Populares (1x05 - Final)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

Várias pessoas ainda me cumprimentavam, mesmo tendo passado duas semanas depois da peça. Eu era motivo de inspiração para elas, um modelo de garoto que sacaneia com professores e faz a alegria de todo mundo. Era oficial. Eu era um garoto popular.

Quando eu estava entrando na escola alguém segurou o meu braço. Era o Thiago. Ele era um dos garotos mais gostosos daquela escola. Tinha olhos castanhos, cabelos castanhos escuros e tudo isso acompanhado por um corpo totalmente sarado.

- Ei, eu estava pensando se hoje, depois da aula, você não quer ir até a minha casa pra – ele deu um sorrisinho besta. – Você sabe... Brincar um pouco.

Ao pesquisar o significado de “brincar um pouco” no dicionário de garotos safados você encontra “fazer coisas impróprias para a idade” e “deixar ele te comer”.

Eu retribuí o sorriso dizendo: - Não sei o que é mais patético. Eu estar quase mais popular que você ou um hétero, AKA você, tentar transar comigo só para depois espalhar para os amiguinhos que traçou o “Gay” da escola.

- Vai me dizer que não tem tesão em mim? Cara, eu sou o tipo de todo mundo.

- Não, Thiago. Eu não me sinto excitado por garotos que não tem nem dignidade. E muito menos vergonha na cara, desculpe. Mas eu gostei da sua blusa.

Após dizer, continuei andando. Eu estava exalando superioridade depois do corte que eu havia dado no Thiago. Mas o papo de não me sentir atraído por ele era uma grande mentira. Obviamente, eu achava o Patrick cinquenta mil vezes mais gostoso do que ele, mas... Eu não podia negar que aquele garoto tinha uma pegada. Mas essa pegada é coisa do demônio. É pegada de hétero, ou seja, é pegada de ilusão. Só te pega para te chutar depois. Isso deveria ser proibido pela ONU, só acho.

Quando eu estava subindo as escadas para a minha sala eu avistei o Patrick. Eu forcei um sorriso, e ele não deveria nem me encarar, simplesmente, passar reto como sempre fizemos, mas invés disso ele veio em minha direção e começou a subir as escadas ao meu lado.

- Você está louco? – cochichei. – Você não deveria nem ter sorriso de volta.

- Eu cansei disso.

- Eu também, mas não temos escolhas – eu afirmei. – Agora se afaste antes que alguém perceba.

Ele se afastou. Pronto, tudo estava voltando ao normal. Ou quase tudo, porque por onde eu passava eu ganhava uma chuva de cumprimentos. Era tão chato ter que retribuir todos os acenos e apertos de mão. Eu nem sabia o nome daquele povo todo. Ser popular é muito difícil e bem cansativo.

Quando entrei na sala a professora de português me disse que eu havia sido solicitado na direção.

Droga! Aquela droga de peça sobre drogas iria me ferrar.

Quando eu entrei na secretaria eu vi a minha mãe e o meu pai, os dois estavam muito sorridentes para o meu gosto. Não deveria ser algo relacionado à peça.

Só estavam eles lá. Como as pedagogas deixam pais sozinhos na sala da direção?

- O que vocês fazem aqui? – Perguntei.

- Eu trabalho aqui agora – disse a minha mãe me fazendo tossir feito louco. – Surpresa!

- Eu mandei te chamar, eu posso fazer isso agora, porque eu sou uma pedagoga – continuou ela. – Eu mando aqui.

A minha mãe havia feito pedagogia, mas após terminar o curso nunca exerceu a profissão. Eu não entendia o porquê de começar agora.

- Eu aceito você querer trabalhar, mas justo aqui? – eu perguntei me aproximando. – Vocês só podem estar brincando.

Minha mãe começou a rir e disse: - É isso, eu estava só brincando.

Eu ri aliviado e disse: - Você me assustou com essa mentira. Eu realmente pensei que fosse verdade.

Ela começou a rir de novo.

- Mas agora é sério, eu realmente estou trabalhando aqui – disse ela. – E sobre te chamar aqui porque eu posso, também era mentira... Você está encrencado.

Droga! A minha nova popularidade estava com os segundos contados. Eu já até sentia saudades dela.

Eu encarei o meu pai.

- E você, faz o que aqui?

- Parece que você e seus amigos trocaram as palavrinhas em uma peça, não é? – Respondeu ele. – A sua mãe me ligou... Quer dizer a pedagoga.

Droga. Droga. Droga.

