CAPÍTULO 7: ENCONTRO EMBARAÇOSO

Conto de escritor.sincero como (Seguir)

Parte da série A VIDA QUE NÃO ESCOLHI

- Olha só. De novo, seu Godoy? Agora, fico surpreso de você, Samuel. Sempre foi um aluno tão exemplar.

- Diretor, por favor, quero me desculpar. – disse Samuel, no corpo de Jonathan. – Eu sou bolsista e...

- Hum. – olhando nos papéis de Jonathan. – O senhor não é bolsista.

- Digo, o Samuel, o Samuel, ele é bolsista, e eu assumo toda a responsabilidade. – declarou Samuel.

- Ele surtou diretor. Só porque eu pintei meu cabelo e coloquei um piercing. – falou Jonathan. – Até parece que é a primeira vez do Jonathan na diretoria.

- Claro, uma mudança muito radical no meu... digo... no teu cabelo. - se embananou Samuel.

- Quer saber diretor, acho que fui um colega ruim. Acho que mereço suspensão. - pediu Jonathan se divertindo com a situação.

- Não... não, por favor, não suspende ele. - suplicou Samuel quase ficando de joelhos.

- Por agora, o aviso é verbal, mas se vocês aprontarem de novo, suspensão. – explicou o diretor.

- Sim, isso não vai se repetir, diretor Bartollo. – prometeu Samuel aparentemente nervoso.

- Tá, tá, tanto faz. – resmungou Jonathan.

- Para a sala, agora.

No corredor, Samuel e Jonathan, tiveram uma DR. Samuel não entendia como Jonathan pode pintar seu cabelo, ainda mais com cores tão chamativas. Já, Jonathan, se cansou do jeito certo de Samuel, depois do encontro com Oliver, alguma coisa mudou dentro dele.

A discussão continuou por um bom tempo, quer dizer, até o diretor Bartollo sair para averiguar, e os dois correrem para a sala de aula.

No intervalo, Samuel pegou sua bolsa e avisou que venderia os bolinhos. Lana percebeu a chateação do amigo, e achou melhor deixá-lo sozinho. Ela seguiu para o outro lado da cantina, agora que eles estavam visados pela diretoria, o negócio ficou ainda mais clandestino.

Algumas pessoas se aproximaram de Jonathan, acharam seu visual legal e queriam dicas, Lorena, viu uma oportunidade e deu o bote.

- Nossa, Samuel, você está lindo. O que aconteceu? – perguntou Lorena.

- Er, uma mudança, né? Valorizar o visual. – respondeu Jonathan.

- De verdade, sabia que sentar ao lado de Jonathan serviria de alguma coisa.

- Exatamente, Lorena. Você falou tudo agora.

O professor de educação física conversou com Lana. Ele queria que a amiga de Samuel participasse do grupo de atletismo do colégio. Para a jovem, aquela oportunidade era ótima, mas ela não podia naquele momento. Após muita insistência, o jovem convenceu Lana a fazer um teste de tempo na pista de atletismo da escola.

- Acho que isso vai ser importante para você, Lana. Ainda mais que pode agregar ao seu histórico escolar. – revelou o professor.

- Nossa, isso é demais. E quando eu posso fazer o teste? – questionou Lana.

- Amanhã, na hora do intervalo. Você vai competir contra o meu melhor corredor, então, se prepare, pois, talento, eu sei que você tem.

- Obrigada, professor.

Um ninja, Samuel, se tornou o ninja do bolinho no pote

Um ninja, Samuel, se tornou o ninja do bolinho no pote. Ele desviava de todas as pessoas que poderiam lhe flagrar. Com muito esforço, Samuel conseguiu vender todos os bolinhos, mas apesar de tudo, ainda sentia raiva de Jonathan.

No segundo horário, o jovem começou a evitar conversar com o amigo, Jonathan, sentiu o baque, e mandou um bilhete para Samuel pedindo desculpa, só que não adiantou.

- Qual é, Samuel?

- Jonathan, a gente prometeu não modificar a vida um do outro. – disse Samuel, muito chateado.

- Ei, por favor. Eu só tentei ficar mais bonito. – pegando no braço do amigo.

