02X11 - O SEGREDO DE RAMONA

Conto de escritor.sincero como (Seguir)

Parte da série AMOR DE PESO - SEGUNDA TEMPORADA

Pai e Mãe,

Vamos lá. Mais uma semana se passou. O Zedu continua quieto, eu não falo nada, pois, reagi muito pior que ele, quando perdi vocês. Espero que o seu Ulisses esteja com vocês.

O sol invadiu meu quarto, não queria abrir os olhos, mas o despertador ficou me lembrando da obrigação de levantar. Sentei na cama, ainda sonolento e espreguicei. A minha tia entrou no quarto para me apressar, sim, a titia havia acordando antes de mim. A minha preocupação com o Zedu me tirava o sono. Depois de um banho, uma bela xícara de café e uns três pães de queijo, desci para encontrar meus amigos na parada de ônibus.

Ramona: - Gente, adivinha quem vai viajar?

Todos: - Você?

Ramona: - Não. Meu pai. Achei que a gente poderia, sei lá, fazer uma festinha do pijama.

Letícia: - Eu topo, não aguento mais o Leonardo em casa. Aquele garoto é uó.

Yuri: (pegando no ombro de Zedu) – O que acha?

Zedu: - Por mim tudo bem, tudo para relaxar.

Brutus: - Se você não quiser a gente entende. Você precisa do seu tempo.

Zedu: - Estou bem gente. E vai ser divertido participar de uma festa.

Ramona: - Ninguém falou em festa. É uma reunião saudável.

Letícia: - Se você quiser nomear assim, eu entendo.

Sim. Zedu queria seguir, como eu havia dito para ele, a dor passaria, mas continuaria ali. Na escola, a gente se preparava para a feira de Ciências, eu e o Zedu, faríamos uma análise sobre a qualidade da água que cercam a cidade, parece difícil, mas é muito simples. E eu já havia feito algo parecido no Rio de Janeiro. Os meus amigos ainda não faziam ideia do tema que escolheriam.

Juarez: - Ei, isso é meu. (tomando uma caneta das mãos de Mundico e rindo)

Mundico: - Bobo. A gente precisa decidir agora o que vamos fazer.

Juarez: - Podemos fazer algo voltado para a dança, que tal? (fazendo uma anotação no carderno)

Mundico: - Será? (abraçando Juarez)

Ramona: (falando baixo) – E esses dois?

Letícia: - Não sei. Será?

Ramona: - Pelo menos o Juarez ficou menos chato. (rindo)

Letícia: (rindo baixo) – Verdade. Você e o Brutus já decidiram o que vão fazer?

Ramona: - Já. Um vulcão.

Letícia: - O Luan vai se virar. O Arthur está para me deixar louca com esse filme de Zumbi.

Ramona: - Tadinho.

Letícia: - Tadinha de mim. Vou bancar o projeto sozinha, ele tem mais que trabalhar.

Professor: - Lucas… está faltando o nome da sua dupla.

(Todos prestam atenção)

Lucas: - Eu… eu estou só, professor.

Professor: - Se junte com algum grupo. (levantando) – Vou até a diretoria. (olhando para Lucas) – Quando eu voltar quero saber de qual grupo fará parte. (saindo)

Letícia: (indo até Luan) – Não quero ele na nossa equipe.

Luan: - Relaxa. Ele é maior queimado.

Brutus: (olhando para Ramona e rindo sem graça)

Ramona: (fazendo negativo com a cabeça)

Zedu: (olhando para Yuri) – Cê que sabe. A decisão é sua.

Lucas: (todo sem graça, olhando para os amigos, mas sendo evitado)

Yuri: - (com o coração batendo forte e pensando) – Não seja burro, não seja burro…

Mundico: (falando baixo) – Por que ninguém tá se oferecendo?

Juarez: - Não soube? O Lucas foi um dos alunos que fez o bullying com o Yuri. Ele não foi expulso por sorte. Eu teria expulsado ele.

Mundico: - Credo… você nunca errou?

Juarez: (se engasgando com o chiclete e tossindo)

Mundico: - Cê tá bem? (ajudando Juarez)

(Todos cochichando)

Professor: (voltando) – Silêncio cabeçudos. Então, qual grupo você está Lucas?

Lucas: (olhando para baixo) – Nenhum.

Professor: - Você sabe quais são as regras… vai ter que fazer a PF.

Mundico e Juarez: - PF?

Ramona: (falando baixo) – Sim, a prova final. São os conteúdos de três semestres…. Todo mundo que fez, ficou de recuperação.

Yuri: (levantando a mão)

Professor: - Pois não, Yuri?

(Todos olhando para Yuri)

Yuri: - Eu… eu… (olhando para Zedu)

Zedu: - Vai em frente.

Yuri: - Ele faz com a gente, professor…

Professor: (tirando os óculos) – Tem certeza? Acho que a PF está de bom tamanho para ele.

Yuri: - Eu tenho. Ele faz com a gente. (respirando fundo)

Lucas: (olhando para o chão)

(Todos começam a cochichar)

Professor: - Silêncio. Então, a feira de ciências vai ser em três semanas, quero ver o protótipo do projeto de vocês na semana que vem. Vocês vão ter um bom trabalho. Eu adoro isso. (tirando um vaso da mochila e colocando na mesa)

No vaso estava escrito: “Lágrimas do 1º ano C”. O professor sorriu e mandou a gente estudar a página 125 do livro de ciência. Depois da aula, decidimos almoçar no Centro da cidade. Existem vários locais onde a comida é barata, ah, e deliciosa. Os meninos não acreditavam na minha decisão, confesso, que o Zedu me deixou seguro e livre para decidir. A minha rotina estava voltando ao normal, ainda tinha que fazer o estágio com o George, e a cada dia que passava eu gostava mais de fotografia.

Yuri: (tirando fotos de alguns modelos) – Isso meninos. Ficou maravilhoso.

George: (entrando no estúdio) – Olha só. Até parece um profissional.

Yuri: - Aprendi com o melhor, né?

Lucas: - Yuri?

Yuri: - Lucas? O que você está fazendo aqui?

George: - Vocês se conhecem?

Yuri: - Sim. O Lucas estudo comigo e…

George: - Mentira? Que legal. Meu funcionário e sobrinho estudam juntos.

