O Enigma [2]

Parte da série O Despertar

Depois de chorar por longos 45 minutos, decido distrair um pouco. Pera... Distrair? Como assim? Não conheço ninguém aqui, as pessoas já me odeiam sem nem falar comigo. Como posso me distrair, divertir, como? Desiludido pego meu iPad e entro no Facebook para desabafar com alguns amigos. Vejo uma solicitação de amizade e quem é? Mike, a única pessoa que fez amizade comigo hoje. Aceito e logo começamos a conversar.

" -Oi, Paulo o Gleyzzer me contou o que aconteceu na academia agora a pouco. Ele mandou te avisar que foi apenas uma brincadeira e que quer falar com vc."

Ao ler fico intrigado, não é a primeira vez que Mike sabe o que o Gleyzzer faz comigo. mas enfim logo respondo.

"- Diz a ele que o mandei se fuder. Thanks! "

Continuamos conversando sobre diversos assuntos, Mike tinha gostos de músicas parecidos com os meus, gostava das mesmas séries e livros, pude ver que ele é mais legal do que eu imaginava. Até fiquei na dúvida sobre sua sexualidade, pois nossas semelhanças eram inúmeras e eu sempre tive convicção sobre minha opção e do que realmente gostava, o negócio era falar para meus pais, entretanto ainda não achava necessário fazer isso, pois sonho em ter família, filhos e tudo mais.

O Segundo dia de aula começou tenso, pois estava com medo de Gleyzzer, não sei qual era a dele, não sei o por que disso tudo e o pior não sei o que virá pela frente. Entro na sala, ainda vazia, sento-me na carteira e vou dar uma olhada na janela, vejo os garotos do atletismo treinando na quadra logo a baixo e me perco em pensamentos quente humm... Que delícia ver aqueles shorts apertados e aquelas coxas suadas contraindo músculos imensos.

* Paulooo, Paulooo- Mike grita por mim.

* Oi cara, o que houve- Falo assustado.

* Estou aqui te chamando faz tempo, o jeito foi gritar.- ele rir.

* ahh... desculpas, estava pensando na vida.- Dou uma risadinha.

* Vamos sentar a aula já vai começar brother.

* Pessoas, como o resultado da nossa última avaliação foi baixo, vocês terão que me entregar os exercícios da página 150 até os da 180 resolvidos será em dupla. Eu já dividi tudo. Nesta folha que está circulando está o nome das respectivas duplas. O prazo é até amanhã.- Diz a professora.

Por um momento fiquei feliz, queria que meu parceiro de dupla fosse o Mike, olho pro Gleyzzer e vejo ele da um soco na carteira e passar a folha pra outra pessoa, fico sem entender o que foi aquilo, a final, eu não entendo esse garoto mesmo. Finalmente, a folha chega em minhas mãos, logo procuro pelo meu nome e vejo o por que da reação de Gleyzzer. Ele seria o meu parceiro. Sem pensar direito e em desespero vou direto a professora e imploro para que ela mudasse, mas não obtive sucesso. Volto para meu lugar e o vejo me olhar com um olhar triste, estranho seu semblante, Gleyzzer estava com os olhos vermelhos a ponto de chorar. Hora do intervalo.

Vou para o banheiro, olho-me no espelho e tento esquecer tudo aquilo, mas o semblante de Gleyzzer não saia da minha cabeça, então lavo meu rosto e dou um tapa no 'visu', modesta parte até que hoje eu estava gostosinho. Calça apertada, camisa justinha dando vida a meus poucos músculos, gostei do que estava vendo. Vou em direção ao pátio por um corredor sem movimento nenhum, todos os alunos estavam no pátio quando ouço:

* Hey, você aí...- Diz Glyzzer saindo da biblioteca.

* O que você quer?- Respondo em um tom rude.

* Preciso falar com você, é so...- o interrompo.

* Bem já falou, meu tempo é pouco para você, tchau.- Me viro e volto a caminhar sem acreditar que tinha feito aquilo.

Escuto passos rápidos e algo apertar meu braço, me virando.

* Olha aqui, temos que fazer a porra do trabalho, estou sem nota, não queria ser seu parceiro, mas...- Diz ele em tom de desabafo.

