Quanto o improvável torna-se real. [4]

Conto de BeyHive como (Seguir)

Parte da série O Despertar

Deitado em meu quarto me perco em pensamentos. Depois de longas horas desisti de entender a ultima reação de Gleyzzer. Poxa eu me esforcei o máximo que pude durante todo esse tempo indo para o hospital, matando aula só para ter notícias dele. Tinha dúvida em relação ao sentimento que ele sentia por mim, mas agora vejo que não era mais do que uma pura ilusão minha. Tudo isso me estressou, hoje é sexta e não vou ficar aqui chorando por um carinha que não da a mínima para mim. Pego meu iPhone e ligo para Clara.

• “ Olá Bitch!”- Digo brincando.

• “Bitch no, Bitch no mano” Ela rebate dando uma gargalhada.

• “ Queria tanto sair de casa, o que você me sugere?”

• “Humm... Vem aqui pra casa, tem um barzinho bem legal aqui perto, chamarei uns amigos. É até bom que você mais amizades”

• “Já é! Vou me arrumar e ir para sua casa”- Digo rápido.

Arrumo-me rapidamente e vou para casa de Clara, na tentativa de levantar meu humor e esquecer aquela cena do hospital. Apesar do pouco tempo de amizade, Clara já sabia da minha opção graças a um belo dia em que deixei meu Facebook aberto em sua casa e ela viu todas as minhas conversas com ex e amigos meus. Depois disso nossa amizade só cresceu, era tão bom ter alguém com quem dividir tudo o que você sente e faz. Chego a sua casa e toca a campainha, que saí é um rapaz forte, loiro e bem saradinho seus olhos brilhavam em tons azuis parecidos com o mar.

• Oi, sou Keytson, amigo de Clara. Você deve ser o Paulo não é?

• Ahh... Olá Keytson, sou o Paulo mesmo, como sabe?

• A Clara fala muito em você. Diz que você é lindo, educado, rico, e outras coisas.

• Lindo? Rico?- Dou uma gargalhada.

• Não sei se é rico, mas lindo certamente é.

Fico pretérito na balada com isso, foi uma cantada ou o quê? O que ele quis dizer com isso? Como me iludo facilmente prefiro não acreditar que isso tinha sido uma cantada e respondo.

• Hahaha... Ela está aí?

• Sim, terminando de se trocar. Entre!

• Ok.

Depois deste episódio maluco seguimos no meu carro para o barzinho, o silêncio reinava até que Clara decidi me matar de vergonha, coisa que ela sempre fazia.

• O que achou do Keytson, Paulo? Ele não é gato? E está solteiro. Aproveite e pegue logo querido. –Diz ela toda empolgada. Dou uma risadinha nervosa e sem graça.

• Acho que ele não foi com minha cara Clara- Diz Keytson.

• É... é..- Meu Deus e agora o que digo?- Você é bonito cara só que... EU gosto de outra pessoa.- Digo atordoado. Era isso mesmo? Eu estava apaixonado por Gleyzzer? Neste momento tive a certeza que sim, não queria mais ninguém ao não ser ele.

• Está? Por quem? – Clara me pergunta com raiva.

• Não vou te dizer e nem adianta insisti. Vou fazer a egípcia com sua cara.- Todos riem.

O resto da noite foi bem proveitosa, mesmo dando inúmeros foras em Keytson ele insistia em mandar cantadas e me conquistar, queria minha amizade a qualquer custo e isso me incomodava um pouco. Em meio a tensão de suas cantas descaradas, Clara começa a contar piadas fazendo a gente rir e salvando a noite. Deixo-lhes em casa e vou direto para meu condomínio e caio direto na cama, estava bem cansado.

Acordo-me com minha mãe.

• Filho, acorda!

• Oi mãe, o que houve?

• Hoje é sábado e seu pai foi convidado para uma festa do SR. Gladison lá no litoral e nós vamos, pois ele é o maior cliente da nossa construtora, portanto arrume-se que vamos viajar.

• Êhhh... Adoro praia.

Dentro do carro em caminho ao Guarujá começo a associar as coisas Gladison era o mesmo nome do pai de Gleyzzer, ele era um forte empresário, dono de uma rede de supermercados da capital Paulista.

• Pai, Gladison não é o dono daquela rede de supermercados de São Paulo?

• Sim, é o pai daquele seu amigo que sofreu um acidente. Inclusive a festa é em comemoração a recuperação do filho dele. Como Gladison é um importante cliente e como ele viu que você ia todos os dias ao hospital nos chamou para comemorar também.

• Pai porque você não me disse que o pai de Gleyzzer era seu cliente?- Digo Bufando.

• Não tive oportunidade. Quase nunca te vejo. Algum problema em relação a isso?

• Não, é só que... Eu poderia ter conhecimento disto um pouco mais cedo.