Yuri: - Sobrinho? (quase deixando a câmera cair)

George: - Eita. Cuidado, Yuri. (pegando a câmera) – Deixa que eu continuo por aqui. Eu trouxe lanche, está na sala de descanso.

Yuri: (saindo)

Sim. Enquanto o destino brincava comigo, a minha amiga Letícia fazia um programa mais adulto. Ela adorava beijar Arthur, mas ele só tinha olhos para o tão sonhado curta-metragem. O namorado da minha amiga tinha muitas qualidades, mas era totalmente apaixonado por cinema e suas vertentes. Eles foram com Zedu até um grande terreno que ficava próximo ao rio. O local seria o cenário do filme 'Zumbis em Manaus'. Eles vasculharam toda a área até chegarem na casa.

Letícia: - Nossa. Você nunca contou que tinha um terreno tão grande.

Zedu: - Era do meu pai, agora que ele se foi, bem, a minha mãe vai vender. (abrindo a porta)

Arthur: - É realmente irado. Aqui vai ser onde os sobreviventes vão se esconder. E a fábrica do outro lado vai servir para o climax do filme. (indo na frente de Zedu e Letícia)

Letícia: - Tadinho do meu namorado. Totalmente zureta. (pegando no ombro de Zedu) – Ei, está tudo bem? Eu sei que essa casa te traz muitas lembranças.

Zedu: (respirando fundo) – Bem, a gente não vinha aqui há muito tempo, mas era o lugar preferido do papai. Lembro que vinhamos para cá todo fim de semana.

Letícia: - Se você quiser… a gente pode gravar em outro lugar e….

Arthur: (Gritando da parte de cima) – Meu Deus!

Zedu e Letícia: (correm para verificar o que havia acontecido)

Letícia: - Você está bem?

Zedu: - O que houve?

Arthur: (filmando o pôr do sol) – Olha só isso. Que visão maravilhosa.

Realmente. O terreno da família de Zedu era grande. A área contava com uma grande fábrica, um matadouro de bois e vacas, mais um dos milhares negócios que o pai dele havia tentando, haviam também carros quebrados por todo o lado, a casa e uma piscina totalmente suja. Arthur havia recapitulado todo o filme naqueles lugares. A mãe de Zedu concordou em deixar o curta-metragem ser gravado lá, afinal, em algumas semanas o local seria vendido.

Eu já falei que odeio usar roupas sociais? Acho que todo gordinho não gosta, tá, não vou generalizar, mas eu realmente não suporto. A titia queria causar uma boa impressão na família de Carlos, então, nos deixou com cara de bons meninos, ela até convenceu a minha irmã a fazer babyliss no cabelo. Na verdade, a Giovanna parecia uma pastorinha holandesa. Eu consegui comprar um suspensório e gravata borboleta, adorei o estilo. Melhor que usar um terno apertado. Antes de sair, a tia Olívia, nos fez ficar em um tipo de linha indiana e fez um grande sermão sobre responsabilidade e Jesus, ou algo do tipo, confesso que não prestei muita atenção.

Olívia: (apontando para Richard) – Você… sem animais, mudar a festa de direção, subir no palco, fazer bullying e morder ninguém.

Richard: - Credo, tia. Até parece que eu apronto assim.

Olívia: (apontando para Giovanna) – Você, eu não quero ouvir a tua voz. Lembra do acordo que a gente fez? Queijo e leite de bufala durante todo o ano. Sem comentários maldosos ou impertinentes.

Giovanna: - A minha boca é um túmulo.

Richard: - Verdade. Quem manda não escovar os dentes?

Olívia: (apontando para Yuri) – E você… seja você. (pegando no ombro do sobrinho, piscando e saindo) – Estou indo para o carro. (saindo)

Giovanna: - Ah, claro. Santo, Yuri. (olhando no espelho) – Meu Deus. O que eu não faço para manter a minha qualidade de vida.

Yuri: - Vamos? Pastorinha, Lúcifer?

Richard: - Quem é Lúcifer?

Giovanna: - Nem queira saber. (saindo)

Yuri: - Vamos. (pegando a chave)

Chegamos cedo no local da colação de grau, encontramos Carlos tirando fotos para o álbum de formatura. A Giovanna quase se mordeu para não fazer comentários, o Richard se misturou com algumas crianças que estavam no local. Eu peguei um suco de melancia e fiquei acompanhando a movimentação. Pensei muito na minha situação com o Zedu. Ele não havia mudado comigo, mas eu me sentia pisando em cascas de ovos, tinha medo de fazer alguma besteira e ele cair em pedaços. Enquanto isso, a titia conhecia a sogra.

Marlene: - Quando o Carlinhos decidiu fazer outra faculdade.., nossa…. Eu quase morro.

Olívia: (sorrindo) – Agora ele vai ser advogado. E o melhor da cidade.

Carlos: - Meninas, parem. Assim eu acredito.

Marlene: - Eu preciso te mostrar as fotos dele filhote.

Carlos: - Mãe. Não precisa tanto, por favor.

Olívia: - Eu vou adorar ver.

A cerimônia aconteceu sem muitos acidentes. Mas confesso que demorou, a colação de grau do curso de direito é eterna. O tédio era tanto que o Richard dormiu, e sobrou para mim a missão de carregar o monstrinho. Seguimos para um restaurante, o Coqueiro Verde, eles tem a melhor maionese da cidade. A família de Carlos era numerosa conheci uma porção de primos e tias. No jantar, o pai dele fez um brinde e agradeceu a presença de todos.

Richard: - Yuri. O Carlos vai poder me tirar da prisão?

Yuri: - Espero que isso não aconteça.

Giovanna: - O pessoal daqui come como selvagens.

Yuri: - O que a titia falou sobre ficar calada.

Giovanna: - Só falei verdades. (jogando os cachos na minha cara)

Yuri: - Crianças.

Julian: - É o que eu digo.

Yuri: - Oi?

Julian: - Me chamo Julian, sou sobrinho do Carlos. (cumprimentado Yuri)

Yuri: - Ah, me chamo Diego, sou sobrinho da Olívia.

Julian era um rapaz muito atraente, as meninas eram todas afins dele, toda hora alguma garota vinha falar com ele. Eu não vi nada demais, afinal, tenho o exemplar mais lindo no meu coração. A gente conversou bastante naquela noite. Ele estudava em um colégio disputado e caro da cidade, não sabia que Carlos tinha irmãos, aprendi muito sobre ele naquele dia. A minha tia se deu bem com a sogra dela, as duas eram bem parecidas, inclusive na decisão de Carlos continuar na empresa.

