Nada, além de sonhos-Terça feira-

Conto de Fagner como (Seguir)

Parte da série Nada, além de sonhos.

Respondendo os comentários:

Tyler Langdon: Obrigado lindo(a), espero a que goste. Já te peço desculpa pela demora, eu estive um tanto ocupado. Mas cá estou.... Obrigado por ler.. Um abraço 😉❤!

Escritor da noite: Seu lindo, maravilhoso.. Obrigado, eu quem estava com saudades de vocês.. Beijão nego. Obrigado mais uma vez.💖😁

-----------------------------------------------

-Binho...

Eu reconheceria a voz de longe afinal eu já a conhecia e ouvira muito quando entrei nessa escola.

Era Scott.

Fiquei sem reação, não consegui virar e encará-lo. Talvez por vergonha, talvez por raiva. De fato eu não sabia.

-Binho, você está me ouvindo? Porque está mexendo nas minhas coisas? -Ele pergunta sério-.

-Algum idiota fez uma brincadeira comigo e jogou um dos meus lápis aqui. Eu só estava pegando.- Me viro sem olhar para ele.

-Ah sim. Espero que não façam mais essas brincadeiras com você. -Ele me encarava enquanto eu organizava meus materiais-

-Eu não espero nada. Já sou esperto demais para esperar algo das pessoas. Elas simplesmente fazem, ou simplesmente somem. -Disse e saí da sala, deixando-o sozinho-.

Talvez essa frase tenha surtido efeito nele, mais que tenha feito em mim. Me dirigi ao banheiro para lavar meu rosto e mãos. Eu estava nervoso por ter dito aquilo para ele, mas nada com que eu pudesse me preocupar, afinal , foi somente o prazo de eu sair do banheiro e vê-lo passar por mim com seus amigos e não falar nada. Definitivamente nada tinha mudado.

Já fora da escola pensei em encontrar meus amigos, mas o tempo belo e precioso que eu quase não tinha, não me permitiu tal ação. E eu também precisava comprar algumas coisas para minha mãe.

-Mãe, cheguei.-Deixo o livro e as compras na mesa e subo para o quarto.

Pensar que eu poderia ter aproveitado a oportunidade para falar com Scott sobre a mudança dele, me deixou um pouco inquieto. Eu tinha perdido , talvez a única oportunidade de tirar tudo isso a limpo. Mas porque eu estava me preocupando? As pessoas vem e vão , é inútil pensar que tudo será para sempre. Nós crescemos, cada um seguiu seu rumo e eu não podia negar ou mudar isso.

Despertador toca. A noite passa em questão de segundos. Tudo na minha cabeça, porque eu tinha dormido exatamente 12 horas. Então não foi exatamente em questão de segundos. Foi em questão de milhares de segundos.

Hoje é terça feira, mais um dia naquela escola e mais próximo de ficar longe dela eu estava.

-Bom dia Billy.

-Porra Binho, não faz mais isso cara. Ninguém dá bom dia num mictório. Caramba, vai assustar sua vó. Me deixa mijar em paz.

Eu realmente fiz isso, entrei no banheiro, vi meu amigo no mictório e dei um bom dia bem no ouvido dele. Eu queria assusta-lo e eu consegui.

-Foi mal cara. Eu te vi aí todo bonitinho mijando e eu não resisti. -Não aguentei as gargalhadas, e ele também riu-.

-Ontem você sumiu. A Tris achou que você fosse aparecer no parque.

-Não deu pra ir. Eu não estava bem.

-Quer falar o que aconteceu com você?-Ele pergunta enquanto fecha o zíper da calça-.

-Ultimamente eu estou um pouco louco. Ou estou estudando demais, ou estudando menos que devia.

-E onde você quer chegar com isso?-Ele lavava as mãos-.

-Você lembra que Scott e eu éramos muito apegados nos primeiros anos, não é?

-Sim eu lembro. E até hoje não entendo porque vocês se afastaram.

Billy também sempre estudou com a gente.

-É exatamente por isso que eu não estou me sentindo bem.-Conversávamos já nos corredores da escola-.

-Acho que você devia desencanar dessa história e parar de uma vez.

-Ontem ele falou comigo, quando eu voltei da biblioteca.

Expliquei toda a história para Billy, que só insistia para que eu parasse de tentar descobrir o porque de tudo isso.

-Eu não posso parar Billy, prometi que vou tirar isso a limpo, até o dia do baile de despedida.-Já estávamos na sala-.