* Aff... Eu sei, também não queria, mas... Olha vou começar hoje de tarde e você termina, pode ser?

* Não, eu não sei fazer nada.- Ele me diz rindo.

* Pois deu bom agora, então eu faço tudo só e coloco teu nome.

* Não mesmo, quero aprender. E você vai me ajudar querendo ou não.

* Oi? Quem é você na balada pra dizer o que vou fazer?- Digo começando a ficar com ódio daquela situação.

* Bem não vou brigar contigo, vá para minha casa hoje pela tarde a gente faz lá e se não der tempo de terminar tudo você dorme lá. O endereço é este aí. É bom você ir...

* Senão?- O desafio.

* Senão vou chorar. - Rimos juntos.

Ele só podia ser bipolar, pois nunca vi um ser tão estranho como esse garoto, eu hein?! Primeiro me humilha, agride e agora faz a egípcia bancando o bom samaritano para meu lado. Fico cada vez mais intrigado com isso. Por fim chego a uma conclusão: Que não sei de nada!

Me arrumo e sigo em direção a sua casa, pela primeira vez não estava com medo dele, a penas ansioso para vê-lo. Chegando a sua casa me deparo com uma mansão enorme, com detalhes em mármore e granito, certamente importados de Portugal, sua família tinha bom gosto desde a escolha dos móveis até para os trajes dos empregados.

* Pensei que você não viria- Ele me diz, estava apenas de bermuda e sem camisa, fico babando ao ver seu corpo, caramba que Deus grego era aquele?

* Vamos começar logo, pois tenho compromissos.- Digo sem nem acreditar na minha própria mentira.

Sentamos à mesa perto da piscina, começo a fazer os exercícios e a explicar todo o assunto a ele, meu Deus o que ele tinha lindo tinha de burro.

* Ufaa, finalmente terminamos- Digo aliviado

* Cara você é muito inteligente, nunca que eu teria respondido tudo sozinho.

* Percebi isso- Digo rindo.

* Tira sarro de mim não é mano?

* Posso te fazer uma pergunta?

* Depende...

* Porque você me odeia?- Digo com a voz trêmula.

* Eu não te odeio, é que...

* é que? Prossiga!- Digo impaciente.

* Não posso falar mais nada, talvez com tempo te digo e não adianta insistir.

* OK- Foda-se penso.- Tenho que ir.

* Olha, fica mais um pouco, por favor.

* Não quero!

* Foda-se, sabe nadar?- Ele me pega força tirando minha camisa, fico só de bermuda e quando menos espero ele me abraça e pula comigo na piscina. Sinto seu mastro encostando em mim ele me aperta cada vez mais contra seu corpo e percebo sua ereção.

* Não chega, você é louco, saí me larga!- Grito até que ele me soltar, saiu da piscina visto minha roupa e sigo para a saída da sua casa.

* Espera eu te levo.

* Leve a sua mãe.- Digo dando língua. Ele manda um beijinho e da uma gargalhada com uma cara de sarcasmo, que me tira o fôlego.

* Hey, agora é sério não faz assim cara, eu te levo. Não quero você andando por aí sozinho.

* Falou o cara que quase me afogou agora a pouco.

Depois de muito insistir aceito sua carona. Durante todo o caminho não disse nada o silêncio reinava.

* É aqui.- aponto para o prédio onde moro.- Obrigado!

* Hey, espera! Não vai me dá um beijinho?

* Oi? Como assim? você é gay?- Digo logo de uma vez.

* E se eu fosse? Teria chance com você?- Ele diz fazendo uma cara estranha.

* Cara, nada contra- Digo rindo- Mas sem chances. Adíos Bitch!

Entro em casa, e vou direto para meu quarto. Caralho o que foi aquilo? Uma declaração, um pedido? Ou uma brincadeira de mal gosto? Percebi que não conseguia mais ficar com raiva das loucuras de Gleyzzer, ele era muito lindo para isso. Mas ainda não sei o que ele quer, não sei o porque de todas aquelas agressões assim que o conheci. Tudo isso me deixava cada vez mais intrigado.

Continua...