Marlene: Só acho que você precisa ficar pelo menos um ano na empresa.

Carlos: - Gente, eu não quero, okay? Podemos curtir a noite?

Olívia: - Claro, meu advogado. (ela disse beijando o namorado) – Vamos aproveitar muito bem a noite.

Carlos: - Opa. Assim que se fala.

Marlene: - E quando vocês vão me dar netos?

Richard: - Legal. (levantando e dançando) – Vou ter primos, vou ter primos.

Olívia: (ficando vermelha)

Cheguei em casa, liguei o computador e coloquei a música “xxxxx”, do xxxx. Deitei na cama, peguei meu celular e fiquei vendo fotos. Nossa, nesses últimos meses passei por cada situação, mas estava muito feliz.. Fiquei pensando nos meus pais, e em como as coisas seriam se eles estivessem vivos. Eu seria feliz? O Zedu estaria comigo? Os meus irmãos teriam as mesmas personalidades? Adormeci e acordei no dia seguinte com dores na costela, havia dormido em cima do meu carregador.

A escola continuava a mesma coisa, só que o diferencial era a minha convivência com o Lucas. A feira de ciências era um dos principais eventos do meu colégio, tanto que era aberto ao público. Naquela tarde, eu, o Zedu e Lucas, fomos para a Feira da Manaus Moderna, o lugar era uma confusão. Pessoas, carros e animais, compartilhando o mesmo lugar. Ficou com pena de como aquela área é mal tratada, o lixo ficava perto do rio.

Zedu: - Esse lugar está cada dia pior.

Yuri: (tirando os óculos) – E pode ficar pior que isso? Gente do céu.

Lucas: - A gente vai colher a amostra de água só daqui?

Yuri: - A ideia é pegar de algumas áreas importantes, como a Ponta Negra ou algum flutuante.

Lucas: - Entendi. Vamos cruzar as informações?

Yuri: - Isso. Dessa forma podemos traçar um plano…

Lucas: - Plano de ação e verificar quais as áreas mais afetadas pela poluição. Você é um gênio.

Zedu: - Pelo menos outra pessoa entende as coisas que o Yuri fala.

Yuri: - Para, bobão. (entregando os frascos para Zedu e Lucas)

Zedu: - Eu sabia que ia sobrar para a gente. (descendo uma grande escadaria)

Yuri: - Lucas, tenta pegar a água ali de onde os barcos saem. Deve ter muito óleo e gasolina. Pelo menos três frascos.

Até que a tarde foi agradável, o Lucas tinha um lado doce e engraçado, acho que o João que influenciou ele negativamente. Depois de passar o dia juntando água dos mais diversos lugares da cidade, a gente decidiu tomar um sorvete na Glacial. O chato que era do lado da escola, então era obrigado a lembrar que no dia seguinte teríamos aula. Nos despedimos de Lucas e seguimos para minha casa.

Zedu: (beijando Yuri)

Yuri: (beijando Zedu)

Zedu: - Você tem medo do futuro?

Yuri: - Como assim?

Zedu: - Não sei, você pensa no futuro?

Yuri: - Engraçado você perguntar… ontem, antes de dormir, fiquei pensando em como seria a minha vida se os meus pais fossem vivos.

Zedu: - Provavelmente eu não estaria nela… ou Manaus. (acariciando o rosto de Yuri) – Talvez eu ainda fosse “hetéro”. (fazendo aspas com o dedo)

Yuri: - Talvez. Seria legal poder ver os nossos caminhos, tipo, se eu pegar a direita, quais seriam as consequências? E depois ter a mesma oportunidade de saber o que aconteceria se eu fosse para a esquerda, entende?

Zedu: - Entendi. Se você tivesse oportunidade… para… salvar seus pais… mesmo que isso significasse me perder… o que você faria?

Yuri: - Eu… eu…. (abraçando Yuri) – Não sei.

Zedu: - Tudo bem, eu entenderia se quisesse ter sua família de volta.

Yuri: - Te amo. (beijando o namorado)

Juarez deixou Mundico em casa, apesar de não ter carteira, ele dirigia uma moto para todos os lados da cidade. Ele entrou na casa do amigo, e foram para o quarto. Mundico se certificou que o pai não estaria em casa naquele dia. Eles abriram uma garrafa de vodka e começaram a beber.

Juarez: - Dane-se se amanhã tem aula, podemos faltar, né? (brindando com Mundico)

Mundico: - Verdade. Acontece tanta coisa, né? (bebendo)

Juarez: - (Deixando o copo no chão) – Eu só queria provar mais uma coisa. (beijando Mundico)

Mundico: (beijando Juarez e tirando a roupa dele) – Eu quero você, aqui e agora.

Juarez: - Tem certeza? Eu trouxe camisinha.

Mundico: - Safado. Eu tenho lubrificante. Quer fazer o que?

Juarez: - Tudo o que eu puder com o seu corpo. (beijando Mundico)

Mais uma vez, Brutus e Ramoma, tentavam transar. A história já estava se tornando muito complicada, a minha amiga temia que Brutus conhecesse seu grande segredo. Já o meu amigo, beijava a namorada com muita vontade, ele acariciou seus seios, e apertava sua nuca. Ramona gemia de prazer, Brutus pegou a calcinha de Ramona e começou a baixar devagar.

Ramona: - Não… espera…

Brutus: (tirando a calcinha de Ramona)

Ramona: - Me solta!!! Me solta!!!

Brutus: (abrindo as pernas de Ramona) – O que é isso? Sua anormal.

Ramona: - Não… (tentando sair desesperadamente daquela posição) – Me ajudem…

Brutus: - Cala boca. (dando um tapa em Ramona)

Ramona: - Aí… você tá me machucando. (chorando copiosamente) – Eu quero sair...

