Um Novo Início (3x02)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

Quando nós chegamos à casa do Rodrigo, eu me surpreendi com a quantidade de pessoas que ali se encontravam. “Quanta gente desocupada em um mesmo lugar”, pensei.

- Então, agora, eu vou ir lá para quebrar a cara daquele idiota – o Patrick fez uma pausa e me encarou com um olhar sério. – Você não tem que ver a briga, Tilcon. Pensando um pouco melhor, foi um erro te deixar vir – olhar dele se voltou para a Bianca também. - É melhor vocês dois irem embora.

A Bianca se virou, ela estava pronta acatar a ordem imposta por Patrick. Eu segurei o pulso dela e disse: - nós não vamos a lugar algum – tornei a encarar o meu ex-namorado. - Você não é mais o meu namorado, esqueceu?

- Mas eu me preocupo com você, sempre vou me preocupar...

- Eu não vou ir.

Eu avistei o Thiago caminhando em nossa direção, ele estava todo sorridente, sem dúvida, sabia que havia conseguido acabar com o meu relacionamento.

- Ei, pensei que você fosse dar no pé, Patrick – disse o garoto a dois metros de onde estávamos. – Ao menos você não é covarde. Bem, talvez você só seja fraco mesmo.

Eu cerrei os punhos. Aquela briga não era do Thiago, não era do Patrick, mas minha. Eu a comecei, então, eu a terminaria. Mas desta vez, não teria um grande plano por trás de tudo, agora, seria uma luta pra valer.

- Eu é que irei lutar – eu disse provocando muitos olhares, inclusive o da Bianca e o do Patrick. – Espero que não se importe.

Ele começou a rir, várias pessoas riam de mim. De repente, todos com exceção de Patrick e Bianca riam. Era como se eu estivesse contando piadas. Mas o Patrick permanecia sério, ele não havia comprado à ideia de me ver brigando.

- Tem certeza? – Perguntou a Bianca.

Eu balancei a cabeça em um sinal positivo.

- Então, vá lá e acabe com ele.

O Patrick passou a encarar a nós dois, ele estava totalmente horrorizado, o meu ex-namorado olhou para o rosto da Bianca e disse: - que ótima amiga você é hein, vai mesmo deixá-lo morrer?

- Ei, ela confia em mim, o que é bem diferente de não se preocupar – eu disse a ele. – Você devia fazer o mesmo.

Ele pegou o meu braço e me puxou.

- Não vai mais ter briga, vamos para casa... Não era isso que você queria. Então, você conseguiu.

Eu o empurrei me soltando e olhei para os seus olhos, aqueles olhos azuis que eu amava tanto, e em seguida, disse: - eu sei que você quer me proteger, mas você não precisa Patrick, este não é mais o seu trabalho.

- Eu não te protejo por obrigação...

- Vão continuar com o papinho gay até quando? – Disse o Thiago interrompendo o Patrick.

Eu me aproximei do Thiago, estava decidido, eu iria lutar. Meu corpo estava pronto para enfrentar aquele desgraçado.

- Eu acho que a gente deve começar – eu disse com um sorriso na ponta dos lábios. – Ou você quer fugir?

O Patrick ainda praguejava atrás de mim, eu sabia que quando o Thiago avançasse, ele interromperia a luta. E eu não esperava nada a menos dele. Ele sempre me protegeria, até mesmo agora, quando eu não era mais o namorado dele.

- O seu guarda-costas ali atrás vai interferir na briga, eu sei do seu planinho – argumentou o Thiago. – Eu só luto se não tiver interferências.

- Eu concordo... E desta vez, não existe plano nenhum.

O Patrick não acreditava no que eu havia acabado de dizer. Se dois garotos, amigos do Thiago, não tivessem o agarrado pelos braços, o meu ex-namorado me tiraria à força dali. Ele era sempre tão protetor.

O Patrick tentava se soltar, mas, agora, três garotos o prendiam, ele não conseguiria mais interferir na briga. Eu estava por conta própria, mas isso não me deixou com medo.

- Pronto.

Quando a luta estava pronta para começar, Rodrigo entrou na minha frente. Ah, não... Outro cara querendo me defender?

- Acabou a briga galera! – Disse o dono da casa que aparentava estar com um grande mau humor. – Fora todos, agora!

As pessoas começaram a gritar “aaah”, “estraga prazer”, “idiota” e entre outras coisas. Eu esperei uma resposta da parte do Rodrigo. Mas após perceber que ele não diria nada, eu falei: - saia da minha frente.

- Vai me bater também, valentão?

