Primeiro Capítulo (1x01)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

A minha história é só mais outro clichê gay. Eu sou um menino dentro do “armário”, conheci outro garoto, nos apaixonamos, e ele é a pessoa mais linda do mundo, todos os adjetivos não conseguem descrevê-lo. E também, eu tenho alguns problemas. Simples assim, uma história clichê de gays, como eu disse no início.

Bem que eu queria que fosse isso mesmo. A verdade é exatamente o oposto. Tudo que me envolve é completamente estranho e diferente. Começando pelo meu nome. Eu me chamo Tilcon (vocês já podem rir). Eu cresci sendo zoado, as pessoas falavam que "Tilcon" parecia nome de televisão, e o pior, é que eu concordava com elas. Meus pais deviam estar totalmente chapados quando foram ao cartório me registrar. Mas eu posso dizer que não sofri nenhum dano psicológico, ao menos ainda não.

As coisas ficaram extremamente estranhas hoje ao anoitecer. Eu abri a porta de casa e torci para que eles estivessem com a cara fechada, e com muita raiva de mim. Na noite anterior eu contei aos meus pais que era gay. Meu maior medo é - e sempre foi - diferente de todos os garotos gays da minha idade. O meu maior medo não era que eles pudessem me colocar para fora de casa, mas que gostassem demais da ideia de ter um filho “diferente”.

Quando eu entrei, a minha mãe me recebeu com um sorriso. O meu pai, que estava sentado no sofá, se levantou. Eu encarei a mesa da sala, ela estava cheia de docinhos, coxinhas e outras comidas de festa.

Droga, eu estava mesmo sem sorte.

- Bem vindo – disse a minha mãe. – Como foi o seu primeiro “Dia Gay” na escola?

“Dia Gay”? Eu estava muito ferrado.

- Lembra que eu disse que só iria me assumir para vocês e pros meus amigos. Então, eu não estava brincando – respondi com um sorriso. – Ainda estou no armário, então, nada de festinhas comemorando a purpurina que era para ter saído do potinho.

Meus pais trocaram olhares estranhos entre eles. Alguma coisa estava errada.

- O que foi? – Perguntei rezando para não ser algo que fosse destruir a minha vida social.

- Digamos que a gente tenha montado um grupo no Facebook chamado “Tenho Orgulho de Ter um Filho Gay” e convidado... sei lá, todos que entraram no grupo pra uma reuniãozinha hoje aqui em casa... Mas eu não to dizendo que fizemos isso. É claro que não fizemos... Mas se por acaso a gente fez...

Eu encarei a mesa com a comida de novo.

- Vocês, literalmente, acabaram com a minha vida social! – disse a eles. – Eu não estou acreditando.

Eu corri para as escadas.

- Depois desce aqui para conhecer os filhos e as famílias deles, quem sabe a gente não desencalha você – a minha mãe continuou dizendo.

- Vai ter dança e tudo – completou o meu pai.

Eu subi até o meu quarto, estava cansado dos meus pais e de todas as suas coisas "estranhices".

Alguém bateu na minha janela. Eu sorri automaticamente, pois já sabia quem era. Patrick. Eu corri abrir para que ele entrasse.

- Um dia você cai dai – eu disse enquanto ele se dirigia para a minha cama. – Você não avisou que iria vir.

Ele se jogou sobre a cama e disse: - Surpresa!

Eu me deitei ao lado dele.

- Você não pode mais vir aqui – completei.

Ele se virou fixando aqueles olhos azuis esverdeados em minha direção. Eu podia ouvir o som de sua respiração. Podia ouvir os seus batimentos cardíacos.

- Você não me quer mais aqui? – Ele disse enquanto me encarava com aquele olhar sexy. - Eu posso te convencer a mudar de ideia?

- Infelizmente, não! Meus pais ferraram com tudo. Amanhã o mundo inteiro vai saber que eu sou gay – disse sabendo o que aquilo significava. – Você estaria se arriscando.

Ele sorriu de um modo tão incrível que era impossível olhar e não sorrir também.

- E se eu quiser correr este risco?

- Então, você é louco.

- Talvez, por você, eu seja.

