Capítulo 05

Conto de Gojimmy como (Seguir)

Parte da série Ninguém é Perfeito

Essa deve ser uma das piores partes. Contar para seu amigo hetero que você é gay.

Não sei se foi por sorte ou por puro azar meus pais chegaram bem na hora que eu ia falar. Com bolsas, uma caixa de uma torta e falando pra caramba.

Maria - olá.

Cláudio - e aí meninos ?

Pedro - o que são essa coisas ?

Maria - como você chamou seu amigo aqui, seu pai deu ideia de fazermos uma festinha nós quatro.

Cláudio - tem coisas para fazer brigadeiro, tem torta de chocolate e vamos pedir pizza.

David - é que eu já estava indo.

Cláudio - por que você não dorme aqui ?

Maria - o menino deve ter algo pra fazer Cláudio. Pode ir querido.

Eu fico olhando pra cara da minha mãe e esperando uma atitude do meu pai quanto ao que ela estava falando.

Cláudio - eu insisto David, nós não vamos comer isso tudo sozinhos.

David - ok

Minha mãe parece não ter gostado muito da ideia mas o David ficou com a gente até o outro dia. Eu acabei desistindo de contar pra ele nesse momento, até porque minha mãe ficou em cima o tempo todo.

Durante a semana eu decidi conversar com o Edu, eu combinei com ele de me encontrar num shopping que ficava perto pra mim e perto para ele.

Ele me encontrou depois do trabalho.

Eduardo - fiquei preocupado quando você me disse que precisava conversar.

Pedro - é, eu tenho uma coisa pra contar.

Eduardo - fala.

Pedro - vou direto ao assunto se não eu não vou conseguir.

Eduardo - Pedro você tá nervoso... então é sério.

Pedro - é, um pouco.

Eduardo - fala, eu tô com você independente do que for.

Pedro - obrigado. Então, eu... a algum tempo tenho tido umas confusões que eram com relação a minha sexualidade.

Eduardo - você achava que era gay ?

Pedro - não acho... eu sou.

Ele engoliu seco e ficou olhando pra minha cara, parecia assustado.

Pedro - fala alguma coisa por favor.

Eduardo - não sei o que dizer. Eu já notei algumas coisas mas tinha deixado pra lá.

Pedro - notou o que ?

Eduardo - você começou a rejeitar minhas brincadeiras por exemplo.

Pedro - suas brincadeiras são bem estranhas.

Eduardo - mas são brincadeiras.

Pedro - enfim.

Eduardo - seus pais sabem ?

Pedro - não. Nem podem, pelo menos não agora.

Eduardo - e quem sabe ?

Pedro - na minha escola quase todo mundo.

Contei pra ele todo ocorrido com o Hugo desde o início.

Eduardo - caramba. Que loucura cara.

Pedro - pois é.

Eduardo - bom, eu tô do seu lado, o que você precisar eu tô aqui.

Pedro - valeu meu irmão.

Eduardo - e tô feliz de saber disso antes do David (risos)

Nós combinamos de eu ir a casa dele no fim de semana. O Edu era um amigão, sempre que eu precisava ele estava lá ao meu lado me dando força.

No outro dia, eu saí de casa atrasado e fui correndo para o ponto, o ônibus demorou e quando ia chegando perto da escola eu já estava muito atrasado para entrar no primeiro horário. Na frente da escola o Hugo estava parado, parecia esperar alguém.

Hugo - oi atrasado.

Pedro - oi Hugo, tudo bem ?

Hugo - melhor agora vendo você. A gente pode conversar ?

Pedro - você estava me esperando ?

Hugo - sim.

Pedro - vamos sentar ali na praça.

Fomos para os bancos da praça que fica nos fundos da escola.

Hugo - vou direto ao ponto. Eu quero ficar com você.

Pedro - achei que você já tinha entendido.

Hugo - não tô acostumado a ser rejeitado.

Pedro - não estou rejeitando você.

Hugo - você só me quis pra tirar suas dúvidas, agora não me quer mais ! Tem um monte de caras querendo ficar comigo.

Pedro - e por que você não fica com eles ?

Hugo - eu quero você ! quantas vezes eu vou ter que dizer ?

Pedro - eu entendi. Mas eu não sinto nada além de amizade por você.

Hugo - isso não é justo.

