Capítulo 5. morte brutal

Parte da série Segredos de um belo homem

GuiSantos obrigado por acompanhar. Rafael não merecia o qua aconteceu com ele, mas quem sera quem fez isso à ele?

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Os meses que se seguiram foram de absoluta tristeza para Fabrício. A imagem do corpo de Rafael Bramn mutilado e ensanguentado repassava a toda hora por sua mente. Ele pensou em se consultar com o Dr. Shane outra vez, mas sabia que não ousaria discutir esse assunto com mais ninguém. Sentia culpa só de pensar que o pai poderia ter feito uma coisa tão terrível assim. Afastava esse pensamento e tentava se concentrar no trabalho. Era impossível! Ele olhou com desânimo para um logotipo que acabara de esboçar.

Marc Miller o estava observando, apreensivo.

- Você está bem, Fabrício?

Ele forçou um sorriso.

- Estou.

- Eu realmente sinto muito pelo seu amigo. - Ele lhe contara sobre Rafael.

- Mas eu... eu vou superar isso.

- Que tal jantarmos juntos hoje à noite?

- Obrigado, Marc! Eu... eu ainda não estou preparado. Na semana que vem, quem sabe?

- Tudo bem. Se houver alguma coisa que eu possa fazer...

- Eu fico agradecido. Não há o que se possa fazer.

Edward falou para Frédéric:

- O senhor idiotão parece que está com um problema. Por mim, quero que ele se dane!

- Eu estou com pena dele. Ele está mal.

- Que se dane! Todo mundo tem problemas, não é mesmo?

Quando Fabrício estava saindo do trabalho numa sexta-feira à tarde, para um fim de semana prolongado, Daniel Valentino o deteve.

- Ei, doçura, estou precisando de um favor.

- Você vai me desculpar, Daniel, mas eu...

- Ei, espere aí. Não é nada disso! - Ele pegou o braço de Fabrício - Preciso de um conselho do ponto de vista de um rapaz como você.

- Daniel, eu não tenho a mínima vontade de...

- Eu me apaixonei por alguém e quero me casar, mas estou com problemas. Você vai me ajudar?

Fabrício hesitou. Ele não gostava de Daniel, mas não viu mal algum em tentar ajudá-lo.

- Será que dá para esperar até amanhã?

- Eu preciso conversar com você agora. É urgente mesmo.

Fabrício respirou fundo.

-Tudo bem.

- Será que podemos ir para o seu apartamento?

Ele balançou a cabeça.

- Não. - Jamais conseguiria fazê-lo ir embora.

- Você toparia ir para o meu?

Fabrício hesitou.

- Tudo bem. - Assim, posso sair quando bem entender. Se eu conseguir ajudá-lo a conquistar essa pessoa por quem está apaixonado, talvez ele me deixe em paz.

Edward falou para Frédéric:

- Puxa! O senhor Certinho vai para o apartamento do verme. Você acredita que possa ser idiota a esse ponto? Onde é que andam os miolos de araque desse cara?

- Ele só está tentando ajudar. Não há nada errado em...

- Ah, não me venha com essa, Frédéric! Quando é que você vai crescer, homem? O cara só está querendo levá-lo para o abatedouro.

- Nona. Non si fancos.

- Nem eu mesmo teria sido capaz de dizer isso de uma forma melhor!

O apartamento de Daniel era decorado em neopesadelo. Havia pôsteres de antigos filmes de terror em todas as paredes, ao lado de folhinhas de mulheres nuas e animais selvagens comendo. Minúsculas esculturas eróticas em madeira abundavam pelas mesas. Que apartamento de maluco, pensou Fabrício. Mal podia esperar para ir embora dali.

- Sabe, achei legal você ter vindo. Fiquei sensibilizado. Se...

- Eu não posso demorar, Daniel - advertiu Fabrício logo de início. - Fale logo sobre essa pessoa por quem você se apaixonou.

- E uma pessoa realmente demais! - Ele ofereceu um cigarro. - Quer um?

- Eu não fumo. - Ele o observou acender o cigarro.

- Quer beber alguma coisa?

- Eu não bebo.

Ele abriu um sorriso.

- Você não fuma, não bebe. Sobra uma atividade interessante, não é mesmo?

Ele falou com firmeza:

- Daniel, se você não...

- Eu só estava brincando. - Ele foi até o bar e se serviu de uísque. - Tome um pouco de uísque. Mal não vai fazer - Ele entregou o copo a ele.

Ele tomou um gole de uísque.

- Agora me fale dessa pessoa.

Daniel se sentou no sofá, ao lado de Fabrício

- Eu nunca conheci ninguém igual. Ele é sexy como você e...

- Pare com isso, senão eu vou embora.

- Ei, isso foi um elogio. Enfim, ele está maluco por mim, mas a mãe e o pai dele têm uma vida social muito ativa e me detestam.

Fabrício não fez comentário algum.

