CAPÍTULO 5: ESTAMOS LASCADOS!

Conto de escritor.sincero como (Seguir)

Parte da série A VIDA QUE NÃO ESCOLHI

- Sério, Samuel. Você é muito cego. - afirmou Jonathan colocando os óculos de Samuel.

- O ponto positivo de estar no seu corpo, cara. - revelou o jovem rindo.

- Eu ainda não consigo acreditar, gente. Parece coisa de filme. - comentou Lana.

Agora mais uma pessoa sabia o segredo de Jonathan e Samuel. Naquela manhã, os três decidiram voltar ao Parque dos Sonhos, o objetivo era achar as pistas desse troca de corpos. Eles ficaram perplexos quando encontraram o lugar vazio. Apenas algumas pessoas trabalhavam para retirar a estrutura do parque.

- Não é impossível. Ele.. ele... estava aqui! – exclamou Lana olhando para todos os lados.

- Cara, como assim? – questionou Samuel coçando a cabeça.

- E, agora? Onde está o parque? – perguntou Jonathan.

- E, agora? Onde está o parque? – perguntou Jonathan

Sim, o Parque dos Sonhos não estava mais no bairro. As barracas e brinquedos foram retirados. Lana perguntou para um senhor, que confirmou a suspeita deles. Os empresários decidiram tirar de circulação as atrações, após o acidente com Samuel e Jonathan. Sem ter muito o que fazer, o trio seguiu para uma lanchonete, eles começaram a arquitetar formas de fazer a troca de corpos.

- E se vocês trombassem? Tipo, corressem e boom. – diz Lana fazendo um efeito de explosão.

- Perigoso. – comentou Samuel.

- E se vocês pegassem choque juntos? – ela sugeriu.

- E correr risco de queimar o meu rostinho, meu lindo e perfeito rostinho? – perguntou Jonathan. – Não, definitivamente não.

- Que droga. Segunda-feira, vocês já voltam para a escola. As coisas podem complicar ainda mais. – garante Lana tomando um milk-shake.

- Ela tem razão, Jonathan. A gente precisa ter cuidado. A minha vida acadêmica precisa ser perfeita, eu sou bolsista.

- Sério? Eu não sabia. – soltou Jonathan. – Mas não se preocupa, eu não sou burro, ok?

- Pensei que fosse. – cochichou Lana rindo.

- Lana, eu nunca pensei que fosse dizer isso, mas... o... obrigado. Você está sendo uma boa colega. – disse Jonathan.

- Faço isso pelo Samuel, você sempre foi um babaca conosco, e sem motivos.

- Eu sei, o karma da minha vida.

Oliver e seu primo, Hércules, seguiram para mais uma casa de swing, eles queriam diversão rápida. O encontro com Yago, na última noite, não foi tão prazerosa, por esse motivo, ele convidou o primo/amante para sair. Quando o jovem dobrou em um cruzamento viu Jonathan, no corpo de Samuel, entrando no metrô. Do nada, Oliver, freia o carro e pede para Hércules assumir a direção.

- Já volto. – avisou Oliver saindo em direção a entrada do metrô.

- Seu louco! – gritou Hércules assumindo o lugar do motorista. – Cada uma, velho.

Mesmo nas férias escolares, o metrô de São Paulo continuava um caos, Oliver, percebeu isso da pior maneira, ele foi praticamente engolido por uma multidão que tentava entrar na estação.

Alheio a perseguição, Jonathan, continuava sua jornada para a casa de Samuel, ele entrou no vagão e não percebeu que Oliver o observava da porta

Alheio a perseguição, Jonathan, continuava sua jornada para a casa de Samuel, ele entrou no vagão e não percebeu que Oliver o observava da porta. Com o volume do celular nas alturas, o vocalista da Black River escuta o áudio de um dos ensaios que fez antes de trocar de corpo com o colega.

- Ei! – gritou Oliver tentando chamar a atenção de Jonathan. – Ele está ouvindo música. Será que eu entro?

- Com licença, jovem. – disse uma senhora empurrando Oliver e entrando no vagão antes das portas se fecharem.

- Droga. Quem é você, ursão lindo, quem? – perguntou Oliver.

O final de semana passou rápido, a dupla não estava preparada para enfrentar a escola. Por dentro, Jonathan ainda se sentia envergonhado, ele não queria aparecer no corpo de Samuel. Ele tentou várias combinações da farda para esconder as gordurinhas, mas nada adiantava.

Já Samuel ficou preocupado com sua bolsa de estudos, afinal, a mãe não poderia bancar uma mensalidade integral na escola. Pela primeira vez, o jovem ia para a escola de carro.

