Eu Odeio (3x03)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

“É só contar até dez e não olhar para eles”, disse a mim mesmo enquanto andava pelos corredores da escola. Eu olhava para o meu tênis, um All Star preto, não queria fazer contato facial com ninguém. Tirei as madeixas castanhas dos meus olhos e segui caminhando.

- Tilcon – gritou a voz familiar atrás de mim. Se eu não a tivesse reconhecido teria continuado andando.

Eu me virei e esperei a Bianca se aproximar, ela me abraçou. Eu precisava daquele abraço tanto quanto precisava de ar.

- Eles me odeiam – queixei-me da minha situação. – Eu fui ofendido umas cinco vezes e não faz nem dois minutos que cheguei.

- Você gritou com eles, ofendeu todo mundo... Como queria que essas pessoas reagissem? – Perguntou-me a loira que caminhava lado a lado comigo. – Vai dizer que esperava um abraço?

Eu não respondi.

- Eles também me odeiam, eu também fui ofendida – disse a Bianca tentando me consolar. Até que ela se lembrou de quem era a culpa. – Na verdade, é sua culpa, você tinha que ofender aquelas pessoas, não é?

Antes que eu pudesse responder a Bianca, uma garota entrou em nossa frente, ela segurava um cartaz nas mãos, nele estava escrito NÓS ODIAMOS VOCÊ TAMBÉM #HATERSDOTILCON.

Desde quando eu tinha haters? Se eu ainda me preocupasse com popularidade, me sentiria muito feliz em saber que eu sou famoso o suficiente para ter “haters”.

- Eu te odeio, pedaço de bosta – a garota cuspiu todas aquelas palavras em mim. – Todos nós te odiamos.

- Eu me sinto honrado, na verdade – eu respondi sorridente. - É sério! Você teve todo um trabalho com esse cartaz, obrigado. Eu devo significar muito pra você.

- É... Você deve amar muito ele – eu pude ouvir a Bianca dizer. – Você até parece uma fã.

- Cale a boca Hannah Montana, nós ainda não chegamos na Disney.

- Do que você me chamou garota? – Respondeu a Bianca pronta para pular em cima da pessoa com o cartaz. – Você quer morrer?

Eu segurei a minha amiga pelos braços, impedindo-a de começar uma nova briga. Como se nós dois já não estivéssemos ferrados o bastante.

- Não vale a pena – eu disse ainda a impedindo de avançar na garota. – E Hannah Montana nem é xingamento.

A Bianca riu dizendo: - nem a própria Miley Cyrus gosta de ser chamada de Hannah Montana.

A menina soltou um riso sarcástico, fuzilou-me com o olhar e nos deixou. A Bianca ainda estava processando aquela informação.

- Perfeito! Agora temos haters – eu disse por fim. – Acredita?

- É uma coisa muito ruim, nossa que droga... Mas o que são haters mesmo?

- Pessoas que te chamam de Hannah Montana – eu disse a ela.

Ela pareceu entender. Eu não queria ter que explicar detalhadamente que haters são pessoas que odeiam algo. Um bom exemplo: eu sou hater do André Carlos, sou tão hater que quase matei o coitado. E ele, certamente, é o líder dos “Haters do Tilcon”.

- Como você está? – Perguntou-me a Bianca sem me encarar. – Com o termino e tudo mais...

- Eu estava bem até os meus pais deixarem o meu quarto, depois disso, eu chorei muito ouvindo “Let Her Go” – eu disse a ela rindo. Agora, parecia uma coisa tão patética, mas, naquele momento, eram os segundos mais tristes da minha vida. - Hell you onny need the lights wheen it's borning looou... Only miss the sun when it starts to snooou.

- Eu acho que a música não é assim... Só acho – ela fez uma pausa e começou a rir, mas logo prosseguiu: - você inventou uma língua nova e depois fez uma música nesse novo idioma?

- Eu já estou acabado e você ainda vem falar mal do meu inglês? Nossa, Bianca, que amiga você é. Você está muito Lorde hoje.

- Eu estava tão mal ontem que vi alguns episódios de The Vampire Diaries ao invés de Game of Thrones, eu chorei muito com a morte da tia da Elena... Foi muito triste. Uma pessoa com a vida mais desgraçada que eu, só a Elena.

- Mas a Elena tem dois irmãos vampiros mega gostosos só pra ela e você não! – A minha amiga riu por alguns segundos. – A sua situação é pior, você é sozinho, odiado, pobre, excluído...

- Chega! – Eu gritei e todos ao redor me encararam. - Nossa, agora é oficial, Bianca, você é a pior amiga do mundo.

Ela mordeu o lábio inferir e levantou as mãos dizendo: - eu também estou na pior. Ontem eu contei para os meus pais.

Após ouvir, eu parei de andar. Ela não estava falando isso... Não, não podia ser verdade.

- Você não fez isso...

- Eu fiz. E eles vão abrir um processo e... Estão me mandando para o Acampamento de Férias neste meio tempo para poderem resolver “as coisas” sem que eu esteja por perto.

- Você ficará duas semanas inteirinhas no meio do mato? – Eu perguntei ainda em choque. – Terá mosquitos, cobras, não vai ter banheiro...