- Droga. Eu não aguento mais, Jonathan. – desabafou Samuel, jogando a bolsa no chão e chorando.

- Samuel. – abraçando o amigo.

- Eu estou com saudade da minha vida, nunca pensei que fosse dizer isso. Já se passaram duas semanas. E nada daquela mulher aparecer. O Parque desapareceu. – continuou Samuel aos prantos.

- Vamos dar um jeito, mas não podemos parar de viver. Eu sei o que fiz é errado, eu vou despintar o seu cabelo.

- Você é um idiota. – respondeu Samuel rindo. – Despintar. – rindo alto.

- Tá bom, alguém está ficando bipolar. – falou Jonathan com sarcasmo.

- Não ficou tão ruim. – passando a mão no cabelo de Jonathan. – Eu até que fico gatinho assim.

- Te valorizei, viu. – subindo as sobrancelhas.

Os dois decidiram almoçar juntos. Jonathan levou o amigo para comer em um lugar diferente. Um restaurante vegano, segundo ele, Samuel deveria experimentar coisas novas para manter a saúde em dia. Mesmo contrariado, o rapaz olhou o cardápio e realizou o pedido.

Entre gargalhadas e provocações, Jonathan e Samuel, continuavam a se conhecer mais. Só que um detalhe, colocou em xeque toda a relação. Oliver apareceu de surpresa.

- Samuel, tudo bem? – perguntou Oliver.

- Eu te conheço? – questionou Samuel, sem se tocar.

- Tá, brincando, Jonathan? Sou eu, Oliver.

- Ah, Oliver. – respondeu Samuel, após levar um beliscão de Jonathan.

- E como você conhece o Jonathan? Quer dizer, o Samuca? – quis saber Samuel.

- A gente se esbarrou no metrô. Eu não sabia que vocês dois estudaram juntos, Jonathan. – explicou Jonathan, nervoso. – Que mundo pequeno, né?

- Entendi.

- Vocês dois são engraçados. – soltou Oliver. – Posso almoçar com vocês?

- Sim. – respondeu Jonathan.

- Não. – respondeu Samuel.

- E, então? – questionou Oliver.

No fim das contas, Oliver, Samuel e Jonathan, almoçaram juntos

No fim das contas, Oliver, Samuel e Jonathan, almoçaram juntos. Aquilo foi no mínimo constrangedor, Samuel, não entendia, como Jonathan havia o metido naquela história.

Durante a conversa, Jonathan, tentava dar dicas para Samuel, afinal, eles não tinham combinado aquele encontro. Oliver achou divertido a dinâmica entre os dois, e aproveitou, para "bulinar" Jonathan, por debaixo da mesa.

Nervoso, Jonathan, levantou e quase derrubou a mesa. Naquele momento, Samuel, teve um estalo e percebeu o desespero no olhar do amigo. Após se despedirem de Oliver, Samuel e Jonathan, seguiram para o metrô. No caminho, Samuel, começou a provocar o amigo, que pegou corda e acabou contando a verdade.

- Eu gostava dele, mas sempre tive medo. – revelou Jonathan.

- Olha, né? Quer dizer que o perfeito Jonathan Godoy, o terror das menininhas é gay? Tô chotado. – apontando para o chão. – Estou ali, caído, desmaiado no chão, me pega lá. – rindo.

- Ei, não brinca com isso. É algo muito delicado para mim. – falou Jonathan sentando em um banco.

- Para. Jonathan. Eu mais do que ninguém sei o que é o preconceito. E enfrentei tudo isso para ser fiel a mim. Você não deve se preocupar com a opinião dos outros. – aconselhou Jonathan, abraçando o amigo e depois puxando a orelha dele.

- Ai. Para.

- E você ainda me prostitui para alcançar seus objetivos. Que tipo de pessoa é você? – gritou Samuel, chamando a atenção de algumas pessoas.

- Sinto muito, ele gosta de gordos. Eu não tive culpa.

- Muitos homens olham para mim, na escola, metrô, no Centro. E, nem por isso, eu peguei alguém!. – jogando Jonathan no chão. – Desfaz isso!! DESFAZ!!!!!!