Na frente da escola, os alunos se reuniam antes de entrar. Em um ataque de carinho, Lorena, pulou em cima de Samuel, pensando abraçar o verdadeiro Jonathan. Ah, se ela soubesse. Lana riu bastante da situação, até registrou o momento.

Como diz o ditado: aqui se faz, aqui se paga. Jonathan mal entrou na sala e recebeu o primeiro bullying de sua vida, Rodrigo e Hebert, dois projetos de marginais, fizeram o famoso 'cuecão'.

Todos da sala riram, e Jonathan, claro, ficou revoltado, ele partiu para cima dos dois alunos, só que Samuel, o impediu. A professora Selma entrou na sala e pediu para os alunos ficarem em silêncio.

O humor de Jonathan mudou completamente, Samuel tentou apaziguar tudo, pois, o temperamento do colega era explosivo. A aula ocorreu dentro da normalidade, a professora passou um exercício em dupla, então, Samuel e Jonathan, teriam mais uma ligação para colocar em dia.

- Eu vou fazer a pesquisa e...

- Samuel, cala boca. - soltou Janathan encostado a cabeça na mesa.

No intervalo, Lana e Samuel, foram lanchar, enquanto, Jonathan preferiu ficar isolado no banheiro. Ele não queria ser importunado pelos colegas de sala.

- É estranho, sabe, eu sei que estou falando com você, mas ter que ficar olhando para o Jonathan é demais. – reclamou Lana.

- Eu que o diga, amiga. Nunca pensei que fosse dizer isso, mas estou com saudades do meu corpinho. – revelou Samuel.

- Oi? – perguntou um rapaz assustando Lana e Samuel.

- Olá. – responderam os dois em perfeita harmonia.

- Você é a Alana, né? – ele questionou olhando para Lana e sorrindo.

- Sim, e você é?

- Não sei se lembra de mim, me chamo Daniel. Fizemos um curso de verão juntos.

- Ah, Daniel. Nossa, você está diferente, né? – perguntou Lana.

- Sim, a academia fez esse milagre. – soltou Daniel rindo.

- Bem, crianças. Eu odeio atrapalhar essas conversas animadas, preciso ir atrás de mim, com licença. – pediu Samuel.

No caminho, várias pessoas falaram com Samuel, ele não estava acostumado com esse tipo de atenção. Não demorou muito, e Lorena apareceu o arrastando para o refeitório. Apesar de não querer ir, o jovem havia feito uma promessa para Jonathan, e seguiu a abelha rainha.

"Blá, blá, blá", tudo o que Samuel conseguiu entender. Ele parou, respirou fundo e manteve um dialogo com Lorena. Ela mostrou várias poesias que tinha escrito para uma competição, de repente, o gordinho nerd percebeu que a colega era muito mais que uma garota fútil.

O sinal tocou e os alunos começaram a voltar para a aula. Jonathan passou pelo lado deles, e Lorena, começou a provocar o jovem. Samuel interveio e pediu que as brincadeiras parassem.

- Ei, Lorena, não é legal. Para.

- Qual é, o Samuorca merece. – ela rebateu.

- Não, ele não merece. Eu pude conhecer mais do Samuel. E, ele é um cara super do bem, estou tentando compensar a cagada que fiz. Séria legal se você cooperasse. – falou Samuel.

- Tudo bem, docinho. Só por que você está pedindo.

Sabe quando a conversa flui da forma mais natural possível? Lana e Daniel passaram todo o intervalo relembrando os velhos tempos, e nem perceberam quando o sinal tocou.

Na verdade, anos atrás, o rapaz tinha ficado na friendzone, mas esse não era mais o caso. Agora, ele chamava a atenção de todos, e Lana, por um momento, se arrependeu de ter deixado aquele partido escapar.

- Soube que o professor te chamou para a equipe de corrida?

- Sim, mas ainda estou pensando. – respondeu Lana.

- Puxa. Vem correr conosco. Logo vai ter a competição regional.

- Claro, vou pensar com carinho. – prometeu Lana.

Sorrateiramente, Jonathan, saiu do banheiro

Sorrateiramente, Jonathan, saiu do banheiro. Sua barriga roncava, mas ele decidiu cortar os lanches, dessa forma, o jovem achava fazer bem para o corpo do colega. Ao sentar na cadeira, três tachinhas furaram suas nádegas, o jovem gritou e chamou a atenção de todos. Samuel chegou na sala e viu o amigo sendo chacota dos outros. Em um movimento brusco, ele resgatou Jonathan e o levou para o banheiro mais uma vez. Com muita paciência, Samuel, começou a retirar as tachinhas do bumbum de Jonathan.

- Esse bando de filho da... – reclamou Jonathan encostado de bruços na pia, enquanto Samuel removia as tachinhas.