O som lá em baixo aumentou. Ao que tudo indicava a “reuniãozinha” estava mais agitada que festas de adolescentes com bebida alcoólica.

- O que tá rolando aqui? – Ele perguntou.

- Primeiro, os meus pais fizeram um grupo de chamado “Tenho Orgulho de Ter um Filho Gay”, e depois eles simplesmente convidaram todos do grupo pra vir aqui na “reuniãozinha”.

Ele começou a rir.

- Seus pais são tão incríveis.

- Se o seu nome fosse Tilcon, você nunca, jamais, em nenhuma circunstância, diria algo assim – respondi.

- Eu acho tão fofo o seu nome.

- Sei.

Ele se aproximou e me beijou com aqueles lábios perfeitos. Continuou a me beijar enquanto a gente rolava pela minha cama. Eu comecei a tirar a minha roupa. O Patrick tirou a calça jeans preta. Ver ele só de cueca era uma visão tão incrível.

Eu ouvi passos na direção do quarto. Eu o empurrei, ele não sairia de cima de mim sem que eu fizesse o máximo de força.

- Você tem que ir.

- Tranque a porta e a gente continua – propôs ele. – Eu tenho que te mostrar umas coisinhas.

- Eles vão insistir se a porta estiver trancada, vão achar que eu estou morto dentro do quarto ou algo assim.

- Vai – disse enquanto empurrava-o em direção a janela.

Ele passou pela janela e três segundo depois eu ouvi um grito. É, eu avisei que uma hora ele ia acabar caindo. Peguei a calça dele no chão do quarto e a atirei pela janela.

Quando olhei para baixo o vi esticado no chão do jardim. Droga. Droga. Droga ao quadrado.

O meu pai entrou no quarto.

- Eu ouvi vozes, você ligou para alguém?

Eu sorri sem graça e respondi: - Não, mas eu li em algum lugar que a idade faz isso. Acho que você pode estar entrando na "menopausa masculina", esse é um dos sintomas. E o "negócio" não erguer mais é outro.

Ele me encarou com um olhar estranho e saiu do quarto.

Depois de alguns minutos eu desci as escadas. Eu precisava disfarçar para que os meus pais não me vissem saindo de fininho. Quando estava a um metro da porta a minha mãe me chamou:

- Ti, venha aqui. Quero te apresentar esse garoto incrível que acabei de conhecer. O nome dele é...

Ela se voltou para o menino asiático de sobrancelhas grandes ao seu lado.

- Qual o seu nome mesmo?

O menino olhou para mim e depois respondeu a pergunta da minha mãe: - Anderson.

-ah sim , venha conhecer o Anderson, Tilcon.

Eu sorri sem jeito. O “meu” garoto estava caído no meu quintal enquanto a minha mãe estava tentando bancar o cupido para cima de mim. A situação não poderia ficar mais estranha.

Até que o Daniel passou pela porta da entrada. Ele era o meu primeiro amigo e também o melhor. Eu sabia reconhecer quando ele não estava em um bom dia. E a julgar pela expressão de seu rosto a coisa era grave. Ele se aproximou.

- Oi senhora Ferraz, posso falar com o Ti por alguns minutos – disse o Daniel me agarrando pelo braço.

Nós dois fomos até o quintal. O Patrick continuava caído ali no gramado. Quando eu o vi tive que fingir que não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo.

- Daniel, aquele ali no meu gramado não é o Patrick? – Perguntei fazendo cara de espantado. - Meu deus.

- Eu não nasci ontem, o garoto está sem as calças e bem abaixo da janela do seu quarto – respondeu ele.

Abandonei a ideia de fingir e corri até o Patrick.

- Que droga aconteceu aqui? – Perguntou o Daniel enquanto eu tentava colocar a calça no Patrick.

- Ai! – Reclamou ele. – Tá doendo, não faça isso de novo.

Soltei a calça no gramado.

- Tudo bem, mas quando alguém o vir assim não ache que essa pessoa vai pensar que você só machucou a perna, porque pra mim, parece que você foi estuprado!

Eu me afastei dele e puxei o Daniel junto comigo.

- A perna dele deve estar quebrada, e agora?

