02X10 - JESUS E O MORTO

Conto de escritor.sincero como (Seguir)

Parte da série AMOR DE PESO - SEGUNDA TEMPORADA

Pai,

Eu estou me sentindo tão sozinho, o Yuri costuma escrever para os pais dele que morreram. Eu quero dizer que eu amei o senhor o máximo que pude. E que vou honrar seu nome, prometo. Do seu filho, Zedu.

Jesus era um homem que fazia milagres, em certo momento, a bíblia nos informa que Jesus ressuscitou um homem chamado Lazaro. O homem estava morto há três dias, e Jesus o trouxe de volta. Nunca fui uma pessoa religiosa, mas o fato de saber que existiu uma pessoa que dava vida aos mortos me impressionava. Afinal, eu era uma criança e acreditava em contos de fadas. Quando cresci, vi que os milagres de Jesus não passavam de histórias, e a morte do meu pai confirmava isso, afinal, onde estava o Senhor Todo Poderoso que curava as pessoas? Por que ele não fez nada pelo meu pai? Eu havia perdido toda a minha fé naquela tarde de agosto.

Yuri: (entrando no quarto e sentando ao lado de Zedu)

Zedu: - Eu não quero sair daqui, se eu sair daqui e for ao velório, é a mesma coisa que dizer que ele morreu. E eu não quero acreditar nisso… (chorando)

Yuri: - Eu sei, mas sua mãe precisa de você, os seus irmão também. Seu coração dói, e vai doer por muito tempo.

Zedu: - Você já me falou isso. Que demorou muito para esquecer a morte dos teus pais.

Yuri: - Eu não esqueci, esse sentimento vive em mim, só que não tão latente como antigamente.

Zedu: - Obrigado. (pegando na mão de Yuri e beijando)

Yuri: - Tudo bem, meu príncipe. Agora vamos tomar um banho?

Zedu: - Eu preciso mesmo?

Yuri: (levantando) – Hum Rum.

O Yuri foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, sério. Antes de saber que eu gostava de homens gordos, eu não sabia o que queria. Ficava com meninos e meninas, mas o Yuri me mudou e para melhor. Ele era super gentil, engraçado e tinha dois belos olhos. O Yuri me levou até o banheiro e tirou toda a minha roupa, ele ligou a água e deixou um pouco escorrer, a fumaça do vapor tomou conta do local. A água caiu sobre meu corpo e se misturaram com as lágrimas, Yuri, não falava nada, apenas me ajudava a tomar banho.

Yuri: (passando shampoo)

Zedu: (com os olhos fechados e tremendo)

Yuri: (tirando todo o shampoo da cabeça de Zedu)

Aquele banho foi muito relaxante, a última coisa que passou pela nossa cabeça foi sexo. Fiquei no banheiro me enxugando, e Yuri já adiantou a roupa que eu usaria naquele dia. Ela uma blusa social ¾ preta com detalhes brancos nas mangas, uma calça jeans preta e minha sandália preta, ele sabia que eu odiava usar roupas sociais. Me vesti e demorei a tomar coragem para descer. Todos os meus familiares estavam na minha casa, a cena era parecida com o dia em que perdemos a minha avó. Uma tia me abraçou e me beijou na testa, o cheiro do perfume dela ficou grudado na minha roupa. Em seguida, a minha mãe me chamou.

Teodora: (com os olhos vermelhos) – Só Deus sabe como o meu coração está destroçado, mas precisamos ser fortes filhos.

Zedu: - Eu sei. A senhora viu o Yuri?

Teodora: - Ele saiu com o Fred para comprar mais pão.

Zedu: - Entendi.

Teodora: - A tua tia Estela quer ver você. Vai lá.

Zedu: - Tudo bem

Yuri seguiu com o meu irmão para comprar pães, na verdade, a família do meu namorado ajudou bastante naquele momento. Lembro da minha mãe falar que nunca esqueceria daquele ato de generosidade, realmente, a generosidade era algo que fazia parte da vida do Yuri. Ouvi alguém falando que tudo faz parte dos planos de Deus, lembrei, novamente da história de Lázaro. Segundo a bíblia, a irmã dele ficou muito brava com Jesus, ela o enfrentou e disse: “Senhor, se tivesses estado aqui, não teria morrido meu irmão”. Será que ela estava certa ao fazer isso, tipo, enfrentar uma divindade? E se Jesus ficasse puto e fosse embora? Assim, como fez comigo e a minha família.

