Nada, além de sonhos -Quarta feira-

Parte da série Nada, além de sonhos.

Respondendo os comentários:

Will: Ah, Obrigado 😍. Não imaginas o quanto fica feliz que esteja gostando. Bom, peço perdão pela demora, mas cá estou. Espero que goste. Um abraço \😊/.

paulinho12: Obrigado pelas palavras, me perdoe a demora, vou me dedicar mais um pouco. Enfim, espero que goste desse. Um abraço pra ti também, seu lindo. \😃/.

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-Binho?

-Sim.-Eu o olhei nos olhos, enquanto minhas mãos suadas seguravam o volante.

Ele sorri.

-PRÓXIMA PARADA, A LOJA DE CONVENIÊNCIA DO POSTO...

Eu ri.

-Porque você gritou?-Pergunto sorrindo.

Ele abaixou a cabeça e também sorriu.

-Dirige logo vai- Ele disse me dando um tapa na perna-.

Já na loja de conveniência do único posto 24hrs, ele me passa uma lista com os itens que precisava.

-Óleo de motor, plástico insufilme, ovos, peixes em lata, pregos, geleia já vencida, um caderno e uma caneta? -Minha cara era de quem não tinha entendido nada, e realmente eu não entendi nada.

-Sim, pegue isso enquanto eu pego o spray.

-Spray? Nós não vamos pichar nada, não é?

-Fique tranquilo Binho. Como eu disse, essa vai ser sua melhor noite.

Pagamos os itens e saímos da loja. Já no carro ele me explica passo a passo.

-Quando eu disse que fui traído e quero vingança, eu não estava mentindo.

-Ainda não estou entendendo.

-Simples Binho. Você conhece a Jessie, não conhece?

-Sim, sua namorada.

-Não,minha ex namorada. Eu a vi me traindo com o Josh, aquele que dizia ser meu amigo. E outra, o Dillan, que eu pensava ser meu melhor amigo , sabia de tudo e não me disse. Então, nada melhor que fazê-los pagar por isso.

Eu fiquei boquiaberto com tudo aquilo.

-Bom Scott, eu não sei o que falar. Não sabia que a Jessie...

Ele me interrompe.

-Esquece isso, vamos para a casa do Josh primeiro. Ok?

-Tudo bem.

Hoje é quarta feira.Seguimos para a casa do tal rapaz. Eu não imaginava o que Scott queria fazer, mas eu não estava ligando muito. Eu apenas queria aproveitar para tirar toda aquela história à limpo.

-A casa dele é essa-Ele aponta para uma casa com um carro Sport branco na porta da garagem. - Agora pegue o plástico insufilme e o óleo de motor.

Eu estava louco para saber o que ele queria fazer, mas depois de um certo tempo , eu já não queria mais saber.

-O que vamos fazer Scott?-Pergunto assustado.

-Vamos embalar o carro dele -Ele sorri.

Então ele começa a insufilmar todo o carro de Josh. Depois de pronto, o carro fica totalmente coberto pelo plástico, o que dificulta muito a tirar, já que o plástico gruda. Ele ainda foi mais além, usou uma fita adesiva em todo o carro, e por fim...

-Vamos Binho, jogue o óleo de motor. Você vai gostar.

-Não posso fazer isso Scott.

-Então tudo bem. Eu faço.

3 litros de óleo de motor são derramados sobre o plástico. Isso seria uma tortura para quem fosse tirar, eu não gostaria que fizessem isso comigo. Mas toda a adrenalina. de fazer algo proibido me deixou com mais vontade de continuar os planos "maldosos" de Scott.

-Agora que o Carro dele já está embalado, vamos deixar um recado.

Ele pegou o caderno e escreveu um simples texto;

"Isso serve para mostrar o quanto sua traição afetou mais a você do que a mim"

E escreveu também duas iniciais "B&S", colou o papel no carro e por fim, usou o spray para fazer as mesmas iniciais na calçada.

-Tudo pronto Binho. Vamos para a casa do Dillan.

Eu não queria fazer nada daquilo, mas já que tinha começado, eu não podia parar.

Já na casa do Dillan, ele começou também na garagem. Como essa estava fechada, ele então pegou o saco de pregos e mais uns arames farpados que ele tinha no carro e jogou em frente a garagem. Foi uma vingança um pouco menos cruel, mas ele saberia a raiva que seu amigo Dillan iria ter na parte da manhã, após sair com o carro e sentir os quatro pneus sendo furados pelos pregos no chão.