Brutus: (com violência) – Deixa eu te fuder, sua anormal. Anormal! (se masturbando em cima de Ramona) – Era isso que você queria? Pau… (esfregando o pênis no rosto dela)

Ramona: - Não… socorro…

Brutus: (dando um tapa na cara de Ramona) – Agora você vai ter o que tanto mereceu… (penetrando Ramona)

Ramona: (gritando de dor)

Ramona acordou gritando, tudo não passava de um pesadelo. Ela se levantou, as pernas trêmulas não escondiam o nervosismo. A minha amiga ficou se olhando no espelho e começou a chorar. Enquanto isso, Brutus, tentava ligar para ela, sem sucesso. Ramona viu o celular brilhando, mas não queria atender. Ela se fechou em seu próprio mundo. Qual seria o segredo dela?

No dia seguinte, Mundico acordou com uma dor de cabeça desgraçada. Ele levantou, muito zonzo e desceu para tomar água. Encontrou a irmã na cozinha, ela disse que alguém de Parintins havia ligado para ele. Mundico retornou a ligação, e era a Hélida. Ela avisou que a polícia havia encontrado vestígios de que o acidente na verdade foi proposital. Hélida mandou fotos do possível culpado pelo acidente, e o mundo de Mundico desabou.

Mundico: - Não pode ser… não… ele não faria isso comigo. (segurando a foto que mostra Juarez quebrando o guindaste que levantaria Mundico) – O Juarez não fez isso.

Encontrei a Ramona um pouco abatida, ela estava pensativa em uma área isolada da escola. Sentei ao seu lado, sem falar nada. Pensei um pouco e puxei assunto.

Yuri: - Você me lembra alguém… sentada assim, sabe… você me lembra alguém.

Ramona: - Eu não sei o que fazer, Yuri.

Yuri: (pegando na mão de Ramona) – Você pode começar confiando em mim. Eu nunca faria nada para te machucar.

Ramona: - Eu sei, mas….

Yuri: - Eu te senti tristinha, principalmente depois que voltamos de Parintins.

Ramona: (chorando)

Yuri: - Ei. (sentando ao lado da amiga e fazendo carinho) – Qual é… eu já passei por tanta merda nessa vida, acho que posso de ajudar de alguma forma.

Ramona: - Eu sei, confio em você, mas…

Yuri: - Foi o Brutus? Ele fez alguma coisa? Se ele…

Ramona: - Não… sou eu…

Não muito longe dali, Brutus, procurava por Ramona. Ele ainda tinha dúvidas sobre o projeto de ciências. O meu amigo procuro em todos os lugares, e estranhou não encontrar a namorada. Brutus viu Kellen observando alguma coisa e se aproximou.

Brutus: - Oi…

Kellen: (calando a boca de Brutus e falando baixo) – Estão falando de você. Vem. (ouvindo a conversa)

Ramona: - Yuri… eu…. Eu sou mulher…

Yuri: (Estranhando) – É. Eu sei…

Ramona: - Eu sou hermafrodita.

Yuri: (não escondendo a surpresa) – Uau… bem… ok… eu… er… tudo bem. (pegando na mão de Ramona) – E…

Ramona: - Bem, basicamente, nasci com uma má formação. Tenho os dois órgãos genitais, lá em baixo, sabe, é uma verdadeira bagunça. Não tem como esconder isso do Brutus.

Yuri: - O teu pai sabe?

Ramona: - Sabe. A gente já foi em vários especialistas, mas a cirurgia é muito delicada, então, preciso esperar completar os meus 18 anos.

Yuri: - Entendi. Você tá com medo de falar para o Brutus?

Ramona: - Yuri, você sabe que ele não recebe essas notícias muito bem, ainda mais quando ele não entende do assunto. Esqueceu do semestre passado?

Yuri: - Verdade que o Brutus não é o poço da delicadeza, mas você é namorada dele e… (ficando vermelho quando olha para frente) – Oh, Deus. (ficando de pé)

Ramona: - O que foi? (virando e ficando com os olhos vermelhos)

Brutus: (boquiaberto) – Eu… eu…

Kellen: (com um sorriso malicioso) – Quem diria Ramona. Toda trabalhada no segredo.

Yuri: - Kellen. Vamos deixá-los sozinhos. (saindo)

Kellen: (saindo contra a vontade)

Ramona: - Você escutou tudo?

Brutus: - Sim, escutei.

Ramonas: - Então….

Brutus: - Então… você é deformada? Você possui um pênis? Por isso… por isso, nunca deixou eu te tocar….

Ramona: - Sim, mas… (tentando pegar em Brutus)

Brutus: (esquivando) – Eu… preciso… preciso pensar…. (saindo)

Ramona: - Brutus! Brutus! (chorando)

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Nós faremos tudo isto sozinhos

Nós não precisamos de nada ou de ninguém

Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui

Você deitaria comigo

E esqueceria do mundo?

Eu não sei bem como dizer como me sinto

Aquelas três palavras são ditas demais

Elas não são o suficiente

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Cheguei na casa de Zedu, e ele estava chorando. Meu namorado resolveu assistir alguns vídeos do pai dele. Zedu lembrou de tudo o que mais amava em Ulisses. Essas lembranças são poderosas.

Zedu: - Eu não consigo ser forte. (chorando)

Yuri: (deitando ao lado do namorado e o abraçando) - Você não precisa ser.

Zedu: (Se sentindo abraçado e chorando)

Yuri: - Te amo, te amo demais. E você não precisa ser forte sempre, eu estou aqui para você.

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Vamos perder o tempo perseguindo carros

Em volta de nossas cabeças

Eu preciso de sua graça

Para me lembrar, para encontrar a minha própria

Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui

Você deitaria comigo

E apenas esqueceria do mundo?

Esqueça o que nos foi dito

Antes de nos tornarmos muito velhos

Mostre-me um jardim

Que esteja ganhando vida

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Ramona: (discando o número de Brutus) - Atende, por favor. Atende.

Wilson: - Filhinha. O que aconteceu. (Abraçando Ramona)

Ramona: - Ele descobriu papai. Ele descobriu que eu sou uma aberração.

Wilson: (pegando no rosto da filha) - Você não é uma aberração meu amor. Você é perfeita.

Ramona: - Ele me odeia, pai. Ele me odeia. (chorando)

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Tudo que eu sou, tudo o que eu sempre fui

Está aqui em seus olhos perfeitos

Eles são tudo o que eu vejo, eu não sei aonde

Confuso sobre como também

Apenas sei que essas coisas nunca irão

Mudar para nós de jeito nenhum

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Juarez: (dormindo)

Mundico: (chorando e olhando para a cama)

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Se eu deitasse aqui, se eu apenas deitasse aqui

Você deitaria comigo

E apenas esqueceria do mundo?

