Amor sem razão - Capitulo 1

Parte da série Amor sem Razão

Amor sem razão

Capitulo 1: Coincidências

Estava atrasado, a cabeça doía e os relatórios da empresa se acumulavam no escritório, estava dirigindo o mais depressa possível para chegar ao trabalho quando meu celular tocou,era minha ex-mulher Isabel.

-Oi bel

-Olá David! Estou ligando pra confirmar que estou mandando a Isadora às 10h00min, minha vigem esta marcada para as 15h00min, você não se esqueceu disso, não é?

-Claro que não (tinha esquecido completamente), boa viajem e não se esqueça de me trazer uma lembrança.

-Ok, beijos!

-Tchau

Tinha me esquecido completamente, mais um problema para acrescentar a minha lista, não que passar um mês com minha filha fosse o problema, o problema era achar alguém que ela gostasse pra cuidar dela enquanto eu estivesse fora, para uma menininha de cinco anos ela e muito seletiva e cheia de opiniões, na ultima vez tive que trocar de baba quatro vezes, não posso culpa-la, sou assim também, me casei muito jovem com 25 anos, mas não me arrependo foram três bons anos, não nos amávamos, éramos amigos e por um descuido tivemos que casar para encobrir a gravidez, estávamos feliz, na medida do possível, mas nunca estávamos plenamente satisfeitos, na realidade nunca me satisfiz completamente sempre faltou algo que me completasse, ate que um dia Isobel encontrou o verdadeiro amor e de uma forma amigável optamos pela separação, agora ela está saindo em viagem de lua de mel, vou ter que ficar com Isadora tendo um monte de trabalho me esperando na empresa, o mês ia ser puxado.

Foi tudo muito rápido, o semáforo Fechou e eu não percebi, estava distraído pensando no encontro desastroso que tivera na noite passada, um rapaz estava atravessando, estava bem em cima, freei bruscamente, rodopiei na pista e parei em cima da calçada, ainda bem que consegui desviar e não machuquei o rapaz, minha felicidade durou pouco, ele estava parado com a cabeça baixa, pálido, podia jurar que estava todo se tremendo, quando me viu descer do carro seus olhos se arregalaram por um segundo e logo depois sua expressão mudou do branco para o vermelho – ira.

-Seu estúpido ignorante, não viu que o sinal estava fechado? Quase me matou!

-Me descul...

-Não olha por onde anda? Quem você pensa que é pra botar a vida das pessoas em risco desse jeito?

-Me desculpe, foi um acidente! Deixe-me ajuda-lo!

-Obrigado, mas não preciso de sua ajuda, e da próxima vez olhe por onde anda!

Ele saiu batendo o pé e me xingando baixinho, foi cômico de se ver, teria sorrido se a situação fosse outra, o baixinho era corajoso, devia ter na faixa de 1,70 de altura, tinha feições arredondadas, cabelos penteados pra cima em um corte moderno, uma boca carnuda e ligeiramente rosada, difícil de se ver em um rosto masculino ( sou bom em reparar em características ), alguma coisa nele me chamou a atenção,deve ter sido o modo como ele me enfrentou e defendeu seu direitos, gosto de pessoas que não tem medo de enfrentar as outras,olhei o relógio,caramba meia-hora de atraso,voei .

-Bom dia seu David – saudou minha secretaria – deixei uns contratos na sua mesa, eles precisam ser assinados e entregues ate 16:00 .

- Ok, ah! Já ia esquecendo, procure pra mim uma babá que esteja disponível por um mês, seja criteriosa dona Thais você sabe como a Isadora e exigente.

- Sei sim, pode deixar – ela sorriu pra mim, já sabia o que ela ia dizer – o mês vai ser puxado.

Sorrir de volta, conhecia muito bem minha secretaria apesar de muito nova sempre foi eficiente, gosto de me dar bem com meus funcionários. Afundei-me nos relatórios, tinha que ser rápido, quando dei por mim já se passava do meio-dia um tanto estranho, pois Isadora já devia ter chegado e até agora ainda não tinha recebido nenhum chamado da Thais pedindo ajuda pra acalmar a ferinha, melhor ir verificar. Qual foi a minha surpresa ao encontrar, sentados no chão da recepção colorindo e cantarolando musicas infantis, desenhos se espalhavam por todo chão e o os dois brincavam alheios sem se importar com os outros era uma imagem gostosa de se ver, e espantosa ao mesmo tempo, Isadora parecia adorar o novo amigo nunca tinha visto ela gostar de alguém em tão pouco tempo, o baixinho irritado do “quase acidente” sabia muito bem entreter uma criança, Isadora percebeu minha presença e correu em minha direção.

-Papai, papai! Vem ver os desenhos que eu fiz com o tio Gio.

Então era Gio o nome dele? O que isso importa? Fiquei me perguntando. No mesmo instante ele se levantou e me viu se aproximando sendo puxado por Isadora, o reconhecimento cruzou seu rosto junto com outro sentimento que não soube identificar, vergonha talvez, pouco antes de se transformar em uma careta.

-Senhor David –Thais foi entrando- tive que sair pra buscar seu almoço, deixei a Isadora com meu primo, espero que não se importe, eles se deram tão bem.

- Sem problemas, não vai me apresenta-lo?

-Giovanny! Esse o meu chefe e pai de Isadora, David!

-Não sei se e um prazer - ele disse antes de tocar minha mão, não pude deixar de sorrir, ele ainda não tinha me perdoado pelo quase acidente – vejo muito bem de onde Isadora herdou a beleza, já a boa educação, fico me perguntando, da mãe talvez?