- Por que você está fazendo isso? Pensei que gostasse de diversão?

- Você é meu amigo... Não quero te ver arrebentado. E isso não seria nenhum pouco divertido.

Os olhos castanhos do Rodrigo brilhavam enquanto ele dizia aquelas palavras. A grande verdade era que, até aquele momento, eu nunca tinha realmente considerado o Rodrigo como um amigo. Mas eu sorri ao saber que ele se importava comigo.

- Eu preciso que confie em mim.

- Tudo bem.

- Eu consigo, O.K? – eu completei ainda com o sorriso nos lábios. – Confie em mim...

Ele saiu da minha frente, as pessoas ao nosso redor voltaram a sorrir. A tão esperada briga, iria acontecer. A minha animação voltou junto com os gritos de “briga, briga, briga!”. Eu estava pronto para lutar.

Eu amaria tirar aquele sorriso idiota do rosto do Thiago. Ele estava igual ao momento em que brigou com o Carlos, nada parecia abalá-lo, ele sorria para as pessoas que gritavam o seu nome, levantava as mãos e, às vezes, até piscava.

Atrás de mim, o Patrick ainda se debatia tentando escapar, mas o seu esforço era inútil, ele podia ser forte, mas não era dois. O Rodrigo estava ao lado da Bianca, ele aparentava estar preocupado, mas eu sabia que ele não iria interferir na briga. O Rodrigo confiou em minhas palavras, talvez, até mesmo passou a acreditar que eu venceria a luta.

Eu dei um passo à frente e esperei pelo golpe, mas ele não veio. O Thiago não atacaria primeiro. Eu avancei em direção a ele, seus braços me agarraram, ele me derrubou facilmente. Meu rosto bateu contra o gramado, eu gemi com a dor causada pelo impacto.

Droga, as minhas pernas estavam bambas. Com dificuldade, eu me levantei e o encarei outra vez. Eu não sentia medo, eu só sentia ódio, muito e muito ódio daquele desgraçado. Eu cerrei os punhos e avancei novamente, meu corpo disparou rumo ao Thiago.

Arrisquei um soco, mas ele desviou. Eu não conseguiria acertá-lo, não sem me machucar também. O Thiago era a pessoa mais forte que eu já enfrentei. Ele possuía muita força nos punhos, se um soco certeiro me atingisse a face, eu perderia alguns dentes. Eu não possuía a mesma sorte, em meus punhos não havia força alguma, por mais que eu o golpeasse com um murro, seria como um tapinha de mulher, em questões de segundos ele estaria pronto para revidar.

- Vamos fazer assim, você se rende e eu não preciso te machucar – disse ele em uma crise risos. – Bater em você vai ser o mesmo que machucar uma mulher. É covardia.

A Bianca me encarou confiante, ela sorriu, um sinal para que eu seguisse em frente. Eu retribuí o sorriso e voltei a minha atenção ao Thiago.

- O que? Vai dizer que está com medo de mim? – as palavras foram saindo de minha boca. Eu ainda não sabia se havia sido uma boa ideia irritá-lo. Mas continuei: - quer se render?

Desta vez, ele não me esperou atacar, o garoto caminhou em minha direção, antes que eu pudesse reagir, ele já estava esmurrando o meu estomago. Eu caí de joelhos e praguejei baixinho. A dor me dilacerava a cada segundo, mas ainda sim, eu me coloquei de pé novamente.

- Quer apanhar mais? Você serve pra ser mulher de bandido – continuou o Thiago fazendo com que as pessoas a minha volta rissem de um modo exagerado. – Será que nunca vai aprender?

Eu fitava o gramado, vários eram os pensamentos que pairavam por minha mente. Eu estava disposto a apanhar mais. Eu me sentia culpado pelas coisas que acabei fazendo, culpado por desgraçar o meu relacionamento, culpado por machucar as pessoas.

Naquele momento, eu percebi que nunca tive a intenção de vencer aquela luta, eu fui até lá para apanhar, eu queria me punir. Eu não me importava tanto com o Carlos, mas eu me importava com o Patrick. Eu queria me punir por ser burro o suficiente ao ponto de deixar alguém tão perfeito quanto ele escapar por entre os meus dedos.

- Depois que eu acabar com você, eu irei bater no seu namoradinho também – a voz do Thiago ecoou por minha mente. Aquilo foi pior que qualquer soco que ele me deu.

Eu explodi. A explosão foi tão grande ao ponto de eu quebrar a promessa que fiz aos catorze anos. Eu prometi que nunca mais iria lutar de verdade com alguém, não com intenção de machucar.