Ramona e Letícia estavam paradas na frente da escadaria principal da escola. A minha amiga tinha medo de enfrentar os comentários maldosos de todos. Até aquele ponto, todos, eu disse todos, já sabiam da condição da minha amiga, ela era uma hermafrodita. E como você acha que as pessoas da escola reagiriam? Bem. Infelizmente não foi desse jeito.

Marquinhos: - Ramona. É verdade que o teu saco é maior que o do Brutus.

Ramona: - Sai daqui bacana.

Letícia: - Sabe o que é menor que o saco do Brutus? Teu pau, eu sei, eu vi.

(Todos rindo)

Yuri: (chegando) – Oi? Não vou nem perguntar se está tudo bem, já sei a resposta. Força. (pegando no ombro da Ramona)

Ramona: - Verdade. Eu não tenho medo dos comentários, só eu sei as coisas que sofro. Não é um bando de moleque que vai me intimidar.

Zedu: - Boa tarde. Nada do…

Yuri: (disfarçando)

Zedu: - Nada do… do… do…

Ramona: - Tudo bem, Zedu. Nada do Brutus, né? Ele não atendeu minhas ligações.

Yuri: - Para. Você sabe como ele funciona. Precisa de tempo. Ele precisou de muito tempo quando soube que eu era gay, e que eu era afim dele. (rindo, sozinho)

Ramona: - Gente. Obrigado.

Lucas: - Com licença, Yuri. Posso falar com você?

Yuri: - Claro. Já volto. (pegando na mão de Zedu) – Até depois.

Zedu: (com cara de poucos amigos) -Hum….

Letícia: - Gente, eu preciso da cópia do livro para o projeto de ciência.(subindo as escadarias) - Já volto!

Aluno: - Aberração!

Ramona: - Vai se ferrar!

Zedu: - Eu… (sendo segurado por Ramona)

Ramona: - Deixa, não vale a pena.

Lucas realmente havia mudado, ele não era o mesmo babaca que andava com o João e que faria tudo para me ver mal. Alguns alunos e professores ainda ficavam com o pé atrás, mas eu entendia, ele havia se arrependido. A gente ficou conversando em uma área bem arborizada da escola. Ele parecia nervoso, me pediu desculpa por toda a confusão que causou na minha vida, disse que estava aprendendo a ser uma pessoa melhor.

Yuri: - Tá, e onde você quer chegar com isso? (questionou meio grosso)

Lucas: - Eu… tô com vergonha, mas… será que… será que você poderia me colocar na fida do Mundico.

Yuri: - Mundico? Você? (pensando um pouco) – Você gosta do Mundico. Que fofo, quer dizer, amigo… acho que não vai rolar. Ele está com o Juarez e…

Lucas: - Entendi. Você deve me achar um fracassado, né?

Yuri: - Não. Nunca pensaria isso. (pegando na mão de Lucas) – Você mudou. Eu estava inclusive pensando nisso. Você foi um idiota comigo, um grande, gigante, mega, idiota.

Lucas: - Eu sei. E tenho tanta vergonha, eu juro. Você foi tão legal comigo, Yuri. Mesmo quando todos na escola decidiram me dar as costas, você me deu a mão. (apertando forte a mão de Yuri)

Zedu: (tossindo) – Yuri. A gente precisa ir.

Yuri: (olhando para Zedu e soltando a mão de Lucas) – Tá. Eu… tá bom. (levantando) – A gente se fala. (saindo com Zedu)

Zedu: - Conversa muito íntima essa, hein?

Yuri: - Para bobo. Ele mudou, ele tá afim do Mundico. (rindo)

Zedu: - Nossa.

Yuri: (parando) – Ei. (pegando no rosto de Zedu) – Sabe que eu te amo, né?

Zedu: - Sei. E eu te amo também.

Yuri: - Não precisa se preocupar. (abraçando o namorado)

Zedu: - Tudo bem. (abraçando Yuri, mas com os olhos abertos e vermelhos)

Mundico ficou chocado quando viu as imagens de Juarez danificando o guindaste que o ergueria na Arena de Parintins. Lágrimas escorriam de seus olhos, Juarez ainda dormia tranquilamente. Mundico não sabia o que fazer, de qual forma reagir, até que Hélida escreveu: “Devemos procurar a polícia”.

Mundico: (digitando) – Não. Ainda não. Eu só preciso de tempo, eu te procuro. Estou em aula. (sentando no chão e chorando)

Juarez: (acordando)

Mundico: (com a voz embargada) – Foi você?

Juarez: (sentando na cama e coçando os olhos) – Mundico?

Mundico: - Eu perguntei se foi você?

Juarez: - Eu o quê? (sem entender)

Mundico: (levantando e entregando o celular para Juarez)

Juarez: (assiste ao vídeo e começa a ficar com os olhos vermelhos) – Eu… eu… eu posso…. Er… eu….

Mundico: - Você? Você? Você é um canalha. (jogando as roupas de Juarez em cima dele) – Vai embora daqui.

Juarez: (se levanta e tenta chegar perto de Mundico) – Eu…

Mundico: (segura os braços de Juarez com violência) – Eu falei para você sair daqui.

Juarez: - Você está me machucando.

Mundico: (rindo) – Eu? Eu te machucando? (pegando Juarez pelo cabeço, forçando a cabeça dele para baixo) – Isso é um machucado. Está vendo a minha perna cheia de marcas? Isso é um machucado!

Juarez: (chorando) – Deixa eu te explicar.

Mundico: - É por isso, por isso que você se aproximou de mim. Queria saber quando eu descobriria… você é um monstro. (chorando)

Juarez: - Não. Isso não é verdade, eu te amo. Eu aprendi a te amar. Não faz isso com a gente. Eu era um babaca, você me mudou. Eu te peço perdão.

Mundico: - Apenas sai daqui. Eu ainda não falei com a polícia. Não precisa se preocupar. (sentando na cama e chorando)

Juarez: - Deixa eu te explicar, por favor. Eu me arrependo tanto.

