Capítulo 6: Reconhecimento

Conto de GarotoComum como (Seguir)

Parte da série Epifanias

É complicado sentir que está mudando por causa de alguém. Eu bem sei o que é isso. Pior ainda é o fato de você olhar para alguém e não conseguir expor seus sentimentos. Eu queria olhar para aquele cara que eu gosto e dizer simplesmente que eu gosto dele. Mas é como eu disse: é complicado. Ah...que chato seria se as coisas fossem mais fáceis não é mesmo? Algumas coisas até que poderiam sim hehehe...conselho meu: não perca tanto tempo para aceitar que você sente algo por alguém. Isso pode te ajudar a se entender.

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Eduardo saiu de casa. Eu estava nervoso. Preocupado. Feliz. Apreensivo. Esperançoso. Agoniago...tudo. nem eu estava entendendo o que estava acontecendo. "Que droga" pensava eu.."o que está acontecendo comigo?" Logo eu e minha flor jantamos. Ela notou algo diferente.

- Adam?

- Sim, flor.

- Aconteceu algo? Você está estranho. Quase não falou durante o jantar.

- Nada não, vó. Estou bem. Só cansado. Adiantamos muita coisa do trabalho hoje. Normal.

- Tem certeza de que não houve nada entre você e o Eduardo? Ele saiu tão rápido. - ela me olhou desconfiada. Certamente pensou que nós brigamos.

- Dona Rosa. Não aconteceu nada. Sério. Só estou cansado - disse eu me levantando, seguindo para a pia a fim de lavar minha louça.

- Eu só me preocupo. Qualquer coisa confia em mim. Pode falar..

- Eu sei, flor. E te agradeço por isso. Prometo que falarei se algo acontecer. - eu estava mentindo para mim mesmo. Algo estava acontecendo e eu não queria adimitir. Eu sempre tive um certo receio de me sentir vulnerável então para algumas coisas eu fecho meu coração.

Após assistirmos a nosso programa semanal na sala de estar, fomos dormir. Afinal, eu teria aula pela manhã. Entretanto, naquela noite eu mal dormi. Eduardo nem mandou mensagem. Não conversamos. Eu bem que tentei dormir, mas não conseguia. Minha respiração ficava cada vez mais ofegante e o som de meu nariz puxando o ar, mais forte. Eu deitava olhando para o teto de meu quarto, pensando e pensando o quanto eu havia ficado nervoso com a súbita aproximação de Edu. Naquela noite eu cheguei a conclusão mais óbvia que a maioria das pessoas já teria chegado à muito: eu estava me apaixonando.

Mas como? Por um cara? Quer saber, nunca tive repúdio por isso. Apenas nunca me imaginei gostando de um cara. Issoe assustou, contudo, enquanto eu ia adimitindo meu coração ia se acalmando, eu ia me acalmando. Essa era a verdade. Eu realmente estava me apaixonando de verdade pela primeira vez. Um sorriso bobo nasceu e eu fechei meus olhos. Pela primeira vez eu me imaginei beijando alguém. Eu lembrei de quando eu estava cantando e ele foi se aproximando. Me imaginei sem medo. E logo nossos lábios tocaram um ao outro. Pensar nisso me fazia feliz. Me fazia completo. Eu me excitei. Até por isso me alegrei. Eu estava gostando do Eduardo e sinceramente, nem pensei no que os outros diriam. Assim eu dormi. Sorrindo.