- AAAAAH!!!!!! – gritou Jonathan.

Isabella, a mãe de Samuel, chegou cansada naquela noite, afinal, foram três festas para produzir. Nas fotos da família, a mulher buscava forças para não desistir. Ela casou cedo, e no primeiro casamento, teve Samuel, depois de uma traição, Isabella, desistiu do amor.

Alguns anos depois, durante uma balada, a primeira em muitos anos, Isabella não se cuidou e acabou engravidando dos gêmeos. Apesar das circunstâncias, ela não se arrepende de nada, acha que faz um bom trabalho com os filhos, principalmente, Samuel, que cresceu independente.

- Samuel? Que cabelo é esse? – perguntou Isabella.

- Decidi mudar um pouco. Gostou, mamãe? – questionou Jonathan.

- Filho. – ela disse rindo. – Tá, interessante, no mínimo.

- Mamãe! Não pode falar que ficou interessante e rir. – olhando no espelho. – Todos na escola gostaram.

Dois portões gigantes, e três guaritas, a caminhada para casa de Jonathan era no mínimo cansativa. O esquema de segurança deixava Samuel de queixo caído. A cada passo uma nova mansão surgia, o bairro podia ser nobre, mas as ruas eram desertas, o que incomodava um pouco o jovem.

A cada passo uma nova mansão surgia, o bairro podia ser nobre, mas as ruas eram desertas, o que incomodava um pouco o jovem

Um vento gelado começou a soprar, e ele pegou o casaco de dentro da mochila. Ao parar, Samuel, percebeu que alguém o seguia, com medo, Samuel apertou o passo. Quando dobrou em uma esquina, deu de cara com a mulher misteriosa. Ela era velha, e dessa vez, vestia uma roupa branca, totalmente, diferente da discrição feita por Jonathan.

- Ei, você.

- Ainda está no corpo errado? – ela questionou.

- Você precisa me ajudar, a gente não faz nem ideia de onde começar. – explicou Samuel.

- Eu só estou aqui para alertar, esse é o meu dever. Agora, vocês precisam se conectar. A chave da normalidade está aqui. – pegando no coração de Samuel. – Às vezes, o que queremos está bem perto. Pense nisso.

- Jonathan? – perguntou Oliver.

- Oi? – virando para conversar com o colega. – Tudo bem?

- Sim. Estou indo para casa.

- Eu também, mas estava conversando com a... – virando e percebendo que a mulher não estava mais lá.

- Com a? – perguntou Oliver.

- Ninguém. E aí? Quer dizer que você gostou do Samuel?

- O quê? – ele tentou disfarçar.

- Ei, calma. Eu tenho um segredo. Também sou gay.

- Sério? – reagiu Oliver espantado.

- Sim, eu tenho um pouco de receio, mas sou gay.

- E o Samuel falou alguma coisa de mim?

- Sim, ele gosta muito de você. Só precisa dar tempo a ele. – aconselhou Samuel.

No Centro da cidade, a vida não para, carros e pessoas passam para todos os lugares. No apartamento da família Costa, Jonathan havia se acostumado com a loucura das coisas. O caos integrava aquele lar, e de uma maneira estranha, fazia sentido. Após ler para os irmãos, Jonathan, seguiu para o seu quarto e ouviu uma conversa entre Isabella e Antonella.

- Eu acho que o Samuel precisa saber. – disse Antonella tentando falar baixo.

- Acha que eu não sei? Ele vai ficar arrasado quando souber. – afirmou Isabella.

- Eu sabia que aquele João não era boa coisa.

- Mas namorou ele antes de mim, né, irmã? – questionou Isabella.

- Irmã, o passado ficou para trás. Eu não lembro mais desse traste.

- E então? Me ajuda a contar para o Samuel?

- Claro, faço tudo por você e pelos meus sobrinhos.

***

Mais alguns dias se passaram

Mais alguns dias se passaram. A temperatura em São Paulo começou a baixar, e os paulistas tiraram dos seus armários as roupas de frio. Naquela manhã, Jonathan, acordou e não estava suado. Devido a economia na casa da família Costa, ele dormia com um ventilador. De repente, Antonella grita desesperada.

