Capítulo 2: Clichê

Conto de GarotoComum como (Seguir)

Parte da série Epifanias

Olhos....amo olhos. Quando nasci meus olhos eram quase verdes, porém, com o passar do tempo eles foram tornando-se castanhos claro. O engraçado é que você só percebe em um local iluminado, logo, algumas pessoas ainda se surpreendem e do nada gritam "nossa..." rs. É hilário. Por essa razão eu sempre reparo nos olhos. Eles me dizem muito sobre alguém. Definitivamente, os olhos são as portas da alma.

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Geralmente não reparo muito nas pessoas. Mas ele era bonito. E Como. Poderia ser frequentemente comparado há um anjo. Sua pele branquinha e seus olhos cor de mel encaixaram-se perfeitamente a sua boca rosada e bem delineada, assim como a seus belos cabelos enrolados de cor castanho claro. Ele ainda era forte. Não tinha um corpo grande. Mesmo assim, era definido. Para mim, o garoto ideal para qualquer menina paquerar.

Quando adentrei minha sala ele me observou. Fui em direção a terceira cadeira da fila central e me organizei. Olhei em sua direção e ele já estava encarando a janela, já que começou a chover. Logo imaginei o quanto ele devia se sentir desconfortável mudando de escola no meio do ano. Depois me atentei a outras coisas, como a primeira aula. Matemática: meu vício. Não sou o melhor da sala mas gosto da matéria já que no final, quando feito corretamente, tudo fica "exato" rs. Tão cedo e as cobranças do professor já começaram.

- Bom, alunos. Acabaram as férias, logo, a moleza também. Para a próxima semana quero que façam todo o capítulo seis. Não é tão difícil terminá-lo. Até por que, acredito que essa aula foi muito produtiva.

Pude perceber os suspiros dos alunos. A maioria já não gosta de matemática na sala de aula, imagine estudá-la em sua casa. Eu que não sou bobo começei a fazer logo que ele saiu. Os professores daqui gostam de se atrasar, sendo assim, temos alguns minutos de intervalo de aula em aula.

Enquanto eu resolvia as questões mais fáceis, Gabriela, tocou no meu ombro e eu me virei:

-Você já está né, Adam...queria ter todo esse pique pra matemática - disse ela, de um jeito sonolento.

- Na verdade não é pique rs..é desespero mesmo - falei fazendo uma careta. Nós rimos.

- Tá bem?

- Estou sim...a gente precisa seguir em frente não é mesmo?

- Verdade - disse ela pegando em meu ombro. - Se precisar de algo, sabes que pode contar comigo.

- Obrigado sua linda - falei apertando aua bochecha.

Gabriela e eu sempre nos demos bem. Ela meio que se tornou minha amiga. Mas eu não me aproximo tanto pelo fato de que há um tempo soube que ela tinha uma queda por mim. Não penso nela dessa forma. Então, melhor não dar esperanças. Conversamos bastante, sentamos um perto do outro quase sempre, ela vai em casa, conhece minha flor, me ajudou bastante com a perda de meu irmão, mas já deixei claro que não penso nela mais do que como uma grande amiga e que nossa amizade precisa ser preservada.

Gabriela é bonita. Tem cabelos e olhos negros, é branquinha, e ainda é uma pessoa humilde e muito companheira. Já imaginei várias vezes em como seria se formássemos um casal. Seríamos um casal modelo para muitos e poderíamos ser muito felizes. Contudo, quando penso na ideia de que não sinto vontade de beijá-la, chego a conclusão de que isso não vai acontecer. Não quero magoá-la e acho que não me perdoaria se de alguma forma eu ferisse seus sentimentos.

Tivemos mais três aulas após a de matemática. Em uma delas a professora, ao fim da aula, veio até mim para dizer que sabia de tudo o que minha família passou durante anos e que me admirava muito. Sentí-me grato. Percebi que o "garoto anjo" nos olhou atentamente naquele momento. Para mim ele teria ficado curioso. Eu ficaria, por isso nem prestei atenção. Durante o intervalo ele ficou dentro da sala de aula enquanto quase todos foram para fora. Fiquei lá fora com Gabriela conversando sobre o último filme, por sinal ridículo, que vimos em minha casa. Gabriela foi muito atenciosa comigo naquele julho. Ela procurava formas de me distrair. Eu sempre disse a ela o quanto era grato mas não queria incomodá-la. Eu nunca gostei de ser um peso para as pessoas. Nunca gostei de pedir dinheiro nem de ser paparicado. Sinto-me dependente demais quando isso acontece. Mas nem ela, nem minha avó Rosa, aceitam que eu recuse suas tentativas de fazer eu me sentir bem.