- Então, o caso é o seguinte: se eu forço a barra, ele se casa comigo, mas se isola da família. Ele é muito chegado aos pais e, se nós nos casarmos, eles com certeza vão deserdá-lo. Então, ele vai acabar um dia me culpando por isso. Entendeu o problema?

Fabrício tomou mais um gole de uísque.

- Entendi. Eu...

Depois disso, o tempo pareceu se esvair no meio de uma neblina. Ele acordou devagar, sabendo que havia alguma coisa muito errado. Teve a sensação de ter sido drogado. O esforço para simplesmente abrir os olhos foi imenso. Fabrício olhou ao redor do quarto e começou a entrar em pânico. Estava deitado numa cama, nu, num quarto de hotel barato. Conseguiu se sentar e começou a sentir a cabeça latejar. Não fazia ideia de onde estava nem de como chegara ali. Havia um cardápio sobre a mesinha-de-cabeceira, e ele se esticou para pegá-lo. Chicago Loop Hotel. Ele tornou a ler, atônito. O que eu estou fazendo em Chicago? Quando tempo faz que estou aqui? A visita ao apartamento de Daniel Valentino fora na sexta-feira. Que dia é hoje? Mais alarmado a cada instante, ele pegou o telefone.

- Pois não?

Foi difícil falar.

- Que... que dia é hoje

- Dia dezassete de...

- Não. Eu quero saber o dia da semana.

- Ah! segunda-feira. Você gostaria...

Fabrício repôs o aparelho no gancho, estarrecido. Segunda feira. Perdera dois dias e duas noites. Sentou-se na beira da cama, tentando se lembrar. Ele havia ido para o apartamento de Daniel... Tomara um copo de uísque... Depois disso, um hiato. Ele havia colocado algo no seu copo de uísque que a fizera perder a memória temporariamente. Ele já lera a respeito de incidentes nos quais fora usado essa droga, chamada "Boa noite cinderela". Fora isso que ele lhe dera. O pretexto de precisar de um conselho tinha sido uma artimanha. E eu caí como uma idiota! Ele não se lembrava de ter ido para o aeroporto, de ter tomado o avião para Chicago, nem de ter se hospedado neste hotelzinho infame com Daniel. E o que era pior - não se lembrava do que ocorrera neste quarto. Preciso sair daqui, pensou Fabrício, desesperado. Sentiu-se maculado, como se cada centímetro de seu corpo tivesse sido violado. O que ele lhe fizera? Ele tentou não pensar nisso. Saiu da cama, entrou no minúsculo banheiro e foi tomar um banho. Deixou que a água quente batesse contra o seu corpo, tentando lavar as coisas horríveis, sujas, que lhe pudessem ter sucedido. se ele a tivesse estuprado realmente? A simples ideia ao pensar naquilo o deixou enojada. Fabrício saiu do chuveiro, secou-se e foi até o armário. Suas roupas haviam sumido. Ele encontrou ali somente uma calça justa de cor preto, uma camisa regara e um par de tênis branco bem descolado. Sentiu repugnância de se ver forçada a usar tais roupas, mas não teve escolha. Vestiu-se rapidamente e olhou-se no espelho. Parecia aqueles moleques que vive em baladas, cachaceiro. Fabrício examinou a carteira. Somente quarenta dólares. E os cartões de crédito ainda estavam lá. Graças a Deus! Ele saiu pelo corredor. Não havia ninguém. Pegou o elevador, desceu até o saguão mal conservado do hotel e foi até o balcão da recepção, onde entregou ao idoso funcionário o seu cartão de crédito.

- Já vai? - disse ele, em tom de zombaria - Mas tenho a impressão de que você se divertiu bastante, acertei?

Fabrício ficou olhando para o homem, imaginando o que ele estaria se referindo e teve medo de descobrir. Sentiu-se tentado a perguntar-lhe quando Daniel havia deixado o hotel, mas achou melhor ficar calado. O funcionário estava passando o seu cartão de crédito pelo aparelho de leitura. Ele fez uma careta e uma segunda tentativa. Finalmente, falou:

- Moço, me desculpe, mas o cartão não está sendo aceite. Estourou o limite.

Fabrício ficou boquiaberto.

- Isso é impossível. Deve ter havido um engano!

O velhinho deu de ombros.

- Não tem outro cartão?

- Tenho... Tenho.

Ele estava olhando para as roupas dele com um ar desabonador.

- Acho que sim, acompanhado da identidade.

- Preciso dar um telefonema...

A secretaria atende.

- Memorial Hospital de São Francisco...

- Dr. Jorge Madson.

- Fabrício?- Estranha a secretária

- Sarah? Fabrício. Preciso falar com o meu pai.

- Sinto muito, Fabrício. Ele está na sala de operações e...

Fabrício apertou o aparelho na mão e disse:

- Você sabe quanto tempo ainda vai demorar?

- É difícil dizer. Sei que há mais uma cirurgia marcada para depois...

Fabrício teve de combater a histeria que começava a surgir.