Pedro - olha só. Foi bom ter ficado com você aquele dia mas agora é diferente.

Hugo - tem outro cara ? você gosta de outro cara ?

Pedro - não Hugo. Eu só não quero ficar com você nesse momento.

Hugo - e se eu te der um tempo, você pensa e mais pra frente me fala.

Pedro - não quero te dar esperança.

Hugo - então me da um último beijo.

Eu o beijei e depois nós nos despedimos. Eu não estou pronto pra assumir nenhum tipo de relacionamento. Espero que ele tenha entendido.

Os dias foram passando e quando chegou o sábado novamente eu me preparei para ir a casa do Eduardo. Enfrentei os ônibus e cheguei na hora do Almoço. Tio Marcos, o pai do Edu me recebeu.

Marcos - mas quanto tempo eu não te vejo Pedrinho ! Tô feliz de você estar aqui, vem entra. O Dudu está lá em cima.

Entrei e fui primeiro na cozinha falar com a Tia Aline. Depois fui até o quarto do Edu.

Pedro - ooi.

Eduardo - caramba, nem me avisou que tinha chegado.

Ele veio até mim e me agarrou num abraço. Eu ia o empurrar mas aquele abraço foi tão bom que eu esqueci de tudo.

Pedro - então, o que vamos fazer ?

Eduardo - hm...

Nós ficamos conversando e fazendo aquelas coisas de amigos. O Edu voltou a fazer aquelas brincadeiras comigo. Mesmo eu tentando sair ele insistia.

Pedro - cara é sério. Para com isso.

Eduardo - eu não me importo com o que você gosta, não vou mudar por causa disso.

Pedro - você não se incomoda ?

Eduardo - por que ?

Pedro - porque eu posso começar a sentir atração por você.

Eduardo - não, isso pode ser bom. Eu namoro a Julia e pego você nos fins de semana.

Pedro - você é ridículo.

Eduardo - e você gosta disso. Seu lindo.

Ele é aquele típico garoto que não esta nem aí pra nada.

Quando estava próximo de irmos dormir eu entrei no banheiro e ele queria entrar comigo mas eu não deixei. Quando foi sua vez de tomar banho, ele fechou a porta do quarto mas deixou a porta do banheiro aberta achando que eu ia entrar pra olhar. Ele saiu do banho enrolado na toalha.

Eduardo - quer me ver pelado ?

Pedro - não, vou até sair do quarto pra você colocar sua roupa.

Eduardo - para de palhaçada. Eu sei que você tá doido pra ver.

Pedro - não, obrigado.

Eduardo - eu mostro pra você. Fica entre a gente.

Pedro - sai fora.

Eduardo - sai fora ?

Ele vem na minha direção e eu saio correndo mas ele me segura e me empurra na parede. Ele começa a passar a mão em mim e fazer cócegas e eu tento me soltar. Bem no momento que ele pegou no meu pênis a toalha dele cai e alguém abre a porta. Nós ficamos parados.

Marcos - O QUE É ISSO ???

Eduardo - pai eu posso explicar...

Marcos - EXPLICAR ESSA POUCA VERGONHA NA MINHA CASA !!! EU QUERO OS DOIS LA EM BAIXO AGORA !!!

Eduardo - pai por favor.

Pedro - olha o que você fez !!

Tio Marcos sai gritando a mãe do Edu. Ele coloca uma roupa rapidamente e nós descemos. Quando chegamos na sala o pai do Edu estava contando o que ele viu para ela.

Eduardo - mãe, pai por favor.

Aline - o que é isso Eduardo ?

Marcos - SÃO DOIS GAYS !! ELES ESTAVAM SE AGARRANDO NO QUARTO.

Aline - se agarrando ????

Marcos - SIM ! E O SEU FILHO ESTAVA NU.

Aline - EDUARDO ??

Eduardo - mãe me ouve, era só uma brincadeira.

Marcos - BRINCADEIRA ???? EU DEVIA TE ENCHER DE PORRADA MOLEQUE !!!

Eduardo - pai você tá passando dos limites. EU NÃO SOU GAY !

Marcos - E TAVA FAZENDO O QUE AGARRANDO O PEDRO ???

Aline - Marcos por favor para de gritar, os vizinhos vão ouvir. Tô decepcionada com vocês dois. Pedro, eu recebo você na minha casa e você faz isso ?