Fred: (freando o carro bruscamente)

Yuri: (assustado) – Aconteceu algo?

Fred: (chorando)

Yuri: (calado)

Fred: - Estou com medo.

Yuri: - De que?

Fred: - Do futuro, Yuri, o papai era o dono da casa… sem ele… sem ele…

Yuri: - Fred. (abraçando Fred, mas com medo da reação)

Fred: - (se deixando ser abraçado por Yuri e chorando)

Yuri: (pegando o rosto de Fred e limpando suas lágrimas) – Vocês são uma família unida, tudo bem se você tiver medo, afinal, faz parte de ser vivo. O teu pai tinha um orgulho tão grande de vocês, ele morreu sabendo disso. Ele sabia que vocês todos seguiriam em frente da melhor maneira possível.

Fred: - Você tem só 16 anos?

Yuri: - Sim , infelizmente.

Fred: - Não parece. (sorrindo) – Pareceu a minha avó me aconselhando.

Yuri: - Ei, conselhos de vós são os melhores.

Fred: (ligando o carro) – Ei, Yuri.

Yuri: - Oi?

Fred: - Obrigado, cunhado.

Yuri: - Pelo menos alguém gosta de mim. (falando baixo)

Fred: - Oi?

Yuri: - Nada… nada… (ficando vermelho)

Fred: - Você começou… pode ser sincero comigo.

Yuri: - O JL, ele não gosta de mim.

Fred: - O JL é um babaca. Yuri, não se importa com nada que ele falar. Está sendo difícil para ele.

Yuri: - Entendi.

Fred: - Sério. Eu amo o Zedu, eu sempre cuidei dele. O JL era muito afastado, estranho. Eu fico feliz que o Zedu tenha te encontrado.

Yuri: - Obrigado. E precisando conversar… conta comigo.

Fred: - Pode deixar, Cunha… (ligando o carro) – Vamos comprar esse pão.

Eu não era o único passando por uma situação difícil, a Ramona, tinha um segredo. Algo do passado dela que muitos não entenderiam. A Ramona era uma grande amiga, e me ajudou muito com todo o drama dos últimos meses, naquela época eu era um verdadeiro cretino, nem sei por que o Yuri quis ficar comigo. Naquela manhã, ela escolheu roupas de cores neutras, ela esperou Brutus a pegar em sua casa.

Brutus: (entrando) – Bom dia.

Ramona: - Bom dia.

Brutus: - Será que eu compro algo?

Ramona: - Como assim?

Brutus: - Comprar algo para o Zedu, sei lá.

Ramona: (rindo) – Amor… (o abraçando)

Brutus: - Desculpa, eu não sei o que fazer. (chorando) – O Zedu é um grande amigo, sabe…

Ramona: - Eu te entendo. Pode chorar…

Brutus: - Estou sendo criança, eu sei, você odeia isso.

Ramona: - Você está chorando por causa do sofrimento de um amigo querido. Todos nós estamos. Vai ficar tudo bem.

Wilson: - Vamos? (olhando para Brutus) – Bruno, seus pais vem?

Brutus: - Infelizmente não… eles… eles… estão viajando.

Wilson: - Entendi. Filha, fiquei de comprar bolo para levar.

Será que a família de Lázaro fez um banquete para os seus familiares? Aqui, no Brasil, as pessoas gostam de levar alimentos, uma tia fez sopa, a outra café, a tia do Yuri, comprou litros e litros de refrigerante, e o pai da Ramona, bolo. Fico imaginando, Jesus, chegando na casa do morto e comendo antes de fazer o grande milagre. Meus amigos chegaram depois de um tempo, quase não conversei, na verdade não havia clima para conversa. A tia do Yuri chegou, e junto dela, alguns homens da funerária. Eles armaram uma mesa de ferro e enfeitaram com flores.

Zedu: (lagrimando e saindo)

Yuri: - Que dó.

Letícia: - Eu não consigo imaginar como vai ser o dia em que os meus pais forem.

Yuri: - Complicado, muito complicado.