Acordei pela manhã tão bem, tão sorridente. Minha flor até achou estranho o fato de eu estar daquele jeito, o oposto da noite anterior. Eu queria falar com o Eduardo. Queria olhar naqueles olhos cor de mel e lhe dizer o que eu estava sentindo. Mas eu estava preocupado. E se por um acaso ele não gostasse de mim? E se eu estivesse enganado? Eu não queria sofrer. Peguei o ônibus e fui pensando à respeito do que eu sou. Gay. Homossexual. Eu precisava começar ae acostumar com o fato de que eu poderia gostar de garotos e não de garotas. Nossa. Eu estava cheio de pretendentes. Chega a ser engraçado o fato de que o "Partidão" é gay. De qualquer forma eu tentei não me culpar ou incomodar. De certo uma parcela da sociedade não me aceitaria, porém, até o ser mais "normal" não agrada a todo mundo. Fui pensando que eu poderia ser muito feliz ou poderia ser uma pessoa triste. Tudo depende das minhas escolhas. Começei a olhar de forma diferente para os meninos. Cheguei a conclusão de que eu prefiro garotos mesmo. Eu achava antes que os olhava com adimiração, por seus belos corpos e seus belos rostos. Mas não. Lá no fundo eu os queria. Eu me excitava e não sabia. É tão triste o fato de eu ter me escondido por tanto tempo. Mas não me julguei. Minhas escolhas me fizeram ser quem eu sou hoje. Eu só tenho a agradecer por ser quem sou. Cheguei na escola quase na hora da entrada do professor. Entrei na sala e Eduardo estava lá, de novo com as garotas. Conversando, mechendo no cabelo. Isso me incomodou, fui sentar.

- Credo, Adam. - disse Gabriela.

- O que foi?

- Você está com uma cara péssima. Estás bem? Aconteceu algo em casa?

- Não não. Nada aconteceu. Só estou com um pouco de dor de cabeça.

- A tá. Você acredita queeu irmão veio estudar aqui? Meus pais o obrigaram a voltar a estudar. Ele bem que tentou, mas não conseguiu convencê los de que ele "não serve pra isso".

- Nossa. Nem me lembro mais dele. Já faz uns três anos que não o vejo. Deve ser pelo fato de que eu quase não vou na sua casa e quando vou, ele nunca está lá.

- É. O Ricardo nunca parou em casa. Vive com a banda de rock que ele faz parte. Acho que ele está namorando mas ele nunca diz nada. É um doido mesmo.

Eu estava tentando me concentrar e ouvir o que Garbiela tinha para me contar, contudo, eu não conseguia. Eduardo vinha em minha mente. Eu já estava até decepcionado e confuso. Foi quando ele se aproximou de nós.

- Oi oi para vocês. Tudo bem galera?

- Oi Edu - eu respondi sorrindo.

- Oi Eduardo - respondeu Gabriela.

- Bom. Vim dizer que não vou sentar do lado de vocês hoje. Vou ajudar as meninas ali atrás em física.

- Mas você não me disse que é péssimo em física?

- é...mas elas não sabem. Então xii. Tchau. - ele disse se virando e indo em direção a elas. Fiquei ali. Estático. "Isso doeu" pensei eu. Esse garoto estava brincando comigo era isso? Mesmo assim me segurei para parecer bem.

- Ele é rápido né, Adam?

- Pois é. Percebi. - disse em seco.

- Adam. Você está estranho. É só a dor e cabeça mesmo?

- Eu já disse que estou bem. - eu estava "bufando" por dentro. Como pode? Aquele garoto estava me fazendo perder o controle. Eu não gosto de perder o controle. Procuro sempre pensar em algo que me faça sentir bem, mas, parece que dessa vez não estava funcionando.

Eduardo passou o dia com as meninas do fundão. Eu bem que tentei prestar atenção nas aulas mas foi inútil, eu estava triste. É muito chato sentir aquilo. Você se sente frustrado, como se fosse digno de pena. Eu e Gabriela fomos para fora da sala durante o intervalo. Sentamos em uma das mesas e comemos um salgado. Até esqueci um pouco o Edu.

- Gabriela

- Fala Adam.

- E se por um acaso eu fosse diferente do que você acha que eu sou, do que todos acham que eu sou, você continuaria sendo minha amiga?

- Olha Adam...depende do que você se refere a ser diferente né. Tipo. Se você for um assassino psicopata eu certamente terei que me afastar - ela disse entre sorrisos.

