Antes de Tudo: Eu te Odeio - Capítulo 1

Conto de Fenilles como (Seguir)

Parte da série Antes de Tudo: Eu te Odeio

Bom já de início quero agradecer por simplesmente estarem aqui! E espero que gostem da história.

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Eu quero muito dizer que essa história começou quando eu olhei em seus doces olhos e soube naquele momento que ele era o amor da minha vida, mas se fizesse isso eu mentiria. Na verdade, essa história começou quando eu o odiei.

Por toda a minha vida eu nunca pude reclamar de minha condição financeira, pois eu tinha tudo o que queria e até o que não queria, e através dela eu pude ajudar os que não tinham os mesmos privilégios que eu. Não podia reclamar de minha família, pois ela era e é a melhor que eu poderia ter ou até mesmo sonhar. E mesmo com o falecimento de minha mãe, eu não deixei isso nos abalar, pois não seria o que ela quereria. Eu me doei ainda mais para eles, meu pai e irmão, e quis fazer com que o período de luto fosse esquecido, e que os dois homens da minha vida soubessem que eram amados e que poderiam contar comigo para sempre.

Meu pai, Albert Belorini, é um excelente pai, amoroso, cuidadoso e muito respeitoso. Ele quem me abraçou e me ajudou a entender meus sentimentos em minha adolescência. Ele me deixou bem claro que eu era amado e que eu sempre seria sua Flor. Ele me apelidou assim, pois foi a primeira palavra que eu disse quando bebê. Ele cuidou de mim e de meu irmão quando nossa mãe, Adriana, faleceu. A partir daquele momento ele ergueu suas empresas de diversos ramos e se tornou um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, porém eu sabia que ele, mesmo não assumindo, estava triste pela falta da mulher que amava. Ele estava com seus cinquenta e dois anos e era um partidão incrível devido a sempre acompanhar meu irmão na academia, claro, quando podia.

Falando nele, Nicolas, muitos podem o considerar um monstro, literalmente, pois ele tem seu corpo de quase dois metros de altura coberto por tatuagens, em todos os lugares possíveis. E sim, em todos. O idiota me enganou gritando no quarto uma vez e quando eu entrei quase caindo em meus pés, ele estava nu e perguntou: "E aí, Flor? Gostou da minha nova tatuagem." Tudo que eu fiz, foi sair de seu quarto vermelho de raiva enquanto ele ria. Meu irmão sempre esteve ao meu lado e sempre me defendeu das provocações durante a adolescência. Afinal, quem mexeria com um cara gigante daqueles?

O período mais difícil, foi quando ele serviu o exército, ficando quase dois anos fora, e onde eu tive que ficar sozinho, até minha formatura da escola. Mas nunca foi esquecer daquele dia, porque foi quando ele apareceu de farda e completamente feliz por me ver. Ele ajudava meu pai com certas coisas da empresa, mas é sócio de uma outra, que lida com segurança pessoal.

Já eu, no momento tenho vinte anos e estou cursando Cinema, em uma prestigiada faculdade de Nova Iorque onde consegui uma bolsa, pois não aceitei o dinheiro de meu pai. Ele sempre brigava comigo por eu ser orgulhoso demais e dizia que estava fazendo seu papel de Bom Pai, e que enquanto ele vivesse ele deveria cyidar de mim. Eu pareço mais com minha mãe, desde sua altura mediana, cabelos cacheados loiros e sua paixão pela arte. E inclusive, seu lado orgulhoso. Eu desde pequeno, sempre soube que era gay, mas eu não sabia o que isso queria dizer até minha adolescência. Quando tive uma paixonite por um garoto de minha sala. Ele era um idiota e eu mais ainda por achar que um dia teria alguma chance. Eu nunca namorei e para falar a verdade, ainda sou virgem, mas por opção.

Nunca encontrei alguém que valesse a pena me entregar assim. E também, pois quando meu pai descobria que eu estava gostando de alguém, fazia questão de assustar qualquer homem que eu levasse para jantar em casa. Meu irmão fazia a mesma coisa e isso me sempre me deixou, ao mesmo tempo que indignado, protegido. E isso também se aplica aos meus amigos, Kyle e Alyssa, pois toda vez que estavam saindo com alguém, quando os dois homens da minha vida descobriam, logo depois de um tempo, nós três recebíamos uma mensagem dizendo: "Já está tudo certo para o namoro de vocês!" .