Tirei toda a força dos meus punhos inúteis. Eu não queria mais atacá-lo com um simples soco, que no fundo eu sabia que não iria doer, agora, eu queria machucar o Thiago. Minha pele fervia e meu coração disparou, assim como o meu corpo que foi ao encontro do de Thiago.

Ele agarrou o meu braço, o movimento fez com que o meu corpo colasse ao dele, aproveitei a situação para desferir um golpe com o meu cotovelo em seu estomago. Ele me soltou, o meu corpo girou, eu fui rápido, emendei uma joelhada no mesmo local de antes. Se a cotovelada não o tivesse feito sentir dor, o meu joelho, sem dúvida, o fez.

Ele se afastou urrando de dor. Aproveitei-me da distancia para pegar um impulso, coloquei toda a força em meu pé esquerdo e tirei o meu corpo do chão, estiquei a minha perna o atingindo com uma voadora. Eu caí agachado, o Thiago rolou pelo gramado.

As pessoas ao nosso redor pararam de gritar “BRIGA!”, todos estavam assustados com o que acabaram de ver. O Patrick até parou de se debater para escapar das mãos dos garotos, ele estava atônito, todos estavam. O Rodrigo parecia ter visto um fantasma. Mas a Bianca, ela continuava com a mesma expressão de antes, o sorriso continuava em seu rosto. Não, ela não estava surpresa.

Eu caminhei até o Thiago, ele tentou correr engatinhando inutilmente, o meu pé se acomodou sobre o pescoço dele. Aquela expressão calma havia se transformado em puro desespero.

- Nunca, nunca mais ouse se meter comigo, entendeu? – Eu disse forçando o pé sobre o rosto dele. – E nem com aqueles com quem eu me importo.

Ele não disse nada, mas eu sabia que havia entendido bem o recado. As pessoas começavam a conversar comigo, me elogiavam pela briga, todos me rodeavam sorridentes. Eu nunca fui tão popular em toda a minha vida. Mas algo estava errado. Eu não me sentia bem com aqueles olhares, eu não me sentia bem sendo o centro da atenção daquelas pessoas por um motivo tão ruim. Eles me adoravam por eu ter sido violento com o Thiago?

- PAREM! – Eu me ouvi gritar. Eu estava em dúvida se realmente era aquilo que eu queria. Eu em sacrifiquei tanto para conseguir a atenção daquelas pessoas. Mesmo com dúvidas, eu prossegui. – EU NÃO QUERO A ATENÇÃO DE VOCÊS, PESSOAS RIDÍCULAS, PESSOAS SEM UM PINGO DE MORAL. NA VERDADE, EU ODEIO TODOS VOCÊS. É ISSO, EU ODEIO VOCÊS.

Não, eu não odiava aquelas pessoas. Era o oposto, eu as amava e por este motivo, passei o ano inteiro querendo chamar a atenção delas, eu precisava ser reconhecido por elas. Mas eu não queria ser reconhecido como o garoto que brigou com o Thiago. Eu queria ser o Tilcon, um garoto impulsivo, mas legal. Alguém que erra muito, mas que é uma boa pessoa.

Eu recebi vários xingamentos, só não fui agredido porque o Rodrigo mandou todo mundo ir embora, ele disse a todos que chamaria a polícia e ninguém duvidava que ele fosse capaz disso.

A Bianca veio em minha direção e me abraçou, um abraço bem apertado, em meu ouvido ela disse: - você fez o que precisava fazer... Algumas promessas precisam ser quebradas.

Agora, com os braços livres, o Patrick caminhou em minha direção, ele estava com raiva, eu podia ver em seus olhos claros. Eu desviei o olhar, ainda era difícil encará-lo.

- Você vai me dizer o que foi tudo isso? – Perguntou-me ele sem paciência. Todos os que presenciaram a cena sabiam que os meus golpes não foram apenas um “golpe de sorte”. O Patrick insistiu por explicações. – Ande logo, Tilcon, estou esperando!

A Bianca tentou interferir, mas eu a encarei com um olhar que dizia “eu cuido disso” e ela deixou-me sozinho com o Patrick. O Rodrigo me encarava a distância... Não, não era para mim que ele olhava discretamente, mas para a pessoa que estava se afastando. Ele encarava a Bianca. Eu via desejo em seu olhar.

Então, no fim das contas, não era por mim que ele estava interessado. Confesso que aquilo mexeu com a minha autoestima, afinal, eu não era tão irresistível quanto pensei que fosse. Era óbvio que eu não achava que ele fosse apaixonado por mim, mas ele sempre aparentou algum interesse. Bem, só agora eu descobri qual era: BIANCA. Eu ainda tiraria esta história a limpo.