Brutus: - Que merda, hein.

Ramona: - Vocês querem café?

Yuri: - Vou falar com a minha tia, com licença. (saindo)

Brutus: (pegando o café e se queimando) – Droga.

A Olívia fez todo o trâmite necessário para que o velório do meu pai fosse realizado em casa, um dos lugares que ele mais amou na terra. Lembro do dia em que nos mudamos para cá, eu tinha uns 10 anos. Estava chovendo, o papai me carregou nos braços e não se importou com as gotas que caiam sobre nós. A gente passou a tarde brincando para o desespero da minha mãe. A casa que ele tanto amava seria o local de seu adeus. Tem um toque de poesia nessa história.

Yuri: - Que horas o corpo vai chegar?

Olívia: - Daqui 20 minutos.

Yuri: - As crianças estão com o Carlos?

Olívia: - Sim, prefiro poupá-los disso.

Yuri: - A senhora fez bem, principalmente, para o Richard.

Olívia: - E você?

Yuri: - O que tem eu?

Olívia: - Amor. Você ainda fica muito sentido, né? (afagando os cabelos de Yuri)

Yuri: - Não quero fazer isso uma questão sobre mim. O Zedu precisa de mim.

Olívia: - Eu entendo. O que você está fazendo é a coisa mais linda do mundo, eu tenho certeza, que os teus pais estariam orgulhosos.

Yuri: - Aprendi muitas das coisas que sei com a senhora. E os meus irmãos tem sorte disso também. (abraçando a tia) - Sei que não demonstro muito, mas eu sou muito grato pela senhora nos aceitar de braços abertos.

Olívia: - Não vai me fazer chorar agora, né? (abraçando forte Yuri) - Eu te amo, amo como se fosse meu. Meu meninão.

Yuri: - Tia. (se perdendo no abraço de Olívia)

Olívia: - Eu te amo, te amo demais.

Yuri: - Eu também.

O momento que a minha família evitava chegou. Às 11h, os funcionários da funerária chegaram com o corpo do seu Ulisses. Todos choraram, o Yuri ficou perto dos nossos amigos, e eu abraçado com a minha mãe, ela desmaiou duas vezes. Eu olhei algumas vezes para o meu namorado, ele chorava também, acho que pensou nos pais. Eu passava pela mesma dor que ele, o Yuri precisou ser muito valente.

Olívia: - Zedu, vou levar a tua mãe para o quarto. Me ajuda?

Teodora: - Eu quero ficar com ele… (sem forças para falar ou andar)

Olívia: - Querida, você precisa descansar, por favor.

Zedu: - Ela tem razão, mãe, você precisa ir para o quarto.

Teodora: - Eu preciso… (desmaiando)

Fred: (com os olhos vermelhos) – Mãe… (carregando a mãe no colo) – Vou levá-la para o quarto. (saindo)

(Todos olhando)

Zedu: (chorando)

Yuri: - Ei. (pegando na mão de Zedu)

Zedu: (abraçando Yuri e chorando)

Yuri: - Tá tudo bem bebê. Tá tudo bem. (abraçando o namorado)

Zedu: - Vem comigo? (segurando no ombro do Yuri)

Yuri: - Sempre. (indo com Zedu até o caixão)

A testa do meu pai estava gelada, será que foi essa a mesma coisa que Jesus sentiu quando ressuscitou Lázaro? Meu coração começou acelerar, e as lágrimas saiam fácil. Eu não conseguia acreditar, meu pai, meu herói, naquele caixão. O meu irmão JL chegou depois de um tempo, e também ficou ao lado de papai. Ele não falou nada, apenas ficou acariciando a testa dele. Alguns tios e primos também se aproximaram, seu Ulisses era realmente um homem querido, pela família e amigos.

Yuri: - Am… (olhando ao redor e parando de falar) – Zedu. Vai dar 12h. Você precisa comer algo.

Zedu: - Não precisa. Estou bem.

Yuri: - Você está tremendo. (pegando no ombro do namorado)

Zedu: - Eu estou bem, eu juro.

Yuri: - Só…

João Lucas: - Ele disse que está bem. (cortando Yuri)

Zedu: (olhando friamente para o irmão) – Vamos… vamos sair daqui. (saindo com Yuri)

Yuri: - Desculpa, eu não queria.

