Capítulo 1: Esperança

Conto de GarotoComum como (Seguir)

Parte da série Epifanias

Eu sou estranho. Sim, eu sou. Para muitas pessoas eu sou "avoado", mas não é bem assim. O problema é que geralmente não me preocupo tanto assim com coisas que geralmente um garoto da minha idade (17 anos) se preocuparia. Enquanto muitos querem falar sobre garotas, sexo, futebol ou sobre algum reality show eu estou ali: analisando o mundo. Tentando planejar, pensar em algo que eu possa fazer para melhorá-lo. Eu me incomodo ao pensar que muitos, se não a maioria de nós se preocupa com a sua vida sem se importar com o futuro de toda a humanidade. Isso é complicado por que gera em mim uma frustração muito grande assim como me rouba esperança e otimismo. O mundo poderia ser melhor se todos pensassem..pensassem bastante pelo coletivo.

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Não. Eu não vou começar minha história em uma manhã de sol, o despertador tocando e a minha mãe me chamando para ir a escola. Não não. Minha história começa de forma trágica. Minha história começa no momento da morte de meu melhor amigo, meu irmão Enzo. Ele foi acometido por um câncer e não resistiu depois de muita luta. Ele era meu porto seguro, meu conselheiro e confidente. Ele procurava me entender e "viajava na maionese" comigo. Eu era mais novo e isso possibilitava que eu o visse como referencial. Viviamos nós cinco em uma bela casa no interior de São Paulo: eu Adam, meu irmão Enzo, minha mãe Emily, meu pai Artur e minha avó paterna, Rosa. Contudo, depois da morte de Enzo, muita coisa mudou.

Meus pais só estavam ainda casados por causa de meu irmão. Não queriam que ele passasse por mais sofrimento. Logo, após o terrível fato, os dois decidiram se separar. Meu pai foi fazer doutorado para a Alemanha, minha mãe continuou exercendo sua profissão de advogada, mas agora na cidade grande, e eu continuei lá, no interior com minha avó, minha flor. Lembro-me bem que toda a noite eu chorava. Eu não me permitia esquecê-lo, não queria de forma alguma esquecer sua voz, seu jeito. Toda a noite minha avó ia até meu quarto e fazia cafuné para me acalmar até eu pegar no sono. Após isso ela me embrulhava com uma bela manta e saia do quarto a fim de ter o seu momento de lembranças e saudades. Era a vez dela. Ela é muito mais forte do que eu. Lembro-me bem de uma noite em que ela já preocupada com meu estado, falou:

- Ei...eu sei que você não dorme - disse ela, virando meu rosto para encontrar o seu. Ela me olhou com aqueles olhos amorosos, enxugou algumas lágrimas que desciam até meu queixo, acariciou meus cabelos negros, beijou minha testa e começou com seu discurso de incentivo.

- Sabe Adam...as vezes nós não sabemos ou não entendemos o por quê das coisas. Na maioria das vezes não aceitamos. Eu sei por quê assim foi com seu avô. É difícil. Muito mesmo. Mas...de alguma forma isso me tornou mais forte. E eu sei que aí dentro desse coração belo que você tem, há muito mais do que bondade e humildade. Você é forte filho. Eu sei que és. Reage. Eu preciso de você.

Eu a abracei. Meus olhos de cor castanho claro tornaram-se ainda mais vermelhos de tanto que chorei. Eu solucei. Na verdade não consigo chorar na frente das pessoas, a menos que a situação torne-se muito pesada emocionalmente, para mim. Sentí-me aliviado, porém vulnerável. Contudo ainda consegui falar algumas palavras para confortar o coração de Rosa.

- Eu prometo - disse ainda a abraçando - que eu serei forte como ele. Por você. Eu prometo que seremos um só e eu estarei aqui. Eu te amo.

Após uma pequena conversa que tivemos à respeito de como seria daqui para frente eu dormi. Eu estava deitado enquanto ela falava sobre minha volta para a escola, sobre me preparar psicológicamente para perguntas incovenientes e coisas parecidas. Minha avó é muito atenciosa. As vezes isso meio que irrita, mas eu a entendo. Enquanto ela falava eu ia adormecendo.