Pronto, era só o que faltava. Gleyzzer me expulsou do hospital, sua mãe não vai com minha cara, o que eu vou fazer em uma festa pra ele? Ser humilhado mais ainda, certamente. Fico com tanta raiva que para não começar a chorar dentro do carro descido ouvir música.

Depois de algumas horas de viagem, por causa do trânsito, chegamos à mansão do pai de Gleyzzer no litoral, como sua casa em São Paulo, ela era impecável e bastante luxuosa. O tempo estava nublado e um pouco quente me dando uma baita de uma dor de cabeça.

• Olá, querido Saulo e Sr. Cládia- Diz Sr. Ester aos meus pais.- Estávamos a espera de vocês. E você Paulo como está?

• Bem e a Sr.?- Digo só observando a falsidade dela.

• Estou ótima. Sintam-se a vontade a casa é de vocês. Os quartos ficam no primeiro andar.

Vou direto para o meu devido quarto, a casa deveria ter uns 10 quartos era enorme me perderia facilmente entre seus corredores que mais pareciam labirintos gregos. Decido passar o resto da tarde no quarto para não ter que descer e dar de cara com Gleyzzer. Pela janela do quarto o vento trouxe gritos e risadas seguido de forte música eletrônica, vou logo observar. Lá estava Gleyzzer sentado com uma das pernas enfaixadas e a cabeça. Quando ele olha pra cima e me ver, abaixo no mesmo instante em um movimento tão forte que me desequilibro e caiu no chão. Que porra é essa? Desde que conheci esse menino eu só levo dessas a pior que bosta isso. Fico rindo comigo mesmo para não chorar. Volto para cama e alguém bate a porta. Era minha mãe.

• Porque você não desce? Estou lá em baixo com seu pai e o Sr. Gladison eles não param de falar em negócios, por favor, me salve- Diz ela rindo.

• Ok. Vamos lá.- Digo rindo.

Meu pai e Gladison estavam sentados no sofá. Sr. Ester em outro mexendo em um iPad. No canto da sala havia um piano pelo qual me apaixono de imediato. Toco piano desde minha infância fazia um bom tempo que não tocava. Era do ano de 1909 uma verdadeira relíquia.

• Sr. Gladison e esse piano?- Digo interrompendo a conversa deles.

• Hum, você se interessa por pianos garoto?

• Sim, é um velho hobby meu.

• Meu também, esse é antigo. Comprei em Paris. Foi construído no ano de 1909, como você pode ver pela nomenclatura. – Diz ele empolgado.

Gleyzzer entra na sala com sua irmã. Estava em silêncio e senta-se ao lado de sua mãe. Sem tentar ficar nervoso com a presença dele na sala, tento dar continuidade a conversa.

• Realmente é uma relíquia.

• Sim, e foi restaurado no fim do ano passado. Quer tocar um pouco?

• O Sr. Me daria essa honra?- Digo sem acreditar, Gleyzzer olhava pra mim interessado no que eu falava.

• Mas é claro.

Nervoso e feliz ao mesmo tempo vou em direção ao piano, sento-me.

• Desculpem-me caso erre, faz tempo que não toco.- Todos riem.

Começo a tocar as primeiras notas da música Umbrella da Rihanna, pois é a música que mais domino no instrumento. Não me contentando começo a cantar ao final da performance todos me aplaudiram. Gleyzzer se levanta em minha direção e me chama. Caminhamos para fora deixando todos na sala até chegarmos à varanda.

• Você é incrível- Diz ele.

• Obrigado! Mas agora é que sou incrível? Depois que você me expulsa do hospital daquele jeito? – Digo no tom mais irônico que eu pude.

• Olha eu fui um idiota esse tempo todo, agi assim por medo, nunca ninguém foi tão legal comigo a troco de nada, a maioria de meus amigos só são legais por causa do meu dinheiro, mas vi que você não assim até por que você não precisa disso.

• Dinheiro? Você é louco cara.- Ele coloca o dedo em minha boca e diz.

• O fato é que eu sinto algo diferente por você. Algo que nunca senti antes.

• Como assim?

• Paulo, como posso dizer isso? Bem, quero te pedir que o que eu falar aqui não vai sair daqui, ok?

• Não se preocupe, agora diga o que é.

• Bem, acho que eu te amo, Paulo. Sei que isso é loucura, me comportei assim com você por que nunca senti isso por outro homem, tenho medo, mas vejo que não posso viver mais sem você.- Fico paralisado sem acreditar no que estava acontecendo.

• Gleyzzer, eu também te amo!- Digo chorando.

Ele me agarra forte, mesmo machucado, me beija com força. Sinto seus lábios quentes e macios tocarem nos meus ele me pressiona mais forte contra seu corpo e para. Tínhamos medo de alguém ver a cena. Tudo estava perfeito agora. Finalmente, entendi o porquê do comportamento dele, Gleyzzer tinha medo do que estava sentindo por mim.

Obrigado pelos comentários!

Continua...

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