Partidos (2x11 - Final)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

Quando o sinal tocou eu fui até a sala do Patrick e o esperei sair. Eu tentaria convencê-lo a abandonar a luta mesmo sabendo que ele nunca desistiria de lutar. Eu tinha que seguir o meu plano, este era o único jeito de corrigir o meu erro sem causar ainda mais dor.

Quando o Patrick finalmente saiu, eu podia sentir a raiva que ele estava guardando. Os olhos azuis do meu namorado exalavam ira, algo em seu olhar me assustava. Era como se ele fosse me bater. Algo estava muito errado.

- O que foi? – Eu perguntei a ele. – Aconteceu algo com o Carlos, ele pirou?

Ele riu. Não era um dos sorrisos que ele costumava usar. Desta vez, era o sarcasmo tomando a boca dele. Ele estava debochando de mim.

- Aconteceu... Aconteceu que eu descobri que o Carlos apanhou por sua culpa. Você armou tudo.

Droga. Nem quebrado aquele Carlos ficava com a boca fechada. Ah, foi uma pena o Thiago não ter cortado a língua dele também.

- O Carlos te contou – bufei.

Eu me sentia um lixo. O Patrick me encarava como se eu fosse um pedaço de chiclete mascado... Algo nojento. Algo do qual ele queria manter distância.

- Não, o Thiago me contou... Tudo – a voz dele engrossou na última palavra. – Isso inclui o seu plano de interferir em nossa briga. Você acha que é tão fácil assim de me manipular?

- Eu prec...

Ele levantou a mão dizendo: - cale a boca e me deixe falar.

Eu fiquei todo vermelho. Ele nunca havia sido tão grosso comigo, nem mesmo no tempo em que nós só ficávamos. Esta era uma das únicas vezes que eu realmente senti vontade de chorar na escola.

- O meu amigo está todo quebrado...

- Ele me expulsou do time, mentiu pra mim sobre você e – a minha voz falhou, eu não iria conseguir terminar aquela frase.

As pessoas passavam ao nosso redor, nos encaravam curiosos, mas não paravam para descobrir sobre o que discutíamos. Talvez no fundo elas soubessem o final da nossa conversa. Afinal, pra quê perder tempo vendo algo em que o final é tão previsível quanto um romance de Nicholas Sparks? No fim dos livros dele alguém certamente irá morrer. As capas são todas estampadas por pessoas brancas quase se beijando. Tudo era tão... Como eu posso dizer? Igual? Bem, eu era suspeito para falar sobre romances. Eu não curtia muito, então, todos os meus argumentos contra este escritor caiam por terra, podia ser apenas o meu ódio falando. Mas por que eu estava pensando em Nicholas Sparks? Talvez por que eu soubesse que o meu fim seria triste e que certamente, eu e o Patrick não terminaríamos juntos.

- Ele o que?

A expressão do Patrick mudou de repente. Ele levou as mãos até os olhos e massageou as pálpebras. Quando o seu olhar retornou para a minha face, eu estava pronto para mais xingamentos.

Mas ele não gritou desta vez, ao invés disse ele disse em um tom calmo: - por que você não me contou sobre isso? Poderia ter sido evitado. Era só...

- Eu assumo toda a culpa, O.K? Por mais que seja uma boa ideia, eu não me farei de vítima. Eu armei tudo, então, eu mereço responder por isso – eu disse o interrompendo mais uma vez. – E me desculpe... Às vezes, eu perco a cabeça e faço coisas assim.

Eu e o Patrick éramos os únicos que ainda permaneciam naquele corredor. Eu encarava o meu namorado com um olhar de cachorro sem dono. No fundo, eu sabia que ele me perdoaria. Claro que o Patrick me perdoaria, afinal, eu já o perdoei por omitir a verdadeira opção sexual. Eu o perdoei por ser um galinha no passado.

- Você pode me perdoar? – Perguntei fazendo cara de pidão. – Eu sei recompensar muito bem as pessoas que me dão uma segunda chance.

- É claro que posso te perdoar. Mas, Tilcon, acabou...

Antes que ele pudesse terminar de dizer, eu o abracei com toda a minha força dizendo: - certo, a partir de agora sem mentiras, sem planos idiotas sem...

- Eu estava me referindo a esse relacionamento. Acabou.

Eu esperei ele começar a rir e me dizer “to te zoando”, mas o Patrick não disse. E após contatar que ele estava falando sério, lágrimas começaram a escorrer do meu rosto. Eu estava chorando. E detalhe: uma das coisas mais difíceis é me fazer chorar.

Ele ficou tão surpreso em me ver em pranto que imediatamente me abraçou, seus braços musculosos apertaram o meu corpo contra o seu, ele começou a beijou o meu pescoço. Eu ainda chorava no ombro dele.

- Você já pode dizer que está brincando – eu disse ainda em desespero. – Por favor, diga que está brincando.

- Ei, não é algo definitivo – disse ele ainda colado ao meu corpo. – É só um tempo.

Eu não era burro. Ele queria me dar um fora, mas nunca imaginou que eu fosse começar a chorar igual uma garotinha. Então, ele veio com essa história de dar um tempo. A verdade é que a maior parte das pessoas que “dão um tempo” nunca reatam o namoro. Esse tempo costuma não terminar.

- Eu não sou idiota.

Ele se afastou com delicadeza. Suas mãos acomodaram-se em meus ombros, era tão bom tê-lo tocando o meu corpo. Era tão bom estar com ele. E eu só fui perceber isso no momento em que o perdi.

- Eu amo você. Mas esse relacionamento... Não está dando certo. Talvez – ele desviou o olhar. Talvez ele não conseguisse mentir olhando nos meus olhos – em um futuro próximo ele dê certo, mas agora? Infelizmente não dá.

Eu me afastei tirando as mãos dele de mim. Agora eu não o encarava com tristeza, mas com raiva. Eu queria odiar o Patrick, mas eu nunca conseguiria.

- Eu te perdoei – eu gritei enquanto mais lágrimas desciam pelas minhas bochechas. – Eu te perdoei por mentir, eu aceitei e... Você deveria fazer o mesmo.

Eu estava me humilhando demais. Antes que eu pudesse me ajoelhar aos pés dele pedindo por perdão, o meu celular começou a tocar. Era a Bianca, eu pensei em ignorar a chamada, mas acabei atendendo.

- Não é uma boa hor...

- Eu estou acabada – dizia ela mais desesperada do que eu. – O Daniel disse a ele que sabia de tudo, que sabia da gente e...

Ela estava falando muito rápido, mas consegui entender o que ela dizia ou estava tentando dizer.

- Ele me chutou, me mandou desaparecer. E agora eu não tenho mais nada, de quê adianta viver?

E, então, ela desligou.

- O que foi? – Perguntou-me o Patrick.

- A Bianca – eu respondi em pânico. – Ela está desesperada e eu acho que fará alguma besteira.

Comentários

Há 1 comentários.

Por káh em 2014-08-01 19:33:24
amo de coração essa serie.