Zedu: - Tudo bem. Só não falei nada em respeito ao meu pai.

Yuri: - Acho melhor… eu… eu verificar como estão as coisas, os meninos estão ajudando na cozinha. Vai para o quarto descansar.

Zedu: - Tudo bem.

Yuri: - Ei, eu te amo. (pegando na orelha de Zedu)

Zedu: (fechando os olhos e sentido o toque do namorado) – Eu sei disso. Eu também te amo ursão. (subindo)

Yuri: (indo até a cozinha)

Estela: (saindo do banheiro) - Meu Deus, ursão. (colocando a mão no rosto)

Não muito longe dali, Carlos, precisava alimentar Giovanna e Richard. Os dois irmãozinhos de Yuri estavam chateados por não poderem ir abraçar Zedu. Carlos era um homem paciente, mas tudo na vida tem limite. Ele encontrou Richard com várias baratas em seu corpo, o pequeno só ria da situação. Com muita dificuldade, Carlos conseguiu tirar todos os animais.

Carlos: - Você tá bem?

Richard: (rindo) – Elas estavam fazendo cocegas.

Carlos: - Isso é nojento.

Richard: - Não é não, crio as meninas desde pequenas. Elas são limpas.

Carlos: - Você o quê? Sério, Richard? Você sabe que a sua tia morre de medo de baratas e mesmo assim faz isso? Deveria começar a pensar nas suas atitudes, sabiam que elas sempre acabam machucando alguém? Ou você esqueceu do dia em que o Yuri e Zedu se perderam no mato? Você deveria começar a refletir mocinho. (saindo e fechando a porta)

Richard: (chateado) – Eu não faço por mal.

Carlos: (descendo)

Giovanna: - Carlos, não tem tâmaras na minha sala.

Carlos: - E nem vai ter…. (passando direto)

Giovanna: - Credo. Grosso. Bem, posso sobreviver sem minhas tâmaras, mas cadê o queijo mais lindo. Adoro queijo de bufala. (olhando para o pedaço de queijo que havia no prato)

Juarez pegou Mundico em sua casa, eles decidiram ir juntos para o velório de Ulisses. No caminho, os dois não falaram nada. Juarez estava cada vez mais dividido, ele havia feito uma coisa ruim, mas seu coração começou a se apaixonar por Mundico. Ele sabia se a verdade viesse a tona, nada seria como antes. Por isso, ele começou a mudar de atitudes, abandonou até amigos que não gostavam de Mundico.

Taxista: - Chegamos. Você vai pagar pelo aplicativo, né?

Juarez: - Isso. Obrigado. (saindo do carro)

Mundico: - Com licença. (saindo do carro)

Juarez: - Alicia?!

Alicia: - Juarez?

Juarez: - O que você está fazendo aqui? Pensei…

Alicia: - Fico surpreso é com você. Pensei que odiasse o Zedu.

Mundico: - Odiar é uma palavra muito forte, né?

Alícia: - E você é quem?

Juarez: - Um amigo. Bem, estou estudando com o Zedu e os amigos dele.

Alícia: - Olha só. Eu saí e você entrou. Deve tá tentando roubar o Zedu do Yuri.

Juarez: - O Zedu faz parte do meu passado. O Yuri não tem com o que se preocupar. Só se um monstro oxigenado tentar separar os dois.

Alícia: - Eu só vim falar com o Zedu. Eu adorava o seu Ulisses.

Juarez: - Claro. Vamos entrar?

Mundico: - Vamos. (entrando com Juarez)

Alícia: - (respirando fundo) – Calma… levanta a cabeça princesa, senão a coroa cai. (entrando na casa de Zedu)

Eu amava a Alícia, não vou negar. Passei quase dois anos com ela, entre idas e vindas, mas a usava como um disfarce, e não era justo, comigo e principalmente com ela. Ela falou com minha mãe e irmãos, depois tentou falar comigo, mas ela queria mais. O Yuri ficou preocupado, um pouco com ciúme, acho. Eu subi para descansar um pouco no meu quarto, depois de um minuto, a Alicia apareceu lá.

Alícia: - Podemos conversar?