Quando voltamos para a sala o garoto já estava rodeado de garotas. Pensei comigo mesmo, "eu sabia...não ia demorar".

Ele já estava mais solto e rindo bastante, enquanto as garotas faziam todas as perguntas que se devem fazer a um novato.

- Elas são rápidas - disse Gabi de uma forma até surpresa.

- O garoto é novo e tem boa aparência. Normal rs.

- Como você consegue não falar mal de algumas pessoas, Adam?

- E você acha mesmo que eu sou um santo? Eu só evito. Não quer dizer que eu não pense, julgue ou fale mal de alguém. Só não falo por que a gente nunca sabe o amanhã. Quem sabe uma daquelas garotas não pode ser uma grande amiga futuramente?

- opa opa opa que esse lugar já está ocupado. Por sinal, muito bem ocupado, engraçadinho.

- Ok Ok senhora. Não está mas aqui quem falou - Ela bateu em meu ombro e se sentou. Tivemos três aulas após o intervalo e fomos liberados. Eu precisei ir até a secretaria resolver um problema quanto a falta de documentos. Demorei bastante até sair de lá. A escola já estava quase vazia. Saí em direção ao portão até que uma das crianças da ala fundamental veio correndo em minha direção. Ele era do segundo ano (1° série), um garotinho de uns sete anos chamado Lucas. A gente se conhecia por que uma vez ele caiu bem na minha frente e eu o ajudei a ir para a enfermaria.

- Ooooi - disse ele me abraçando.

- E aí Luquinhas? Que saudade rsrs. - eu sempre me abaixo para abraçar qualquer criança - o que você ainda faz aqui esse horário, garoto?

- minha mãe se atrasou de novo, tio.

- Então vou ficar aqui com você. Esperando por ela, ok?

- Claro! A gente pode se sentar ali e falar sobre Naruto.

Ele ama Naruto. Toda vez que conversamos ele gosta de falar sobre cada personagem. Sobre o possível futuro, criado por ele, que cada personagem terá no final. Eu não sei conversar tão bem com crianças, assim como não consigo dar toda a atenção que elas pedem. Mas eu tento fazer um grande esforço para que elas não fiquem falando sozinhas.

Não demorou muito para que a mãe de Lucas chegasse de carro e o levasse, agradecendo-me por não deixá-lo sozinho. Eu acenei enquanto eles partiam e voltei para buscar minhas coisas no banco. Foi quando vi o garoto novato vindo em minha direção.

- Oi - Sua voz era firme mas não tão grossa. Era bonita.

- Oi. Você é novo por aqui não é? - falei tentando ser simpático.

- Sou si... - eu o interrompi.

- Nossa, mas que pergunta a minha não é mesmo? Rs...desculpe. Vou tentar não ser tão clichê quanto os outros. Vou me apresentar, você vai se apresentar, depois vou perguntar de onde você veio, por que veio, se está gostando da escola, você dirá que precisa se acostumar e blá blá blá. Depois eu perguntarei onde você mora e se morar na mesma direção que eu iremos juntos pra casa. No final disso tudo ou você chegará a conclusão que eu sou louco, ou chato, ou os dois de uma vez só. - ele riu. Riu bastante até.

- Nossa, cara. Você é engraçado.

- Só estou tentando te deixar mais a vontade. Eu sei bem como é quando mudamos de escola. Desejamos que o primeiro dia seja o menos tenso possível. Pois bem. Meu nome é Adam. Adam Montenegro.

- Meu nome é Eduardo. Eduardo Botelho. E você tem toda a razão. Mudar de escola é um saco. Mas a galera daqui é bem receptiva. Como você. - Ele olhou bem no fundo dos meus olhos e eu desviei o olhar. Toda vez que fazem isso eu desvio de forma automática. Me sinto intimidado rs.

Descobri que Eduardo veio da cidade grande. Seu pai, médico, encontrou uma proposta de emprego melhor por aqui e eles decidiram vir juntos. Moram sozinhos. Ele tambén tem 17 anos apesar de ser três meses mais velho que eu. O cara é legal. Educado. Gostei dele de verdade. Ele mora mesmo na direção de minha casa. Tanto é que pegamos o mesmo ônibus, porém ele desce três paradas depois. Não o encontrei na minha ida para a escola por que ele veio mais cedo. Normal para o primeiro dia.

