Capítulo 15

Conto de escritor da noite como (Seguir)

Parte da série Promessa

Acho que tenho que tirar o atraso, então taí mais um Capítulo. Espero que gostem, tanto quanto gosto de escrevê-los pra vocês.

------[Léo]

Sabe quando você está feliz simplesmente por estar? Mesmo sem ter ganhado nada, ou levado uma grande vantagem. Mesmo sabendo que poderia estar investindo no que não tem como ser seu, mas mesmo assim não deixa de estar feliz? Era assim que eu estava. Naquela noite, percebi uma coisa, eu não queria mesmo apenas Davi, mas também sua presença, sua amizade, companheirismo, e naquela noite eu tive certeza que isso eu teria. E pra variar, André estava certo outra vez.

Cheguei em casa e a passiva queria arrancar meu fígado com o olho. Fingi que não era comigo e fui ao banheiro. Quando saio, quando morro de susto, por que a peste estava plantada na porta me fuzilando com os olhos.

-O que foi?

-Eu ia a uma festa, sabia?

-Desculpa Dé, é que eu perdi o horário.

-Não tem desculpa, meu fígado tá reclamando que não aliment..., peraê. Você disse que perdeu o horário? Quer dizer que rolou?

-Não né! A gente tava jogando.

-Puta que o pariu, eu perco a festa do ano enquanto você tá jogando bola com o cara que você gosta e não tem a porra da capacidade de se declarar.

-Que nervosismo é esse?

-Sua burrice que me deixa assim.

-Ele mandou um abraço pra você e disse que você tem um carrão.

-Manda outro e que eu sei, mas e você, quando vai abrir o jogo?

-Acho que nunca.

-Ai meu cu. Fala.

-O cara que eu vi pegando ele, ligou.

-Vish, mas o que ele disse.

-Não reparei.

-Retardado.

-Eu não sou pescador, pra ficar de butuca na conversa dos outros.

Ele chegou a mim e pôs a mão direita em meu peito declamando:

-No amor e na guerra vale tudo.

-Besta.

-É sério. Não é possível que você não tenha ouvido nada.

-Não foi nada demais.

-Então como você tem certeza que eles tão de rolo.

-Eu vi os dois se beijando e agora ele ligou pra ele, porra. Até onde eu sei, isso quer dizeres que ele tá querendo alguma coisa.

-Mas quem pode afirmar que o Davi também quer? Não é possível que ele não tenha percebido seu olhar apaixonado. Confia em mim, vai dar certo, mas você precisa agir, anta.

-Vamos deixar isso pra amanhã, eu tô muito cansado.

-Tudo bem? Tontura? Enjôo?

-Não Dé, cansaço de ter jogado uma hora depois de seis meses parado.

-Vai tomar uma ducha então. Vou ver se salvo alguma coisa pra você comer.

-Já comi. Com o Davi.

-Hmmm.

-Com ele e não ele.

-Falei nada.

-Vou ligar pra Manu, pra ver se a festa vai até de manhã, se não fico em casa mesmo.

-Ok.

Tomei banho e depois o procurei. Nada. Pelo jeito a festa iria até amanhecer. Deitei em minha cama e fiquei lembrando essa noite maravilhosa com Davi. Concluí que eu precisava correr, as câimbras me ajudaram nisso. Algum tempo depois eu apaguei. Estava tão cansado que dormi de boca aberta.

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[André]

Quem disse que precisa chegar cedo em uma festa pra aproveitar? Eu cheguei era mais de uma hora da manhã e fiz um estardalhaço. Dancei como um louco. Estravazei. Beijei muita gente. Peguei até mulher de tão louco que eu fiquei. Estava precisando mesmo depois de uma semana tão cheia e ainda mais, era a última semana de férias, quem faz medicina sabe que é nessa semana ou nunca -se bem que eu nunca deixo meu sagrado final de semana de lado-, resultado: dormi na casa de um desconhecido.

Pra falar a verdade, eu não dormi, não tive tempo pra isso. Mas nada do que eu tenha que reclamar. Eram oito e quinze e eu levantei com uma puta vontade de fazer xixi. Olhei pra cara do gostoso do lado e tirei seu braço de cima de mim. Dei uma canseira nele que nem se mexia na cama, coitado. Fui ao banheiro e matei o que estava me matando. Saí do banheiro e fiquei reparando aquele monumento deitado de bruços - que vontade de arranhar aquelas costas, "alguém me segure", pensei.

Antes de voltar pra cama, olhei meu celular, atualizei as mensagens e fui para o cafofo. Contudo, não dormi. Fiquei preocupado com Léo. Será que ele tinha acordado? Tomado o remédio? Fiquei com um pouco de raiva por que nunca havia sentido isso antes. Acho que eu estava virando mais que um amigo dele, acho que eu estava virando pai dele. Eu estava fodido. Nunca cuidei nem que fosse de um cachorro, vou cuidar de um homenzarrão daquele tamanho? Como todo bom pai, fiz o que era certo. Acordei o meu parceiro, dei mais um trato nele e fui pra casa cuidar do meu mais novo filho.

