Capítulo 12
Parte da série Ninguém é Perfeito
Apesar do Robert ter falado comigo aquela pergunta me pegou meio de surpresa. Eu fiz uma cara meio espantado e engoli seco.
Flávia - a gente assutou você ?
Pedro - é que eu não esperava.
Mauro - olha, a gente ta no meio da mudança pra casa nova num bairro um pouco melhor, perto da praia e dos melhores shoppings.
Flávia - é uma casa grande e temos um quarto pra você. O David pode ver você e dormir lá quando você quiser.
Pedro - nossa gente é muita informação.
Robert - pai, mãe.. da um tempo pra ele pensar.
Flávia - domingo vamos fazer um almoço para você conhecer a casa, pode ser ?
Pedro - sim, pode ser.
Mauro - então tá ótimo.
Saímos do restaurante.
Pedro - eles estão muito animados.
Robert - é, e eu também estaria se você fosse morar com a gente.
Pedro - mas eu não respondi.
Robert - mas eu sei que você não vai querer deixar de morar com o David.
Pedro - sim, mas... Não sei, eu me sinto tão bem com você e seus pais.
Robert - então eu posso ter esperança ?
Pedro - eu vou falar com o David.
David - falar o que ?
Como eu já havia mandado mensagens para ele avisando que íamos sair juntos o David foi nos encotrar no restaurante.
Pedro - a gente tem que conversar.
Robert - vamos no cinema nos destrair um pouco e quando vocês estiverem em casa vocês conversam.
David - se o assunto poder esperar...
Pedro - pode sim.
Robert - então vamos lá.
Depois do cinema eu e o David fomos para casa e eu não conseguia disfarçar meu medo da reação dele ao saber do convite feito pelos pais do Robert.
David - então, o que você quer me dizer ?
Pedro - amor, eu recebi um convite e queria contar pra você.
David - tá, é pra que ?
Pedro - os pais do Robert estão se mudando e eles...
David - fala amor...
Pedro - eles estão querendo que eu more com eles.
David - é isso ?
Pedro - sim.
David - ah tá, e você disse não obviamente.
Pedro - eu disse que ia pensar e eles chamaram a gente para um almoço no domingo. Eu preciso responder até lá.
David - por que você disse que ia pensar ?
Pedro - porque eu acho que talvez seja uma boa ideia.
David - não Pedro, não é uma boa ideia. Você vai me deixar logo agora ?
Pedro - eu não tô dizendo que vou te deixar.
David - você não tá feliz aqui ?
Pedro - eu tô sim mas eu me sinto muito bem com eles e a gente pode continuar namorando normalmente. Eles nos apoiam. David, eles são o que eu tenho mais perto de uma família.
David - e eu sou o que pra você ??
Pedro - você é meu namorado !
David - eu não aceito que você more lá.
Pedro - amor, eu não vou morar com você e sua mãe para sempre.
David - sim, porque daqui a pouco nós vamos ter nossa casa e vamos morar sozinhos.
Pedro - e enquanto esse dia não chega ?
David - Pedro, por favor não faz isso comigo, fica aqui.
David começa a chorar igual uma criança. Eu conheço essa reação dele, sempre que ele ficar muito nervoso e triste ele chora dessa forma e eu tenho que mudar de assunto para ele parar. Eu o abraço para ele se acalmar, ele sempre usa isso como arma pra conseguir o que quer desde criança.
Pedro - amor, chega eu não vou mais...
David - fica aqui comigo.
Pedro - eu vou ficar.
Agora eu tenho que pensar em como eu vou contar isso para os pais do Robert.
No outro dia eu fui trabalhar e passei o dia com a cabeça em outro lugar. Não quis falar para o Robert o que estava acontecendo pois ele estava com esperança de me ter por perto na casa dele. No fim do dia eu sai do restaurante e o Edu estava do lado de fora, parecia que estava me esperando.
Eduardo - achei que não ia sair daí.
Pedro - você está me vigiando ?
Eduardo - não, eu só estou aqui para conversar.
Pedro - fala.
Eduardo - vamos para um lugar mais calmo, sentar e conversar um pouco.
Pedro - tá, pra onde vamos.
Eduardo - tem um barzinho jovem aqui na rua de trás. Vamos lá.
Fomos andando até a rua de trás e chegamos em um barzinho muito legal com pessoas jovens, bonitas e música ao vivo. Nos sentamos e o Edu pediu bebidas.
Pedro - não vou encher a cara.
Eduardo - só pra descontrair.
Pedro - fala logo o que você quer.
Eduardo - quero pedir desculpas.
Pedro - tô ouvindo.
Eduardo - eu fui um babaca com você. Você é meu melhor amigo e eu não podia agir da forma que eu agi com você.
Pedro - tô surpreso.
Eduardo - por que ?
Pedro - porque eu te conheço e sei que você ta sendo sincero.
Eduardo - e o que tem de mais nisso ?
Pedro - nada, você reconheceu seu erro.
Eduardo - sim e eu quero continuar sendo seu melhor amigo se você quiser.
Pedro - você é um idiota mas eu te amo (risos)
Eduardo - eu vou te agarrar e te dar um abraço daqueles...
Ele levanta da cadeira e me agarra na frente de todo mundo. Eu fico rindo, não tenho muito o que fazer quanto a essa característica do meu amigo. Ele pediu mais bebida para comemorar e a gente bebeu, bebeu e bebeu mais ainda.
No outro dia eu acordei no quarto do Edu, pelado e sem saber o que eu estava fazendo aqui. Eu não achei minhas roupas nem meu telefone, me enrolei em um lençol e fui procurar o Edu. Ele estava na cozinha de cueca.