O olhar do Patrick ainda me fuzilava. Eu comecei a rir, ele se contagiou com a minha risada e, então, eu vi aquele sorriso perfeito se formar em seus lábios, o mesmo sorriso que mais cedo cheguei a pensar que não veria mais.

- O meu pai – eu disse ainda sorrindo. Era tão bom estar com ele sem aquele clima tenso. – Ele sempre quis que o filho fosse um lutador profissional. Eu comecei a lutar com quatro anos de idade, mas abandonei a luta aos catorze anos. É só por isso que a Bianca deixou que eu lutasse... Ela é uma ótima amiga.

- Então, você fez dez anos de luta? – Ele perguntou ainda incrédulo. Eu ri com o tom dele.

- Eu já lutei Capoeira, Jiu-jitsu e Caratê – contei a ele. Às vezes, nem mesmo eu acreditava que passei dez anos da minha vida treinando lutas. – Mas isso não significa que eu sou bom em todas elas.

- Você me pareceu ótimo.

- Eu não tenho força nos meus punhos – disse um tanto desconcertado com o elogio. – Eu tenho que concentrar a minha força nos pés, cotovelos...

- Por que você nunca me contou sobre isso? – Agora, o olhar do Patrick estava tristonho.

- Eu queria apagar esta parte da minha vida. Eu machuquei um amigo uma vez... A gente estava brincando de luta, eu me descontrolei e acabei quebrando o braço dele e, então, eu fiz uma promessa a mim m-mesmo – a minha voz falhou na última palavra. – Mas essa história é muito chata.

Eu não sabia como começar a dizer. Eu nem mesmo sabia se deveria dizer. Mas, por fim, falei: - desculpe...

- Você já se desculpou pelo Carlos – respondeu o Patrick não deixando que eu terminasse a frase.

- Não... Eu quero dizer, desculpe por ser um péssimo namorado. Você merecia alguém melhor, você merece. E, sinceramente, eu espero que encontre.

Eu esperei por uma resposta, cada segundo de silêncio parecia uma eternidade de espera.

- O que foi que eu disse quando terminei com você? – Perguntou-me ele com uma voz doce.

- Que seria apenas “um tempo”.

- Exatamente, não veja isso como algo permanente. Você é um péssimo namorado, mas é de você que eu gosto, entende?

Eu balancei a cabeça confirmando.

- Quando esses problemas passarem, quando a poeira baixar, neste momento, esse relacionamento vai dar certo... Só temos que esperar até lá.

Eu olhei para o lado e avistei a Bianca abraçada com um garoto. Era o Daniel, a Andreia estava ao lado dele. Eles finalmente haviam se acertado, afinal? Bom, seria um novo início na amizade dos dois. Um novo início...

O Patrick ainda estava com o olhar fixo em meu rosto. Agora, tudo era tão estranho, nós não estávamos mais namorando. E eu não sabia como devia me despedir dele. Eu não sabia se devia abraçá-lo ou se deveria apenas estender a mão.

Eu estendi a mão, mas ele a ignorou e me abraçou. Talvez ele estivesse me torturando, só me mestrando o que eu havia perdido. Não, o Patrick não era assim. Essa atitude combinava muito mais comigo que com ele. Era tão aconchegante tê-lo colado ao meu corpo, eu queria que aquele momento não acabasse nunca, mas poucos segundos depois ele se afastou.

Eu sorri para o Patrick em um sinal de despedida e fui em direção aos meus amigos. Eles gritaram quando me viram chegando. Andreia estava eufórica com a situação. De acordo com o que ela contava, todos falavam da briga e sobre a minha crise pós briga. Pelo que ela soube, havia até vídeos na internet.

Eu encarei o Daniel, ele sorriu. Estava tudo bem, ele não havia se irritado por me ver lutando. Eu encarei o braço dele, o mesmo braço que eu quebrei anos antes, um pouco antes de prometer nunca mais brigar novamente. Eu havia quebrado aquela promessa.

Quando cheguei à minha casa, os meus pais já haviam assistido aos vídeos da luta na internet. A minha mãe me fez prometer que eu não iria mais arrumar confusão com o Thiago, já o meu pai, ele tentou me convencer a voltar às aulas de luta. Era só mais um dia normal em minha casa.