Cheguei em casa e ele estava dormindo feito um neném, de lado e com as mãos debaixo da cabeça. Ajeitei sua coberta com cuidado pra que ele não acordasse, dei uma mexida no seu cabelo carinhosamente e saí com lágrimas nos olhos, não de pena, mas de orgulho, por ele estar superando tudo aquilo sozinho sem qualquer ajuda da família, apoio ou sei lá. Estava passando pela porta quando ouço:

-Te amo seu doido.

Congelei e de costas pra ele, abri um sorriso bem característico, virei meu corpo em sua direção e ele já implorava pedindo arrego. Não deu outra, fiz muita cosquinha nele, que quase me bateu de tanto que sofreu. Saímos de lá e o fiz tomar seus remédios, depois que vi que ele estava bem, fui, finalmente, repousar. Precisava de uma noite de sono, nem que o Sol estivesse nela.

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[Davi]

Não dava mais pra segurar. Acordei no sábado e saí de casa sem avisar minha mãe. Dessa vez Bia não havia dormido lá. Não conseguia mais ficar sem. Não conseguia nem fingir que era forte o bastante pra ficar longe dele. Eu necessitava dele. Cheguei no local que eu conhecia muito bem e chamei. Uma. Duas. Três. Nada. Dez vezes. Eu sabia que ele estava lá. Eu precisava que ele saísse e me desse o que eu esperava a mais de seis meses. Fiquei sentado na porta de sua casa.

Deram onze horas e meu celular toca. Era minha mãe. Convenci-a de que estava bem e voltei a chamar. Quinze minutos mais foram suficientes para ele me atender. Antes que ele tomasse qualquer atitude eu fui mais rápido. Dei dois passos para frente e o abracei. Precisava fazer isso, mesmo que ele machucasse depois. Mas eu precisava dele.

De início, ele não me correspondeu, mas eu não desisti e o apertei ainda com mais força, era saudade e medo da rejeição simultaneamente. Devagar, ele pôs as mãos em minhas costas e se uniu a mim. Senti sua cabeça se apoiar em meu ombro esquerdo e em seguida, um líquido cair sobre ele. Ele falava com os olhos e eu entendi perfeitamente.

-Eu te perdôo Mateus. Só não se afasta de mim de novo.

Aquelas palavras pareceram um produto em combustão e reagiram rapidamente com ele. Ele me apertou ainda mais no abraço e tive a confirmação de que ele queria o mesmo que eu.

Depois da conciliação veio a comilança. Assaltei a geladeira dele que me acompanhou e fomos para sala assistir algumas séries. Não vimos nada, só pusemos o papo em dia. Não demorou muito pra fazermos o que eu estava doido pra fazer. Jogar. Subimos para seu quarto e jogamos LOL o resto da manhã e também a tarde inteira. Entre uma partida e outra fomos falando dos assuntos mais delicados.

-Desculpa aquele dia na festa, eu não sei o que deu em mim.

-Eu sei. Você tá amarradão na Bia.

-Não começa a zuar.

-Foi mal. Mas me conta, desde quando?

-Sei lá. Acho que quando vocês se separaram.

-Hum. Eu acho que sei o que fazer.

-Do que você tá falando?

-Eu vou ajudar vocês, ou você não quer?

-Acho que não vai dar certo, ela ainda não te esqueceu. Tô tentando há um bom tempo e nada.

-Você quer mesmo ficar com ela? Vai conseguir se firmar num relacionamento sério?

-Eu já tô num relacionamento sério há meses, só ela que não sabe.

-Só precisava saber disso.

-O que você vai fazer?

-Você confia em mim?

-Confio, mas...

-Então fica tranquilo.

-Ok.

-Quer dizer que você tá na seca?

-Filho da puta.

-Nem uma chupeta?

-Viado.

-Tadinho, ficou vermelho.

-Vamo jogar, por favor?

-Ficou bolado, só por que não pega ninguém.

-Eu vou te matar -disse ele se levantando e correndo atrás de mim. Bagunçamos a casa inteira, até cairmos os dois mortos no chão.

-Tava com saudade disso -eu falei.

-Eu também.

-Minha vez de jogar -dei um tapinha na cara dele e fui correndo pro quarto jogar mais uma partida enquanto Mateus me perturbava. É como dizem, quando se é amigo de verdade, não tem distância ou briga que faça mudar nosso sentimento. Bastou apenas uma atitude nossa e agora estamos unidos como se nada tivesse acontecido.

-Vai ter uma festa hoje, partiu? -disse ele.

-Tenho que falar com minha mãe.

-Coitado, ainda tá na barra da saia da mãe. Mamãe deixa eu sair um pouco -disse rindo.

