Parte I

Conto de escritorpervertido como (Seguir)

Parte da série Domingo

Domingo – PARTE I

Uma manhã de domingo que não era muito diferente das outras manhãs. Todos os dias quando acordo eu passo mão na cama. Estou instintivamente a procura do peito, estou desejando os pelos e procurando pelas mãos que levam a minhas mãos até aquele coração. Nem sempre foi assim. Era diferente quando nos olhamos pela primeira vez na quadra de esportes da faculdade oito anos atrás. Atividades extras opcionais que forçavam os alunos a terem uma comunicação com outros grupos de aluno. Eu era um dos membros do grupo LGBT da faculdade de letras. Ele era um nerd da faculdade de engenharia. O meu cabelo curto, tingido de loiro quase branco. O cabelo dele era longo, amarrado em um coque e a barba cheia e bagunçada. O oposto do meu rosto barbeado. Bastou um único olhar, longos segundos nos quais o mundo parou de se movimentar.

“Fran, acorda menina ele é hetero...” Um amigo sussurrava na minha orelha.

“Bicha desde quando hetero olha para viado daquele jeito!” Eu respondia excitado de todas as maneiras que podia estar.

“Bernardo congelou de novo!” Um colega dele gritava. “Cara quando vai parar de congelar perto dos caras que você gosta?” Ele propositalmente afirmava com motivos de envergonhar e colocar o tal do Bernardo em uma posição na qual seria obrigado a tomar coragem. A decepção enorme quando os dois se empurraram e sumiram da quadra. O dia foi completamente tedioso e decepcionante, mais decepcionante foi chegar sexta-feira e ir para a quadra de esportes só para descobrir que o tal Bernardo tinha retirado sua matrícula. Motivo? Vergonha do acontecido.

“Bichinha covarde...” O mesmo amigo meu me dizia.

“Ele é mesmo, não tem culhões nem para sair do armário quanto mais para chegar em um cara.” O maldito do colega confirmava.

Era outro tempo da minha vida. O meio me influenciava muito mais do que minha cabeça percebia. Eu me importava muito mais com que os outros pensavam. Então por que eu, um membro ativo da comunidade LGBT, responsável por lutar contra o preconceito iria atrás de um covarde qualquer. Entre dezenas de rapazes que eram empurrados ou se empurravam para mim o Bernardo era só mais um e eu não era príncipe encantado muito menos uma cinderela. Porém alguma coisa tinha mudado. Naquele ano, dos poucos homens nos quais tive interesse sexual, sempre acontecia a mesma coisa. Eles me olhavam, eu olhava de volta e mesmo durante o ato eu apenas enxergava o olhar do Bernardo. Chegou ao ponto que teria que confessar, aquilo era maluquice.

“Francisco ou você esquece ou vai atrás.” Uma amiga simplificava.

O simples que era complicado. Pois bem era hora de ir até a maldita faculdade de engenharia e admitir o que eu queria. Caminhei por aquela parte do campus e tinha aura completamente diferente. Era mais ameaçador, mais competitivo, mais espartano. Não posso deixar de admitir que quando os atenienses lutavam o sangue se esparramava pelo chão violentamente, mas em Esparta os olhares eram de caçadores vorazes constantemente. Talvez fossem avisos sinceros sobre quem eles eram e quem eu era. Qual seria o melhor: o ateniense que ataca por suas costas ou o espartano que ameaça e avisa com o olhar? Não cabe a mim julgar, eu só queria descobrir onde estava o tal do Bernardo.

Quase desisti, era trabalhoso perguntar para um bando de gente. O que eu tinha era um nome genérico e uma descrição que talvez não fosse a mesma de um ano atrás. Então o maldito colega entrou em cena de novo. Encontrei-o em um corredor do segundo andar.

“Hah, então você veio atrás da mariquinha?” Ele fazia piada com um tom de desdém e quase preconceituoso. É assim que as coisas vão naquele mundo inverso ao meu e meu tempo era valioso demais para parar e discutir. Meu olhar insatisfeito indicava o desejo por praticidade. Alguns segundos e uma resposta. “Ele tá na biblioteca central.” A negatividade tomou conta de mim, mais uma ladeira para subir, a biblioteca ficava do outro lado do campus. De vez em quando me questiono o quanto perdemos por motivos banais. Pernas existem para andar e me coloquei em ação.

