Mistério no Quarto 1

Parte da série Além do Crível

- Oi Lanne – disse eu – Como foi hoje na escola?

- Aaah foi legal – ela sempre dizia a mesma coisa quando eu perguntava isso. Mas hoje o tom de sua voz estava diferente das outras vezes, parecia triste.

- Aconteceu alguma coisa? – Insisti.

- Dylan foi um dia normal assim como todos os outros dias naquela droga de escola! – Definitivamente ela estava chateada com alguma coisa. – Desculpa é que... – ela soprou todo o ar que tinha dentro dela – Sabe o Sam? – Ela continuou.

- Hum acho que sim. – Respondi. - Aquele que você tinha chamado para jantar aqui semana passada?

- Sim é ele mesmo - respondeu de cabeça baixa. – Nós estávamos nos conhecendo – eu sabia, sempre soube, ela nunca consegue esconder algo de mim. – Ele parecia ser legal – continuou – notas boas, simpático, bonito, nunca me tratou com arrogância nem nada. Até que hoje eu vi ele beijando a Alice – achei que essa seria uma conversar que ia durar, mas minha irmã sempre quis mostrar que era feita de pedra ou algo mais resistente. – Bem, o jantar vai estar pronto daqui a dez minutos.

- Eu não vou jantar aqui hoje, vou na casa da Bárbara a gente combinou de jogar Just Dance – falei.

- Espera aí você e a Bárbara estão...

- Não! Nós não estamos ficando Lanne, somos apenas amigos – na verdade melhores amigos. Eu não podia me estressar com esse tipo de pergunta, até por que eu morava ainda com meus pais, e sempre preferi falar sobre minha sexualidade com minhas amigas ao invés que com a minha própria família. Eu não tenho culpa a respeito disso, minha família é bem rígida, não suportariam o fato de que eu sou gay. – Tchau, avise a mamãe que chego antes de vocês dormirem.

- Calma! Só achei que vocês se encontram muito – ela disse. – Antes de você descer, mamãe me disse que um garoto chegou aqui e disse que precisava pegar uma coisa que você emprestou para ele. Ela perguntou se eu o conhecia, ela não se lembra do seu nome, tentou me dar todos os detalhes dele, mas não o reconheci.

- Um garoto? – Sim, me espantei. Tenho dois melhores amigos, Allan e James, mas nunca os trouxe aqui. Isso porque eles também são gays e prefiro evitar que meus pais possam descobrir sobre mim.

- Sim, um garoto!

- Eu não me lembro de ter pegado algo emprestado com ninguém! – exclamei. – Afinal, o que ele levou?

- Mamãe falou que você tinha dito a ele que tinha deixado o DVD dele em cima da sua cama e que ele podia passar lá para buscar depois – disse ela. – Mamãe disse que ele podia subir para pegar, ele desceu sem nada nas mãos dizendo que você não deixou nada na cama e que ia pegar com você na escola no dia seguinte.

- Que estranho – falei.

- Você que é estranho seu alienígena – Lanne tinha um senso de humor indescritivelmente incrível. – Você não falou que ia na casa da Bárbara?

- Sim, sim... já estou de saída. Tchau!