-Pelo menos não estou na seca.

-Essa piada já ficou velha?

-Igual sua seca?

-Você é muito chato.

-Eu sei.

Como tinha festa pra ir, saí da casa do Matt e peguei um busão pra minha. Estava no caminho e recebi um whatsapp do Leandro.

-Oi, tá livre agora?

-Até as nove, pq?

-Cheio dos compromissos hein.

-Agenda de gente importante é assim mesmo.

-kkkkkkkkkk.

-Mas tenho um espaço pra você kkk.

-Então tem tempo pra ir no McDonalds?

-Com certeza. Em qual?

Fomos nos falando e eu disse não daria tempo de passar em casa, fui direto pra lá. Cheguei na lanchonete com uma regata vermelha e calção tactel preto e ele estava com um calção jeans claro, uma regata branca e um óculos de sol, que, sinceramente, valorizavam muito.

Fizemos os pedidos e fomos comendo. Senti uma inquietação por parte dele e estava me coçando pra perguntar.

-Trabalha hoje? -perguntei.

-Sim.

-Seu doido, o que você está fazendo aqui? Você deveria estar em casa descansando.

-Eu precisava falar com você.

-Não gosto dessa frase.

-Qual o problema?

-Vi num filme que quando uma pessoa precisa conversar com a outra, ela quer... Ah, esquece -eu ia falar "terminar", mas evitei a besteira (o filme é Divã, com Lilia Cabral).

-Fala.

-Era bobeira. O que você tem pra me dizer?

-Nossa, quer que eu fale na lata assim?

-Melhor que enrolar.

-Você disse que estava livre até as nove, pra que a pressa? Deram oito horas agora.

-Você vai me enrolar por uma ho...

-Eu tô gostando de você, mas não posso ficar com você -eu fiquei estático e ele trêmulo.

-Bom, eu não sei o que dizer.

-Nem eu -ele riu sem graça e eu o acompanhei.

-Poderia saber porque estou tomando o toco então?

-Eu sou casado. Mas acontece que desde aquela vez que eu te acudi quando teve o pesadelo, eu fico...

-Por favor, vamos deixar como está. Não estou a fim de sofrer outra vez. Amigos?

-Amigos.

-Desculpa mesmo pelo beijo.

-Eu queria ele.

-Mas foi um erro. Acho que eu preciso ir. Manda um abraço pra sua esposa -paguei minha parte e saí.

Não sei o que eu senti naquele momento. Estava triste, claro, mas não com raiva. Não sabia definir se Leandro tinha me enganado por não ter me contado, ou se era sincero pra não deixar avançar qualquer coisa. Sabia que seria mais difícil esquecer o que estava começando a sentir depois daquelas palavras, "eu gosto de você", mas estava disposto. Se tem uma coisa que sei fazer bem é aceitar a derrota. Talvez algum dia eu ache alguém pra mim, paciência.

Fui pra casa e busquei apagar aquela conversa da memória, consegui um pouco, mas nada como uma festa pra esquecer um pé na bunda. Cara, eu estou muito feliz por estar de volta no mundo, não iria me abalar com pouca coisa, ainda mais que nunca tivemos nada de concreto. Tratá-lo-ia do mesmo jeito de sempre. Teria um pouco de vergonha, com certeza, mas isso não me preocupava. Eu estava preocupado, de verdade, com outra coisa, que roupa eu iria vestir?

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Não sei mesmo o que fazer. Tipo, que decisão tomar, me ajudem por favor. Com quem Davi deveria ficar? P.s.: tá valendo todo mundo, até Thiago e Bia kkkkkkkkkk. Ah, vocês acham que eu deveria falar um pouco mais do André como hoje, ou permanecer como estava? Bjocas, desculpem a demora.

Comentários

Há 3 comentários.

Por jeffribeiro em 2014-11-18 05:36:09
Ele tem que ficar com o leandro… o léo que encontrar alguem pr ele… amando… posta logo o proximo epsodio
Por Anderson P em 2014-11-17 01:46:43
Eu acho que o Davi deveria ficar com o Léo, pois se ele escolher ter algo com o Leandro, eu acho que daria muita dor de cabeça pois o Leandro é casado, e sempre a pessoa acaba sofrendo, e acho que o Leandro não iria largar a mulher dele de uma hora para outra sem motivos, e ter absoluta certeza de que realmente está gostando dele, vai ver é só paixão que ele sente pelo Davi, e acho que o Léo deveria ter pelo menos contado sobre a doença dele para o Davi assim como o Davi deveria contar o do por que ele estava mal antes e provavelmente ainda está mal pois ainda deve sentir muita falta do Thiago, se eles acabassem conversando sobre os problemas deles seria bom para ambos.
Por BitchBarbZ em 2014-11-17 00:54:10
Confundonos nomes André deveria ficar com o garoto quebgista de Davi, Davi certeza tem que ficar como o policial!!