Acordei com o sol das seis iluminando meu quarto. Eu senti, naquela manhã, a esperança encher o meu espírito. Eu estava pronto. Tomei um bom banho, vesti meu uniforme, peguei meu casaco vermelho e desci para tomar café.

- Bom dia, flor do dia - falei beijando o rosto de minha avó.

- Bom dia. Parece que alguém nasceu de novo não é mesmo? - disse ela me entregando uma xícara de café enquanto eu me sentava e apenas sorria um sorriso bobo.

- Eu precisei, vó. Eu ainda preciso. Não vai ser fácil mas eu acredito em mim mesmo - estendi minha mão e segurei suas mãos já enrrugadas e ainda úmidas pela água da pia.

- E eu continuarei aqui. Por você meu filho. - Falou ela agora beijando minha mão. - Bom. Agora corre. Não tens todo o tempo do mundo, e o "busão" como vocês falam não passa sempre.

Eu ri. - Nem falo esse tipo de giria, vó. E outra. Ainda tenho quinze minutos. Chegarei a tempo.

- Ok - ela respondeu voltando a seus afazeres. Logo eu já estava saindo de casa. Com minha grande pasta onde guardo todas as apostilas (minha vida) e minha mochila pesada. Eu andei até a esquina da rua e já estava na parada de ônibus. Ele, felizmente para aquela área quase nunca está cheio, o que me garante grandes momentos de reflexão quando sento na janela rs. Sentei-me e ali fiquei olhando pela janela e pensando que todos nós temos nossas histórias, nossas fraquezas e medos. Contudo, o que nos difere é como lidamos com tudo isso. Logo eu já estava próximo a minha escola. Eu podia ouvir bem o barulho, a baderna de algumas garotas gritando "Amigaaaa" para um lado e a confusão dos novos alunos procurando por suas salas. Apesar de ser uma grande bagunça..eu nunca me importei tanto. Eu gosto de acreditar que as pessoas podem ser compreendidas. Elas são diferentes. Umas parecem ser mais complicadas que outras mas isso não é tanto um problema. Eu sempre fui um cara que não faz acepção. Um cara que não se agrupa. Sempre falei com todos independente de status, cor, sexo, sexualidade. Apesar de estudar muito eu não era considerado um nerd que deveria ser hostilisado ou humilhado.

Eu só estava...vivendo. Apenas isso. E as pessoas falavam comigo e me respeitavam.

Enquanto eu passava pelos corredores a fim de chegar na minha sala de aula as pessoas me cumprimentavam. Eu sorria e as comprimentava também até chegar ao meu destino. Foi quando eu o vi. Sentado. Na cadeira da frente na ponta esquerda da sala. Ali. Observando-me curioso.

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Historiador: Fico feliz que gostou. Ainda estou aprendendo. Na verdade todos nós não é mesmo? Rs. Acredite. Adam é digno de ser apaixonável. Obrigado por começar a acompanhar

Ryan: Claro que eu lembro de você. Sempre um fofo comigo rs. Obrigado por começar a acompanhar. Espero que goste de Adam. E também espero que de alguma forma essa história nos ensine sobre nós mesmos. Abraços!!

No mais é isso...próximo capítulo nessa madrugada, no máximo pela manhã. Abraços!

Comentários

Há 2 comentários.

Por igoroliveira em 2015-07-08 02:13:52
Hoooooooow😍 Muito legal ... É um talento NATO ^^
Por Ryan Benson em 2015-01-09 23:42:31
Eu já gosto do Adam há muito tempo, ele é simplesmente fofo demais (isso se refere a vc também :3) e que bom que se lembra de mim. Uma vez ou outra eu olhava lá na série do SamMitchell pra ver se vc tinha postado outro feed ou se tinha mandado alguma mensagem pra mim... tipo, agora é incrível isso de vc estar com sua própria série. E seu jeito de ver a vida me faz refletir sobre a minha. Às vezes eu reclamo do que eu tenho e desejo bastante o que não tenho. Ainda tenho essa mania, aliás, quem não faz isso? Errar é humano. Mas eu reflito muito nisso e sempre chego à conclusão de que tenho que estar satisfeito com o que tenho, pois eu estou feliz assim, e pronto. Engraçado isso, vc me despertou um lado filosófico que eu não conhecia. É isso, espero ansioso pelo próximo capítulo e pela sua resposta. Um abraço! P.S. : Já disse que vc é um fofo?