- Eu não sou um assassino Gabi rsrsrs...mas eu realmente acho que sou...diferente. - eu olhei para ela preocupado.

- Adam...você não sendo uma pessoa ruim. Continua sendo meu amigo. - ela passou a mão pelo meu cabelo.

Enquanto isso um garoto aproximava-se de nós. Nunca o tinha visto por aqui, mas seu rosto não me era estranho. Era branco de olhos negros, seus cabelos também eram negros e seu corpo era forte. Um garoto bonito por sinal.

- E não é que minha maninha arrumou um namorado novo - ele disse se agachando e tocando em nossos ombros.

- Ah...oi Ricardo - disse Gabi com cara de poucos amigos.

- Ricardo? É você? Nossa. Quanto tempo - disse eu sorrindo sem graça.

- Adam. Realmente. Não vejo você faz muito tempo. Como vão esses belos olhos. - ele me olhou de uma forma estranha. Tão estranha e intensa que me fez corar.

- Para com isso, Ricardo. - Gabi bateu em sua costa - o Adam ficou até envergonhado.

- Hahaha...desculpa Adam. Eu sou assim. Agora tenho que ir. Vou passar na secretária para resolver algumas coisas.

- Você não esperou nem o primeiro dia terminar para fazer besteira? É isso mesmo?

- Ei. Se acalma. Dessa vez não fiz nada. Juro. Só preciso resolver assuntos burocráticos. Agora um beijo a todos os meus fãs. Fui - ele disse virando-se. Sinceramente ele estava muito diferente. Muito mais bonito. E aquele olhar me tirou o fôlego. Tentei disfarçar ao máximo. Acho que consegui até.

- Tomara que ele não faça besteira. Mamãe e Papai tem muitos assuntos para resolver. Alêm de que já são doidos né.

- Ele é engraçado. Parece ser legal.

Eduardo veio em nossa direção desconfiado.

- Quem era? - olhamos para ele surpresos até.

- Meu irmão. Veio estudar aqui.

- Não posso me afastar algumas horas e vocês já me trocam desse jeito. Cortem aqui. - ele colocou os dedos indicadores maesma direção mas em sentidos contrários de forma que eles se tocassem.

- Ele só veio corversar com a gente, seu doido hehehe.. - eu disse mordendo uma maçã.

- Bom mesmo. Pois agora eu vou sentar aqui. - ele disse cruzando os braços e sentando-se do nosso lado.

- Fique a vontade. Concluiremos o trabalho essa tarde? Já é pra depois de amanhã.

- Pode ser. Vou ligar para o meu pai, avisando.

- Ok. - eu disse dando outra mordida na maçã.

- Estás estranho

- Foi o que disse pra ele -falou Gabriela, quase que em um susto.

- Meu Deus do céu. Será que vocês numca tiveram um dia ruim? - eu disse olhando para os dois.

- Ok ok. Não está mais aqui quem falou. - falou Edu levantando as mãos.

- Obrigado. Mas é sério, pessoas. Estou bem. Ou pelo menos, vou ficar.

- Se você diz... - falou Gaby, de forma até, irônica.

Assistimos aula e fomos liberados mais cedo. Eu e Eduardo pegamos o ônibus e partimos para a minha casa. Almoçamos cedo e subimos.

- Vai me falar o que houve?

- O que houve? Como assim?

- Com você, Adam. Você está estranho.

- Edu. Sério. Deixa isso pra lá. Tô bem. Juro. - eu disse sentando-me na cama.

- Então vamos terminar logo o nosso trabalho. Assin a gente pode assistir a um filme. O que você acha, Senhor cinéfilo?

- Por quê não rsrs..

Não. Não aconteceu nada de mais. De qualquer forma foi uma tarde agradável. Terminamos o trabalho e fomos assistir a um filme. Passava Madrugada dos mortos...sinto muito medo de filmes de terror. Ele riu de mim. Disse que sou um medrozo. Foi bem legal. A noite ele foi pra casa. Contudo, no momento da despedida nosso abraço foi diferente. Eu senti algo diferente, apesar de ter sido rápido. Ele acenou e entrou no carro. Eu subi. Entrei em meu quarto e peguei meu violão. Sentei em minha cama e toquei um pouco.