Zedu: (levantando rápido da cama) – O que você está fazendo aqui?

Alícia: - Eu queria te ver. (se aproximando)

Zedu: - Olha, acho melhor. (colocando a blusa) – Acho melhor, a gente conversar em outro lugar.

Alícia: - Zedu. Acho que já vi você pelado. (rindo sem graça) – Então, eu soube que você está com o Yuri. E até viajaram juntos?

Zedu: (cruzando os braços) – Sim, fomos para Parintins. Mas de verdade, eu acho melhor conversamos lá fora. (acompanhando Alícia)

Alícia: (abraçando Zedu) – Eu nunca te esqueci.

Zedu: - (tentando tirar Alícia) – Alícia. Podemos conversar…

Alícia: - Eu ainda não entendi, a gente era feliz, né?

Zedu: - Eu não era, e você também não. Eu gosto de homens….

Yuri: (abrindo a porta, mas fechando em seguida e fica ouvindo a conversa)

Alícia: - Homens gordos. O Yuri é feio, ridículo…

Zedu - O Yuri é doce, a pessoa mais generosa que eu conheço, ele não é tóxico ao contrário de você. Você nunca me deixou ser eu. O Yuri é lindo. Por dentro e por fora. Agora, por favor, sai do meu quarto.

Alícia: - Quer saber… eu vim aqui de boa, mas você ainda continua enfeitiçado. Coitado do teu pai, saber que o filho era gay… deve ter morrido…

Yuri: (entrando no quarto) – Eu juro por Deus… se terminar essa frase eu…. (ficando ao lado de Zedu)

Alícia: - Olha só… ele veio defender o namorado dele?

Letícia: (puxando o rabo de cavalo de Alícia) – Escuta só….

Alícia: - Me solta, louca.

Ramona: (fechando a porta)

Brutus: (vigiando do lado de fora)

Letícia: - Eu falei para você escutar, sua piranha, projeto de quenga, ou também é surda. Eu até que gostava de ti, juro por Deus, gostava, mas depois que vacilou com os meus amigos eu passei a ter pena de você. Você vai sari daqui agora, e vai esquecer que os meus amigos existem. Se eu souber… ao menos souber…. Que você perturbou o Zedu ou o Yuri, eu mesma vou na tua casa e corto todo esse teu cabelo oxigenado. Eu tenho giletes escondidas em todas as partes do meu corpo, e não pensaria duas vezes em usar contra você. Sua vaca manipuladora escrota. (soltando o cabelo de Alícia com força)

Alícia: (quase caindo no chão, mas mantêm a postura) – Vocês são loucos. (saindo do quarto de Zedu)

Ramona: - Tchau, puta.

Alícia: (saindo correndo e chorando)

Juarez e Mundico: (entrando)

Mundico: - Aconteceu algo?

Juarez: - O que a rainha do drama fazia aqui? Mexeu com você, Zedu? Se eu pego essa desqualificada.

Zedu: (abraça o Yuri) – Desculpa, desculpa por você ter que ouvir tudo isso.

Yuri: - Sabe o que eu ouvi? Que você me ama. Que você me acha lindo. E isso basta para mim.

Zedu: (chorando)

(Zedu recebe um abraço coletivo dos amigos)

A mãe e irmã de Lázaro mandaram uma mensagem para Jesus. "Senhor, aquele a quem o o senhor ama está doente". Ele até foi, mas chegou atrasado para o desespero de todos. Lázaro estava no sepulcro, a família já havia chorado e velado aquele homem.

Olívia: (pegando no ombro de Yuri) - Chegou a hora. O velório vai sair.

Yuri: - Vamos?

Zedu: - Eu não quero... (chorando)

Yuri: (olhando para a tia)

Olívia: - Precisamos ir Zedu. O pessoal está esperando. Você quer ir com a sua família?

Yuri: - Você pode ir com eles. Vamos bem atrás de você.

A família de Lázaro, inicialmente, ficou revoltada com atitude de Jesus, afinal, ele permaneceu mais de dois dias ocupado, mesmo sabendo que o homem se encontrava doente. Em nenhum momento ele temeu, ele enfrentou a situação e conseguiu aquilo que todo mundo esperava.

Pastor: - Estamos aqui reúnidos para orar pela alma de Ulisses....