A família inteira correu para o banheiro, e encontraram a tia de Samuel quase desfalecida no chão. Eles a levaram para o quarto, e ao despertar, ela explicou que havia pegado choque no chuveiro elétrico. Com receito, Isabella, interditou o banheiro social.

Enquanto isso, na casa dos Godoy, Samuel tremia de tanto frio. Como havia uma diferença de peso entre ele e Jonathan, a temperatura baixa o afetava mais. Ao sentar no vaso, o jovem teve outra surpresa e levantou rápido.

- Sempre esqueço que fica gelado. Que merda, a casa do Jonathan parece um freezer. Será que tem aquecedor? - questionou Samuel para si mesmo.

Na época de frio, os estudantes da Escola Marisa Teixeira usavam seus melhores casacos e acessórios. O pátio se tornava uma verdadeira passarela da moda inverno. Na opinião de Jonathan, as pessoas estavam exagerando, a temperatura nem estava tão baixa para gorros, cachecóis e echarpes.

Sorridente, Samuel chegou com uma novidade. O dinheiro do bolo rendeu bastante, então, eles estavam próximos de alcançar mil reais. Para celebrar, eles decidiram sair juntos no fim de semana. E, sim, essa situação é rara, pois, em outro momento, você não veria Jonathan Godoy saindo com Samuel Costa.

Nas redes sociais, várias pessoas compartilharam um link da gravação de um Rondom Play Dance de KPOP, evento onde os apaixonados pelos astros da Coreia podem dançar e se divertir. Samuel achou que era o momento ideal para sair com os amigos.

Para animar ainda mais, ele decidiu que iriam fantasiados. Durante a semana, Samuel preparou tudo sem contar para os amigos. Eles iriam de Mário, Luigi e Peach. No sábado, os três se arrumaram na casa de Jonathan. Aproveitaram uma viagem de Wal e Gláucio.

- Vem, Jonathan. Eu quero te ver. - pediu Samuel arrumando a fantasia, que era um boné verde com a letra "L" no centro, um macacão azul, a camisa de manga cumprida verde, e claro, as famosas luvas brancas.

- Gente, o quarto dele é enorme. - comentou Lana penteado uma peruca loira.

- Maravilhoso. Vou te chamar pra tomar banho de piscina. O pai dele pensa que vocês dois têm um caso. - riu Samuel. - Jonathan!!

- Estou ridículo. - comentou Jonathan saindo do banheiro, trajando sua fantasia de Mário.

- Caraca, você caprichou. - afirmou Lorena colocando a peruca.

- Agora, o toque final. - disse Samuel pegando um bigode falso e grudando em Jonathan.

- Ei, isso saí, né? - perguntou Jonathan.

O trio seguiu de uber até o local do evento. No percurso, Samuel reparou que quase todos os lugares que frequentava ficava perto da casa de Jonathan. Ao chegarem, várias pessoas ficaram interessadas em tirar foto com eles, principalmente, ao lado do Super Mário.

Para variar, Jonathan adorou a atenção, e tirou as fotos com um sorriso largo no rosto. Eles avistaram o El Diablo, ele vestia a mesma fantasia de bumblebee. Ao ver a turma de Samuel, Nando se desesperou e fugiu.

Todos os jovens se reuniram para dar início ao desafio de dança. Seria a primeira vez que Samuel participaria, por causa dos comentários, ele evitava dançar, mas no corpo de Jonathan, as coisas seriam diferentes. O apresentador subiu ao palco e agradeceu a presença de todos e começou a contagem regressiva.

O apresentador subiu ao palco e agradeceu a presença de todos e começou a contagem regressiva

BTS, Black Pink, EXO, Twice, IZONE, ITZY, SHINNE e GFRIEND. Samuel dançou todas as coreografias que sabia, e nem viu o tempo passar. De longe, Jonathan assistia tudo, e tirava algumas fotos, mas ficou feliz ao ver a euforia do amigo.

- Samuel Costa, meu amigo. Você é um idiota. - riu Jonathan. - A gente serviu para alguma coisa, né? Ele está feliz. Será que eu conto sobre o pai dele? Não, Jonathan, você não vai se meter nesse assunto. Não vai.

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