Mundico: (perdendo a paciência)

Mundico catou todas as roupas de Juarez e jogou pela janela. Em seguida, ele pegou Juarez pelos braços e saiu praticamente o carregando pela casa. Mundico estava com ódio, ele queria matar Juarez, mas sabia que aquilo era uma loucura. Ele jogou Juarez com tanta força para fora que o jovem rolou pela pequena escada que havia na frente da casa de Mundico.

Juarez: (sentindo dor no chão)

Mundico: - Pode fazer o papel que você quiser… seu bandido… seu escroto. (fechando a porta)

Juarez: (se levantando e pegando as roupas) – Mundico.

Mundico: (sentado no chão, contra a porta e chorando bastante)

Tudo parecia pronto para a gravação do filme de Arthur. A gente contou com o apoio dos irmãos de Zedu. Fred, como sempre, era gentil e atencioso, já o JL, continuava distante. Ele adorava aquele lugar, e achava um absurdo que a mãe e os irmãos venderiam o terreno. A gente fez todo o ensaio naquela tarde, até Brutus apareceu, ele ficou meio distante.

Yuri: (olhando no relógio) – Alguém viu o Mundico? Ele disse que viria. Eu não o vejo desde ontem.

Zedu: - Relaxa. Ele deve ter tido alguma emergência.

Tâmara: (maquiando Zedu) – Agora vamos colocar esse olho fake.

Brutus: (passando por Ramona)

Ramona: - Brutus. Precisamos conversar.

Brutus: - Eu sei, mas pode ser depois? Isso tudo é muito estranho, eu não vou negar, eu te amo, mas…

Ramona: - Você precisa de tempo, eu respeito isso. Ficar com uma aberração como eu…

Brutus: - Você não é uma aberração, não é. Eu só preciso de tempo. (pegando no rosto de Ramona) – Espero que respeite isso.

Kellen: - Brutus. Eu trouxe o seu refrigerante. (entregando a bebida para Brutus) – Muito bacana a Letícia convidar a classe toda para participar desse filme. Nunca fui um zumbi. (rindo) – Ramona você vai ser uma zumbi linda. Vai ter dupla identidade. (rindo e tomando refrigerante)

Letícia: - Ramona. Preciso de ajuda. (praticamente puxando Ramona daquela situação)

Ramona: (andando lado a lado com Letícia) – Obrigada.

Letícia: - Amigas são para essas coisas.

Ramona: - Obrigada por não mudar comigo.

Letícia: - Isso nunca aconteceria. Você é a minha melhor amiga. O Brutus é um leso.

Ramona: - Ele é. (rindo e chorando ao mesmo tempo) – Obrigada. (abraçando Letícia)

Eu poderia resumir a história de Arthur em apenas uma palavra: viagem. A Letícia faria a tenente Wanda que fugiria de um ataque de zumbis, em Manaus. Sim, a história parece muito original, mas todos queriam que aquilo desse certo, e de certa forma, a gente estava junto, sem dramas. O Zedu ficou lindo de zumbi, mesmo com um olho fake saindo de seu rosto. A nossa única tarefa era agir como um zumbi. As gravações até que não demoraram tanto, no fim das contas, o Arthur gostou do resultado.

Arthur: - Gente, quero agradecer. De verdade. Contei com uma ótima equipe hoje. E para comemorar, vou dar a bebida para a festa que vai acontecer na casa da Ramona.

(Todos gritam e aplaudem)

Letícia: - Você tem certeza de que quer essa festa? (olhando para Ramona)

Ramona: - Agora mais do que nunca. Preciso ficar perto do Brutus.

Letícia: - Amiga… ele… ele precisa de espaço.

Ramona: - Eu sei, mas se ele me ama de verdade… nada mais importa.

Yuri: - Amor. Se você quiser… a gente pode ficar em casa. Assiste um filme… que tal?

Zedu: - Eu estou bem, Yuri. Estou de luto há um mês. Preciso pensar em outras coisas.

Yuri: - Tudo bem. (abraçando o namorado, mas fazendo cara de nojo com encostou no olho falso)

Realmente, a experiência de ser um zumbi foi no mínimo revigorante, apesar de deu morrer com uma estaca na cabeça. A gente voltou para a realidade naquela segunda-feira, e decidimos correr com o projeto da Feira de Ciências. Pedi para usar o laboratório, chamei o Zedu e Lucas, eles foram, meio contra vontade confesso.

Lucas: - O nível de cloro na água está grande. (olhando uma das analises)

Yuri: - Isso. A gente precisa levar os gráficos para imprimir, você pode fazer isso? (entregando o pen drive para Lucas)

Lucas: - Claro.

Zedu: - Como vocês conseguem entender tudo isso? (coçando a cabeça)

Yuri: (entregando uns 10 livros para Zedu)

Zedu: - Calma, homem. (segurando os livros)

Yuri: - Entrega para mim?

Zedu: - Claro.

Yuri: (entregando o pen drive para Lucas) – Lembra que tem que ser grande. Na sexta-feira, tú vai lá em casa. A gente vai fazer as camisas e as faixas da nossa barraquinha.

Lucas: - Pode deixar capitão. (saindo)

Zedu: - Te vejo na sala?

Yuri: - Sim. (dando um beijo em Zedu) – Isso é pelos livros.

Zedu: - Acha que vai me ganhar com um beijinho?

Yuri: (falando perto do ouvido do Zedu) – Vai lá em casa hoje, quero você nú.

Zedu: - Esse é um ótimo motivo. (saindo)

Yuri: (indo em direção da sala)

Mundico: (esbarra em Yuri)

Yuri: - Mundico?

Mundico: - Yuri? Desculpa.

Mundico estava tremendo, o levei para o laboratório e ele começou a chorar. Tentei acalmá-lo, acho que funcionou, pois, ele parou e começou a dizer coisas desconexas. Mundico disse tudo o que aconteceu em Parintins. Fiquei horrorizado, principalmente quando vi as fotos e o vídeo. Era realmente o Juarez. Ele causou o acidente de Mundico. Abracei o meu amigo, e ele não falou mais nada, deixei ele curtir o silêncio.

Yuri: - Eu sinto muito. Eu não sei o que dizer…

Mundico: - Ele se aproximou de mim, ele me usou para não ser preso.

Yuri: - Você deve ir na polícia.

Mundico: - Eu sei.