Pedro - não aconteceu nada Tia.

Aline - não me chama de tia !!

Marcos - não aconteceu nada por que eu cheguei bem na hora !!! eu não imagino o que eles fizeram quando estavam sozinhos naquele domingo.

Eduardo - não fizemos nada nem hoje e nem aquele dia !!!

Marcos - eu quero os dois fora da minha casa AGORA !! pode arrumar suas coisas e sair daqui.

Eduardo - PAI ???

Marcos - AGORA EDUARDO !

Eduardo - mãe por favor.

Aline - não posso fazer nada.

Marcos - e eu já estou ligando para os seus pais Pedro.

Ele me puxa pelo braço e nós subimos para o quarto dele. Estávamos desesperados.

Pedro - o que a gente vai fazer ???

Eduardo - eles passaram dos limites. Agora eu que não quero ficar aqui.

Pedro - e você vai pra onde ?

Eduardo - primeiro vou ligar pra Julia antes que eles liguem e explicar tudo.

Pedro - eu não quero nem ver quando eu chegar em casa.

O telefone dele começa a tocar. Ele fica uns cinco minutos discutindo com ela no telefone e desliga com raiva.

Eduardo - ela terminou comigo.

Pedro - caramba Edu !!!

Eduardo - que merda ! minha mãe deve ter corrido pra ligar pra ela.

Pedro - eu tenho que ir logo antes que eles liguem pra minha casa.

Eduardo - eles já ligaram...você não pode ir pra casa, seus pais vão te matar.

Pedro - até eu explicar.

Eduardo - eles não vão deixar nem você falar com certeza. Eu tenho um apartamento que eu ia morar com a Julia.

Pedro - então você pode ir pra lá.

Eduardo - nós vamos. Tem pouca coisa lá mas a gente pode se virar.

Pedro - eu tenho que ir pra casa.

Eduardo - vai e me encontra naquele shopping

Pedro - mas eu não sei o que vai acontecer lá em casa.

Eduardo - se ficar tudo bem você me liga.

Pedro - tá.

Eu deixei ele no quarto e fui o mais rápido que eu pude para casa. Quando eu cheguei eu parei no portão respirei e entrei em casa. Meu pai estava na sala.

Pedro - oi pai.

Cláudio - Pedro. Em casa tão cedo ?

Pedro - é. A gente tem que conversar.

Cláudio - sobre o que ? que você estava se agarrando com outro homem agora pouco ?

Pedro - o Tio Marcos já ligou pra cá.

Cláudio - sim e eu mau pude acreditar que meu filho é desse jeito.

Pedro - pai, foi uma brincadeira que...

Cláudio - ... não não não. Não quero ouvir nenhuma explicação.

Minha mãe aparece chorando muito na sala e empurrando quatro malas grandes.

Cláudio - o que é isso ?

Maria - todas as roupas dele.

Pedro - mãe... pra onde eu vou ?

Maria - não sei, se vira. Eu não quero gente como você na minha casa.

Pedro - mãe ???

Maria - não me chama de mãe !!!

Cláudio - não ! tudo que você tem me pertence. Essas malas ficam aqui, vou por fogo. Você pode ficar com essa mochila que você levou pra casa do seu namorado.

Fora da minha casa agora !

Pedro - pai....

Cláudio - fora Pedro !

Pedro - vocês vão fazer isso comigo ? deixa eu falar por favor.

Cláudio - eu já devia imaginar. Não era com o David que rolava nada né ?

Pedro - pai não aconteceu nada...

Cláudio - fora da minha casa antes que eu tenha que jogar você na rua.

Eu saio de casa chorando. Fui expulso da minha casa como um cachorro, e pelos meus próprios pais... Eles nem quiseram me ouvir.

Depois de chorar sentando no banco de uma praça perto da minha casa eu me lembrei do que o Edu havia falado. Peguei um ônibus e fui direto para o shopping que ele tinha dito, já estava fechado pois já era tarde. O encontrei na frente da entrada, ele estava com umas malas e eu o abracei.

Pedro - eu fui colocado pra fora igual um bixo.

Eduardo - sinto muito irmão.

Pedro - meus pais cara...

Eduardo - nossos pais né ?

Pedro - o que a gente vai fazer agora ?

Eduardo - vamos pro nosso apartamento.

Pedro - nosso ?

Eduardo - pois é.

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