- Ei, olha a boca. – repreendeu Samuel tirando mais uma tachinha do bumbum de Samuel.

- Não sei como você aguenta? – questionou Jonathan.

- Você que iniciou a brincadeira das tachinhas, lembra?

- Brincadeira? Isso não é uma brincadeira. É tortura. – ele respondeu.

- Bem-vindo ao meu mundo, Jonathan.

- Nossa. Acho que faço tudo de errado, né? Foi mal, Samuel, de verdade. – lamentou Jonathan.

Não passou nem uma semana, e Jonathan, já não aguentava mais ficar preso no corpo do colega. E, nesse período, o jovem começou a refletir sobre os seus erros. Como dizem: "pimenta nos olhos dos outros é refresco".

***

Para visualizar melhor o plano de troca dos corpos, Samuel, teve a ideia de passar no Centro para comprar alguns materiais. Ele levou os amigos para ajudar. Jonathan não estava acostumado a lugares desse tipo, no início ficou zonzo e precisou parar por alguns minutos.

No meio de toda muvuca, eles encontraram com Nando, que comprava alguns materiais para um novo evento de cosplay.

- Olha só, a dupla dinâmica ganhou um novo integrante? – perguntou Nando.

- Garoto se toca e vaza. – mandou Lana.

- Precisa colocar a tua amiga na coleira, Samuel.

- O que você disse? – perguntou Jonathan segurando Nando pela camisa. – Repete, se quiser que eu quebre os teus dentes, repete.

- Ei, para. – pediu Samuel. – Não vale a pena.

- Por mim pode quebrar. Eu ainda ajudo. – falou Lana puxando a orelha de Nando.

- Dois contra um não vale. – soltou Nando se debatendo.

- Se você jogar qualquer piadinha, seja para mim ou a Lana, eu juro que te arrebento. Esqueço que um dia te namorei. – ameaçou Jonathan, no corpo de Samuel.

- Eita, Giovanna. – comentou Lana.

- Para, por favor, não briga. – pediu mais uma vez Samuel pegando no ombro de Jonathan.

- Só por que você quer. – garantiu Jonathan soltando Nando.

- Eu posso continuar apertando a orelha dele a tarde toda. – disse Lana.

- Deixa amiga. – interveio Samuel.

- Tá bom. – deixando Nando ir.

Ao chegar na casa de Samuel, Jonathan e Lana, seguiram para o quarto

Ao chegar na casa de Samuel, Jonathan e Lana, seguiram para o quarto. Eles começariam a trabalhar em um mural para reunir pistas sobre a mudança de corpo. Primeiro, colocaram a localização do Parque dos Sonhos, em seguida, uma foto do brinquedo "Ciência Maluca", e mais em baixo, as fotos de Jonathan e Samuel.

Enquanto isso, Samuel, ligou o modo Master Chefe, um dos seus programas favoritos, e preparou um lanche para os amigos. Do nada, quem aparece? A mãe de Samuel que ficou surpresa ao ver o amigo do filho na cozinha. Ele inventou uma desculpa qualquer, mas acabou sendo atrapalhado quando os irmãos entraram.

- Esse menino está pagando aluguel? – brincou Antonella.

- Você vai morar aqui? – questionou Sílvio.

- Não, eu e o Samuel, estamos fazendo um trabalho de escola. Inclusive, ele e a Lana estão no quarto. Eu me ofereci para preparar um lanche, claro, se não tiver problema.

- Relaxa, garoto. Você é amigo do me filhinho, não é? Então, é bem-vindo na minha casa. – falou Isabella. – Agora, a gente precisa ir. Vamos receber de um cliente bem importante.

- Por favor, que aquele gato nos pague. – pediu Antonella olhando para o céu e juntando as mãos.

- E vocês dois. – disse Isabella olhando para os gêmeos. – Dever de casa e banho, por favor. – saindo com Antonella.

- Legal, a minha mãe, né? – soltou Samuel.

- Que susto, garoto. Não faz isso. – Jonathan reage meio afeminado.

- Nunca percebi que eu era tão engraçado. – comentou Samuel.

- Eu também sou engraçado. E eu vi que você conversou bastante com a Lorena. Ela até riu.

- Eu que faço você ser legal, engraçado, inteligente, meigo, inspirador. – ressaltou Samuel fazendo uma pequena pausa. - Posso continuar.

- Idiota. O que vou lanchar hoje?

Nenhuma ideia naquela noite. Samuel pegou um uber para a casa de Jonathan. Já Lana ficou para ajudar o amigo, ela morava perto. O forte de Jonathan não era o de babá, as crianças conseguiam enganar o jovem facilmente.

