindo muito álcool ultimamente e o exame acusou uma mistura de álcool com droga.
Pedro - droga ?
Elizabeth - sim, eu como mãe estou muito decepcionada.
Pedro - isso é tudo culpa minha.