- Chega! – Agora, quem gritava era a Bianca. – Você é o pior amigo do mundo também. Você acha que eu já não sei disso?

- E ir ao acampamento é o de menos, você terá que depor, poderá surgir boatos – eu continuei falando. Eu não queria assustá-la, eu queria ser realista. Os pais dela estavam processando um professor por se relacionar com uma aluna. – Eu espero que tenha feito à coisa certa.

- Eu também.

O pai dela era um dos mais ciumentos que eu já conheci. O que será que deve ter passado pela cabeça dele enquanto ela contava aquele segredo? Naquele instante, eu não sabia quem era o mais ferrado, se era eu ou a Bianca.

Quando terminei aquele pensamento, eu avistei a minha mãe com um chapéu de cowboy na cabeça caminhando em nossa direção. Os garotos a encaravam com malícia nos olhos. A minha mãe era uma mulher muito bonita, os seus cabelos castanhos eram algumas tonalidades mais claras que os meus, os seus olhos eram verdes e ela tinha um corpo de dar inveja. Ela nem aparentava ter trinta e quatro anos.

Quando a minha mãe se aproximou, ela tirou o chapéu da cabeça e o colocou na minha. As pessoas ao redor não conseguiam conter os risos, nem mesmo a Bianca.

- O que significa isso?

- Você vai para o Acampamento de Férias com a Bianca, não é demais? - Respondeu ela em um tom animado que de nada adiantou.

Eu encarei a minha amiga, ela me olhou de uma maneira que dizia “eu não tenho nada haver com isso”. No fundo, eu sabia que ela era a culpada.

- Foi uma ideia dos pais dela para não deixá-la ir sozinha – completou a minha mãe.

Antes que eu pudesse contra argumentar, ela já não estava mais ali.

E o que chapéu de cowboy tem haver com o acampamento? Este era um mistério que eu nunca descobriria.

A Bianca não conseguia disfarçar a alegria. Eu voltei o meu olhar para ela, eu estava sério, com ódio, ressentido. Eu não poderia ir a esse acampamento... Não poderia, mas iria do mesmo jeito.

- Desculpe, mas eu estou feliz por não ter que ir sozinha... Eu sei que você não se ofereceu, mas obrigado, você é um ótimo amigo.

- Não é isso, eu até teria me oferecido, mas é que o Patrick vai estar lá... Ele se inscreveu no começo do ano.

- Eu não fazia ideia... Não deveria ter dado essa ideia aos meus pais. Desculpe.

- Tudo bem, afinal, amigo é pra isso mesmo, pra puxar o outro para o fundo do buraco com ele – eu disse ainda sério.

- Ei, você já estava no fundo do poço antes, Tilcon, não tinha como eu piorar a situação.

Um garoto me encarava com um olhar estranho e depois um grupo de pessoas passou a me encarar da mesma maneira. Eu só fui entender quando um idiota gritou:

- Olha o “Segredo de Broke Break Mountain” chegando gente.

Droga, droga, droga! O chapéu ainda estava em minha cabeça. E é claro, chapéu de cowboy + gay = O Segredo de Broke Break Mountain.

- Obrigado – eu respondi com ódio. – E para a sua informação o filme é lindo, conta a vida de dois cowboys que se apaixonam em uma montanha e que depois de muitos anos se casam lá em segredo.

O garoto pareceu não entender e continuou andando.

A Bianca arregalou os olhos dizendo: - você nunca viu “O Segredo de Broke Break Mountain”? – Eu balancei a cabeça em sinal negativo, ela riu e prosseguiu: - da próxima vez que for mentir, eles não se casam em segredo na montanha. Eles só fazem sexo lá.

- Nossa, é mais realista do que eu pensava.

O Patrick surgiu em meio à multidão que caminhava para as respectivas salas, ele estava acompanhando por ninguém menos que a minha mãe. Ela sorria enquanto dizia algo a ele.

- A sua mãe me contou – o Patrick disse se aproximando. - E eu acho que vai ser muito legal te ter por perto.

- Vai ser incrível – eu disse forçando um sorriso. – Eu estava comentando isso com a Bianca agora – eu dei uma cotovelada na minha amiga. – Não é?

- É... Eu acho.

- E Patrick – começou a minha mãe tentando bancar o cupido. – Cuide do Tilcon lá, ele odeia acampar, não sabe nem montar uma barraca. Na verdade, vocês até podiam dormir na mesma, não é?

- Mãe!

- Eu vou cuidar dele, pode deixar.

Galera, então, primeiro quero agradecer a todos por comentar e votar, muito obrigado mesmo. Vocês são incríveis. Mas é claro que vou pedir uma coisa, como sempre, então. Quem ainda não fez a generosidade de ir lá no Wattpad criar uma conta (é a coisa mais fácil do mundo, não custa nada) e me seguir e motar nos meus contos, vá lá. Eu agradeço desde já.

Comentários

Há 1 comentários.

Por Rafinha sexy em 2014-08-09 23:00:56
Amiooo seu conto <3 Nossa eu tambem tenho haters,serio e eu adoro rsrsrs