Quando cheguei ao meu quarto, desabei sobre a minha cama, a única coisa que eu queria fazer era chorar. A minha garganta estava seca, meus punhos estavam cerrados e uma dor me dilacerava por dentro. Não era o meu estomago, não era nenhum dos golpes desferidos pelo Thiago, era a dor da perda.

Antes que eu começasse a chorar, os meus pais entraram no quarto, a minha mãe estava com uma torta na mão, o meu pai carregava um refrigerante enquanto equilibrava três copos.

- O que você acha de comer uma torta? – Propôs a minha mãe sorrindo. – É de limão. Eu li que ajuda muito em fins de relacionamento.

- Quem te contou sobre o término?

- Eu sou uma das pedagogas da escola em que você estuda, se lembra? – Ela respondeu fugindo do assunto. Eu sabia que havia sido a Bianca.

O meu pai deixou cair dois copos, eles se espatifaram no chão. A minha mãe o fuzilou com o olhar. Ela não disse nada, mas ele entendeu o recado, pois saiu do quarto e retornou acompanhado da vassoura e de uma pazinha. Logo o meu pai estava limpando a bagunça.

Eu comecei a rir com a situação. Se o meu término com o Patrick me ensinou algo, foi que eu possuía os melhores pais do mundo. Eles me aceitavam, se esforçavam para me divertir. Eles estavam ali quando eu precisava deles. Esse pensamento fez com que me sentisse mal pelo Patrick. Talvez, ele não tivesse ninguém o apoiando neste momento.

Enquanto eu comia torta com os meus pais e me divertia com as coisas que eles falavam, a Bianca chorava diante dos dela e lhes contava um grande segredo. Enquanto o meu pai se engasgava com a torta fazendo com que eu e a minha mãe ríssemos, os pais da Bianca estavam chocados com o que ouviam da filha. Enquanto de um lado eu ria, do outro, a minha amiga chorava. Eram situações totalmente opostas.

Quando a minha mãe estava deixando o quarto, ela parou próxima a porta e disse: - você não vai fechar a janela? Vai acabar pegando um resfriado!

- É que ele...

- Como?

- Eu vou fechar – respondi me dirigindo a janela. Eu encarei o quintal uma ultima vez e a fechei. – Pronto.

Eu não acreditava que diria a minha mãe que o Patrick me visitaria no meio da noite. Eu não acreditava que parte de mim, mesmo que inconscientemente, deixou a janela aberta por ter esperanças de que isso acontecesse. Não, ele não viria e nem me abraçaria no meio da noite.

Novos inícios não são fácies, mas precisamos dar um primeiro passo, ou no meu caso, fechar uma janela. Precisamos confiar, precisamos acreditar, precisamos nos deixar mudar e, talvez, precisamos nos deixar esquecer certas coisas.

Novos inícios começam com promessas quebradas, como a de um garoto que após ver o seu amigo chorar segurando o braço quebrado, prometeu nunca mais lutar, mas que anos depois entrou em uma luta com fúria nos olhos. Novos inícios começam quando estabelecemos novas promessas, como a que Bianca fazia, neste exato momento, deitada em sua cama, ela prometia a si mesma que nunca mais permitiria ser usada daquele jeito. Novos inícios são marcados pelo abandono de objetivos, no meu caso, a luta pela popularidade. Novos inícios são marcados ao estabelecer novos objetivos, como o que Patrick tinha em mente, neste momento, ele vagava sozinho por uma rua deserta, refletia sobre o seu novo objetivo, a tão sonhada independência, ele não queria ter de passar mais nem um minuto em sua casa.

Mas novos inícios só começam quando nós nos permitimos aceitar a mudança, quando nos permitimos aceitar o que virá pela frente, ele só realmente começa quando os deixamos começar.

Talvez eu não estivesse pronto para um novo início, talvez, eu não estivesse pronto para mudar os meus objetivos e, talvez, eu não estivesse pronto para esquecer. Mas, ainda sim, eu tirei o anel que ganhei do Patrick e o coloquei na beirada da janela. Talvez, eu não estivesse pronto, mas desejava desesperadamente um novo início.

Esse foi o capítulo que eu mais me esforcei para escrever, foi o maior e, na minha opinião, o melhor. Quero agradecer a vocês por continuarem comigo, por votar e comentar. E eu quero pedir mais uma vez a vocês que votem no conto lá no Wattpad, ele não é muito popular lá, a minha maior base de leitores se encontram na CDC e Romance Gay. Então, criem uma conta e votem e comentem lá. Obrigado mesmo. O link do Wattpad está aqui em baixo.., Façam esse favor:

http://www.wattpad.com/user/escritorxxx

Comentários

Há 0 comentários.