-Então, você quem sabe. Eu sou péssimo para conselhos.-Ele diz sorrindo- Cadê a Tris que até agora não apareceu?

Chegava a ser engraçado. Toda vez que falávamos o nome dela, ela aparecia e dessa vez não foi diferente.

-Olha ela aí.

-Bom dia senhores.-Ela estava radiantemente brilhante-.

-Bom dia senhorita.-Eu disse sorrindo-.

-Qual o motivo de tanta felicidade?-Pergunta Billy -.

-Motivo nenhum, eu só estou amando porque o dia do baile está próximo.

-Tá, você só está se esquecendo que é preciso um par para ir ao baile.-Eu ria-.

-É exatamente por isso que você e o Billy vão comigo. -Ela riu de mim agora-.

-Nem sei se vou, mas até lá decido.

-Bom dia galera, prontos para uma ótima aula de Química Orgânica?-Disse o nosso professor ao entrar na sala- Bom pessoal, falta pouco tempo para o ultimo dia de vocês, então eu queria fazer uma dinâmica. Peço que todos façam um círculo com suas cadeiras.

-Eu adoro dinâmicas.- Tris parece ter ficado mais empolgada que já estava.

Todos os alunos fizeram um círculo com suas cadeiras, e o professor continuou.

-A dinâmica funciona da seguinte forma. Cada um de vocês vai escrever uma pergunta numa pedaço de papel, detalhe, a pergunta só pode começar com "e se", depois vamos embaralhar as perguntas e cada aluno vai responder uma pergunta do papel, Ok?

Concordamos e começamos a brincadeira. Minha pergunta foi simples, "E se amanhã fosse seu último dia de vida?", essa foi a pergunta que fiz.

-O que vocês escreveram?-Billy perguntou-.

-Eu não fiz nada demais.-Respondi.

-Eu escrevi um textão- Disse Tris-.

As perguntas foram embaralhadas e novamente distribuídas para que fossem respondidas. Os alunos começaram a responder, até chegar em um dos amigos de Scott que pegou a minha pergunta, e o que ele disse? Ele respondeu da seguinte maneira:

"E se amanhã fosse seu último dia de vida?"

"-Bom, eu transaria com as mulheres mais lindas do mundo até não ter mais nada para sair do meu..."

Por sorte o professor o interrompeu e a brincadeira continuou.

Uma garota de olhos puxados teve o azar de pegar a pergunta da Tris, e realmente ela escreveu um textão. Algo que envolvia 2°Guerra Mundial.

Até que é chegada a minha vez de responder, e minha pergunta foi perfeita para o que eu sentia.

"E se alguém que você gosta se afastasse de repente?"

-Bom, eu procuraria saber porque a pessoa se afastou de mim. Talvez o problema seja eu, ou talvez a pessoa não tenha coragem de falar tudo aquilo que vê na gente. Eu acredito que se a pessoa se afasta, ou o problema está com você ou você é a razão principal e pode se tornar um problema, ou essa pessoa está tentando te proteger. Então eu conversaria com essa pessoa para saber melhor.

O silêncio paira sobre a sala, e muitos me olham. Alguns dão risadas.

-Bom galera, essa fui a última pergunta e eu gostei muito da interação de vocês. E toda essa interação fez com que a aula passasse voando, então até a próxima pessoal.

Enquanto o professor organizava suas coisas, eu encarava Scott.

-Alô, terra chamando... Binho? Binho?

-O que foi Tris?

-Porque está encarando o Scott? Tá todo mundo te olhando.-Disse ela sem graça-.

-Eu não ligo. Ligaria se ele me olhasse.

-Isso está virando obsessão.- Disse Billy-.

-Mais uma vez eu não ligo.-Respondi rindo-.

As outras aulas passam rápido demais, até tocar o sinal avisando que as aulas já haviam terminado. Nesse dia decidi ir ao parque com meus amigos, eu estava melhor.

-Tá vendo Binho, o parque é legal. Não sei o que você tem contra ele.- Disse Tris aproveitando a sombra de uma árvore para deitar-.

-Eu não tenho nada contra o parque sua zé.

Ela sorri.

De fato era interessante ver as pessoas caindo enquanto tentavam fazer manobras em seus skates. Isso me fazia rir. Sim, eu sou um pouco idiota.