- Eu preciso falar com ele. urgente. Você pode lhe dar um recado, por favor? Peça para ele me ligar, assim que puder. - Ele olhou para o número do telefone e passou-o para a recepcionista do consultório do pai. - Eu vou esperar aqui até que ele me ligue.

- Não se preocupe que eu vou dar o seu recado.

Aguardou sentado no saguão durante quase uma hora, torcendo para que o telefone tocasse. Todos que por ali passavam olhavam para ele com estranheza, e Fabrício se sentiu despido dentro daquelas roupas vulgares que estava usando. Quando o telefone

finalmente tocou em sua mão, foi um susto.

Ele atendeu desesperadamente.

- Sim...

- Fabrício? - era a voz de seu pai.

- Papai, eu...

- O que houve?

- Estou em Chicago e...

- O que você está fazendo em Chicago?

- Não dá para falar agora. Preciso de uma passagem de avião para San José. Não tenho nenhum dinheiro aqui comigo. Você pode me ajudar?

- Claro. Espere. - Três minutos depois, o pai voltou ao telefone. - Há um voo da American Airlines saindo do O'Hare às dez e quarenta; o número do voo é 407. Vou mandar deixar uma passagem para você no balcão de embarque. Eu vou pegá-lo no aeroporto de San José e...

- Não! - Ele não podia deixar que ele o visse naqueles trajes. - Eu... eu vou para o meu

apartamento mudar de roupa.

- Tudo bem. Eu vou pegá-lo para almoçarmos juntos. E aí você me conta o que aconteceu.

- Obrigado, papai! Obrigado!

No voo de volta para casa, Fabrício pensou na coisa imperdoável que Daniel tinha- lhe feito. Vou ter de ir à polícia, resolveu. Não posso deixá-lo assim, impune. A quantos outros ele já não fez isso? Quando regressou ao seu apartamento, Fabrício teve a sensação de que havia voltado para um santuário. Mal pôde esperar para se livrar das roupas de mau gosto que estava vestindo. Tirou-os mais que depressa. Achou que precisava de outro banho antes de ir se encontrar com o pai. Caminhou em direção ao seu armário e parou. Bem à sua frente, sobre a cómoda, havia uma ponta de cigarro. Eles estavam sentados a uma mesa de canto num restaurante em The Oaks. O pai de Fabrício o estudava, apreensivo.

- O que você foi fazer em Chicago?

- Eu... eu não sei.

Ele olhou para ele, intrigado.

- Você não sabe?

Fabrício hesitou, tentando decidir se deveria contar-lhe o que acontecera. Talvez ele pudesse lhe dar algum conselho. Ele falou, comodamente:

- Daniel me pediu para ir ao seu apartamento a fim de ajudá-lo com um problema...

- Daniel Valentino? Aquele mau carácter? - Há muito, Fabrício apresentara o pai aos colegas de trabalho. - Como você poderia ter alguma coisa a ver com ele?

Fabrício imediatamente se deu conta de que cometera um erro. Seu pai sempre reagira de forma exacerbada a qualquer problema que ele tivesse. Especialmente se envolvesse algum homem.

"Se eu vir você por aqui outra vez, vou quebrar todos os ossos do seu corpo."

-Não foi nada importante - disse Fabrício.

- Eu quero ouvir a história.

Fabrício ficou parado um instante, tomado por um pressentimento.

- Bem, eu tomei um drinque no apartamento dele e... à medida que falava, ele notava que o rosto do pai ia assumindo um ar sombrio. A expressão de seus olhos o amedrontava. Ele tentou encurtar a história.

- Não - insistiu o pai. - Quero ouvir tudo...

Fabrício deitou-se em sua cama à noite, exausto demais para conciliar o sono, seus pensamentos a girar num turbilhão caótico. Se o que Daniel me fez vier a público, será uma humilhação. Todos no trabalho saberão o que aconteceu. Mas eu não posso deixá-lo fazer isso com todo mundo. Preciso contar à polícia. As pessoas haviam tentado adverti-lo de que Daniel tinha uma obsessão por ele, mas Fabrício ignorara os avisos. Agora, repassando tudo em sua mente, ele podia perceber todos os sinais: Dennis sempre detestara ver qualquer outra pessoa conversando com ele, vivia insistindo para que saíssem juntos, sempre escutava sorrateiramente suas conversas...

Pelo menos agora sei quem é o maníaco que estava me perseguindo, pensou.; às 8 e 30 da manhã, quando Fabrício estava se aprontando para ir para o trabalho, o telefone tocou. Ele atendeu:

- Fabrício, é Marc. Você já ouviu a notícia?

- Que notícia?

- Está na televisão. Acabaram de encontrar o corpo de Daniel Valentino.

Por um instante, a terra pareceu se mexer.

- Meu Deus! O que aconteceu?

- Segundo a polícia, alguém o matou a facadas e depois o castrou.

Comentários

Há 1 comentários.

Por GuiSantos em 2017-09-08 12:01:17
Ou o Fabrício é doido ou alguém é mais doido que ele. rsrs