Kyle é garoto mais incrível que eu conheço, desde sua postura ácida, até seu jeito sincero. Ele é umas das pessoas mais corajosas e lindas que eu conheço e nunca saiu de casa sem maquiagem, mesmo todo mundo falando que era apenas cinco horas da manhã e que ficaríamos o dia inteiro em casa. Ele dizia que sempre estaria preparado para quando o seu CEO milionário aparecesse. Ele cursava Moda, obviamente, na mesma faculdade que eu. E sempre comprava roupas para mim, me evitando de ir aos shoppings movimentados e evitando incovenientes.

Alyssa, era uma garota completamente sonhadora e simpática. Em todos os seis anos de amizade que temos, ela sempre estava com uma cor de cabelo diferente. Cursava Artes Digital, e sempre buscando criar cenários incrível e fantasiosos em programas digitais. Eu a amava com todo o meu coração e ela prometeu fazer um personagem baseados em mim em um de seus jogos

Eu não moro com meu pai, pois nossa casa fica muito longe da faculdade, mas todo final de semana eu passo com ele. Eu moro em um apartamento no centro da cidade,  um dos vários prédios que meu pai construiu com sua empresa. Ele era muito grande para o meu gosto, mas atendia todas as minhas necessidades. Eu tinha um gato e uma cachorra, Ruivo e Neve, eu peguei os dois assim que me mudei, e deixei meu pai com o Trovão. Aquele cachorro não largaria o outro por nada, e estou falando do meu pai. Ele era muito apegado ao cão que minha mãe adotou um ano antes de falecer.

E foi perdendo umas de suas várias ligações que eu acordei naquela manhã de domingo. No dia anterior Kyle, arrastara Alyssa e a mim para uma festa, lançamento de uma nova linha de um dos gurus de beleza e agora estava morrendo de dor de cabeça. Eu não devia ter bebido. Me levantei e vi meus dois amigos ainda dormindo na gigante cama. Caminhei sentindo o piso macio do quarto até que cheguei na grande janela que dava vista para o Central Park. O dia seria ensolarado o que seria perfeito para que pudesse tirar as fotos de uma feira de adoção que foi organizada por uma ONG que ajudo. Eu falei com alguns dos influenciadores na noite anterior e alguns prometeram que passariam por lá e ajudariam a causa. Aqueles animais precisavam de um lar e eu faria com que as pessoas se conscientizassem de que era uma ótima causa.

No banheiro, enquanto escovava os dentes, senti as unhas de meu gato subindo em minha perna até ele se amontoar em meu ombro, me deixando totalmente torto para que ele ficasse confortável.

- Bom dia para você também! - eu disse sentindo uma lambida áspera em minha bochecha e escutando um miado como resposta.

Quando me abaixei para cuspir a pasta eu senti uma pontada forte em minha barriga o que me fez gemer de dor e me segurar na bancada. Com o movimento Ruivo, pulou para o mesmo lugar em que me segurava e começou a miar alto e repetidas vezes.

- Eu estou bem, meu amor. Papai só está com uma dorzinha. - expliquei e ele ficou me olhando com olhos cerrados. Aquele gato era muito inteligente, e parecia que me julgava como mentiroso.

E eu era mesmo. Ele sabia e eu sabia que aquela dor estava me acompanhando durante uma semana, porém eu estava ocupado demais para dar a devida atenção à ela. Eu tive provas da faculdade, pois era quase o fim do semestre, e várias visitas a ONGs que ajudavam moradores de rua e todas as minorias que precisavam de ajudas. Eu procurava sempre ajudar a todos, da mesma forma que minha mãe ajudou quando estava entre nós. Ela era a mulher mais inspiradora que eu conheci na vida. E automaticamente eu me senti culpado por não cuidar de mim. Minha mãe no menor dos sintomas já estaria me levando para o médico para cuidar disso. Então prometi a mim mesmo que me cuidaria. Na Segunda-feira, após a aula e falaria com meu pai sobre isso. Ele me mataria por esconder isso dele? Com certeza, mas era melhor do que escutar o sermão se descobrisse que eu estava no hospital sem ele saber.

Tomei meu banho e me arrumei para o evento que seria daqui a duas horas e os dois ainda estavam dormindo. Eu abri a cortina e o sol passou por toda a parede de vidro fazendo com o os dois reclamassem.

- Você quer me deixar cego, sua gay maldita? - Kyle disse de olhos fechados olhando para a porta. - Eu vou enfiar meu pincel no seu..

- Bom dia, meu amorzinho. - eu disse dando um beijo em seu rosto.

- CU! - ele gritou perto do meu rosto. Ignorando meu carinho.

