A Festa Está Só Começando. (2x05)

Conto de escritor xXx como (Seguir)

Parte da série Entrando de "Cabeça"

Sim, eu estava dentro da festa do Rodrigo. Tudo lá era muito grande. A começar pelo gramado que era maior que a minha casa inteira, no centro dele havia uma piscina igualmente grande. Pessoas pulavam e atiravam outras na água. Tudo aparentava ser tão divertido, mas eu nem cogitava entrar na água.

- Isso é gigante – comentou o Daniel ao lado da Bianca. – Cara, todo esse espaço é só o quintal dele?

Aquele espaço era mesmo incrível. Eu encarei os coqueiros que estavam próximos à piscina, as cadeiras para tomar sol que estavam sendo ocupadas por adolescentes, as flores espalhadas pelo espaço verde. Tudo era tão fascinante.

- Será que os pais dele estão adotando adolescentes pobres? – A Bianca disse enquanto observava o espaço. – Eu estou interessada.

- Adolescentes, talvez. Mas vacas? Acho que não – respondeu o Daniel.

Ela olhou para ele e apontou o dedo do meio dizendo: - Vá se ferrar e vaca é a sua m... Não, sua mãe é legal. Vaca é aquela que você gosta.

Ela estava ofendendo a si mesma e nem percebia. Todos se encaram por uns segundos, por pouco alguém não riu. Ela era a única que não notava o quanto o Daniel era apaixonado.

- Ei, se misturem – eu disse puxando o braço do Patrick. – Eu e o Patrick vamos ficar o mais longe possível da piscina. E quanto a vocês, não fiquem todos juntos... Vamos conversar por SMS.

Eu e o Patrick nos afastamos dos outros.

Enquanto eu andava, pensava na conversa que o Patrick teve com o Daniel, a que ele dizia ter pegado mais mulher que o meu amigo. Eu não estava com ciúmes, é normal um garoto gay ficar com alguma mulher antes de se descobrir, mas era estranho imaginá-lo com uma garota. Era estranho imaginá-lo com qualquer outro que não fosse eu.

- Aqui já está bom, você não vai se molhar a esta distância – começou o Patrick debochando. – Você está seguro Cascão.

- Ei, eu só não quero que ninguém me jogue lá dentro, eu não sei nadar, você sabe muito bem disso.

Eu já me afoguei uma vez na praia e depois disso peguei certo trauma de lugares muito profundos. E depois do ocorrido, o Patrick não perdia uma oportunidade de fazer brincadeirinhas sobre isso.

- Eu deixo você subir nas minhas costas – continuou ele –, ou a gente pode, sei lá, conseguir a câmera do pneu de um caminhão qualquer e pronto. Tudo resolvido.

- Você é muito idiota.

Ele me abraçou e eu o empurrei dizendo: - vá abraçar o seu sarcasmo, amigo.

Nós dois recebíamos vários acenos e outros cumprimentos de todos. Alguns perguntavam “você acertou o garoto com um livro e ele ainda te convidou para a festa dele?”, eu ria respondendo “ele não é de guardar rancor”. As pessoas pareciam acreditar ou fingiam acreditar que eu não era um penetra.

- Como você consegue ser tão descarado?

- Eu não sou – respondi.

- Com os seguranças, com as pessoas nesta festa...

- Eu apenas lido bem com situações, é só isso.

Até aquele momento eu ainda não acreditava que havia despistado aqueles seguranças. Às vezes, eu fazia coisas das quais nem mesmo eu acreditava.

O Patrick me cutucou.

- O que foi? – Eu o encarei sem entender o que ele queria dizer. – O que... O que você quer?

- Aqueles não são os seus pais?

- Próximos à piscina...

Eu segui o olhar dele e visualizei dois adultos dançando ao lado de adolescentes. Eles não eram simples adultos, eram adultos com uma mentalidade igual ou inferior a de adolescentes, ou seja, eram os meus pais. Bem, agora ao menos eu sabia o porquê eles não nos ouviram enquanto eu fugia do quarto. Eles estavam na minha festa... Ops, festa do Rodrigo.

- Acho melhor a gente ir antes que eles nos vejam – sugeriu o meu namorado assustado com a possibilidade de encontrar com o meu pai. – E rápido.

- E perder a festa que eu lutei tanto pra entrar? Negativo – eu disse confiante. – Eu vou ir até lá.

- Você o que?

- Eu vou ir até lá e dizer que a idade deles já passou, vou fazer isso antes que eles se envergonhem ainda mais. Eles estão com mais de trinta anos e ainda agem como se tivessem vinte... É isso que dá engravidar na adolescência, você perde a infância e acaba usando a do filho.