-Agora, vamos deixar um recadinho para ele também-Ele sorria.

-Você não acha que está exagerando Scott?

-Sim, claro que estou exagerando. Eu devo aproveitar a oportunidade e exagerar para que não precise fazer nada mais tarde. Agora vamos ao recadinho.

"Esses pneus sem ar servem para mostrar o quando você é vazio e sem consideração por aquele que mais te ajudou e te chamou de amigo. B&S"

Colocou o papel na caixinha de Correios, e fez as mesmas iniciais no portão da garagem com o Spray.

-Scott, tem certeza disso?

-Não, eu nunca tenho certeza de nada. -Ele sorri.

-Tá, e vamos onde agora?

-Para a casa da linda Jessie.

-O que você quer fazer lá Scott? Você é doido?

-Não Binho, eu disse que quero vingança. Não se preocupe, não vou matar ninguém. Mas se a policia descobrir quem fez isso, eu vou jogar toda a culpa em você. -Ele ri alto.

-Como? -Pergunto assustado e já arrependido de tê-lo ajudado.

-É brincadeira senhor certinho. Venha entra no Carro.

Seguimos para a casa de Jessie, e ele ria todo tempo. Aquela situação me divertia e aos poucos me deixei levar por tudo aquilo. Era como se nossa amizade tivesse voltado do nada. Mas eu não poderia deixar de perguntar o real motivo dele ter se afastado.

-A Casa dela é essa. -Ele aponta para um casa grande, toda colorida. -Ela não deve estar em casa.

-Ela pode não estar, mas e aquela luz acesa no quarto de cima?

-Ódio, ela está em casa. Mas eu não vou perder a oportunidade. Vem Binho, vamos espiar pela janela do quarto dela.

-O quê? -Eu quase gritei.

-Vamos olhar o que ela tá fazendo ué. Ligue a câmera do seu celular, vai que a gente pega uma cena engraçada.

-Scott? Você está louco? Como vamos espiar ali? Olha a altura disso.

-Deixa de medo Binho, vamos subir na casinha de ferramentas e depois subir na árvore. Era lá que eu ficava escondido do pai dela. Vem, vai dar certo. Deixe a filmadora do seu celular ligada.

E fomos, subimos na casinha de ferramentas e por fim na árvore que dava total acesso a nossa visão do quarto dela. A Janela tinha uma cortina que atrapalhava um pouco, mas nada que não pudesse ver a cena que deixou Scott um tanto constrangido e um pouco magoado. Estava Jessie e outro rapaz da escola transando sem perceberem nossa presença.

-Que safada. -Disse Scott disfarçando a raiva que sentia. Vamos Binho, filma eles. Rápido.

E assim o fiz, sem pensar duas vezes filmei a transa. Mas em um descuido acabo escorregando e fazendo um pequeno barulho que chamou atenção deles. Scott logo se escondeu nos galhos, e eu fiquei parado enquanto eles procuravam da cama , algo na janela. E para o meu azar, eles conseguiram ver minha sombra. Então é chegada a hora de descer rápido daquela árvore e sumir dali.

-Vem Binho, corre. -Scott ria.

Ele desce rápido da árvore em um só pulo. Eu não iria pular, era muito alto pra mim. Eu decido então descer pela casinha de ferramentas. Mas como dizem que a pressa é inimiga da perfeição, e eu estava com muita pressa de sair dali para não ser surrado, acabei caindo da casinha de ferramentas, o que me me causou uma bela torção no tornozelo.

-Você está bem? Vem rápido.- Disse Scott.

Olho uma ultima vez para a janela e vejo que Jessie e o rapaz estavam nos olhando. Não sei se tinham me visto, mas eu estava mancando, eles procurariam alguém que estivesse mancando. Tenho plena certeza disso.

-Consegue dirigir?

-Sim- disse rindo da situação.

-Até que você não se saiu mal, tirando o seu pé . Vem, eu conheço um local onde posso cuidar desse corte.-Diz ele olhando para minha perna.

Percebo então que não havia apenas torcido o tornozelo , eu tinha feito também um belo corte na perna.

Dirigi para o local que ele disse. Uma casa grande e linda. Eu não sabia como ele conheceu esse lugar e muito menos de quem era a casa, mas ele tinha as chaves, e eu também não duvidaria de mais nada vindo dele.

-Senta aqui nesse sofá que eu vou buscar a maleta de primeiros socorros.