- Que boca suja logo de manhã. - Alyssa repreendeu. - Sabia que isso é ruim para nossas energias?

- Boca suja é o cu do caralho. Sai! - ele se levantou me empurrando. Ele tinha uma pequena marca roxa em sua coxa. Que obviamente foi feita pela boca de um dos caras que estava pegando na festa.

- Usa o reboco que passa na cara pra esconder esse chupão sua coxa.

- Isso é um troféu, querida. - ele disse levantando a perna sensualmente. - Eu vou mostrar pra todo mundo que o Chris quis a maravilha na frente de vocês.

- Já passou o fogo? - Alyssa disse arrumando os cabelos que agora estavam em um tom rosa-claro.

- Claro que sim. - ele disse entrando no banheiro.

- Ele nunca vai tomar jeito e parar com isso? - ela me perguntou deitando na cama de braços abertos.

- Não, não vai! - respondi.

- Imaginei. - ela riu. - O que tem para comer? Eu sei que seu pai te deu dinheiro para comprar um monte de coisas e você foi no mercado.

- Você nunca vai tomar jeito e parar com isso? - eu afinei minha voz a imitando. Ela só fez jogar o travesseiro em cima de mim. O que acordou Neve, que estava deitada atrás dele. Eu nem havia a visto dentre os travesseiros brancos.

Eu sai do quarto deixando os dois se arrumando para a feira e fui preparar nosso café. E depois de alguns minutos estava tudo pronto e todos nos sentamos a mesa para comer, enquanto comentávamos sobre a festa passada. Kyle estava super animado e pediu para guardarmos segredo sobre o que falaria, e o que era óbvio que faríamos. Ele disse que foi convidado para ser modelo de uma marca de maquiagens e convidado para gravar um vídeo com um dos Gurus de Beleza em seu canal no YouTube. Eu não pude deixar de sorrir e o abraçar. Ele sempre quis ser modelo e usar maquiagem, então isso é uma baita realização.

Olhando ali aquelas duas pessoas maravilhosas, eu sabia que tinha uma família. Nunca em minha vida eu deixaria alguém entrar em minha vida desse modo. Devido a condição financeira de meu pai muitas das pessoas se aproximavam com interesse, o que deixava muito difícil distinguir aquelas que realmente queriam a minha companhia ou a empresa de meu pai. Talvez seja até por isso que eu não tenha ficado seriamente com nenhum de meus "pretendentes", se é que posso chamá-los assim. Nunca tinha passado de um beijos mais quentes, pelo puro medo de que isso afetasse a imagem que meu pai tinha de mim, ou alguém inventar alguma mentira sobre eu sair com um cara e ser a nova putinha de Nova Iorque. Eu sabia como as notícias são importantes, tanto as verdadeiras quanto os rumores. Tudo que alguém pode ter construído durante anos, poderia ser destruído em poucos minutos. E eu definitivamente não queria isso para meu pai. Não depois de tudo que ele passou e de lutar para se erguer no meio de um monte de pessoas ruins.

Meu pai nunca me proibiu de sair com nenhum homem, e até me incentivava a me aventurar, sempre com segurança e respeito. Talvez ele achasse que eu ficaria velho e cheio de cachorros em minha casa. O que não seria um destino ruim parando para pensar. Eu poderia ter um monte de cachorros e poderia cuidar de mais milhares se minha situação financeira fosse boa, porque obviamente não dependeria do dinheiro do meu pai. Eu sempre lutei pelo o que eu quero e não aceitava nada de graça.

- Hello? Terra chamando o sonhador! - Kyle estralava os dedos em frente ao meu rosto. - Estava pensando no que, seu safadinho?

- Em como minha vida seria se eu vivesse sozinho com vários cachorros.

- Credo, garoto! - ele disse se levantando e levando consigo nossos pratos. Ele estava lavando a nossa louça e ele nunca faria algo assim, mas eu o obriguei a fazer isso todas as vezes que vinha em meu apartamento, desde que eu sempre conseguisse algum ingresso para festas de pessoas famosas devido a eu cursar cinema, pois segundo ele, os artistas tinham uma pegada diferente.

Eu fui até o armário e peguei o pote de ração para alimentar meus bichinhos. Quando abaixei, novamente senti uma pontada na barriga. Eu realmente precisava ver isso o quanto antes. Já estava se tornando insuportável. Olhei as horas e já estava na hora de sair para o evento.