Ele me encarou com um sorriso sarcástico e disse: - Eu não sei. A única coisa que eu sei é que você quebrou a perna do capitão do time de futebol da escola, duas semanas antes dos jogos começarem, parabéns. Os times adversários agradecem.

- Será que tem como ele jogar ainda? – Perguntei, no fundo, eu ainda tinha esperanças.

- Você é retardado? É claro que não.

Eu comecei a andar de um lado para o outro enquanto o Patrick gemia de dor e Daniel ia soltando uma ofensa atrás da outra.

- Você vai me ajudar a tirar ele daqui!

- Com o poder da mente? – Argumentou o meu amigo. – Eu não vou carregar ele sem as calças, esquece. Esse negócio ai é com você que está acostumado com aquela ferramenta.

- Ele tá de cueca – eu disse. – Pare de frescura. Se fosse você caído eu o obrigaria a te carregar também.

Ele pensou por alguns segundos.

- Você pega as pernas, eu fico com os braços. Mas pra onde o levamos?

- Para o carro do seu pai! Você sabe dirigir.

- Sem chance.

- Eu assumo os riscos, os custos, tudo – disse.

Ele não respondeu apenas seguiu em direção ao Patrick. O Daniel agarrou os braços dele enquanto eu me esforçava para levantar as pernas.

- Ele é muito pesado – disse o Daniel.

- Eu sei.

- É claro que você sabe, eu imagino o tanto de vezes que ele subiu em cima de você.

- Cala a boca, apenas carrega.

Nós dois atravessamos a rua enquanto o Patrick gritava, os gritos estavam aumentando.

- Cala a boca ou eu te solto aqui – advertiu o Daniel.

- Ele está com dor seu idiota – respondi. – Não tem culpa.

Quando olhei para trás a única coisa que consegui enxergar naquela escuridão foi o asiático encarando a gente. Ele olhou duas vezes e voltou para dentro da minha casa.

Nós o colocamos dentro do Gol que estava encostado em frente a casa do Daniel.

Eu olhei para o Patrick e vi um machucado em sua testa.

- A cabeça dele está sangrando! – Disse mais apavorado que o próprio Patrick. – Acho que foi da queda.

- Isso não é nada, sem querer eu deixei que a cabeça dele batesse no portão da sua casa – confessou o Daniel.

- Você era responsável pela parte de cima, eu só cuidava das pernas, devia ter tido cuidado – disse. – Mas como eu não vi isso acontecendo?

- Você se virou pra encarar o japinha.

Droga. Ainda tinha o japinha.

- Você fez de propósito.

- Talvez eu tenha feito mesmo.

Era idiotice discutir com o Daniel, então mudei de assunto.

- Você o leva para o hospital, inventa uma boa desculpa – disse me afastando. – Boa sorte.

- Você só pode estar de brincadeira.

- Amanhã uma bomba vai explodir, por culpa dos meus pais. O Patrick não pode ter nenhuma ligação comigo.

- Ele tá sem calça!

- Arrume uma desculpa pra isso também – respondi enquanto atravessava a rua.

Quando entrei na minha casa o asiático me encarava assustado. Eu sorri e ele desviou o olhar. Medroso.

A minha mãe me chamou novamente. Eu me aproximei dos dois.

- Nossa você demorou – comentou ela.

- É que eu tive que carregar um corpo para o outro lado da rua – respondi de uma maneira sarcástica. – Um bem pesado.

O asiático estava tão assustado que simplesmente foi embora.

- Acho que ele não tem senso de humor – disse para ela. - Você tem que escolher melhor esses pretendentes.

Continua...

Então galera, esse foi o primeiro capítulo, espero que tenham gostado, que votem e comentem, me motivem, pois, eu quero muito continuar com esse conto. Quero criticas positivas, negativas, enfim, se vocês gostarem eu continuo contando.

Comentários

Há 2 comentários.

Por PeterVanHouten em 2014-06-11 03:53:05
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk Ri tanto que fiquei sem folego, muito bom kkkkkkkkkkkkkkk
Por hugo em 2014-06-10 22:37:19
gostei continua vamos ver no que vai dar kkkk!!!!