Sorriso
Parte da série Epifanias
Olá. Meu nome é Eduardo e eu sou novo na cidade. Tenho 17 anos e pretendo ser engenheiro. Moro sozinho com meu pai no interior de São Paulo em uma bela casa com varanda. Ok ok... Eu não gosto muito do interior...na verdade vim contra a minha vontade, pois queria mesmo era ficar na cidade grande, passeando, curtindo minha juventude, pegando todas as gatinhas que eu pudesse, mas fiz besteira por lá e como meu pai foi transferido, ele achou justo me castigar dessa forma. Entretanto, cheguei a pouco tempo e algo me chamou a atenção...isso é estranho, mas...tem um garoto rs. Ele não é o tipo de cara gostosão que pega todas, mas ele é bonito...e eu não sou de ficar reparando em garotos, mas sabe quando você para e percebe a beleza em alguém? Aquela beleza sincera. Aquele olhar meio bobo olhando para o nada. Ou aquele sorriso bem desenhado. E aqueles olhos? Nossa..nem parecem bonitos, mas quando iluminados pela luz do sol te impressionam. Perguntei a uma garota quem era ele e ela, entre suspiros, falava " ah...o Adam. Ele é completo...pode não ser o garoto gostoso mas é gentil, educado, muito inteligente, bonito e talentoso...além de que é uma pessoa maravilhosa. Sempre tentando ajudar. Ou seja: o partido perfeito. Mas parece que ninguém conseguiu a façanha de conquistá-lo. E olha que eu tentei." Como pode? Como pode alguém ser assim? Ele me despertou uma curiosidade gigantesca. Claro que ninguém é perfeito. Mas há algo nele diferente de todos...e eu vou descobrir o que é.
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Fiquei até as 2:00 da manhã conversando com o Eduardo por mensagens rápidas. O engraçado é que geralmente eu não converso desse jeito, já que não priorizo meu tempo para o celular. Entretando eu gostei de concersar com ele..a gente ficava conversando de coisas sem sentido ou falando bobagens...as vezes isso é válido para um garoto que foca tanto no futuro como eu. Já me aconselharam a ser menos razão e mais coração as vezes. Eu tento e tento mas ainda não consigo. Não sou o tipo de rapaz que aposta todas as fichas em algum romance. Não me julgue mas eu nunca namorei rsrsrs... no máximo fiquei uma vez e não curti. De qualquer modo eu me sinto bem, solteiro. As vezes percebo olhares, atitudes e coisas que algumas meninas fazem para chamarem minha atenção. Mal elas sabem que não sou tudo isso o que elas pensam. Não sou o rapaz que dará todo o carinho necessário ou o abraço que elas tanto precisarão. E enquanto eu não me imaginar beijando alguém e sentir vontade disso eu não investirei. Até lá eu ficarei como estou: sozinho, se tratando de relacionamentos que não sejam de amizade.
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Pela manhã, ao sair de casa, mandei uma mensagem para o Eduardo a fim de que pegássemos o mesmo ônibus, porém, ele saiu mais tarde de casa então pegamos ônibus diferentes. Cheguei na sala de aula e Gabriela me esperava para me contar as novas de sua "família problemática" como ela denominava.
- Senta aqui, Adam - disse, minha amiga batendo na cadeira, olhando-me ansiosa.
- Eita que hoje você tem altos papos não é mesmo, Gabi?
- Você acredita que minha mãe quase expulsou meu irmão mais velho de casa? O cara tem ficado mais louco do que nunca. Ele até quebrou uma parede do próprio quarto com o objetivo de fazer uma "reforma" - disse minha amiga, aproximando-se de minha cadeira, já que ela sussurrava.
- Nossa. Nem imagino como deve ser. Muito menos o que estás passando...mas se precisar de algo, sabe que estou aqui, não sabe, sua linda? - disse pegando em seu queixo levemente. Gabriela sempre foi uma garota centrada. Apesar de viver em meio a sua louca família ela mantinha seu foco justamente para sair o mais rápido possível dali. Ela ama a família. Mas não consegue se ver morando com eles por muito tempo.
Assim que apoiei minha amiga o Eduardo chegou. Ele estava muito bem vesrido como sempre. Sua camisa gola "v" de cor verde bebê marcava bem seu corpo, o que poderia deixar as meninas mais "assanhadinhas" como diz a minha flor. Ele aproximou-se de nós e logo foi se apresentando a Gabriela:
- Bom dia garoto louco -estendeu o braço para mim - e bom dia...
-Gabriela. Prazer - minha amiga sorria de forma tão forçada que cheguei a pensar que nem estava ligando para a presença dele.
- Eduardo
- Adam...aêêê - disse eu de forma um pouco mais barulhenta e animada a fim de deixar o ambiente mais leve. Eles riram.