Eu encarei a minha mãe e sorri. Agora ela era pedagoga, talvez eu pudesse usar aquilo ao meu favor.

- Mãe, agora que você é pedagoga, você nem precisa me suspender – eu disse. – Você não precisa fazer nada se não quiser. Aja como uma mãe e não como uma... Pedagoga.

- Eu nunca iria suspender você. Isso é muito pouco. Você terá que ficar depois da aula por, sei lá, um mês – disse ela rindo enquanto encarava um livro preto. – Seu nome aparece em praticamente todas as páginas deste livro.

- Então, sobre isso... Uns professores pagaram birra de mim e me fazem assinar esse livro mesmo sem eu ter feito nada.

Não deu muito certo, então, eu fiquei de “castigo”. Teria que ficar depois das aulas todos os dias, por um mês inteirinho. Nada de sexo à tarde com o Patrick.

Quando eu estava saindo a minha mãe disse: - Se você achou o castigo de “pedagoga” ruim, espera só até eu chegar em casa e te dar o castigo de “mãe”.

Eu me assustei.

- Faz algum tempo que eu estava tentando trabalhar aqui, eu não havia contado nem para o seu pai, seria como uma surpresa – disse ela rindo. – Mas eu que fui surpreendida ao chegar aqui, o próprio diretor me contou tudo.

- Eu... Só acho que aqui você deve parar de agir como minha mãe, enfim, deixe essa conversa para quando estivermos em casa.

Eu fui em direção a minha sala. Meu sangue estava fervendo, minha barriga estava congelando e a minha cabeça estava doendo. Eu não estava acreditando que a minha mãe iria trabalhar na escola que eu estudava. Ela seria como uma inimiga minha, afinal, eu era uma peste.

Eu estava começando a descobrir que eu não estava com raiva porque ela poderia comprometer a minha nova popularidade, mas porque ela descobriria coisas das quais eu escondia. Ela sempre pensou que eu fosse o melhor dos alunos e era bom sentir que ela se orgulhava de mim. Mas quando ela disse todas aquelas coisas, pela primeira vez, a situação foi contrária. Não era ela que me envergonhava, mas eu. Eu a envergonhava com as minhas atitudes.

Eu fui direto para o meu lugar. Havia um aluno novo ao meu lado, ele era bem estranho, mas em um bom sentido. Usava uma camiseta preta de uma banda de rock da qual eu desconhecia, tinha cabelos loiros. Olhos verdes e um belo sorriso.

- Quer uma foto? – Ele me perguntou ao perceber os meus olhares. – Ou um autógrafo?

Eu fiquei totalmente sem graça.

- Eu... Eu...

- Cara, eu estava só curtindo com você – respondeu ele rindo.

- E o que isso significa? – Perguntei.

- Que eu estava apenas brincando – ele ainda ria. – O que mais isso poderia significar?

Ele me encarou como se eu tivesse algum problema muito estranho.

- Sei lá, mas se você quer dizer “eu só estou brincando”, então, diga “eu só estou brincando”.

O sinal para a segunda aula tocou. E neste meio tempo um garoto da minha sala se aproximou e me entregou um panfleto e disse: - Eu estou dando uma festa hoje e espero que você vá. Na verdade, eu acho que todos esperam por isso.

Eu ri sem graça e disse a ele: - Eu irei então.

Quando ele se afastou o garoto novo começou a dar gargalhadas enquanto dizia: - “Todos esperam por isso”.

- O que foi? – Perguntei não entendendo.

- Nada, é que... Olha, você é estranho demais para ser popular – respondeu ele me encarando. – Você parece ser aquele aluno quietinho.

Agora eu estava rindo.

- Se você acha.

O professor de educação física entrou na sala de aula. Ele olhou para o quadro e em seguida para mim.

- Olhe galera, o Tilcon não fez nenhuma brincadeira com o meu nome hoje – disse ele me encarando. – Eu sempre soube que era você... Só queria que alguém te entregasse, mas nesta sala, isso é impossível.

Eu olhei para ele com um sorriso falso e disse: - Então, porque eu estou aqui ao invés da direção? Ah é, porque você não tem provas!

- Se você não tivesse sido expulso daquele time, eu garanto que te colocaria para fora dele agora – continuou ele em sua tentativa de me envergonhar na frente de todos. – Acho que deveria ficar na sala enquanto todos nós descemos, você pode ficar aqui copiando o hino nacional no caderno.

- Não.

- O que você disse?

- Eu disse que não vou ficar aqui copiando porcaria nenhuma. Você não pode me punir por algo do qual eu sou inocente, ao menos até você ter provas.

