Segredos Sujos (2x07)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

Já era a segunda vez que o meu pai se desentendia com o Patrick em um mesmo dia.

- Desculpe pelo meu pai, de novo – eu disse encarando o Patrick. – Não ligue para o que ele fala ou faz.

- Eu já disse que você não precisa se desculpar por ele.

O Daniel entrou no quarto. Eu revirei os olhos. Os meus amigos tiraram o dia para perturbar o meu namoro com o Patrick.

- O que você quer? – Perguntei de uma forma grosseira.

- Eu acho que é melhor a gente ir – respondeu o Daniel. – Já está tarde e os seus pais já estão quase dormindo.

Eu assenti.

A verdade era que eu também queria ir embora e só estava esperando uma desculpa para desaparecer daquela casa. O Rodrigo, os meus pais agindo como adolescentes, a implicância do meu pai com o Patrick, tudo isso estava me enchendo.

Nós três fomos até a sala onde os meus pais e o Rodrigo assistiam à televisão.

- Cadê todo mundo? – Eu perguntei ao perceber que éramos os únicos que ainda estávamos na festa.

- Foram embora – disse o Rodrigo. – Eu disse que a polícia estava chegando, acho que isso os assustou bastante. Foi divertido vê-los correr.

Ele e a sua mania de se divertir à custa das desgraças alheias. Eu o ignorei e voltei a minha atenção aos meus pais.

- Acabou a festa, vamos embora!

- Ah, não! – Choramingou a minha mãe. – Pare de ser chato... Você é muito mal amado.

Eles pareciam duas crianças no sofá.

- Eu não estou pedindo, eu estou mandando – insisti. – Levantem, agora!

- Por que você não os deixa dormir aqui esta noite? – Sugeriu o Rodrigo. – Eles vão amanhã cedo.

- É... Nos deixe – resmungou o meu pai. – Você já está velho para ficar colado com a gente.

Eles me lembravam do tempo em que eu pedia permissão a eles para dormir na casa do Daniel. Agora, os papéis estavam invertidos. Uma grande ironia do destino, não?

- Tudo bem, mas amanhã cedo eu quero vocês em casa, sem desculpas!

Eles assentiram. O Rodrigo, assim como o Patrick e os meus amigos riam da situação.

- Eu não me responsabilizo por nada que eles quebrarem – avisei ao garoto sentado ao lado deles.

O Rodrigo sorriu dizendo: - Não precisa se preocupar. Amanhã cedo eles estarão na sua casa.

- Obrigado – eu disse a ele hesitante. – Por... Ficar de olho neles.

Após dizer, eu e os outros fomos para o carro do pai do Patrick. Eu não tinha a mínima ideia de que horas eram e nem me importava, afinal, os meus pais não estariam em casa para me castigar. Eles estavam bêbados na casa de um completo estranho. Meu Deus, eu era um péssimo filho. Mas eles eram péssimos pais, então, estávamos empatados.

Eu me sentei ao lado do Patrick no banco da frente. Os meus três amigos tagarelavam no banco de trás.

- Gente, eu acho que essa noite até que foi legal – comentei. – Tirando a parte em que eu me afoguei e todas as outras envolvendo os meus pais, foi legal.

- É verdade, você quase foi pedido em casamento – lembrou-me a Andreia. – Aquilo foi muito épico, o seu pai entrando no quarto avançando em cima do Patrick...

- E com razão – comentou o Daniel.

Eu me virei e o encarei. Era muito ridícula toda aquela conversa do Daniel contra o Patrick, eu já não estava mais suportando.

- O que você tem contra ele? – Perguntei.

Ele desviou o olhar, encarando o vidro.

- Se tem alguma coisa para dizer, diga agora. Eu já estou cansado dessa briguinha infantil de vocês.

Ele riu dizendo: - Eu posso contar Patrick?

- Não – a voz do meu namorado soou calma. - Eu conto... Só fique fora disso.

Eu estava totalmente por fora do assunto.

- Contar o que?

- Eu já fiquei com mulher no passado, antes de me relacionar com você – revelou o Patrick. – É isso.

Eu ri.

- Isso é normal. Eu estava achando que você e o Daniel estavam se pegando ou algo assim – eu disse em um ataque de risos. – Mas isso, é perfeitamente normal.