A alfinetada doeu, mas não me aborreceu, sempre admirei pessoas corajosas e enfrentar um homem com quase 1,90 de altura era pra poucos.

-Giovanny o que e isso? –interveio Thais- onde esta a sua educação?

-Não se preocupe Thais, ele ainda não me perdoou por quase tê-lo matado esta manhã, eu realmente sinto muito.

-Então foi o senhor o “bonitão estúpido” que quase o matou? – Thais falou sem pensar e Gio corou na hora- Quero dizer, me desculpe – ela sorriu envergonhada.

Não pude conter a gargalhada.

-A parte do “bonitão” eu não sei, já o resto foi eu sim.

-Eu deveria me desculpar pelas coisas que falei, mas não vou, o senhor sabe que eu estava certo, eu o desculpo. - Gio disse olhando diretamente pra mim, não pude deixar de reparar no movimento sensual que seus lábios faziam. - o senhor tem uma filha linda .

-Obrigado, e Senhor esta no céu pode me chamar de David.

Ele apenas sorriu pra mim, e foi como se tudo ao meu redor se iluminasse, ele tinha duas covinhas quando sorria e isso lhe dava um ar inocente, meu Deus o q era isso? Nunca tinha reparado em homens antes, e agora eu não conseguia tirar os olhos do corpo de Gio, ele tinha pernas grossas e uma bunda redondinha e empinada que se destacava muito bem na calça jeans colada a blusa não mostrava muito, mas eu podia jurar que ele tinha curvas pelo contorno que fazia, diferente e encantador ao extremo. Era impressão minha ou eu estava tendo uma ereção? Sua voz me tirou de meus devaneios.

-Foi um prazer David – ele disse, Isadora largou os papeis em que desenhava e veio correndo em nossa direção, Gio a pegou no colo – Isadora meu anjo, titio ta indo!

-Não tio, ainda não, o senhor nem me ensinou a desenhar a casinha de boneca!

-Na próxima vez eu ensino meu bem, prometo.

Ele sorriu pra ela, a carinha que ela fez disse tudo ela não ia aceitar assim tão fácil, conheço bem filha ele a tinha conquistado, coisa difícil de ver assim tão rápido, decidi interferir para o bem dela ou será que era porque eu também não queria que ele fosse?

- Você te algum compromisso Gio? Não gostaria de almoçar com gente?

- Vamos tio – Isadora pressionou – o papai compra sorvete pra gente, né pai?

- Se o tio Gio quiser – nos olhamos pra ele e expectativa.

- Só se for de morango – ele disse sorrindo, o rosto de Isadora se iluminou e acho que o meu também, tava tudo muito confuso.

-E o meu favorito – Isadora anunciou batendo palmas.

Fomos em direção ao restaurante que fica bem frente ao escritório, o almoço estava ótimo, foi muito bom ver eles se divertindo ate sobrou pra mim na hora do sorvete, Isadora melou a ponta do nariz do Gio com sorvete e ele pra desforrar melou o meu, o mais assustador foi quando ele me tocou e eu senti um arrepio de excitação por todo corpo, por um instante eu fiquei serio olhando nos seus olhos, ele entendeu errado minha reação , corou, abaixou o olhar e depois pediu desculpas, peguei um pouco de sorvete e joguei no seu rosto, Isadora se pôs a rir, ele pareceu não entender e sorriu também, foi a única coisa que me veio a mente o que eu poderia fazer? Dizer que ao me tocar ele tinha despertado em mim alguma coisa e meu pau estava completamente duro? Isso estava fora de cogitação.

Olhei o relógio, faltavam uns quinze minutos para as duas e Isadora tinha que ir para escola, eles se despediram e quase não consigo levar a menina ela realmente tinha gostado dele, o fez prometer que iria visita-la no outro dia, já que era sábado e não teria escola.

-Ele pode ir em casa né pai? – ele me olhava e ela esperava pela minha resposta- pai?

-Claro filha, se ele quiser.

Ele aceitou, me passou seu endereço, já sabia onde era ele morava com a minha secretaria Thais, já tinha ido algumas vezes a sua casa, nos despedimos e ele seguiu em direção ao ponto de ônibus, olhou pra trás por um instante, sorriu e acenou. Fiquei olhando ele caminhar, enfeitiçado pelo movimento que sua bunda fazia ao andar.

-Bora pai, vamos pra escola, porque o senhor ta olhando assim pro tio Gio?

-O que? Como assim?

-Assim – ela apontou pro meu rosto- com essa cara engraçada.

-Nada filha, não foi nada.

Voltei pro trabalho, Gio não me saia da cabeça, isso tava começando a ficar estranho, acho que preciso de um encontro pra aliviar o estresse desses dias de muito trabalho, precisava clarear os pensamentos.

-Senhor David – Thais falou- encontrei uma empregada disponível, ela estará na sua casa amanha as 7:30, espero que Isadora aprove.

-Thais! Qual a historia do seu primo? – perguntei, não aguentei a curiosidade - o que ele faz na cidade?

- Ele veio pra cursar a universidade, começa daqui há um mês, resolveu vir logo pra ajeitar a mudança, se adaptar, conhecer a cidade.

- Isadora o adorou, boa sorte pra ele na cidade nova, deve ser difícil deixar a família, amigos, namorada e vim para uma cidade diferente.

- Ele ta se acostumando bem longe da família e dos amigos, namorada ele nunca teve – ela sorriu.

- Por quê? – maldita curiosidade.

- Ele é gay.

* * *

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