Eu fui até a piscina. Os dois demoraram a me reconhecer, já deviam estar altos de tanto beber cerveja. Era tão vergonhosa aquela situação, ter que dizer aos meus pais que eles haviam exagerado na bebida era tão ridículo.

- O que você faz aqui, rapazinho – disse o meu pai levantando o dedo. – Você está de castigo.

As pessoas ao meu redor riam bastante. Eu era o palhaço da festa... Talvez esse sempre tivesse sido o plano do Rodrigo. Ele não havia me convidado sabendo que eu invadiria a sua festa, convidou os meus pais e garantiu o barraco do século.

- O que é que vocês estão fazendo aqui? – Eu perguntei. – Sou eu quem merece a resposta!

- Nos divertindo – respondeu a minha mãe. – O que mais estaríamos fazendo em uma festa assim?

- Eu não sei, talvez, envergonhando o filho de vocês? Olhe a idade que vocês tem, os dois deveriam estar dormindo, mas não, estão em uma festa só para adolescentes.

As pessoas continuavam a rir do “casos de família” que acontecia na beirada da piscina.

- Tudo isso é recalque por termos sido convidados ao invés de você? – disse o meu pai enquanto se preparou para pular dentro da piscina.

Ele se jogou na água me molhando.

- Você está muito pilhado – disse a minha mãe colocando a mão em meu ombro. – Relaxe um pouco, enquanto você ainda pode, afinal, você receberá um castigo pior que o último por ter saído de casa. Aproveite o seu último dia livre.

Aquilo era tão injusto. Eles bebiam, partiam para a festa em que eu deveria estar, mas no fim do dia, eu é que recebia um castigo? Onde isso era justo?

Após dizer, ela pulou na piscina também. Os dois pularam com roupas o que me fez questionar sobre celulares, carteira e dinheiro. Será que tudo estava molhado?

As pessoas ainda riam. Uns diziam “cara, seus pais são incríveis”, “eu queria que os meus pais fossem assim”, “eles são tão irados”. Eu não conseguia nem responder de tanta raiva.

O Patrick se aproximou de mim, o que me surpreendeu bastante. Eu pensei que ele fosse se esconder do meu pai durante toda a noite. Ele entrelaçou os seus dedos nos meus e encarou os meus pais.

- Você, sua peste – disse o meu pai apontando o dedo em direção ao Patrick. – Você é o culpado por ele estar aqui. Deixe só eu sair desta piscina pra você ver.

O Patrick riu e disse: - estou ansioso para isso.

Ele realmente estava preparado para enfrentar o meu pai em uma luta. O Patrick continuou com os olhos fixos nos dos meu pai.

- Eu posso estar bêbado, mas isso não significa que eu seja bêbado.

- Na verdade, sim – eu disse a ele. – Significa exatamente isso.

O meu pai começou a rir, ele estavam se divertindo muito com a situação.

- O que quero dizer é que eu não vou bater em uma criança. Pode ir andando Patricio. Eu não quero ser preso.

- Patrick – corrigiu o meu namorado. – Meu nome é Patrick.

- Tanto faz, os dois nomes são idiotas mesmo.

Eu arrastei o meu namorado para longe da piscina, eu não queria correr o risco de deixá-lo próximo demais ao meu pai, não de novo. Desta vez, risco não era o meu pai, mas o Patrick, ele estava com muita raiva do meu pai e eu não o culpava por isso.

- Desculpe por isso.

- Você não tem que se desculpar por aquele idiota, O.k?

Eu balancei a cabeça e o beijei.

- Você fica sexy quando está nervoso.

- Mais do que eu já sou?

Eu me permiti ri. A conversa quase me fez esquecer de que os meus pais estavam agindo iguais a adolescentes dentro daquela piscina. Eu me afastei do Patrick.

- Eu quero matar o Rodrigo, a minha mãe confirmou que ele os convidou – eu disse olhando em direção a piscina. – Ele queria acabar comigo e ao que tudo indica, ele conseguiu.

Eu olhei um pouco mais para a esquerda e vi um garoto sorrindo. O Rodrigo estava tão descolado quanto o Patrick, só que com roupa de praia. Ele usava uma bermuda azul clara e uma camisa branca.

- Calma, não vá...

Eu já tinha começado a correr.

Eu não me controlei, parti em direção ao Rodrigo a toda. Eu corria com tanto ódio que nem percebi que no momento em que o atingi, acabei lançando a nós dois dentro da piscina.

Então, eu vou deixar o link do conto no Wattpad, que facilita bastante para quem quer ler pelo celular. Enfim, gente acessem lá para conferir e votar no conto.

http://www.wattpad.com/57751284-entrando-de-cabe%C3%A7a-romance-gay-primeiro-cap%C3%ADtulo?utm_source=web&utm_medium=link&utm_content=share_info&ref_id=30875045

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