Passamos a tarde naquele parque, e as horas voaram. Já era noite quando saímos , e rapidamente voltei para casa. Eu até tinha "esquecido" Scott. Minha mãe estava cozinhando e aquilo era ótimo. Geralmente quem cozinha é meu pai, mas prefiro não comentar sobre a comida que ele faz.

-Mãe?

-Diga...

-O que a senhora está fazendo?

-Uma receita que vi na internet. Eu nunca fiz, mas é um tipo de torta de frango com milho. Espero que fique bom.

-E vai ficar. Você é a melhor cozinheira. Vai ficar bom sim.

-Eu espero Binho.-Ela sorri-.

-Cadê meu pai?

-Está no banho, aproveita quando for subir e chame-o para o jantar. Já está quase pronto.

-Pode deixar, estou subindo agora.

Chamei meu pai para o jantar e descemos juntos. De fato a torta estava uma delícia. Tinha um tempinho que não nos reuníamos para um jantar. Meu pai trabalha na parte da manhã, e minha mãe a noite, então raramente tínhamos momentos assim. Eu ainda não trabalho, meus pais dizem que devo terminar a faculdade primeiro. O jantar foi rápido, mas foi especial, pois estávamos juntos. Ajudar minha mãe a lavar a louça, era prazeroso pra mim, assim eu passava mais tempo com ela. Com tanta conversa que tínhamos, o tempo foi passando rapidamente e quando vimos já estava de madrugada. Minha mãe com sono, decide tirar uma soneca. Eu fiz o mesmo, porém não tinha o mínimo sono que quisera ter.

Eu estava acordado em plena madrugada, e não tinha nada para fazer, há não ser pelo computador que me olhava com uma cara de "ME LIGA E ME USA". Quem sou eu para negar um pedido desses? E foi exatamente o que fiz, liguei e usei meu computador.

Estava numa rede social qualquer, quando vejo o perfil de Scott, nós eramos amigos nessa rede, porém nunca nos falamos por ela, e para minha surpresa ele estava online. Eu pensei duas vezes em mandar uma mensagem, e eu ia mandar, mas sou surpreendido com a palavra "digitando". Sim , ele estava mandando uma mensagem pra mim, e essa disse o seguinte texto;

"Binho, preciso de você. Me encontre agora na porta da sua casa."

Eu ainda perguntei porque, mas ele não respondeu. Eu estava com medo de sair, mas estava louco para saber o que ele queria. Então fui ao encontro dele. Devagar e com passos leves para não acordar meus pais. E assim, saí de casa despercebido.

De fato ele estava me esperando, mas não entendi porque ele estava de carro se moramos perto.

-O que você quer Scott?-Primeira pergunta de um curioso, no caso eu-.

-Preciso de você.

-Pra quê?

-Bom, você tem carteira de motorista e eu não.

De fato eu tenho, mas não sabia que ele não tinha.

-Então você me chama pra ser seu motorista?

-Não, eu só não quero que prendam o carro da minha mãe, caso a polícia pegue a gente.

-A gente? -perguntei surpreso-.

-Sim, você e eu, eu e você. Vamos, entra no carro.-Ele dizia empolgado-.

- Não posso...

-Claro que pode. Mas se não quiser ir, tudo bem. Eu só sei que ia ser a melhor noite da sua vida.

-Scott, eu preciso dormir. Até mais.-Disse já virando as costas-.

-Até. Eu também precisava conversar com você sobre algumas coisas.

Aquelas palavras mexeram comigo.

-Conversar o quê?

-Te explicar algumas coisas.

-Então comece explicando, porque eu preciso dirigir pra você, e onde nós vamos e o que vamos fazer...

-Digamos que eu fui traído e quero vingança.-Ele sorri- Vem, eu te explico tudo no caminho.

-Tudo bem.-Concordo com o coração dividido entre a aventura e o arrependimento-.

Eu comecei a gostar disso, e aquela hora era perfeita para esclarecer tudo que não tinha sido esclarecido.

-Binho?

-Sim.-Eu o olhei nos olhos, enquanto minhas mãos suadas seguravam o volante-.

Ele sorri.

-PRÓXIMA PARADA, A LOJA DE CONVENIÊNCIA DO POSTO...

Comentários

Há 2 comentários.

Por paulinho12 em 2015-09-27 16:18:11
Adorei essa série maravilhosa
Por Wïll em 2015-09-27 15:27:03
legal, gostei do capitulo e estou gostando da serie, esperando o próximo capítulo.