- Então. Você lida bem com crianças? - perguntou Eduardo.

- Acho que sim - respondi um pouco surpreso com a pergunta - mas por que a pergunta?

- Por quê o vi conversando com aquele garotinho. Foi muito legal de sua parte ficar até a mãe dele chegar. E sim...eu ouvi da tesouraria.

- A tá rs...gosto do Lucas. Ele é um amor de criança. Muito ativo, esperto e nem um pouco irritante rsrsrs. Na verdade acho que tenho bastante paciência com crianças.

- Que bom. Ei...me dá seu número. Assim a gente pode marcar para pegar o mesmo busão amanhã. Não quero chegar sozinho hehe.

- Claro. Eu te entendo. Pega aí.

Definitivamente, nos demos bem, de cara. Eu logo saltei no meu ponto e fui em direção a minha casa. Minha avó já havia me mandado várias mensagens por conta de minha demora. Expliquei para ela o por quê de ter demorado tanto. Comemos um delicioso frango com purê de batata e depois a ajudei com a louça suja. Subi para o meu quarto a fim de tomar um bom banho e fazer algo produtivo para a mente. Tomei banho e fui ler. Acabei dormindo. Acordei com minha avó me chamando para tomar café. Olhei para a tela do meu celular para saber o horário. Eram 16:30 e já havia uma mensagem. Não reconheci o número. Abri a mensagem, a qual dizia, " meu número. Salva ae. By: Eduardo..

P.s: desculpe por estar sendo clichê mas... Boa tarde hehe". Eu sorri. Gostei muito dele. Desci para tomar café e conversar com minha flor. Conversamos à respeito de nossa programação para a noite: um bom filme e chocolate quente. Subi para meu quarto e lá fiquei até ouvi o som do toque de mensagem do celular. Era do Eduardo e dizia, " não é nada educado vizualizar e não responder uma mensagem de um garoto novato da cidade...rum :( :p" Eu ri e logo respondi: "Desculpe. Estava tomando café da tarde hehe...ainda sou legal. Acredite :)" Logo ele respondeu e ficamos conversando por mensagens. Imaginei que seria bom fazer uma amizade masculina esse ano. De qualquer forma, estava me sentindo estranho. Eu meio que começei a sorrir um sorriso mais bobo do que o normal enquanto lia suas mensagens. Mesmo assim não liguei muito para isso. Pode ser impressão minha.

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Historiador: Fico feliz que esteja gostando. De verdade rsrs...e já gostei de você. Quanto ao personagem, o Adam as vezes não acredita, mas é muito forte. Ele pode até cair as vezes, mas volta com tudo. Obrigado por estar acompanhando. E sua escrita é muito boa, Parabéns!

Ryan: Sim, Ryan. Nós sempre nos chamamos de fofos rsrs...e obrigado ser sempre gentil comigo. Fico feliz por de alguma forma, estar incitando você a pensar em coisas que geralmente não pensa. Essa é uma das finalidades do conto. Obrigado por acompanhar desde sempre. Você é muito legal rsrs..

Segundo capítulo postado. O terceiro, até amanhã eu posto. Desculpem pelos erros ortográficos. Estou digitando pelo celular. Abraços!

Comentários

Há 4 comentários.

Por igoroliveira em 2015-07-08 02:27:43
Quando vc escrever um livro Adam, eu serei o primeiro a comprar ^^
Por Ryan Benson em 2015-01-11 14:48:59
Ficou 100% perfeito, cara. A ortografia, o tema do capítulo, tudo. Sim, adoro chamar vc de fofo, pelo visto vc também neah? Hehehehe... eu só estou falando a verdade. Uma coisa muito engraçada: eu também tenho uma amiga no meu colégio que se chama Gabriela. Quanta coincidência véi rsrs... Adam, queria te conhecer, sei lá, vou deixar meu e-mail aqui: "lukequestplay007@hotmail.com". Quando puder me mande uma msg lá. Continue logo, beijão!
Por olivera em 2015-01-10 19:34:01
Gostei muito !!
Por simon em 2015-01-10 18:34:25
Apaixonado pelo seu conto e sua escrita<33