- Besta - disse Gabi voltando a sentar.
Sentamos próximos um do outro. Na aula de física, Eduardo precisou de minha ajuda. Acho que eletromagnetismo não é bem o seu forte. Já na aula de Literatura quem precisou de ajuda fui eu. Pelo menos minha amiga é sem dúvida uma das melhores alunas da matéria da escola. Deve ser pelo fato de ela ler bastante em seu quarto, já que passa a maior parte do tempo lá dentro. Ao fim da aula de Geografia tocou o sinal para o intervalo. Eduardo dessa vez saiu conosco, algumas garotas ainda o convidaram para ficar conversando com elas, mas ele de forma educada disse que prefiria sair dessa vez.
- Aquelas garotas estão me dando mole - disse Eduardo olhando pra mim de forma triunfante. Eu na verdade não prestei muita atenção. Isso pode ter me incomodado um pouco, pelo fato de ele ter acabado de chegar eu acho. De qualquer forma eu não demostrei que estava ligando. Por essa razão minha resposta fou apenas " Legal...ou melhor...eu acho rsrs".
Gabriela começou a alertá-lo sobre o caráter de cada garota. Eu não achava isso necessário. Elas podem ter defeitos, mas somos assim...feitos de defeitos. Isso é chato? Claro que é. Vamos sim decepcionar e ser decepcionados, mas vamos deixar de viver por causa disso?
- Cuidado com a Aline. Ela é biruta rsrsrs
- Sério? Por quê?
- Uma vez ela pediu o Adam em namoro e ainda exigiu que ele fisesse uma serenata para ela. Ele cant..
- Gabi...por favor. Pode parar? - a interrompi. Não curto me expor rsrs.
- Você canta? - perguntou Eduardo enquanto me fitava de forma séria.
- Eu tento né rs... - respondi olhando para baixo.
Sinto-me envergonhado quando exposto.
- Tenta? Ele arrasa, Edu. O Adam é um artista completo...não ganha dinheiro por quê não quer.
- Gabi. Mais uma vez eu repetirei. Meu sonho é ser Médico...simples assim. E outra..é muita exposição. Não consigo viver assim.. agora eu vou comprar um salgado. Bateu uma fome rsrs...
- Ele sempre foge - Gaby sempre diz que sou muito receoso à respeito de meus talentos.
- Mas que história é essa de ser "completo" - ele fez as aspas com as mãos.
- Edu. O Adam, canta muito, dança muito, sabe pintar quadros, já atuou em muitas peças...ou seja. Completo.
- Mas ele canta tão bem assim?
- Edu...sério. Esse é um dom de Deus para ele. É como se tivesse borboletas na garganta.
- Nossa. - diz Eduardo, olhando em minha direção.
Aquela manhã foi divertida. Apesar de Eduardo se mostrar um possível galinha, acho que nós poderíamos nos dar bem como amigos. Durante a aula de história o professor nos surpreendeu com a proposta de uma grande pontuação que poderia ser obtida realizando-se um trabalho envolvendo uma dupla. O trabalho era relacionado às grandes revoluções. Expliquei a Gabriela que pelo fato de Eduardo ter acabado de chegar e por ele morar perto de minha casa era viável que eu fizesse com ele. Ele gostou muito da ideia. Ela concordou. Logo encontrou um par. Assim que saímos, Lucas veio ao meu encontro com os braços abertos prontos para meu abraço. Como eu gosto dessa criança. O abraçei e o coloquei no colo.
- E então garoto? Sua mãe vai demorar hoje? Ficaremos aqui esperando por ela?
- Não não tio. Sem preocupação. Ela está a caminho. Só vim lhe dar um abraço e dizer que daqui a uma semana é meu aniversário e minha mãe o convidou.
- Nossa, pequenino. Que honra hahahahaha. Eu irei sim, com certeza. Obrigado a você e a sua mãe.
Nem havia percebido mas Eduardo estava do nosso lado. Só lembrei quando lucas perguntou quem era o garoto do meu lado que não parava de olhar para nós com um sorriso estranho. Vi Eduardo ali. Sorrindo de forma desconcertada. De alguma forma aquilo me fazia sorrir..eu gosto de sorrir mas é muito difícil eu sorrir por gostar do sorriao de alguém. Ainda mais de um garoto...mas a questão é que eu gostava e não estava percebendo.
Saímos da escola e pegamos nosso ônibus para ir para casa. Enquanto eu estava na janela, refletindo um pouco sobre mim, Eduardo toca em meu ombro.
- Posso almoçar na sua casa?
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Desculpem pela demora. Tem acontecido algumas coisas. Agradeço a cada um pelos comentários. No próximo capìtulo eu os responderei. Prometo!