Fiquei observando o tamanho da sala e o quão chique era. Então ele volta com uma pequena maleta.

Primeiro ele sobe a perna da minha calça, deixando o ferimento exposto. Então ele lava com soro e com muito cuidado para não doer.

-Olha Binho, eu vou jogar um pouco desse álcool, então vai arder, mas é para o seu bem.

-Tudo bem.

Ele lava o ferimento com o álcool, o que me proporciona uma bela dor.

-Ai.-Gemi cerrando os dentes.

-Calma, dói só agora. Amanha já vai estar melhor. Quanto seu tornozelo torcido, vai ter que procurar um médico.

Por último, ele me faz um curativo e me dá um sorriso de canto de boca. Então ele se levanta para guardar a maleta e rapidamente volta. Senta-se ao meu lado e começa a rir.

-Do que você está rindo?-Pergunto sorrindo também.

-Você pareceu um purê no chão, todo amassado quando caiu. -Ele ria alto.

-Não vi graça. -Virei o rosto para o outro lado.

Não esperava uma certa reação dele, mas suas risadas pararam e ele vira meu rosto me fazendo olhar nos olhos dele.

-Binho, eu sei o quanto você está chateado comigo por todos esses anos, eu sei o quanto você me procurou e eu te evitei. Eu sei o que você passou quando eu te deixei sozinho. Eu sei o quanto sou especial para você. Mas saiba que você também é pra mim. Eu não queria me afastar de você, mas foi preciso.

-Fique tranquilo Scott, me acostumei com isso. As pessoas se afastam assim mesmo, sem motivos.-Não acreditei no que disse

-Não diga que foi sem motivos. Eu só não posso te contar.-Ele parece ficar triste.

-Tudo bem, não vou insistir nisso. Você já fez sua parte.

Ele sorri sem graça.

-Vamos ver um filme?-Ele pergunta empolgado.

-Vamos sim.

Então ele coloca um filme, não me lembro qual, mas se tratava de uma garota que se metia numa operação policial por acaso e no final ela acabava solucionando toda operação. Era um misto de comédia, aventura e romance. Resumindo, um bom filme.

-Scott, a Jessie e aquele cara me viram da janela. Estou com medo do que ele podem fazer.

-Não tenha medo, você tem um vídeo dela transando no seu celular, o pai dela é pastor e acho que ela ainda é virgem. E acredite, quando eu a conheci, ela tinha perfil de virgem, mas depois que a vi nua. -Ele ri alto.-Precisamos ir Binho, por hoje basta.

-Tudo bem, vamos logo.-Disse sorrindo.

E partimos para nossas casas. Dirijo até a minha.

-Scott?-O chamo já na porta da minha casa.

-Sim.

-Eu vou te ver de novo?

-Talvez Binho, eu não quero te decepcionar novamente. Até mais.

-Até.

Então ele se vai. Entro mancando, tomo um banho e adormeço.

Não vejo a hora passar, e exatamente por esse motivo eu não fui a aula. Minha mãe pareceu não se incomodar com isso, já que estamos no final do ano e esse é meu último ano, depois, só faculdade.

Levanto rápido, me esquecendo que tinha torcido o tornozelo, então já levanto caindo. Uma dor insuportável tomou conta do meu pé ao tocá-lo no chão, me fazendo cair.

-Caramba, minha mãe me mata.

Meu tornozelo parecia uma beterraba, inchado e roxo. Visto uma calça comprida e desço o mais rápido que posso, para que minha mãe não percebesse nada. Tentativas em vão, eu me esqueci que estava mancando.

-Porquê está mancando Binho? Machucou o pé ?

-Não mãe, eu só torci o tornozelo.

-Só? meu Deus menino. Deixa eu ver isso. -Ela levanta a calça e se assusta com o inchaço de minha perna. -Binho, eu não quero saber onde você se machucou, muito menos o que estava fazendo. Você vai agora comigo para o Ortopedista.

Dito e feito, em menos de 40 minutos, já estávamos numa clínica. Resultado, fui atendido, tive o pé engessado e em poucos dias já estaria andando normalmente.

Já em casa, um pouco tarde, eu me pego deitado, pensando na noite incrivelmente estranha que tive com Scott. Mas senti que ele queria me dizer algo. O quê, eu não sabia, mas suspeitava que era algo grave. Ele estava me escondendo algo.

De tanto pensar, acabo adormecendo, o que resulta num belo sono de muitas horas...