Fechei todas as portas e como sempre eu vi os seguranças de meu irmão me seguindo. Depois que uma onda de sequestros começou algum tempo atrás, ele ficou preocupado e junto de meu pai, colocou esses homens para me seguir. Eu sempre levava alguma coisa para eles comerem já que sempre estava por perto e dessa vez não foi diferente. Com um pequeno pote com sanduíches e uma garrafa com chá eu atravessei a rua pouco movimentada. Eu bati na janela e logo ela baixou revelando um sorriso discreto no rosto dos homens.

- Se seu irmão souber que você fica trazendo essas coisas gostosas, ele vai nos mandar embora. - Richard, o mais barbudo deles, que parecia ser brincalhão disse e pegou a comida.

- Vocês ficam o tempo todo atrás de mim e cuidando de mim. O mínimo que eu posso fazer é cuidar de vocês também. - eu sorri me virando. Mas olhei para eles novamente. - E se ele demitir vocês eu contrato vocês de volta. Ele não manda em nada.

Eu segui até o carro de Alyssa e partimos para a feira. Enquanto ela dirigia eu mandei uma mensagem de bom dia para meu pai e avisei que passaria a noite em sua casa. Ele me respondeu alguns minutos depois perguntando se estava tudo bem comigo e eu disse que sim. Não iria deixá-lo preocupado com nada no momento.

Conferi o equipamento de fotografia no caminho todo e até tirei umas fotos de Kyle no carro, para que postasse no instagram. O que ele adorou. Eu estava ansioso para essa feira, pois agora eu esperava uma grande oportunidade, com todas aquelas celebridades que prometeram comparecer.

E eu não estava enganado quanto a isso. Vários fotógrafos já estavam no local e pelo próprio instagram e sites de notícias, várias materias eram postadas e fotos compartilhadas sobre a feira de adoção e incentivando as pessoas adotarem os animais, mas com consciência, e vários dos cartazes com avisos e condições eram colocados em seguida para motivar e ensinar que cuidar de um animal exige tanto ou mais cuidado do que cuidar de uma criança, pois os mesmos não falam e temos que entender os sinais que nos dão quando precisam de ajuda.

Em meio a umas postagens eu recebi uma ligação de um número desconhecido e fiquei receoso em atender, mas e se fosse uma emergência. Eu não me perdoaria se algo acontecesse.

- Alô

- Olá, minha coisa linda. - escutei uma voz rouca e imediatamente a reconheci.

- Bom dia e o que você quer, William? - respondi. Eu sabia que ele tentaria dar em cima de mim, mas geralmente ele tentava depois das cinco da tarde e ainda eram uma hora. Kyle virou, li seus lábios e confirmei que se tratava daquele homem. Ele me pediu o telefone, mas eu sabia que os dois discutiriam, então eu decidi que eu me mesmo encerraria a ligação. E foi isso que fiz e depois coloquei meu celular em modo silencioso.

- Você sabe que ele não vai parar de tentar, não é? - meu amigo disse e eu suspirei. - Você precisa acabar com isso logo. Ele é um gostoso? Sim, e sem sombra de dúvidas, mas você não vai passar de beijos com ele.

Eu só concordei com a cabeça, pois novamente senti aquela pontada em meu estômago. Já era a terceira vez em menos de quatro horas. E isso geralmente só acontecia uma vez por dia. Mas eu tinha que aguentar, pelo menos até a feira acabar. Eu precisava fazer aquilo. Eu encolhi minha barriga até sentir que a dor havia passado e desejei que o dia passasse rapidamente.

Mais alguns minutos e já havíamos chegado. Eu percebi que tudo estava lindo e muito mais pessoas apareceram. As postagens realmente ajudaram e eu sentia uma coisa boa sobre aquele evento. Tudo seria maravilhoso.

Alyssa foi conversar com umas mulheres perto de um painel e logo o nome da ONG, Seja Amado, estava brilhando e ao fundo vários vídeos dos animais, que eu mesmo fiz passavam. Eu preparei meu equipamento e comecei a gravar algumas cenas e pedia para que alguns dos influenciadores tirassem uma foto. Vários deles vieram, inclusive o dono de uma grande empresa de alimentos. Eu o conhecia, pois fazia parte do círculo de amizades de meu pai. Ele estava junto de uma garota loira, e eu tinha a impressão de que a conhecia de um lugar, mas não lembrava de onde. Eles vieram me cumprimentar e só quando ela me deu um abraço e puxei minha franja que eu me lembrei.

- Ally? E você? - perguntei espantado. - Meu Deus, garota! Olha pra você! Está linda! Voltou quando?