Cheguei em casa exausto naquela noite, o George me deixava livre para fazer algumas sessões, mas era cansativo demais. A titia anunciou um jantar especial, tive que “vestir” a minha cara de bom moço e sentar na mesa com todo mundo. Para a minha surpresa, o Carlos havia levado o Julian. A minha irmã, indiscreta como sempre, decidiu paquerar o menino.

Giovanna: - Julian, você tem que idade?

Julian: - 16 anos. (tomando refrigerente)

Richard: - Você vai morar com a gente?

Olívia: - Não, Richard. Ele só veio nos visitar.

Giovanna: - Você não tem namorada?

Olívia: - Giovanna.

Carlos: (rindo da situação)

Giovanna: - Quero saber titia. Eu tenho esse direito.

Yuri: - Não liga para ela, Julian. A bichinha é adotada.

Richard: - Eu pensei que o adotado fosse eu. (confuso)

Giovanna e Yuri: - Também.

Julian: (rindo)

Carlos: - Interessante.

Olívia: - Podemos comer em paz?!

A noite aconteceu de forma tranquila. A gente se reuniu para assistir a um filme, o musical 'Rei do Show', que tem o gato do Zac Afron no elenco. Adoro musicais, principalmente os de época. Zedu apareceu também, e estranhou a presença de Julian.

Zedu: - Podemos conversar no teu quarto?

Yuri: - Claro. (indo em direção a escada com Zedu)

Olívia: - Ei, portas abertas.

Yuri: - Tia. (ficando vermelho)

Carlos, Julian, Giovanna e Richard: (olham para Yuri e riem discretamente)

Yuri: (sentando na cama) – Tá tudo bem?

Zedu: (sentando ao lado de Yuri) – Eu te amo.

Yuri: - Eu também te amo. (beijando o namorado)

Zedu: - Você tá me traindo com alguém?

Yuri: - Oi?

Zedu: - Desculpa… com essa situação da Ramona e do Brutus… tô preocupado com a gente. Eu já perdi meu pai, e agora, não me vejo sem ter você.

Yuri: - Amor. Eu nunca te trairia.

Zedu: - E quem é esse tal de Julian?

Yuri: - Amor, ele é sobrinho do Carlos. A titia só quer que a gente faça amizade com ele. Nossa, Zedu, pensei que você confiasse em mim.

Zedu: - Eu confio em você. Só tenho medo e…

Yuri: - (beijando Zedu e se afastando) – Pode tirar esse medo do teu coração.

Sentado na frente da escola, Juarez, lamentava. Ele lamentava todas as vezes que foi um tremendo babaca com Mundico. O jovem não conseguia dormir, se ele estava preocupado em ser preso ou mandando pra um reformatório? Talvez. Mas, ele pensava mais em Mundico, e em todo o mal que causou. Naquela manhã, Mundico chegou desanimado e encontrou seu ex-namorado na entrada.

Mundico: - Escuta. (se aproximando de Juarez) – Eu não quero falar com você.

Juarez: - Espera, por favor, eu te imploro. (ficando de joelho)

Mundico: - Para de ser ridículo. (olhando para os lados) – Para.

Juarez: - Fala comigo. A gente precisa se acertar. Eu errei muito, eu errei, fui um tolo.

Mundico: - Eu odeio você. Odeio.

Juarez: - Eu já falei para o meu pai, vou responder pelos meus erros. Vou na polícia hoje.

Yuri e Zedu: (se aproximam)

Yuri: - Gente. Está todo mundo.

Zedu: - Juarez, cara…

Juarez: - José… fica de fora, isso é assunto meu. Por favor, vou na delegacia hoje à tarde.

Mundico: - Ótimo. Espero que seja preso. (subindo as escadas)

Juarez: (chorando)

(Todos os alunos, rindo e comentando)

Yuri: - Vou com o Mundico. (subindo as escadas)

Yuri: (correndo) – Mundico…

Mundico: (chorando) – Eu tento. Tento. Ele me afeta tanto. Ele me enganou, Yuri. Tirou tudo de mim. Eu estou quebrado. (se abaixando) – Eu estou quebrado por dentro.

Yuri: (se abaixando) – Ei, calma. Ele não te quebrou não. Você tá aqui, saudável. É meu amigo querido. (abraçando Mundico) – Não deixa ele te afetar. E… e… ele… ele… me pareceu bem arrependido.

Mundico: - Você perdoaria alguém que tentou te matar?

Yuri: - Eu não sei.

Zedu: (sentando ao lado de Juarez) – Eu sempre te achei um babaca, sabe?

Juarez: - Entra na fila. (limpando as lágrimas)

Zedu: - Você sabe o que fez foi errado… e se ele tivesse….

Juarez: - Eu penso nisso todos os dias. Eu sei que sou um babaca, um cretino, otário.

Zedu: - O que você vai fazer?

Juarez: - Vou na delegacia… enfrentar a besteira que eu fiz.

Zedu: - Quer que eu vá?

Juarez: (levantando) – Eu vou ficar bem, José. Obrigado. (saindo)

Zedu: - Ok. Boa sorte.

Arthur começou a editar o filme naquela tarde. Ele queria impressionar Letícia, afinal, ela era a musa inspiradora de toda produção. Todas as cenas foram analisadas, ele queria a melhor luz e efeitos. Letícia havia conseguido ingressos para um show naquela tarde, a minha amiga chegou toda animada, mas Arthur não deu muita atenção.

Letícia: - Vai ser demais amor. Desculpa ser em cima da hora, mas eu consegui. (mostrando os ingressos)

Arthur: - Hum rum. (olhando para o computador)

Bernardo: (entrando) – Ele ainda está editando?

Letícia: - Sim, e não está prestando atenção em mim. (sentando)

Bernardo: - Vish. Ele ainda nem almoçou. (olhando para a marmita que estava intacta em cima da mesa)

Letícia: (cheirando o namorado) – E nem tomou banho ainda.

Bernardo: - Ele fica viciado.

Arthur: - Letícia? Bernado? Vocês estão aqui desde quando?

Bernado: - Eu te falei.

Letícia: - Amor, acho que você precisa de um break.

Arthur: - Estou na metade. Tem o festival de cinema na próxima semana, eu já inscrevi o filme.

Letícia: - Puxa, tenho esses dois ingressos e….

Arthur: - Você pode ir com o Bernardo.

Bernardo e Letícia: (se olham)

Bernardo: - Eu gosto de um show. (pegando o ingresso das mãos de Letícia)

Letícia: - Tá bom. Vamos pro show?