O Daniel se manifestou novamente.

- O seu namorado é o cara mais galinha da escola – continuou o Daniel. – Ele não explicou muito bem, não é Patrick?

- Ficar com uma mulher é uma coisa normal – eu disse ao Daniel. Só de olhar para ele eu já me enchia de raiva. – É comum sentir-se confuso no começo.

- Uma? – insistia o Daniel.

- Tilcon, eu preciso...

- Não – eu interrompi o Patrick. – Você não precisa responder as acusações do Daniel.

O Daniel ria igual a um vilão de desenho animado. O clima ali atrás estava tenso. Todos deviam se perguntar o que estava dando no Daniel. Qual o motivo de tudo aquilo?

- Tilcon, eu fiquei com mais de uma menina – disse o Patrick colocando as mãos em meus braços. – É isso o que o Daniel está tentando dizer.

- Não importa Patrick, ficar com duas mulheres não torna você galinha – eu continuei defendendo ele. – Não precisa...

- Foram mais de duas.

- Três?

Ele negou com a cabeça.

Eu respirei fundo. Eu conseguia lidar com aquilo, afinal, ele só precisou ficar com quatro garotas para descobrir que era gay. Normal não é?

- Ficar com quatro garotas é uma coisa muito... Normal – consegui dizer com muito esforço. – É totalmente comum.

Eu estava me enganando. Ficar com quatro garotas era um pouco demais, nada normal... Se ele era mesmo gay, então, logo de início ele já saberia se gostava ou não.

- Foram mais de quatro – continuou o Patrick.

- Como assim mais de quatro? – Eu gritei com ele. – Você ficou com cinco garotas para descobrir que era gay?

Nenhum dos meus amigos – incluindo o Daniel – se arriscava a dizer uma só palavra.

- Na verdade, eu fiquei com vinte e duas – disse o Patrick por fim. – Algumas muito mais de uma vez.

Vinte e o que? Eu não estava acreditando no que ouvia... Aquilo não podia estar acontecendo comigo.

- Você é gay? – Eu perguntei surpreendendo a mim mesmo. – Responda que sim, Patrick.

- Eu estaria mentindo.

Todos olharam para o Patrick.

- Você é bissexual – eu concluí. – Perfeito, eu namorava um bissexual galinha e nem percebi.

- Então, no passado eu tinha chance com você, Patrick? – Perguntou a Bianca.

Eu a fuzilei com o olhar.

Todos ficaram em silêncio no carro.

- E agora? – Perguntou o Patrick. – O que vai ser?

Eu ri.

- O que você acha?

Ele ficou em silêncio.

- Eu vou continuar namorando um bissexual, não tem nada de anormal nisso – eu disse a ele sem paciência. – Mas você vai ter que me comprar um presente muito bom por ter escondido isso.

O Daniel riu dizendo: - Viu como é bom honestidade, tudo resolvido. Tudo acaba bem no fim.

O Patrick se virou.

- Eu concordo meu amigo – disse o meu namorado. – E por isso eu tenho que dizer a Bianca que você é apaixonado por ela.

Todos olharam para o Daniel.

O Daniel ficou roxo, se ele pudesse desaparecer do carro, ele desapareceria. A Bianca olhou para ele e esperou por uma resposta que acabou não vindo.

- É verdade? – A voz dela ecoou pelo carro.

Ele a encarou e disse: - E importa? Pelo que eu saiba você está se pegando com o nosso treinador de futebol... Um cara casado.

Todos os olhares se voltaram a Bianca.

- Ele está se separando da esposa – argumentou ela.

- Disse a amante – a voz da Andreia surpreendeu a todos. – Você não tem vergonha? Ele é casado!

- Ao menos não fui eu quem contratou um garoto de programa – atacou a Bianca com um sorriso. – De santa você só tem a cara e o jeito de andar.

Todos olharam para a Miranda.

- Foi só uma vez – respondeu ela.

Comentários

Há 2 comentários.

Por LittleDreamer em 2014-07-20 21:39:09
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk morri. Adorei esse cap
Por Puckerman em 2014-07-20 15:32:51
:O que confusãoooo kkkkkkk só eu acho que o Ridrigo tem uma quedinha pelo Ti??? Kkkkk Vamos, esperar os proximos capítulos