And when the night is cloudy

There's still a light that shines on me

Shine until tomorrow, let it be.

Let it be, let it be, let it be, let it be

Whisper words of wisdom, let it be...

Uma lágrima foi derramada. Eu realmente estava gostando do Eduardo. Mas eu não sabia lidar com isso.

Entrei na internet e procurei por vídeos de amor gay. De casais. E a cada vídeo eu só tinha mais certeza de que era aquilo que eu queria para mim. Eu me sentia feliz ao ver aquilo. Não que eu estava me tornando uma pessoa romântica,Eu só queria me entender. Entender meus sentimentos. Eu não aguentava mais guardar isso. Peguei meu celular, tomei coragem e mandei uma mensagem para Gabriela. " SOS. Estou gostando de um garoto. Não sei o que fazer. Me ajuda por favor!!! ". Logo pensei "por quê eu fiz isso?" E logo desliguei o celular...agora a "burrada" já estava feita. Ou Gabriela continuaria sendo minha amiga, ou ela se afastaria. Tentei dormir, mas pouco consegui. De manhã cedo, lembrei-me do que eu havia feito. Rapidamente eu liguei meu celular. Haviam várias mensagens da Gabi perguntando o que havia acontecido, que ela não acreditava, que estava tão confusa quanto eu, haviam mensagens em que ela pedia para eu ligar. Até que fui a última mensagem. Ela mandou duas horas depois da penúltima. "Estou com você. Como prometido." Isso me aliviou. Mandei uma agradecendo e pedindo que ela me esperasse no portão da escola quinze minutos antes de o sinal tocar. Quando eu cheguei ela estava lá. Esperando-me preocupada. Fui em sua direção e a abracei.

- Me ajuda - falei em seu ouvido.

- Você não tem nada de errado, Adam. - ela disse com os olhos marejados. Eu estava assustado. Tudo era novo para mim. Mas dessa vez eu não estava só. É muito bom quando temos alguém para nos apoiar. Para nos acalentar mesmo quando o mundo inteiro está caindo em cima de nós. Felizmente eu encontrei alguém assim. Gabriela me confortou como ninguém.

- É o Eduardo não é? - perguntou minha amiga olhando-me nos olhos. - eu assenti com a cabeça.

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Ryan: Não será fácil para nenhum dos dois o fato de estarem se gostando. Tanto é que ainda vai demorar um pouco para acontecer o que todos querem que aconteca. De qualquer modo, todos sabemos que acintecerá e estamos torcendo pelo Adam. Amo seus comentários e também o fato de você estar por aqui. Abraços.

Historiador: Que bom que gostou. Prometo que esse serie so tem a melhorar. O amor é algo que Adam está começando a se acostumar. Vai ser difícil no início,tanto é que ele começará a sair do controle. Entretanto, Eduardo o ajudará nesse quesito. Lembre-se que Eduardo também pode estar confuso, e as vezes nossas confusões nos condicionam a nos tronarmos um pouco idiotas, mas Eduardo é um fofo. Passará por isso. Obrigado por seus comentários. Abraços!!

Muita coisa está para acontecer. Entrada de novos personagens, novas histórias, novos sentimentos. Adam precisará ser mais forte para não sair do controle e acabar sofrendo. Em breve postarei o rpróximo capítulo. Abraços!!

Comentários

Há 2 comentários.

Por igoroliveira em 2015-07-08 03:10:37
Nossa....muito bom
Por Ryan Benson em 2015-01-24 18:34:56
Nossa esse Ricardão hein... kkkkk adorei. Muito fofo o Adam reconhecendo que gosta de Edu, mas não sei se vai dar certo, já que Edu é hétero. Mas vamos ver no que dá... um abraço gatão!