Bernardo: - Vamos.

Passei a tarde namorando. A tia Olívia ligou e disse que mais uma vez convidaria o sobrinho de Carlos para jantar em casa, na verdade, ele já estava adiantado. Atendi ele na porta de casa, demos um abraço meio desajustado.

Julian: - Desculpa vir assim, mas o Tio Carlos está se preparando para o baile de formatura.

Yuri: - Tudo bem.

Julian: - Acabei chegando mais cedo.

Yuri: (pegando na costa de Julian) – Vamos entrar?

Julian: - Claro. Ah, trouxe um jogo bem legal pra gente testar.

Yuri: - Que legal.

João Lucas: (passando do outro lado da rua) – Hummmm. (sorrindo)

Zedu chegou em casa e encontrou a mãe animada na sala. Ela voltaria a trabalhar em tempo integral, o pai dele havia deixado uma boa pensão, mas a minha sogra não gostava de ficar parada. Ela daria aula para uma escola do ensino médio.

Teodora: - Filho, fiz strogonoff de frango, o seu favorito.

Zedu: - Tudo bem, mãe.

João Lucas: - Boa noite, família.

Teodora: - Está animado.

Zedu: - Que bom, faz tempo que não te vejo sorrir.

Teodora: - Vão comer os dois. Tenho que preparar meus materiais para amanhã. (saindo)

João Lucas: - Ei, maninho. Sei que agi como um babaca nesses últimos tempos.

Zedu: - Tudo bem, não foi fácil para mim também. (indo em direção a cozinha)

João Lucas: - Acho bacana o teu relacionamento com o Yuri. (andando atrás de Zedu)

Zedu: - Que bom.

João Lucas: - Sério. Não sei como você fica com ciúmes.

Zedu: - Como assim?

João Lucas: - Vocês, oras, com um relacionamento aberto.

Zedu: - Eu não tenho um relacionamento aberto. (estranhando a conversa)

João Lucas: - Sério? (fingindo espanto)

Zedu: - Você sabe de alguma coisa?

João Lucas: - Não, não sei.

Zedu: - João Lucas?

João Lucas: - É que eu passei na casa do Yuri… e… e…. o vi com outro rapaz.

Zedu: - Não sei.

João Lucas: - Sinto muito maninho.

Zedu: (sentando) – Sente?

João Lucas: - O Yuri traiu aquele outro menino com você, né? Qual o nome dele?

Zedu: - Diogo… a gente…. a gente ficou quando o Yuri e ele namoravam.

João Lucas: - Que merda, né? (servindo o prato e comendo tranquilamente)

Zedu: - Ele não faria isso, o Yuri não ia me trair. Ele me ama.

João Lucas: (mastigando e tomando suco) – Bem, se o relacionamento de vocês começou sendo uma mentira…. (olhando para Zedu) – Não vai comer?

Se você

Se você puder voltar

Não deixe isso queimar

Não deixe isso desaparecer

Tenho certeza de que não estou sendo rude

Mas é apenas sua atitude

Está acabando comigo

Está estragando tudo

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Zedu: (olhando pela janela da casa de Yuri)

Julian: (segurando o controle do videogame) – Vai, Yuri.

Yuri: (rindo e segurando o controle do videogame) – Ei, não vale apelar.

Julian: - (derrotando Yuri no jogo e o abraçando) – Perdeu, perdeu.

Yuri: (rindo) – Para bobo. Vou esquentar a comida, o pessoal está chegando daqui a pouco.

Zedu: (chorando)

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Eu jurei

Eu jurei que seria sincera

E querido, você também jurou

Então porque você estava segurando a mão dela?

É assim que estamos agora?

Você estava mentindo o tempo todo?

Foi só um jogo para você?

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Juarez: (entrando na delegacia)

Policial: - Pois não?

Juarez: - Eu preciso fazer uma denúncia.

Advogado: - Tem certeza disso?

Juarez: (com os olhos vermelhos) – Você ouviu o meu pai, né? Eu sou uma aberração.

Policial: - E qual é a denúncia?

Juarez: - Eu quase matei um amigo. (deixando escorrer uma lágrima)

Policia: - Venha com a gente.

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Mas estou tão envolvida

Você sabe que sou uma grande boba por você

Você me tem na sua mão

Você tem que deixar isso se prolongar?

Você tem que, você tem que, você tem que

deixar isso continuar?

Oh, eu imaginava tudo de você

Eu achei que nada poderia dar errado

Mas eu estava errada

Eu estava errada

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Kellen: - Você é tão engraçado, Brutus. (abraçando Brutus)

Brutus: - O lanche do Fred's é o melhor da cidade. (conseguindo sair de perto de Kellen)

Ramona: - Brutus?

Kellen: - Ramona, como vai? (abraçando e beijando Ramona)

Ramona: - Eu tentei te ligar e…

Brutus: - Eu estava ocupado.

Ramona: (olhando para Kellen) – Eu entendi. Eu… preciso… com licença. (saindo rápido)

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Se você

Se você pudesse seguir tentando não mentir

As coisas não seriam tão confusas

E eu não me sentiria tão usada

Mas você realmente sempre soube

Que eu só quero ficar com você

Mas estou tão envolvida

Você sabe que sou uma grande boba por você

Você me tem na sua mão

Você tem que deixar isso se prolongar?

Você tem que, você tem que, você tem que

deixar isso continuar?

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Bernardo e Letícia dançaram bastante durante o show, por coincidência, os dois eram fãs da banda que tocava. Eles decidiram beber um pouco e a noite continuou com eles indo para uma festinha de uma amiga de Bernardo.

Letícia: - Me sinto leve! (dançando)

Bernardo: - Você é linda demais.

Letícia: - O quê?

Bernardo: - Você é linda demais! (abraçando Letícia e a beijando)

Letícia: (afastando Bernardo e dando um tapa em seu rosto) – Você é louco. (saindo de perto dele)

====================================================

E estou tão envolvida

Você sabe que sou uma grande boba por você

Você me tem na sua mão

Você tem que deixar isso se prolongar?

Você tem que, você tem que, você tem que

deixar isso continuar?

Você sabe que sou uma grande boba por você

Você me tem na sua mão

Você tem que deixar isso se prolongar?

Você tem que, você tem que, você tem que

deixar isso continuar?

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