Logo após dizer, todos da sala me apoiaram. Talvez a melhor coisa da popularidade fosse isso, o apoio de estranhos.

Eu era culpado por escrever “PEDOWOLF”, mas eu sempre estive certo sobre ele. E, agora, ele estava saindo com uma das minhas amigas, uma garota com metade da idade dele. Ele era o grande vilão naquela sala e não eu.

- Vamos fazer assim, se o Tilcon descer, todos nós voltamos – ele disse com aqueles olhos sobre mim. – Você escolhe, vai deixar os seus colegas pagarem por você?

Ele estava me jogando contra a sala? Meu deus, ele era um gênio do mal. Mas eu era mais gênio do mal do que ele.

- Então, eu fico – afirmei.

E foi só eu dizer aquelas palavras para que todas as pessoas começassem a repeti-la. Todos estavam dizendo “então, eu fico!”.

- Certo, todos nós ficaremos na sala – disse o Wolf.

Ele me encarou com ódio e em seguida saiu da sala. O garoto ao meu lado me cutucou.

- Eu retiro o que disse antes, você não é quietinho coisa nenhuma. E acho que acabou de me fazer perder uma aula prática de educação física – disse ele. – Você me deve um lanche.

- Como é seu nome mesmo? – Eu perguntei.

- Eu não disse.

- Você descobriu a droga do meu nome da pior maneira possível, então, nada mais justo que dizer o seu.

- Rodrigo.

Eu não conversei mais com aquele garoto porque quando o professor retornou a sala, ele nos obrigou a copiar o hino nacional, no mínimo três vezes. E quem não tivesse isso copiado não sairia da sala.

Quando o sinal tocou ninguém saiu da sala. Nenhum de nós iria abandonar alguém. Ficamos ali até que todos estivessem copiado aquele hino três vezes.

- Vocês aqui são bem unidos – disse o Rodrigo se aproximando enquanto eu passava pela porta da sala. – Eu gosto disso.

- Eu também.

- É agora que você vai me pagar aquele lanche? – Perguntou ele. – Porque eu estou com fome.

- Se eu te pagasse um lanche por cada dia que a gente ficar na sala, você ficará obeso e eu ainda mais pobre.

Quando a gente estava descendo as escadas o Patrick veio em minha direção.

- Posso falar com você? – Ele perguntou com os olhos fixos no Rodrigo. – E quem é você?

Eu apontei em direção ao Patrick e disse: - Rodrigo este é o Patrick e vice e versa.

- O que você quer? – Perguntei ao Patrick como se ele fosse apenas um colega chato.

Eu odiava ter que fingir, mas eu não me perdoaria se as pessoas descobrissem sobre nós por minha culpa.

- Eu só queria te avisar...

- Olha se não é o casal da escola – disse um garoto interrompendo o Patrick.

- Isso – completou o Patrick. – Todos sabem sobre nós. Eu contei.

O que? Como ele podia ter sido tão imbecil ao ponto de fazer isso? Eu não sabia o que dizer, eu estava sem reação. E eu também não sabia como esconder o quanto eu estava feliz por aquilo ter acontecido.

O Rodrigo encarou a nós dois e nos deixou conversar a sós. Eu deixei escapar um sorriso.

- Só espero que você não tenha feito isso por mim?

- Eu fiz por você e por mim – respondeu ele. – Eu estava cansado de todo esse fingimento.

Eu sorri, afinal, só possuía metade da culpa.

- Então, Tilcon... Quer, sei lá, namorar oficialmente comigo?

Então galera é isso. A segunda temporada ainda não tem previsão. Mas ela será sobre o namoro do Patrick e do Tilcon. O Rodrigo será um personagem bem explorado também. Assim como o relacionamento da Bianca com o Wolf. O Daniel e a Andreia também terão destaque. Enfim, eu planejo uma segunda temporada maior, com no mínimo dez capítulos.

Obrigado por acompanhar o conto por estes cinco capítulos. E quando a segunda temporada já tiver uma data eu publico um "recado" falando mais sobre ela.

Comentários

Há 3 comentários.

Por hugo em 2014-06-23 00:28:31
legal mto bom esperando o próximo só não demora mto ok !!!!!!
Por Ryan Benson em 2014-06-22 21:37:45
ótimo, to aguardando a segunda temporada ^^
Por S3GR3D0S De Um Menino! em 2014-06-22 19:51:58
Meo Deos não pode acabar assim. Aguardando a segunda temporada tomare que não demore muito.