Mundico: - Você ama o Zedu?

Juarez: - Oi?

Mundico: - Desculpa... desculpa perguntar assim, mas eu odeio velórios... eu falo muita besteira e...

Juarez: - Eu não amo o Zedu. (pegando na mão de Mundico)

Mundico: - Eu odeio mentiras, se você tiver que me contar alguma coisa... pode contar...

Juarez: - Eu não tenho nada para te contar, eu gosto de você.

Até Jesus ficou triste com a morte de Lázaro. Ele se sentiu culpado por não estar lá no momento que o homem realmente precisou. A pressão das pessoas em cima dele também não ajudou. "Se Jesus abriu os olhos do cego, porque não impediu a morte de Lázaro", questionou alguém. Jesus estaria mentindo para os seus seguidores?

Ramona: - Eu não sei o que faria se perdesse meu pai. (chorando)

Brutus: - Eu ficaria ao seu lado. Eu estou ao seu lado, você sabe disso, né?

Ramona: - Sei amor. É que sempre fui eu e o meu pai. A gente contra o mundo, sabe?

Brutus: - Sei. O seu Wilson é muito importante para você. (abraçando a amada)

Ramona: - Tenho medo de ficar sozinha.

Brutus: - Isso nunca vai acontecer. Estamos juntos na vida, Ramona.

Ramona: (olhando para o vazio)

Jesus pediu para que as pessoas o levassem para a gruta onde estava Lázaro. Ele entrou no lugar depois que alguns homens retiraram a grande pedra que tapava o caminho. Na hora, um cheiro ruim exalou no ar, afinal, as pessoas apodrecem,né? Ninguém acreditou em Jesus, ele então com apenas uma frase levantou Lázaro do mundo dos mortos, mas por que o meu pai não poderia ter a mesma chance? Onde estava Jesus no momento em que eu mais precisava dele?

Coveiros: (descendo o caixão de Ulisses)

Zedu: (chorando abraçado de Fred) - Pai... paizinho... te amo...

Fred: - Vamos ficar bem. (beijando a cabeça de Zedu)

Teodora: - Não... não... eu te amo meu amor. Eu te amo. (chorando copiosamente)

João Lucas: - Me perdoa pai. Me perdoa por qualquer coisa. (abraçando a mãe)

Sim. O meu pai se foi, ele não teve a mesma sorte de Lázaro. Ele morreu e deixou um vazio no meu coração. A minha mãe diz que os planos de Deus tem um motivo, mas qual será ele? Será que eu e o Yuri vamos para o inferno? Esse é o meu destino? A minha cabeça estava uma completa bagunaça, eu fiquei muito cansado e capotei na cama. Acordei, e o Yuri lia um livro ao meu lado. Ele ficou quase dois dias me vigiando. Acordei no sábado, e o meu namorado dormia sentado na cama. Eu o acordei, e o arrumei. Fiquei de conchinha com ele. Depois, naquele mesmo dia, a gente decidiu sair.

Zedu: - Você sente que o mundo foi injusto com você?

Yuri: - Em que sentido? (tomando um sorvete)

Zedu: - Você perdeu tão cedo os teus pais...

Yuri: - Eu questionei muito Deus quando eles morreram, tive um surto psicologico. (rindo de nervoso) - Mas, eu penso da seguinte forma, a vida me tirou, mas também me deu. (pegando na mão do namorado) - Eu sei que agora você deve tá sentido com Deus, e a gente não tem motivo nenhum para acreditar Nele, afinal, vamos para o inferno, porém, acho importante acreditar em algo Zedu. Na hora da provação, em que somos testados, humilhados... temos que acreditar em algo. Senão vamos ficar loucos... eu estive num lugar muito ruim dentro de mim, e eu não quero voltar pra lá. Por isso, eu acredito no Karma, no que a gente planta, a gente colhe.

Zedu: - Acho que eu vou na missa.

Yuri: - É um começo.

Vai que essas histórias sobre Jesus não são verdades? Para Zedu, o que você está falando. Você acredita. Você acredita que alguém a cima de você o protege. Só não pode deixar essa fé se apagar, e não pode deixar o mesmo acontecer com o teu namorado. Precisamos ter fé. Eu preciso ter fé.

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