“Onde está a seção de engenharia?”

“Segundo andar.” A moça respondia e mais um conjunto de escadas para subir. Quando cheguei lá em cima ainda tinha que procurar por qual seção o maldito demônio estaria. Circuitos e sei o que lá, só sei que meu coração pulou para fora quando o vi lendo alguma coisa relacionada ao assunto. Peguei uma coisa qualquer da qual não entendia e fingi estar lendo, pois não tinha coragem de me aproximar dele. Meu cabelo continuava curto, estava preto, mas por qualquer motivo achava que viraria branco de novo. O dele era simplesmente a mesma coisa e a mesma barba bagunçada. Observei-o e ele era um pouco mais baixinho, seu peito era peludo e ele também era um pouco mais robusto.

Sabe quando você está intensamente olhando para outra pessoa e ela retorna o olhar para você? Geralmente eu escondo minha face com vergonha. Quando ele olhou eu fixei os meus olhos no dele novamente. Ele deixou o livro cair e ficou quieto. Eu coloquei o livro na estante e andei, peguei o livro e entreguei nas mãos dele. Em nenhum momento os nossos olhos se desligaram um do outro. Não consegui calcular quanto tempo ficamos parados feito dois animais incapazes de emitir qualquer som. Ele começou a piscar rapidamente e balançar a cabeça desconectando seu olhar do meu. Os olhos se separaram e finalmente eu ouvi a voz do tal Bernardo de novo.

“O que um estudante de letras faz por aqui?” Ele perguntou com a voz um pouco tremida.

“Procurando por coisas relacionadas a engenharia porque estou escrevendo sobre um engenheiro.” Minha cabeça elaborou rapidamente mas meu tom era um pouco sarcástico. O importante era que ele sabia o que eu fazia.

“Hmmph...” Apenas esse som saiu dele que pegava o livro. A minha pele era grossa para muita coisa e fina para outras.

“Você vai negar?” Ele olhou para o broche com uma bandeira arco-íris e sorriu ironicamente.

“Então é isso? Você veio aqui para promover algum dia de sair do armário randômico e querer me forçar a fazer alguma coisa sem perguntar quem ou sou ou qual é a minha situação...” O tom dele não era ameaçador era de desgosto e frustração. Abri a minha boca para interromper e impedir que mais besteiras fossem ditas.

“Moleque idiota. Tô perguntando se vai negar o que tem entre a gente.”

“Não tem nada entre a gente.”

“Então olha de novo nos meus olhos.” Novamente aquele olhar no qual o mundo ao redor desaparecia aconteceu. “Você vai negar?”

“Eu... Eu...”

“Sou eu que não aguento muito drama. Vamos ser práticos com isso.” Era simples, eu já tinha beijado outros rapazes no banheiro do terceiro andar onde raramente alguém aparecia. Puxei-o pela mão e guiei o caminho até o local. Entramos em uma partição e nos olhamos de novo, novamente não sei por quanto tempo apenas nos olhamos. Dessa vez havia um medo no ar, um medo de decepcionar no primeiro contato. Um beijo, os dentes dele bateram no meu e não aguentei. Comecei a rir e tentar beijar de novo até dar um pouco mais certo. Os corpos colados um no outro o bastante para sentir os membros enrijecerem.

“Eu não faço a mínima ideia do que estou fazendo...” Ele sussurrou nos meus ouvidos. Um completo virgem? Meu coração pulou de novo, era a minha primeira vez, nunca estive com um rapaz virgem antes.

“Não precisa. É sexual, as coisas apenas acontecem...” Inventei uma desculpa qualquer.

“Ah é mesmo então por que meus dentes ficaram batendo nos seus? É sexual isso?” Caso o sexo não desse pelo menos ele iria arrancar mais e mais risadas de mim.