Após terminar de ler para os pequenos, Jonathan seguiu para a sala, ele e Lana, assistiram mais alguns capítulos de um dorama. Em seguida, a moça se despediu e Jonathan se viu lavando louça, ele riu sozinho, pois, o "Jonathan da semana passada" nunca faria isso.

No banho, o jovem ficou se olhando, ainda com nojo de Samuel, por isso, ele decidiu triplicar a dieta, não comeria nada, e começaria a fazer atividades físicas. Para dormir, Jonathan colocou sua lista preferida do spotify "AS MELHORES DO OASIS".

Já Samuel, ficava com ereção toda vez que olhava o corpo do colega. Mas, nem pensava em violar um corpo que não fosse seu. Para sossegar, Samuel assistia a vídeos tristes na internet.

À noite, o jovem teve um pesadelo, novamente com o acidente, mas dessa vez, a velha estava lá. Ela apontava para o corpo de Jonathan que parecia flutuar. Raios verdes e amarelos cobriam o corpo do jovem. Num súbito movimento, a mulher se aproxima e empurra Samuel. Ele acordou assustado.

- Quem é essa mulher? – se questiona Samuel. – O que ela quer dizer? Será que o Jonathan corre perigo?

No dia seguinte, o céu de São Paulo estava nublado. Os alunos assistiriam a uma palestra sobre a higiene com o corpo. Meninas na sala 304, e meninos na sala 305. Por um milagre do destino, Lana sentou longe de Lorena. Para os garotos, aquele se tornou um momento para se vangloriar de seus feitos amorosos. Eles aproveitaram que o professor responsável passou mal e iniciaram uma conversa no minimo machista.

- A Renatinha é uma gostosa. - comentou Pedro, um dos alunos mais bonitos da sala, de acordo com Samuel.

- Eu prefiro a Lorena. Cara, ela tem tudo em cima. - disparou Eduardo.

- E você, Samuel? Qual a gatinha que você pegaria? - quis saber Pedro.

- Vão procurar algo melhor para fazer. - esbravejou Jonathan.

- Ei, caras. Deixem ele. - pediu Samuel.

Uma verdadeira baderna começou. Os alunos foram em direção a Jonathan, e com muita dificuldade o levantaram, Samuel tentou impedir, mas não conseguiu. O grupo levou Jonathan até o armário do Zelador. Pedro quebrou a lâmpada, e depois empurraram o garoto para dentro.

Se tem uma coisa que Jonathan odeia é o escuro, ele nunca contou para ninguém, mas sempre dormia com alguma fonte de luz ligada. Na casa de Samuel, por exemplo, o jovem usava o notebook acesso. Depois de alguns minutos, o filho de Gláucio começou a se desesperar.

- Por favor. Me tirem daqui. - gritou Samuel batendo na porta.

Enquanto isso, Samuel era intimidado pelos colegas de classe. Eles não entendiam a mudança repentina no comportamento dele. Sem querer, Pedro pisa no óculos de Samuel, faz uma piada e os joga no lixo. Furioso, o gordinho nerd partiu para cima de Pedro. Os dois começaram uma luta, apesar de levar um soco, Samuel não desistiu, e lembrou de um golpe que Lana ensinou.

O jovem prendeu Pedro com uma chave de perna, e gritou em alto e bom som, que a próxima pessoa que mexesse com Samuel apanharia até a alma. Ele se levantou, cuspiu o sangue no chão e pegou a chave das mãos de Eduardo e seguiu para o armário.

Ao abrir a porta, Samuel se deparou com Jonathan sentado no chão, aos prantos. Ele entrou, sentou ao lado do colega e esperou. Ficaram os dois em silêncio. Era a primeira vez, que alguém o via chorar, e por mais que estivesse acostumado, Samuel não conseguia encontrar as palavras corretas.

- Sinto muito. - disse Samuel.

- A culpa é minha. Eu comecei tudo isso. Fui um verdadeiro babaca, Samuel.

- Você foi, mas está aprendendo, né?

- Estou e... - ao olhar para o estado de Samuel, Jonathan não aguentou e começou a rir. - Caramba, você está acabado.

- Você não viu como eu deixei o Pedro. Acho que você vai pegar uma suspensão. Você é magro, mas habilidoso. - afirmou Samuel rindo.

- Ei, Samuel. Eu vou me acostumar?

- Com o quê?

- Com o bullying. Estou preso no seu corpo há dias, e não aguentou mais.

- Vai ter uns dias piores que outros, mas a diferença, meu caro Jonathan, é que agora não estamos mais sozinhos. - garantiu Samuel deitando a cabeça no ombro do colega. - Ah, e meu óculos quebrou na confusão. Ainda bem que a tua mesada cobre.

- Ei, quero uma parte desse dinheiro. - protestou Jonathan.

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