- Ontem, na verdade, hoje de madrugada. O Brasil é incrível, Calisto. Mas é muito quente. Olha isso! - ela puxou um pouco o casaco e me mostrou a marca de um biquíni. Ela estava muito mais morena. Totalmente diferente da pele branca que tinha antes de viajar.

- Que bom que você voltou, eu não aguentava mais não ter ninguém pra conversar quando seu pai ia lá em casa.

- Eu imagino.

Conversamos sobre sua viagem enquanto eu filmava algumas das pequenas criaturinhas. Ela contou como ficou com vários homens maravilhosos, claro que longe de seu pai. E soube que ela estava conversando com um deles ainda e pretendia voltar para lá para passar um mês e não só uma semana. Ally sempre ia em minha casa quando nossos pais se reuniam para discutir alguma coisa sobre uma empresa das quais são sócios, mas nunca fomos tão próximos, até ela ter algum envolvimento com meu irmão. Eles terminaram depois de uns seis meses, mas isso serviu para nos aproximarmos.

Eu estava distraído tirando fotos quando escutei uma salva de palmas. Eu terminei de arrumar meu equipamento e quando cheguei, Donny, um dos diretores da ONG estava abraçando um outro homem, magro e com uma peruca rosa longa, que logo reconheci como um dos influenciadores. Brandy, diminutivo de Bandon, estava com uma coleira com sete cachorros vira-latas e seu marido, Dutch, o ajudava. Ele tinha adotado sete de nossos anjinhos e os levaria para sua nova casa em Los Angeles na próxima semana, quando todos os documentos estivessem assinados.

Estava tão feliz no final do dia que nem me lembrava de minha dor e só me preocupava em ajudar a todos a colocarem os poucos cachorros que infelizmente não foram adotados nos carros. Mas a feira havia sido um sucesso e com certeza atraído o olhar de muitas empresas para a causa.

Kyle saiu rapidamente quando recebeu uma ligação de seu pai. Ele não deu muitos detalhes sobre ela, mas ele saiu bem preocupado. O perguntei se queria que eu fosse com ele, mas ele recusou e saiu apressado. Alyssa não demorou muito a ir, sabia que ela queria dormir mais e eu disse que pegaria uma carona com meus seguranças até a casa de meu pai.

O sol já se punha no horizonte, por entre os prédios, e eu nem havia percebido como estava cansado até que bocejei no banco de trás do carro. Mandei uma mensagem para meu pai avisando que chegaria em alguns minutos e ele me disse que meu irmão já estava lá, pois não era sempre que eu ia para lá. O chamei de exagerado e depois ele mandou eu chegar logo.

Richard, me olhava através do espelho do carro, mas quando os encontrei ele desviou o olhar.

- O que foi? - perguntei.

- O que foi o que? - ele perguntou também.

- Você me olhando. Tem alguma coisa pra me dizer?

- Não é nada, e só que minha mulher está planejando uma festa surpresa para minha filha. E eu queria pedir o próximo final de semana de folga. - ele olhava em meus olhos enquanto esperava minha resposta.

- É claro que pode, Richard! - eu bufei. - É claro que pode! É a festa da Caroline, e me mande o endereço para que eu possa ir também. Eu amo sua filha! Ela é um anjinho.

- Obrigado, senhor. - ele disse, mas logo se corrigiu. - Calisto.

- Não precisava nem pedir. - falei fingindo estar irritado e depois sorri.

Eu nunca o proibiria de ir a festa de sua filha, eu já achava um absurdo ele ficar me seguindo a todo lugar, mas eu sabia que era o trabalho dele, e o respeitava por isso.

Minha barriga doeu novamente e eu a apertei segurando minha respiração. Eu já estava começando a ficar preocupado com isso. Eu lembro que minha mãe apresentou os mesmos sintomas antes de... Eu sabia que meu pai não ficaria nada feliz de saber que estava a quatro dias sentindo aquelas dores.

Sacudi minha cabeça e tirei aqueles pensamentos da cabeça me concentrando nas luzes do lado de fora. Nova Iorque era uma cidade linda e iluminada. Eu amava aquele lugar e não trocaria sua agitação por nada. E só então percebi que estava morrendo de saudades de meu pai. Quando minha mãe estava viva, costumávamos sair durante a noite somente para ver as luzes contrastando com a noite escura. Meu irmão sempre pedia para comprarmos sorvete no caminho de casa, mesmo com minha mãe dizendo que era muito tarde. Meu pai, sempre a abraçava e a fazia sorrir, fazendo a alegria de Nicolai, pois aquele era o sinal de que ele teria o que queria e sempre me sujava de sorvete, passando em minha bocheca, me fazendo grudar pelo doce. Eu pedia ajuda para minha mãe e ela pegava o sorvete de meu irmão e começava a comer com meu pai. Aquela lembrança me fez sorrir. A queria comigo.