“Ah ok... Quer tentar outra coisa?” Minhas mãos moveram-se para atacar as nádegas do rapaz. Ficaram por cima da roupa e os beijos continuaram enquanto ele me forçava contra a parede segurando a minha cabeça e fazendo carinho no meu rosto por vezes. Era quase como se estivesse reconhecendo um território desconhecido. Não parou no rosto, desceu para o peito, a barriga e logo mais embaixo o pênis. No momento exato em que minha mão entrou na calça para sentir o bumbum dele ele me empurrou e saiu do abraço.

“Eu... Eu... Eu sou meio peludo lá...” Ele afirmou de cabeça baixa como se fosse motivo para sentir vergonha ou diminuído.

“Todos somos.” Eu o abracei novamente o girei o corpo dele para forçar aquela face contra a parede. Alguns beijos a mais enquanto esfregava o meu cumprimento contra o jeans que cobria os vales inviolados. Joguei-me no chão de joelhos e abri a braguilha para deixar o pênis de fora e me masturbar. Porém ainda não era o momento. Envolvi meus braços em torno do quadril dele e abri a braguilha. Os joelhos dele tremiam, provavelmente estava muito nervoso. “Não se preocupa, não vou fazer nada que você não queira.”

“Uhum...” Foi apenas um som enquanto eu vagarosamente descia a calça, mordendo carinhosamente a pele coberta por de pelos e a apreciando a textura acompanhada do cheiro de sabonete perfumado. A calça abaixada até a coxa me dava acesso aqueles dois lados redondos e o presente que eles escondiam. Agarrei cada lado e os separei para observar o olho do furacão. Vermelho escuro, alguns pelos em volta e piscava como os olhos dele piscavam mais cedo. O meu pênis latejava expelindo o fluido transparente no chão. Eu estava pronto para mergulhar quando ele olhou para baixo.

“Você vai fazer aquilo?”

“Tem um nome específico para ‘aquilo’. É cunete.”

“Não, eu não fiz assepsia direito. Nem fazia ideia...” Ele ficou vermelho e envergonhado.

“Arghh... Assepsia? Chuca é o termo mais usado.” Eu deixei o bumbum voltar para o lugar um pouco frustrado. As circunstancias não estavam tão boas hoje. “Mas já não tem como deixar você sair daqui sem fazer nada.” Ele tomou uma atitude por si só, abaixou a tampa do sanitário e sentou expondo o pênis dele. Tirou um suspiro de mim imediatamente porque só agora percebia o quão longo e grosso o membro era, certamente o maior que já tinha visto.

“Então você pode ser o passivo?” Ele perguntou.

“Eu também não fiz chuca, não sabia que entrar numa dessas.” Nós dois rimos, mas ainda tínhamos o problema de lidar com aquilo e o tempo estava passando. Não me lembrei de sexo oral quando sentei naquele colo e posicionei o meu pênis contra o dele. Continuávamos os beijos e colocamos nossas mãos juntas para começar os movimentos de masturbação. Não foi preciso lubrificante, estávamos expelindo fluidos o bastante para facilitar a fricção. Também não durou muito, logo fixávamos os olhares um no outro e deixávamos o êxtase tomar conta de nossos corpos. Aquele olhar não era diferente do olhar na quadra, na seção de livros ou de qualquer outro que tínhamos trocado até agora. Logo nossos pênis explodiam, esperma era jogado para todos os lados. Ele encostou no meu membro juntando um pouco do líquido branco e levando até a boca, os olhos fecharam indicando prazer quando ele sentia o gosto do meu esperma pela primeira vez. Copiei os movimentos e o beijei compartilhando o gosto de nossas ejeções.

Talvez tivéssemos energia para ficar brincando naquele banheiro por uma tarde inteira, porém já estávamos lá tempo demais. Tentamos limpar um pouco da bagunça e sair separados para não chamar atenção. Dali em diante as coisas caminharam para o que são hoje, por essa procura pelo peito dele e de vez em quando as memórias de como chegamos até aqui.

(Também escrevo contos por encomenda. Contato: pervertedwriterass@gmail.com)

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