Eduardo - acordou ? tô fazendo um chocolate quente.
Pedro - eu dormi aqui ?
Eduardo - não lembra ? a gente fez amor a noite toda.
Pedro - QUE ???
Ele começou a gargalhar e eu fiquei gelado, devo ter mudado de cor na hora.
Pedro - Edu, por quê você fez isso comigo ?
Eduardo - calma.
Pedro - como calma, como eu posso ficar calmo com isso ?
Eduardo - a gente só bebeu de mais.
Pedro - Edu...
Eduardo - tá, eu tô brincando... A gente bebeu sim mas não fizemos nada.
Pedro - seu palhaço, ridículo.
Eduardo - a gente exagerou cara, foi só isso.
Pedro - e minhas roupas ?
Eduardo - você derramou bebida e eu tirei, lavei...
Pedro - e por que não colocou uma roupa sua em mim ?
Eduardo - não queria ficar pondo a mão em você.
Pedro - para, você dormiu comigo pelado na cama.
Eduardo - eu dormi na sala.
Pedro - ah é ?
Eduardo - sim.
Pedro - você mudou mesmo.
Eduardo - você é um tesão mas eu não sou mal caráter, eu nunca faria nada contra sua vontade.
Pedro - sou ?
Eduardo - eu não sei Pedro, tô confuso.
Pedro - eu vou embora.
Eduardo - sua mochila ta na sala, suas roupas estão na lavanderia.
Eu peguei minhas coisas e coloquei minha roupa. Meu telefone tinha um monte de chamadas do David e do Robert.
Pedro - a gente se vê.
Eduardo - sim.
Fui direto para o restaurante pedir ajuda do Robert para não ter que contar a verdade para o David. Assim que eu cheguei ele me deu um abraço.
Robert - você tava aonde ? ?? tá ficando maluco ??
Pedro - eu sei, eu sei... mas eu preciso que você diga ao David que eu dormi na sua casa.
Robert - eu já fiz isso.
Pedro - fez ?
Robert - fiz. Ele me logou ontem a noite desesperado e eu disse que você estava comigo. Que a gente saiu juntos e depois você foi pra minha casa mas que já estava dormindo.
Pedro - obrigado amigo.
Robert - claro que eu também fiquei maluco e fiquei ligando pra você. Eu quase contei pros meus pais.
Pedro - eu...
Robert - afinal onde você estava ?
Pedro - eu encontrei o Edu e saí com ele pra conversar, a gente bebeu e eu fui pro apartamento dele.
Robert - você não...
Pedro - não ! mas o David nunca entenderia isso.
Robert - então eu agi certo.
Pedro - muito obrigado.
Robert - tudo bem.
Dei um abraço no Robert. Ele estava realmente nervoso com aquela situação. Eu liguei para o David e ele estava tranquilo. Quando eu cheguei em casa de noite eu aproveitei e dei um trato nele pra poder ajudar a acalmar as coisas.
David - só espero que você não tenha ido pra lá pra poder se acostumar com a casa.
Pedro - não amor, pode ficar tranquilo.
David - da próxima vez me avisa antes.
Pedro - pode deixar.
O domingo chegou e o Robert buscou a gente em casa para levar até a casa nova dele. David concordou em ir ao almoço e ficar na paz, eu ia dizer ao tio Mauro e a tia Flávia que não ia poder morar com eles. A casa não era uma mansão mas era uma casa de muito bom gosto e grande num bairro chamado Recreio dos Bandeirantes, não muito longe de onde eu moro, por acaso era o bairro onde o Edu morava.
Chegamos e a tia Flávia estava na cozinha terminado alguma coisa. Eu dei um beijo e um abraço nela. Eu tinha que fingir que já conhecia a casa toda e torcer para a tia Flávia não falar nada do tipo para o David não descobrir o que realmente eu fiz ontem.
Flávia - gente, fica a vontade. O Mauro deu uma saída mas ele já volta.
Robert - vou mostrar a casa.
Flávia - eu vou terminar aqui.
Nós saímos da cozinha, conhecemos a varanda, a churrasqueira e o que eu mais gostei, a piscina. Depois subimos e fomos para o quarto do Robert, antes de entrar ele me mostrou onde seria meu quarto.
Robert - eu consegui impedir eles de mobíliarem o quarto de ontem pra hoje.
Pedro - então, eu acho que não vou vir morar aqui.
Robert - poxa... eu já estava todo feliz.
Pedro - eu sei cara.
David - tenta me entender Robert, eu não quero ficar longe do Pedro.
Robert - você não ia ficar longe dele David. Só porque vocês iam morar em casas diferentes não significa que vocês iam ter que terminar.
David - eu sei cara mas eu não gosto da ideia de ficar separado dele.
Robert - tudo bem, eu te entendo.
Pedro - me desculpa.
Robert - tudo bem, a gente é amigo e isso não muda mais.
Pedro - que bom.
David - como aconteceu ontem, vocês podem estar sempre juntos, eu deixo.
Pedro - é verdade.
Depois de dar aquela risada de nervoso nós vimos o restante da casa e para todos os efeitos David pensa que eu não cheguei a conhecer tudo. Nós descemos para o primeiro andar da casa e fomos andando até a cozinha e quando entramos o tio Mauro e a tia Flávia estavam de costas para a entrada da cozinha discutindo baixo, como se não quisessem ser ouvidos.
Flávia - ...eu sei meu amor... mas eu não aguento mais esconder isso deles, temos que contar que o Pedro é nosso filho...
Pedro - O QUE ?!?!