Depois de uns dez minutos chegamos ao apartamento de meu pai e tratei logo de obrigar Richard e o novo segurança a irem pra casa. Richard era como se fosse um treinador e sempre trazia um diferente. Ele era enorme e todo barbudo. Eu lembro da primeira vez que meu irmão me apresentou a ele. Nunca tinha visto um homem tão alto quanto meu irmão. Os dois tinham a mesma altura, mas aparentavam e eram completamente os opostos. Richard tinha cara de bravo, mas na verdade era um brincalhão, já meu irmão era o oposto. Eu só o vira sorrir para meu pai, a mim e Kyle e Alyssa.

Passei pela recepção indo em direção ao elevador. Apertei o andar e suas portas estavam prestes a fechar quando uma mão enorme passou entre a porta, o obrigando a abrir novamente. E imediatamente me vi perdido.

Um homem com uma barba por fazer, entrou ofegante, e uma gota de suor caiu de seu queixo manchado a camisa preta e justa que vestia. Subi meus olhos, e encontrei aquelas duas órbitas tão escuras quando o universo. Ele me olhava com curiosidade, mas logo tratou de apertar o número dezesseis. Era a cobertura, onde meu pai morava. Ele então era o vizinho da frente. Eu sabia que alguém havia se mudado, mas ainda não sabia quem e agora ele estava bem ao meu lado. Eu senti o aroma de seu perfume misturado com seu suor, o que era uma combinação inebriante. O ar ao seu redor parecia se aquecer pelo seu grande corpo. Ele estava somente a alguns passos de mim e fiquei tentado a puxar assunto com ele, mas tudo o que fiz foi dar um gemido ridículo, pois aquela dor teimosa apareceu.

Ele olhou para trás e me encarou como se me avaliasse. Eu fiquei com vergonha e logo tratei de mexer meu pé, como se fosse uma dor por estar em pé por muito tempo, mas logo a dor veio mais forte e eu instintivamente coloquei a mão em meu abdômen, o apertando. E então ouvi sua voz grave e grossa. Era muito gostosa de se ouvir e quase solto outro gemido, só que de prazer.

- Você está bem? Quer ajuda?

Ele se aproximou a passo de mim e eu senti o calor que o circulava passar pelo meu corpo.

- Sim, obrigado. - eu disse parecendo o mais seguro possível. - É uma dorzinha besta.

- Mesmo assim deve ir ao hospital. - ele respondeu seriamente. Ele sustentou seu olhar com o meu e ficamos em silêncio até que o sinal apitar que chegamos ao nosso andar.

- Tudo bem, Sr. Doutor. - falei sorrindo e passei por ele, e foi como se estivesse, por um segundo, levitando como um planeta na orbita do Sol. - Chegamos ao nosso andar. Uma boa noite...

- Mathias! - ele estendeu sua mão e eu a apertei. Sua mãe era forte e macia.

- Calisto. - me apresentei e vi um sorriso.

- Como na mitologia grega?

- Sim. - afirme impressionado. Ninguém nunca sabia de onde meu nome vinha. - Meus pais adoram esse nome.

- Bom, seus pais escolheram bem o nome. - dito isso ele saiu do elevador comigo atrás dele. Até que paramos cada um na frente de seu apartamento. - Boa noite e vá verificar essa dor. Boa noite, Calisto.

Ele fechou a porta atrás de si e a minha abriu quando e fui puxado para o alto. Braços enormes e completamente tatuados me agarraram me apertando como se eu fosse um nada. Nicolas me beijou o rosto como sempre fazia e me carregou até a cozinha, onde meu pai nos olhou com divertimento.

- Pensei que nunca mais viria na casa de seu pai. - ele disse me abraçando e olhando em meus olhos e o abracei novamente.

- Eu também achei pai, mas pode deixar que isso não vai mais acontecer.

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Obrigado, meus amores!

Desculpem qualquer erro e podem me avisar caso encontrem.

Quero tornar a leitura ótima pra vocês!

Beijos 💞💞💞

Comentários

Há 1 comentários.

Por Jordlan em 2019-05-19 22:05:05
esperando pelo próximo